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1.

Conceito da Lei
Lei é o conjunto de normas recolhidas e escritas, baseadas na experiência das relações
humanas, que servem para ligar os factos ou os acontecimentos ao direito, em ordem à
paz social de modo a garantir ou mostrar os direitos das partes, e, assim, atingir a
igualdade e a liberdade entre os cidadãos.

2.Conceito de Interpretação
Interpretação é uma acção que consiste em estabelecer, simultânea ou
consecutivamente, comunicação verbal ou não verbal entre duas entidades.

2.1 Interpretação Jurídica

A interpretação jurídica é um processo de atribuição de sentido aos enunciados de textos


ou normas jurídicas, visando à resolução de um caso concreto. Há diversos métodos de
interpretação jurídica:

 Hermenêutica: conjunto de métodos de interpretação.


 Interpretação gramatical: método que permite desvendar o significado da
norma, enfrentando dificuldades léxicas, tais como os sentidos possíveis das
palavras do legislador.
 Interpretação sistemática: método que analisa a norma jurídica em seu
contexto e em conjunto com outras normas.
 Interpretação histórica: método que busca a vontade do legislador originário.
 Interpretação teleológica: método que busca a finalidade das normas jurídicas,
tentando adequá-la aos critérios atuais.

3.Conceito de Interpretação da Lei


Interpretação da lei é o processo pelo qual a lei é interpretada e aplicada. É um tipo de
interpretação jurídica.

O Poder judiciário interpreta como a legislação deve ser aplicada em casos concretos,
pois nenhuma lei está livre de ambiguidade em todos os casos. A legislação pode conter
incertezas por uma série de razões:

 As palavras são símbolos imperfeitos para comunicar a "intencionalidade


legislativaʺ, Elas podem conter ambiguidades e variações de significado no
decorrer do tempo.
 Situações imprevistas são inevitáveis e novidades tecnológicas ou mudanças
culturais tornam difícil a aplicação da legislação vigente.
 Incertezas podem ser incorporadas ao texto legal durante o processo legislativo,
como necessidades de compromisso ou atendimento a interesses de certos
grupos.

Desse modo, as cortes têm que determinar como a lei deve ser aplicada. Isso requer um
ordenamento jurídico. É um princípio do ordenamento jurídico que o legislador é
independente para criar a lei e as cortes apenas interpretam-na. Na prática, segundo o
ordenamento jurídico, a corte pode efectuar mudanças na aplicação da lei. A lei, por si
só, não tem qualquer utilidade se não houver quem a aplique, contudo antes da
aplicação, ela tem de ser interpretada e, somente a partir daí, é que poderá ser bem ou
mal aplicada, dependendo do sentido fixado pela interpretação das normas.

3.1 Aspectos Relevantes

A interpretação da lei bem como outra fonte do direito desdobra-se nos seguintes
aspectos:

 A escolha da finalidade da interpretação: antes de mais, importa se a


interpretação visa descobrir a intenção do legislador ou o significado da lei;
 A selecção dos elementos da interpretação: depois de saber o que se procura
obter através da interpretação, importa seleccionar os elementos que vão ser
usados para alcançar essa finalidade;
 A referência da regra jurídica: finalmente, há que conjugar os vários
elementos da interpretação para saber a que casos é que a lei é aplicável e,
portanto, para obter o resultado da interpretação da lei, que é a inferência de uma
regra jurídica da lei interpretada.

É importante salientar que a interpretação não se confunde com a integração da lei.


Enquanto a integração é o mecanismo supletivo da lei, por ela ser omissa, na
interpretação existe a lei a ser aplicada no concreto, sendo ela o procedimento de
revelação do significado e do verdadeiro sentido da norma. Assim a interpretação tem
por finalidade da revelar o sentido norma e revelar seu alcance.

Coexistem várias técnicas que auxiliam na interpretação. Elas podem ser classificadas
de acordo com seus aspectos peculiares:

Quanto a origem:

a) autêntica: realizada pelo próprio legislador, por meio de uma lei interpretativa.

b) doutrinária: realizado pelos doutos estudiosos do assunto.

c) Jurisprudencial: realizada pelos juízes e tribunais.


Segundo o artigo nº 9 ( Interpretação da Lei ) do Código Civíl: A interpretação não
deve limitar-se ao que se encontra directamente escrito na lei, mas reconstruir a partir da
escrita da lei o pensamento legislativo, tendo em conta a unidade do sistema jurídico, as
ciscunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que
aplicada. Esta interpretação deve ter uma ligação com a lei ainda que imperfeitamente
expressa. Na fixação do sentido e alcance da lei, o intérprete presumirá que o legislador
consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos
adequados.

4.Métodos de Interpretação da Lei

Para resolver o problema do significado e da validade da norma, existem certos métodos


de interpretação: gramatical, lógica e sistemática.

 A interpretação gramatical permite desvendar o significado da norma,


enfrentando dificuldades léxicas e de relações entre as palavras. Podem surgir
questões quanto ao sentido dicionarizado de uma palavra ou quanto a relações
entre substantivos e adjetivos ou, ainda, no uso de pronomes relativos.
 A interpretação lógica permite resolver contradições entre termos numa norma
jurídica, chegando-se a um significado coerente. Adotando-se o princípio da
identidade, por exemplo, não se admite o uso de um termo com significados
diferentes.
 A interpretação sistemática, por sua vez, analisa normas jurídicas entre si.
Pressupondo que o ordenamento é um todo unitário, sem incompatibilidades,
permite escolher o significado da norma que seja coerente com o conjunto.
Principalmente devem ser evitadas as contradições com normas superiores e
com os princípios gerais do direito.

