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FINANÇAS – QUESTÕES

Imagine que o novo Governo resultante das eleições, constituído após a tomada de posse e ainda sem orçamento
aprovado, elabora um decreto-lei para dar instrumentos ao Estado para combater a nova variante do vírus que
causa a doença COVID-19, com o seguinte conteúdo:

a. Aumento dos tetos de despesa dos Ministérios da Saúde e da Segurança Social;

- Identificar as Revisões orçamentais;

- Identificar o regime dos artigos 59.º a 61.º da LEO;

- Competência da AR desde que implique:

a) O aumento da despesa total do subsetor da administração central;

b) O aumento da despesa total de cada missão de base orgânica;

c) Alteração dos programas orçamentais que acarretem o aumento dos compromissos do Estado;

d) Transferências de verbas entre programas correspondentes a diferentes missões de base orgânica com
exceção das efetuadas por recurso a verbas do programa referido na primeira parte do n.º 11 do artigo 45.º.

b. Criação de novas medidas procedimentais para facilitar o pagamento em prestações dos impostos devidos em
2022;

- Artigo 103.º a CRP e os fins da tributação (no quadro das receitas tributárias) - enunciação dos diferentes
tributos

- Definição de imposto e de sistema fiscal

- Definir imposto como prestação pecuniária, coativa, unilateral, definitiva a favor de uma entidade pública
(o Estado), efetuada por uma entidade denominada como sujeito passivo/contribuinte;

- Definir imposto e alcance da tipicidade constante do n.º 2 do artigo 103.º da CRP – não abrange normas
procedimentais, mesmo que seja em matéria de imposto.

c. Criação de um novo Imposto Municipal sobre as grandes fortunas, com produção de efeitos em 2020 e 2021;

- Artigo 103.º a CRP e os fins da tributação (no quadro das receitas tributárias) – enunciação dos diferentes
tributos

- Definição de imposto e de sistema fiscal

- Definir imposto como prestação pecuniária, coativa, unilateral, definitiva a favor de uma entidade pública
(o Estado), efetuada por uma entidade denominada como sujeito passivo/contribuinte;

- Definir imposto e reserva de lei material (Lei, Decreto-Lei autorizado e Decreto-Legislativo Regional).

d. Criação de um incentivo fiscal ao investimento no ano de 2022, a ser confirmado pelo Orçamento para 2022.

- Artigo 103.º a CRP e os fins da tributação (no quadro das receitas tributárias) –enunciação dos diferentes
tributos

- Definição de imposto e de sistema fiscal;

- Definir imposto como prestação pecuniária, coativa, unilateral, definitiva a favor de uma entidade pública
(o Estado), efetuada por uma entidade denominada como sujeito passivo/contribuinte;
- Definir imposto e alcance da tipicidade constante do n.º 2 do artigo 103.º da CRP –abrange normas que
criam benefícios fiscais;

- Definir benefício fiscal.

Por que motivo a Constituição estabelece um princípio da legalidade da dívida e qual a sua extensão?

- Enquadrar a dívida pública na Lei-quadro (Lei n.º 7/98 de 3 de fevereiro. (com as alterações introduzidas
pelo artigo 81º da Lei n.º 87-B/98, de 31 de dezembro) e na CRP;

- Identificar o artigo 161.º, alínea h) da CRP;

- Distinguir dívida pública fundada da flutuante;

- Distinguir conceito de equilíbrio interno do externo.

- O quadro legal que regula a emissão de dívida da Administração Central e a gestão da dívida pública inclui,
como principais instrumentos legais, a Lei Quadro da Dívida, as Leis do Orçamento do Estado e os Estatutos
do IGCP, E.P.E.

- De acordo com esta legislação, é da responsabilidade do IGCP, E.P.E. a negociação e execução de todas as
transações financeiras relacionadas com a emissão de dívida da Administração Central e com a gestão da
carteira de dívida, em conformidade com as linhas de orientação aprovadas pelo Ministro das Finanças.

- A Lei Quadro da Dívida estabelece que o financiamento do Estado tem que ser autorizado pela Assembleia
da República. A Lei anual do Orçamento define limites para os montantes que o Governo está autorizado a
emitir durante esse ano (em termos de endividamento líquido) e pode também definir montantes máximos
para a emissão de dívida flutuante – dívida contraída para ser totalmente amortizada até ao termo do
exercício orçamental em que foi gerada – e limites para a exposição cambial e para a dívida a taxa variável.

Quais os poderes do Governo em matéria de gestão da dívida pública?

- Os objetivos estratégicos da gestão da dívida pública direta e do financiamento do Estado estão


explicitados na Lei Quadro da Dívida (Lei n.º 7/98, de 3 de fevereiro, na redação introduzida pelo artigo 81.º
da Lei n.º 87-B/98, de 31 de dezembro), que define que estas atividades devem assegurar os recursos
financeiros necessários à execução do Orçamento do Estado e devem ser conduzidas de forma a:

o Minimizar o custo direto e indireto da dívida pública numa perspetiva de longo prazo

o Garantir uma distribuição equilibrada dos custos da dívida pelos orçamentos de diversos anos

o Prevenir uma concentração excessiva de amortizações num determinado período

o Evitar riscos excessivos

o Promover um funcionamento eficiente e equilibrado dos mercados financeiros.

- As decisões relacionadas com os instrumentos de dívida a serem usados no financiamento do Estado em


cada ano e os respetivos limites máximos de emissão bruta são aprovados pelo Governo através de
Resolução do Conselho de Ministros.

- O Ministro das Finanças tem o poder de definir linhas de orientação específicas a serem seguidas pelo IGCP,
E.P.E. na execução da política de financiamento e na realização de outras transações relacionadas com a
recompra de títulos e com a gestão ativa da carteira de dívida.

- As linhas de orientação permanentes do Ministro das Finanças (Normas Orientadoras para a Gestão da
Dívida Pública) incluem a definição de uma estrutura benchmark de longo prazo para a composição da
carteira de dívida, que reflete objetivos específicos quanto aos riscos de taxa de juro, taxa de câmbio e
refinanciamento traduzidos em indicadores como a duration, o perfil de reembolsos e o perfil de refixação
de cupões. Este benchmark é tomado como estrutura de referência para a avaliação do custo/performance
da carteira de dívida e para a definição de limites para o risco de taxa de juro, risco cambial e risco de
refinanciamento em que a gestão da dívida pode incorrer.

- Com o intuito de ajustar o perfil de amortizações da dívida pública, a Lei inclui, no âmbito das operações de
gestão da dívida pública, o reembolso antecipado e recompras de dívida existente, bem como a troca direta
de títulos. Este tipo de operações tem vindo a ser usado com maior frequência desde 2000, o que também
concorre para o objetivo de promoção da liquidez no mercado de Obrigações do Tesouro, através da
concentração da dívida existente em emissões com maior volume e liquidez.

- As necessidades intercalares e pontuais de tesouraria são satisfeitas por recurso a operações de reporte de
financiamento (cedência temporária de títulos com acordo simultâneo de recompra).

Além destas, outras operações de reporte são efetuadas no âmbito de uma facilidade de último recurso,
criada em agosto de 2000 para as OT e em julho de 2003 para os BT, com o objetivo de servir de
suporte à atividade de market making dos participantes no mercado de dívida pública.

- A Lei inclui também, no âmbito da gestão da dívida, a possibilidade de serem negociadas transações sobre
derivados financeiros, nomeadamente swaps de taxa de juro, swaps cambiais, forwards, futuros e opções.
Estas transacções têm que servir uma estratégia de cobertura de riscos já existentes, requerendo-se que
estejam associadas na carteira da dívida aos instrumentos que originam os riscos a cobrir.

Como controla o Tribunal de Contas a gestão da dívida pública?

- Fiscalização preventiva do aumento da dívida pública dos serviços do Estado – artigo 46.º da LOPTC;

- A generalidade da atividade do IGCP, E.P.E. encontra-se sujeita a fiscalização sucessiva do Tribunal de


Contas.

- Pelo Tribunal de Contas, nos termos previstos nos números 2, 3 e 4 do artigo 50º da Lei n.º 98/97, de 26 de
agosto (na versão introduzida pelo artigo 82º da Lei n.º 87-B/98, de 31 de dezembro);

- Distinguir responsabilidade financeira reintegratória e sancionatória

Identifique um tipo de bem coletivo e identifique quais os principais constrangimentos no seu fornecimento.

- Bens coletivos – não excludente, mas dotado de rivalidade.

- Exemplo: recursos naturais – como reservas piscícolas, acessível a todos, mas esgotável (e como tal de
consumo rival).

- Necessidade de racionar o seu uso, através de sistema de quotas, por exemplo.

Distinga serviços integrados de serviços e fundos autónomos.

- Identificação da base legal – Lei de Bases da Contabilidade Pública

- Os Serviços Integrados detêm Autonomia Administrativa, porém não possuem autonomia financeira, isto
significa que têm personalidade jurídica, mas não tem autonomia patrimonial e apenas podem praticar atos
de gestão corrente, não podendo recorrer a créditos.

- Os Serviços e Fundos Autónomos englobam os organismos com autonomia financeira e administrativa,


financiados minoritariamente com transferências provenientes de outras unidades da Administração Pública
e com impostos que lhes estejam consignados. A sua atuação efetua-se em determinadas áreas, quer
através da regulamentação e fiscalização, quer através da atribuição de apoios financeiros aos agentes
económicos no quadro da política económica e social do Estado.

O que distingue a iniciativa da emenda orçamental, no processo orçamental derivado?

- Em matéria orçamental e com base nos argumentos indicados, existe, pois, um primeiro travão para a
iniciativa parlamentar, esta que, como vimos, diz respeito à iniciativa originária das leis do OE e das GOP, e
que cabe, portanto, exclusivamente ao Governo.

- Uma das questões mais interessantes e controvertidas do Direito Orçamental português continua a ser a do
significado e extensão do exercício da emenda parlamentar em relação à proposta inicial de lei do OE ou à
proposta de lei de alteração orçamental apresentadas pelo Governo. 8 À primeira vista, não existem
quaisquer limites constitucionais ou legais para o exercício dessa emenda parlamentar, quer na fase da
discussão do OE inicial quer em caso de revisão orçamental.

Quais são os traços principais do intitulado programa orçamental?

- O programa orçamental abrange as despesas correspondentes a um conjunto de medidas de caráter


plurianual que concorrem para a concretização de um ou vários objetivos específicos, relativos a uma ou
mais políticas públicas. Artigo 19.º da Lei n.º 91/2001, de 20 de agosto (Lei de Enquadramento Orçamental –
LEO).

Identifique, justificando, qual o princípio orçamental mais importante?

- Estamos perante a plenitude orçamental, comportando que o orçamento deve ser único (princípio da
unidade) e que todas as receitas e todas as despesas devem ser inscritas nesse instrumento financeiro
(princípio da universalidade).

- Artigo 9.º da LEO.

Defina relevação em sede de responsabilidade financeira reintegratória e sancionatória?

- Não há relevação nas infrações passíveis de responsabilidade financeira reintegratória.