O método sistemático impede que as normas jurídicas sejam interpretadas de modo


isolado, exigindo que todo o conjunto seja analisado simultaneamente à interpretação de
qualquer texto normativo. Assim, não podemos buscar o significado de um artigo, de
uma lei ou de um código. Ambos devem ser analisados em sintonia com a Constituição
e as demais normas jurídicas.
5. Interpretação da Lei quanto a finalidade

Neste critério encontramos interpretação subjectivista e objectivista, histórica e


actualista.

 Interpretação subjectivista

 A interpretação jurídica visa compreender e reconstruir o pensamento ou vontade real


(empírica ou psicológica) do legislador (mens ou voluntas legislatoris) que se exprime
no texto da lei.
Como se pode ver, com interpretação subjectivista o intérprete procura reconstruir o
pensamento concreto do legislador.

 Interpretação objectivista

A interpretação objectivista procura determinar o sentido da lei, abstraindo-se da pessoa


ou pessoas que a elaboraram.
Aqui nota-se que o objectivo é interpretar a lei por si só com vista a encontrar o seu
verdadeiro sentido, sem tomar em conta as pessoas que a elaboraram como acontece
com a interpretação subjectivista.

   Interpretação histórica

A interpretação histórica tem por objectivo ou finalidade reconstruir o sentido que a lei
tinha desde a sua criação até entrada em vigor. Consideram os autores Isabel Rocha e
Castro Mendes.
Quanto a esta forma de interpretação não restam dúvidas, pois a história visa
compreender os factos passados, reconstruir o presente e perspectivar o futuro, contudo,
é mesmo necessário compreender o sentido da lei desde a sua criação assim como a sua
entrada em vigor para melhor aplicação.
   Interpretação Actualista

A interpretação actualista visa determinar o sentido da lei atendendo somente ao


momento da sua aplicação. Com esta interpretação apenas procura-se interpretar o
verdadeiro sentido de uma norma jurídica apenas no momento em que ela está sendo
aplicada.

6. Interpretação da Lei quanto ao resultado


Quanto ao resultado, a interpretação pode ser declarativa, extensiva, restritiva,
enunciativa e ab-rogante.

 Interpretação Declarativa

A interpretação declarativa é aquela em que o intérprete conclui há uma coincidência


precisa entre a lei e o espírito da lei. Aqui o intérprete constata que não existe
divergência entre a letra e o espírito da lei, o que o legislador escreveu corresponde ao
que desejava transmitir.

 Interpretação Extensiva
Interpretação extensiva é aquela em que o intérprete da norma de modo a corrigir a
desconformidade existente entre a letra da lei e o pensamento do legislador, pois
entende-se que este expressou na lei menos do que aquilo que pretendia, não abarcando
todas as suas situações que queria disciplinar.

 Interpretação Restritiva
Na interpretação restritiva o intérprete limita a norma aparente, por entender que o texto
vai além do sentido. Ou seja, na interpretação restritiva existe igual divergência entre a
letra e o espírito da lei, mas desta vez ao contrário da interpretação extensiva em que a
letra da lei vai muito para além do seu espírito e do pensamento do legislador, tendo
neste caso, o legislador dito mais do que aquilo que desejava.
 Interpretação Enunciativa

A interpretação enunciativa é aquela em que o intérprete deduz da norma


interpretada outras normas afins ou periféricas ou seja, quando o intérprete, por
via da racionalização e dedução jurídica, retira da norma interpretada todas as
suas consequências.

 Interpretação Ab- rogante

A interpretação ab-rogante é aquela em que o intérprete, apesar de presumir que


o legislador consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir
perfeitamente o seu pensamento, conclui que determinada norma não tem
qualquer efeito útil, designadamente por esta ser incompatível com outra norma
jurídica, não havendo forma de as articular ou conciliar.
7. Conclusão

Após um estudo sintetizado em relação a interpretação da lei, pode-se concluir que


interpretar uma norma é determinar o exacto sentido da norma e o seu alcance na
aplicação de casos concretos, assim, todas normas carecem de interpretação mesmo
quando estas se apresentem de forma mais clara. A interpretação da lei não pode se
basear na letra da lei mas sim através do texto constante na letra dela procurar
determinar o seu sentido.
Os elementos, literal ou gramaticais, lógico, histórico, sistemático e teológicos, são
fundamentais para determinar o sentido duma lei pois estes é que determinam o tipo ou
a forma de interpretação. A lei pode ser interpretada segundo a sua fonte ou valor que
pode ser autêntica, doutrinal e judicial, segundo a sua finalidade que pode ser
subjectivista, objectivista, histórica e actualista e seu resultado que pode ser declarativa,
extensiva, restritiva, enunciativa e ab-rogante. A primeira refere-se a origem e a força da
lei, a segunda procura interpretação com vista a finalidade ou o fim que uma norma
apresenta e a última refere-se ao resultado ou consequências da lei.
8. Bibliografia
Código Civíl de Moçambique
Wikipedia/ Inciclopédia.com
http://odireitoacademico.blogspot.com
http://sofos.wikidot.com/interpretacao
Introdução

A lei tem sido mal aplicada nalgumas vezes, o que causa enormes problemas no direito,
problema este, causado sobre tudo pela má interpretação desta, assim, o presente
trabalho debruça-se sobre a interpretação da lei.
No que tange a interpretação desta, o trabalho falará dos elementos de interpretação, as
formas de interpretação assim como as regras de interpretação. Este trabalho enquadra-
se numa pesquisa de base e centrou-se na consulta de várias bibliografias de autores que
escrevem sobre o direito.
  

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