- A relevação da responsabilidade por infração financeira, a que se refere o artigo 65º n.º 9 da LOPTC é um
instituto particular estabelecido pela LOPTC que obedece a alguns requisitos, nomeadamente: (i) é da
competência da 1ª e 2ª secção; (ii) quando a infração financeira for apenas passível de multa; (iii) se
evidenciar suficientemente que a falta só pode ser imputada ao seu autor a título de negligência; (iv) não
tiver havido antes recomendação do Tribunal de Contas ou de qualquer órgão de controlo interno ao serviço
auditado para correção de irregularidade no procedimento adotado; (v) tiver sido a primeira vez que o
Tribunal de Contas ou um órgão de controlo interno tenham censurado o seu autor pela sua prática.

Distinga capacidade contributiva de equivalência económica de impostos

- De acordo com o princípio da capacidade contributiva cada um deve pagar em função da sua capacidade,
ou seja, os impostos devem corresponder às capacidades económicas dos contribuintes, sem dependência
da estrutura das despesas públicas e da utilidade que delas retiram.

- De acordo com a equivalência económica, a tributação de determinados bens pretende pôr a cargo dos
utilizadores (beneficiários) de certos serviços públicos os correspondentes custos (dos entes públicos).
Identifique as principais diferenças entre taxas progressivas e taxas regressivas, em sede de direito tributário.

- Taxas progressivas – Os impostos classificados como progressivos são aqueles em que o montante de
matéria coletável tem um crescimento menos acentuado do que o imposto aplicado. São impostos que
apresentam um leque com taxas crescentes, sendo o melhor exemplo disso o IRS.

- Taxas regressivas – Já os impostos regressivos consistem em impostos nos quais se verifica um desencontro
entre a evolução do valor do imposto a pagar e a matéria coletável, ou seja, sempre que a matéria coletável
cresce, a taxa do imposto aplicada vai decrescendo. Apesar de o conceito existir, o sistema fiscal português
não permite a regressividade dos impostos.

Distinga dívida pública financeira de dívida pública administrativa, dando exemplos.

- A dívida pública financeira é um conceito de dívida bruta e consolidada que corresponde à totalidade das
responsabilidades brutas no sector das Administrações Públicas, com exceção da dívida pública detida por
entidades do sector das Administrações Públicas, valorizada a preços de mercado. A dívida pública é
constituída pelas responsabilidades das Administrações Públicas nas categorias de numerário e depósitos,
títulos exceto ações, excluindo derivados financeiros, empréstimos e créditos comerciais de acordo com as
definições do SEC.

- Dívida administrativa - A dívida não financeira corresponde à dívida de natureza comercial e administrativa,
integrada no passivo, em virtude de já se encontrar vencida ou porque deva ser liquidada até doze meses
após a data do balanço.

«O Primeiro-Ministro vai enviar para o Tribunal Constitucional (TC) os diplomas sobre o alargamento dos apoios
sociais aprovados no Parlamento, só com o voto contra do PS, e promulgados pelo Presidente. O Governo invoca
assim a lei-travão que impede a Assembleia da República de aprovar aumentos de despesa para lá do
orçamentado.

O anúncio foi feito esta tarde pelo primeiro-ministro, que começou por dizer que “a resposta à pandemia tem
exigido um enorme esforço financeiro do Estado”. “Não nos temos poupado a esforços. No reforço do Serviço
Nacional de Saúde, nas medidas de apoio ao rendimento das famílias, ao emprego, às empresas, para procurar
responder às várias necessidades sociais”, elencou António Costa, enfatizando o esforço que tem sido feito para
criar apoios.

Neste sentido, avançou que as medidas extraordinárias de resposta à pandemia já aumentaram a despesa em
4.729 milhões de euros. Quanto aos diplomas dos apoios sociais, António Costa sublinhou que o Parlamento é
soberano na aprovação do Orçamento de Estado e o Governo na sua execução. “A Assembleia da República não
pode aumentar a despesa, nem diminuir receita”, afirmou, frisando que os diplomas “violam a Constituição “.
Ressalvando que não está em causa “o mérito ou demérito das medidas”, o Primeiro-Ministro foi claro: “lei é lei e
a Constituição é a lei suprema”.»

Distinga direito de emenda parlamentar de dispositivo-travão.

O direito de emenda parlamentar é a faculdade de os Deputados introduzirem alterações à proposta de lei,


in casu, do Orçamento do Estado, aplicando-se pois num momento em que ainda não existe um orçamento
em execução, enquanto o dispositivo-travão (167.º, n.º2, CRP) é uma norma constitucional que veda a
iniciativa legislativa por parte dos Deputados, grupos parlamentares, Assembleias Legislativas das regiões
autónomas e grupos de cidadãos eleitores, que envolva no ano económico em curso aumento das despesas
ou diminuição das receitas.
Relacione o dispositivo-travão com o princípio da separação de poderes.

O dispositivo-travão relaciona-se com princípio da separação de poderes (artigo 111.º, CRP), na medida em

que cabe exclusivamente ao Governo (e à Administração Pública), ao abrigo da sua competência executiva,

executar a política financeira, traduzida no Orçamento do Estado (artigo 199.º, alínea b), CRP); a iniciativa

legislativa que vise aumentar a despesa ou diminuir a receita conflitua com a execução do plano financeiro

anual a cargo do Governo e previamente autorizado pela AR.

Será que o dispositivo travão se aplica quando esteja em causa a diminuição de despesas?

O preceito constitucional apenas se refere à diminuição de receitas e ao aumento de despesas, o que


encontra justificação à luz do princípio do equilíbrio orçamental. Uma iniciativa legislativa que vise a
diminuição de despesas não irá conflituar com a norma-travão (167.º, n.º 2) mas será politicamente
discutível na medida em que ponha em causa as funções do Estado e as necessidades dos cidadãos.

A Comissão Europeia afirmou recentemente: “Que não haja ilusões: os evasores fiscais roubam dos bolsos dos
cidadãos normais e retiram aos Estados Membros os recursos tão necessários. Se quisermos sistemas fiscais justos
e eficiência temos de impedir essa atuação”.

O que consideraria ser um sistema fiscal justo e eficiente e em que medida o será o sistema português?

- As noções de justiça e eficiência fiscais.

- A noção de sistema fiscal e a indicação dos principais impostos vigentes no ordenamento jurídico português
(sobre o consumo, o rendimento e o património). Enunciação de algumas características dos impostos:
progressividade/proporcionalidade, etc. Reflexão pessoal sobre a ideia de sistema fiscal ótimo.

Relacione a evasão fiscal com os princípios da fiscalidade consagrados no ordenamento jurídico português.

- Evasão fiscal legal (elisão fiscal/planeamento fiscal) e evasão fiscal ilegal.

- A evasão fiscal como prática violadora da justiça fiscal e da igualdade tributária, na sua vertente de
generalidade.

Que medidas lhe parece serem adequadas ao combate à evasão fiscal e quais os principais constrangimentos com
que se deparam.

- Reflexão pessoal. Exemplos de medidas de combate à evasão fiscal: maior coordenação internacional (troca
de informações e cooperação técnica entre as administrações fiscais); existência de cláusulas anti-abuso e de
sanções adequadas às infrações fiscais. A globalização e a livre circulação de capitais, a economia
digital/comércio eletrónico, a existência de ordenamentos jurídicos ou territórios de (mais) baixa
tributação/sistemas fiscais opacos/centros off-shore ou “paraísos fiscais” como exemplos de dificuldades no
combate a este fenómeno.

“Quando o Tribunal de Contas não atribui visto prévio a um contrato, deverá ser feito um novo contrato e não
deverá haver lugar a indemnização. No entanto, todas as tarefas que já foram feitas podem ser pagas”.

a) Comente a afirmação, enquadrando os tipos de fiscalização do Tribunal de Contas.


Enquadramento da afirmação no âmbito da fiscalização prévia (artigos 45.º a 48.º e 81.º a 86.º da LOPTC). Os
atos, contratos e demais instrumentos sujeitos a visto podem produzir todos os seus efeitos antes do visto
ou da declaração de conformidade, exceto quanto aos pagamentos a que derem causa (n.º 1 do artigo 45.º;
referir a exceção quanto aos atos, contratos e demais instrumentos de valor superior a 950.000,00 euros –
vd. n.º 4 do artigo 45.º, LOPTC). A recusa de visto implica apenas a ineficácia jurídica dos respetivos atos,
contratos e demais instrumentos (45.º, n.º 2), sendo que “todas as tarefas que já foram feitas podem ser
pagas”, desde que o respetivo valor não ultrapasse a programação contratualmente estabelecida para o
mesmo período (45.º, n.º 3).

b) Que tipo de responsabilidades financeiras o Tribunal de Contas pode julgar?

A efetivação de responsabilidades financeiras pelo Tribunal de Contas (214.º, 1, c), CRP) – as


responsabilidades financeiras reintegratória (arts. 59.º e ss., LOPTC) e sancionatória (arts. 65.º e ss., LOPTC).
Caracterização de cada tipo de responsabilidade e distinções fundamentais.

c) Distinga Orçamento do Estado de Conta Geral do Estado, indicando de que forma o Tribunal de Contas exerce o
controlo da execução orçamental.

O OE como lei e documento de previsão e autorização parlamentar para a realização de despesas e cobrança
de receitas durante o ano económico (iniciativa legislativa e execução reservadas ao Governo; aprovação
reservada à Assembleia da República). A CGE como registo ex post da execução orçamental (reservas de
iniciativa e aprovação idênticas às aplicáveis ao OE). A fiscalização orçamental do Tribunal de Contas: parecer
(obrigatório e não vinculativo) sobre a CGE (artigos 107.º e 214.º, 1, a) da CRP, 36.º e 41.º da LOPTC.

“A exigência de autorização parlamentar em matéria tributária tem como consequências que não só a criação de
novos impostos, como a alteração do regime jurídico dos já existentes em qualquer ponto considerado como
essencial (p. ex., incidência, taxa, etc.), deva ser feita por lei; e que esse é um direito da pessoa.”

Comente a afirmação, indicando o princípio da fiscalidade a que se refere o autor.

- Identificar o princípio da legalidade fiscal, na vertente da legalidade material e tipicidade;

- Artigos 103.º, 2, 165.º, n.º 1, alínea i), ambos da Constituição da República Portuguesa;

- Relacionar princípio da legalidade fiscal com outros princípios constantes da constituição fiscal.

No artigo 2.º, n.º 1, do Estatuto dos Benefícios Fiscais pode ler-se:

“Consideram-se benefícios fiscais as medidas de carácter excepcional instituídas para tutela de interesses públicos
extrafiscais relevantes que sejam superiores aos da própria tributação que impedem.”

Considera a existência de benefícios fiscais compatível com o princípio da igualdade tributária? Justifique a sua
resposta.

- O conceito de benefício fiscal consta do artigo 2.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais;

- Os benefícios fiscais implicam uma redução de impostos, e são dotados de excecionalidade e de


extrafiscalidade;

- Os benefícios fiscais são excecionais porque correspondem a uma derrogação da igualdade tributária.
O artigo 2.º do Código dos Impostos Especiais de Consumo dispõe o seguinte:

“Os impostos especiais de consumo obedecem ao princípio da equivalência, procurando onerar os contribuintes
na medida dos custos que estes provocam nos domínios do ambiente e da saúde pública, em concretização de
uma regra geral de igualdade tributária.”

Indique os pressupostos e as finalidades dos impostos especiais de consumo (IEC).

-Identificação do artigo 104.º, n.º 4 da CRP, sobre o norte da tributação do consumo;

- A tributação do consumo surge necessariamente norteada pela coerência de um sistema fiscal, direcionado
por princípios, técnicas e noções demasiado específicos.

- Análise na ótica nacional e na perspetiva comunitária, uma vez que a tendência dos últimos anos é a de
harmonização e regulamentação conjunta dos Estados Membros dos impostos especiais de Consumo.

A Assembleia da República é o centro da decisão financeira, designadamente em matéria de dívida pública.


Concorda com a afirmação? Fundamente a sua resposta.

- Identificar o artigo 161.º, n.º 1, alínea h) da CRP;

- Distinguir dívida pública fundada de flutuante e identificar a tutela reforçada da dívida fundada e das
respetivas condições gerais.

Diga em que consistem as vinculações externas do Orçamento do Estado.

“No que diz respeito às perspetivas para as finanças públicas portuguesas, no médio e no longo prazo, o grande
desafio continua a ser o da sustentabilidade. Para o ano de 2020 [continuando a medida em vigor em 2021], a
Comissão Europeia acionou a cláusula geral de escape do PEC, que permite excecionar as regras orçamentais, de
saldo e de dívida, ali previstas.”

A sustentabilidade das finanças públicas é (ou deverá ser) uma prioridade no actual contexto de crise pandémica?
Justifique a sua resposta, partindo do excerto apresentado.

- Identificar a sustentabilidade como princípio orçamental constante do artigo 11.º da Lei de Enquadramento
Orçamental;

- Relacionar sustentabilidade com equidade intergeracional e estabilidade orçamental;

- Identificar as derrogações possíveis a estes princípios perante o direito de exceção.

- Enquadrar com decisões comunitárias.

“A trajetória de recuperação do saldo orçamental, que permitiu atingir um excedente de 0,1% do PIB em 2019, foi
interrompida em 2020 pela crise económica decorrente da pandemia da COVID-19. A gravidade da situação e o
elevado grau de incerteza justificaram a ativação da cláusula de derrogação geral do Pacto de Estabilidade e
Crescimento, permitindo um desvio temporário da trajetória de ajustamento em direção ao objetivo orçamental
de médio prazo, que não ponha em risco a sustentabilidade orçamental a médio prazo.”. Com base na
factualidade descrita, responda às seguintes perguntas:

a) Que implicações tem para a política orçamental a ativação da cláusula de derrogação do PEC?

Dar uma noção de Pacto de Estabilidade, identificando os dois regulamentos que o constituem; identificar as
regras financeiras numéricas resultantes do PEC em matéria de saldo orçamental, dívida pública, despesa
pública e receita pública. Identificar essas mesmas regras consagradas no artigo 20.º da Lei n.º 151/2015, de
11 de setembro (LEO). Extrair conclusões da suspensão de tais regras em matéria de política orçamental.
b) Quais as regras de cálculo do Saldo Orçamental?

Dar uma noção de saldo orçamental, explicar a regra do saldo global efetivo prevista no artigo 27.º na LEO;
dar uma noção de receitas e despesas efetivas.

c) Em que se traduz o Objetivo de Médio Prazo (OMP)?

Explicar que o OMP constitui o saldo orçamental estrutural do setor Administrações Públicas eu, sendo
fixado para cada Estado membro da Zona Euro, não poderá ultrapassar -0,5% do PIB para os que tenham
uma dívida pública acima ao valor de referência. Fazer referência à sua revisão trimestral, à imposição de
uma trajetória de ajustamento que não pode ser inferior, em termos anuais, a 0,5% do PIB, e à necessidade
de observar as regras de despesa e de receita, tal como previstas nos diversos números do artigo 20.º da
LEO).

“A proporcionalidade representou um progresso na forma de tributação instituída na generalidade dos países


liberais, não apenas por vir acompanhada da criação de impostos de carácter geral, mas porque, em relação a
cada contribuinte, estabelecia uma justa proporção entre o rendimento e o imposto devido, em vez de estipular
impostos regressivos ou de taxa fixa.”

a) Distinga impostos proporcionais de impostos progressivos.

- Impostos proporcionais - Os impostos com uma base de proporcionalidade são aqueles em que o
crescimento da matéria coletável é acompanhado pelo valor do imposto que tem de ser liquidado. Isto é, o
imposto a pagar neste caso, é proporcional à matéria coletável. Um exemplo deste tipo de imposto é o IRC:
tem uma taxa fixa única e constante, pelo que o montante do imposto a pagar depende do resultado da
matéria coletável.

- Impostos Progressivos – Os impostos classificados como progressivos são aqueles em que o montante de
matéria coletável tem um crescimento menos acentuado do que o imposto aplicado. São impostos que
apresentam um leque com taxas crescentes, sendo o melhor exemplo disso o IRS. Apesar disso, este género
de impostos não se mantém para sempre assim. Se se mantivesse eternamente progressivo, o imposto
corria o risco de consumir toda a matéria coletável, pois a taxa de aplicação do imposto andaria à volta da
sua máxima capacidade de cobrança.

b) Relacione o princípio da igualdade fiscal com a noção de redistribuição da riqueza.

Explicar que o sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades
públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza. Definir sistema fiscal como o conjunto dos
impostos vigentes num determinado ordenamento;

- Princípios elementares subjacentes ao sistema fiscal – igualdade tributária, capacidade contributiva,


tributação pelo lucro real, etc. Identificar a capacidade contributiva como medida da igualdade tributária; A
função tripartida do Estado.

c) Pronuncie-se criticamente sobre a admissibilidade, no quadro do ordenamento jurídico-constitucional


português, de um imposto proporcional sobre o rendimento das pessoas singulares.

Identificar o artigo 104.º, n.º 1 da Constituição da República Portuguesa e fazer uma análise crítica sobre a
exequibilidade desta norma. Distinguir englobamento das taxas normais, de taxas especiais e autónomas.
Identificar jurisprudência do Tribunal Constitucional sobre assunto e dar exemplos.
“O Tribunal de Contas é o órgão supremo de fiscalização da legalidade das despesas públicas e de julgamento das
contas que a lei mandar submeter lhe, competindo-lhe, nomeadamente, o previsto no artigo 214.º/1 da
Constituição. Tem jurisdição e poderes de controlo financeiro, incluindo o visto prévio, no âmbito da ordem
jurídica portuguesa, tanto no território nacional como no estrangeiro”. (Homepage do Tribunal de Contas -
apresentação institucional)

a) Em que medida colabora o Tribunal de Contas com a Assembleia da República e o Governo no controlo dos
dinheiros públicos?

- Caracterização do Tribunal de Contas como órgão de fiscalização jurisprudencial –artigo 214.º CRP;
Distinção face à fiscalização política e administrativa; Tipos de fiscalização a cargo do Tribunal de Contas (bases legais
LOPTC); Crítica à necessidade/desnecessidade da existência do Conselho das Finanças Públicas.

- Assembleia da República: Distinguir o controlo político do controlo jurisdicional; Conselho das finanças
públicas é uma entidade que exerce o controlo político das previsões efetuadas, tendo em conta o quadro de
exigências resultante da aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento europeu, explicando em que
consistem a estabilidade financeira e os objetivos de médio prazo (OMP).

b) Qual a natureza do visto prévio?

Identificar o visto prévio e as competências da 1.ª Seção do Tribunal de Contas; Distinguir visto como ato
administrativo ou jurisdicional; Identificar as razões que o visto é um ato de natureza jurisdicional (não
revogabilidade e produção de caso julgado).

c) A violação de normas financeiras pode fazer incorrer o operador público em que tipo de responsabilidades?

Distinguir a responsabilidade financeira reintegratória da sancionatória; identificar as disposições legais


relevantes constantes da Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas.

Em 19 de Fevereiro passado, Jean Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia afirmou: “Pecámos contra a
dignidade dos povos, especialmente na Grécia, em Portugal e também na Irlanda. Eu era presidente do Eurogrupo
e pareço estúpido em dizer isto, mas há que retirar lições da história e não repetir os erros”.

Pergunta-se:

Em que contexto considera o presidente da Comissão que pecou contra a dignidade dos povos referidos?

- Referir os Estados-membros que foram mais afectados pela crise da dívida soberana: Portugal, Irlanda e
Grécia.

- Falta de liquidez nos mercados. A incapacidade dos Estados se financiarem determinou a necessidade de
intervenção da troika (Comissão Europeia + BCE + FMI) nesses Estados-membros.

- A troika impôs exigências de condicionalidade que implicaram a aprovação de severas medidas de


austeridade que agravaram as economias desses Estados que, no contexto da União Europeia, são ainda das
economias mais débeis.

A que pecados contra a dignidade aludirá Jean-Claude Juncker?

- Explicar a chamada “austeridade expansionista”.

- Medidas de austeridade determinadas pela troika afectaram, em alguns casos, a dignidade da pessoa
humana (ex.: aumento do desemprego, corte de salários e pensões, limitações ao funcionamento do
Estado).
Terão esses pecados existido e, em caso, afirmativo, quais as condições que os permitiram?

- Explicação para a crise da dívida soberana. Efeito de alastramento de crise da dívida no sector privado
(Irlanda) ou do agravamento da dívida pública (Grécia).

- Inexistência de mecanismos financeiros na União Europeia que permitissem amortecer crises económicas
assimétricas como a que se verificou.

De que meios dispõe um Estado-membro da União Económica e Monetária para reagir a uma situação deste tipo?

- Soberania dos Estados na União Europeia.

- Papel dos Estados no contexto da União Europeia. Negociação.

O Chanceler do Tesouro da Grã-Bretanha anunciou a intenção de apresentar uma proposta de lei que cria a
obrigação de todos os níveis de governo apresentarem excedentes orçamentais, proibindo também que, no
futuro, sejam aumentadas as contribuições para a segurança social, o imposto sobre o rendimento e o IVA.

Pergunta-se:

Que conceção de finanças públicas se encontra por de trás de tal proposta?

- Distinção entre finanças neutras e finanças funcionais.

- Conceito de finanças funcionais e consolidação orçamental.

Esta proposta corresponde ao cumprimento de uma exigência europeia?

- Resposta negativa.

- Referir a regra de ouro prevista no Tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação – tratado
intergovernamental entre os Estados-membros da zona euro do qual o Reino Unido não faz parte.

- Inexistência de uma verdadeira união fiscal. A política fiscal – tributação directa - está fora do âmbito das
atribuições da União Europeia estando a tributação indirecta (IVA) parcialmente harmonizada.

Como compara a proposta com a legislação portuguesa?

- Não há, a nível nacional, uma obrigação de obtenção de excedentes orçamentais.

- Regra do equilíbrio orçamental prevista na Lei de Enquadramento do Orçamento do Estado.

Que vantagens e inconvenientes podem advir da sua aprovação?

- Criação de políticas orçamentais anti-ciclícas que permitem amortecer o impacto de crises financeiras
futuras.

- Oneração agravada sobre contribuintes e rendimentos de trabalho que pode atenuar e asfixiar o
crescimento económico.
“O debate do Orçamento do Estado, além da tradicional clivagem entre partidos sobre medidas e opções políticas,
esteve sempre subjacente a distinção entre despesa permanente e despesa temporária.”

Com base na factualidade descrita, responda às seguintes perguntas:

a) É relevante no orçamento a distinção entre despesa permanente e temporária?

- Distinguir o equilíbrio formal do equilíbrio substancial;

- Identificar as despesas permanentes como correntes e as temporárias como de capital;

- Identificar os critérios de definição do equilíbrio substancial;

- Equilíbrio substancial – baseia-se nas teorias do défice sistemático e dos orçamentos cíclicos.

- Quando William Beveridge (1879-1963) defendeu no imediato pós-guerra, a partir de 1945, a ideia

de défice sistemático, fê-lo num contexto muito especial e segundo alguns pressupostos então claros: (a) O

combate ao desemprego e a prevenção de novas situações depressivas como a ocorrida nos anos trinta

exigia um papel activo do Estado, através das políticas financeiras públicas; (b) A reconstrução das

economias destruídas pela guerra exigia uma forte iniciativa pública (pela complementaridade entre a

acção internacional do Plano Marshall e a utilização de estabilizadores económicos discricionários); (c)

A estabilização da conjuntura económica obrigaria à existência de Orçamentos cíclicos, defendidos por

Joseph Schumpeter (1883-1950) e François Perroux (1903-1987), segundo os quais deveria haver

défices nas fases depressivas e superávides nas fases expansivas.

b) É possível, no ano económico em curso, o Parlamento tomar decisões orçamentais que impliquem a redução de
despesa?

- Identificar o dispositivo-travão;

- Distinguir procedimento orçamental originário e derivado (alterações orçamentais);

- Identificar o artigo 167.º, n.º 2 da CRP e explicar como opera nos vários tipos de procedimento.

c) Em que medida a redução do número de funcionários públicos pode pôr em causa a equidade intergeracional?

- Identificar o princípio do equilíbrio (artigo 105.º, n.º 4 da CRP e artigo 9.º da Lei de Enquadramento
Orçamental);

- Confrontar este princípio com a estabilidade e com a equidade intergeracional.

“Um outro objetivo extrafiscal da tributação especial do consumo, em certa medida também ligado ao anterior,
assenta no princípio do benefício ou da equivalência. Este princípio constitui, tradicionalmente, um dos princípios
básicos de justiça fiscal no que se refere à repartição ou capacidade fiscal, a par do princípio da capacidade
contributiva.”

a) Distinga capacidade contributiva de equivalência, no âmbito do princípio da igualdade.

- Explicar que o sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades

públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.


- Definir sistema fiscal como o conjunto dos impostos vigentes num determinado ordenamento;

- Princípios elementares subjacentes ao sistema fiscal – igualdade tributária, capacidade contributiva,


tributação pelo lucro real, etc.

- Identificar a capacidade contributiva como medida da igualdade tributária;

- A função tripartida do Estado.

b) Relacione a incidência dos impostos com o conceito de benefício fiscal.

- Identificar artigo 103.º, n.º 2 da CRP e conceito de incidência;

- Distinguir incidência pessoal, objetiva, temporal e espacial;

- Identificar conceito de benefício fiscal como redução excecional do imposto de natureza extrafiscal.

c) Pronuncie-se criticamente sobre a retroatividade das normas fiscais.

- Princípio da legalidade: artigos 165.º, 103.º e dispositivo-travão

- Proibição da retroatividade: artigo 103.º, n.º 3 da CRP

- Identificar a tutela das expetativas e confrontar com proibição da retroatividade;

- Caracterização do OE como previsão de receitas – que receitas – artigo 105.º CRP

“Em outubro de 2020, a dívida pública situou-se em 268,1 mil milhões de euros, aumentando 1,1 mil milhões de
euros face ao mês anterior”, indica o Banco de Portugal, uma subida que “refletiu, em grande medida, emissões
de títulos de dívida, no valor de 1,1 mil milhões de euros.”

a) Relacione dívida pública com o princípio do equilíbrio orçamental.

- Enquadrar a dívida pública na Lei-quadro (Lei n.º 7/98 de 3 de fevereiro. (com as alterações introduzidas
pelo artigo 81º da Lei n.º 87-B/98, de 31 de dezembro) e na CRP;

- Distinguir dívida pública fundada da flutuante;

- Distinguir conceito de equilíbrio interno do externo

- Equilíbrio interno o Distinguir receitas e despesas correntes e de capital (ativo patrimonial) e receitas e
despesas efetivas e não efetivas (ativo de tesouraria);

o Enunciar os artigos relevantes da LEO: artigos 9.º, 23.º, 25.º e 28.º e explicar qual o critério em
vigor.

- Equilíbrio europeu – SEC95 e equilíbrio clássico.

b) Que regra de execução orçamental está em causa na gestão eficiente dos recursos públicos?

- Identificar o princípio da economia, eficiência e eficácia, constante do artigo 18.º da Lei de Enquadramento
Orçamental;

- A economia, a eficiência e a eficácia consistem na:

a) Utilização do mínimo de recursos que assegurem os adequados padrões de qualidade do serviço


público;
b) Promoção do acréscimo de produtividade pelo alcance de resultados semelhantes com menor
despesa;

c) Utilização dos recursos mais adequados para atingir o resultado que se pretende alcançar.

c) Quais as competências do Conselho das Finanças Públicas em matéria de dívida pública?

- Conselho das finanças públicas é uma entidade que exerce o controlo político das previsões efetuadas,

tendo em conta o quadro de exigências resultante da aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento

europeu, explicando em que consistem a estabilidade financeira e os objetivos de médio prazo (OMP).

«Por via da nova redação dada à norma do artigo 165.º, n.º 1, alínea i), a Constituição autonomizou uma terceira
categoria de tributos, para efeitos de reserva de lei parlamentar, relativizando as diferenças entre os tributos
unilaterais e os tributos comutativos e obrigando a uma reformulação da discussão sobre a exigência da reserva
de lei, relativamente às contribuições que não se pudessem enquadrar no preciso conceito de taxa.»

a) Identifique e caracterize a «terceira categoria de tributos» a que se refere o excerto do acórdão.

- Artigo 103.º a CRP e os fins da tributação (no quadro das receitas tributárias) – enunciação dos diferentes
tributos

- Definição de contribuição financeira e de sistema fiscal

- Definir contribuição financeira como uma espécie de tributo coletivo, em que a contrapartida beneficia um
grupo específico de sujeitos de forma difusa, e que, por isso, esses sujeitos são chamados a suportar.

b) Pode um imposto (municipal) ser aprovado através de um regulamento emanado de uma autarquia local?
Justifique.

- Artigo 103.º/2 da CRP e 165.º/1, alínea i);

- Identificar a legalidade fiscal e a reserva de lei material;

- Distinguir incidência, taxa, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes;

- Definir imposto como prestação pecuniária, coativa, unilateral, definitiva a favor de uma entidade pública
(o Estado), efetuada por uma entidade denominada como sujeito passivo/contribuinte.

c) Para além das receitas tributárias, que outras receitas públicas estão consagradas no nosso ordenamento
jurídico? Distinga-as nos seus traços essenciais.

- Identificar as receitas patrimoniais e as receitas creditícias.

«O Tribunal já assinalou que o alargamento, se sistemático ou sem o escrutínio anual no âmbito da discussão e
votação do Orçamento pela Assembleia da República, da consignação de receitas fiscais para fins específicos,
traduz-se na redução do financiamento de despesas gerais, limitando uma gestão financeira global e não indo ao
encontro da premissa subjacente [a este] princípio (...)».

a) Clarifique e enquadre legalmente o princípio orçamental identificado no excerto.

- Identificar o princípio da não consignação e explicar o seu fundamento;


- Identificar o artigo 16.º da LEO.

b) De entre os denominados «novos princípios orçamentais», selecione um e justifique a sua importância.

- Distinguir princípios de regras orçamentais;

- Identificar o princípio mais importante: a plenitude;

- Princípio da plenitude (artigo 9.º da LEO);

- Distinguir desorçamentação da independência orçamental;

- Identificar as exceções a plenitude.

- A resposta pode ser valorizada se identificar outro princípio que conste da LEO.

c) Distinga Orçamento do Estado de Conta Geral do Estado.

- O Orçamento do Estado (OE), instrumento de gestão que contém uma previsão discriminada das

receitas e despesas do Estado, incluindo as dos fundos e serviços autónomos e o orçamento da segurança

social, é da iniciativa exclusiva do Governo.

- Identificar as três componentes do conceito de Orçamento do Estado: política, económica e jurídica.

- A Conta Geral do Estado (CGE) é o principal documento de prestação de Contas do Estado.

Encerra o ciclo orçamental anual e é apresentada à Assembleia da República até 30 de junho do ano

seguinte àquele a que respeita.

«O âmbito de jurisdição do Tribunal de Contas deixou de ser delimitado em função de um critério subjetivo –
onde relevava a natureza das entidades – , passando a assentar num critério objetivo (...). Podemos afirmar que a
reforma de 2006 e as subsequentes alterações à LOPTC [Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas]
foram, de um modo geral, justificadas com a necessidade de se reforçar a eficácia do Tribunal de Contas nos
domínios da fiscalização prévia e da efectivação de responsabilidades financeiras.»

a) Comente a afirmação sublinhada, explicando o critério de sujeição à jurisdição do Tribunal de Contas em vigor
no nosso ordenamento jurídico.

- O Tribunal de Contas como verdadeiro tribunal (Artigos 209.º, n.º 1, c) e 214º da CRP)

- Competência material deste Tribunal (artigo 5.º, Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas);

- Referência às competências tipicamente jurisdicionais do Tribunal de Contas (Julgamento: efetivação de

responsabilidades financeiras – artigos 57.º e segs, LOPTC); secção competente: 3.ª secção (artigo 79.º);

- Referência à realização de auditorias (fiscalização concomitante: artigo 49.º, LOPTC), a cargo da 1ª e

da 2.ª secção; bem como à verificação externa de contas das entidades sujeitas ao controlo do TdC,

fiscalização sucessiva da dívida pública direta do Estado, dos empréstimos e das operações financeiras

de gestão da dívida pública direta, bem como os respetivos encargos (fiscalização sucessiva: artigo 50.º,

da LOPTC), a cargo da 2.ª secção (artigo 78.º, LOPTC);

- Referência ao controlo jurisdicional da execução orçamental (68.º, n.º 4, LEO/2015):


acompanhamento da execução do orçamento, através, por exemplo, da realização de auditorias por

iniciativa própria e a solicitação da AR; o parecer sobre a Conta Geral do Estado (artigos 107.º, CRP,

41.º, LOPTC e 66.º, 4 e 5, LEO/2015).

b) Pode o Tribunal de Contas condenar um responsável, simultaneamente, ao pagamento de uma multa e à


reposição de dinheiros públicos? Justifique.

- Distinguir a responsabilidade financeira reintegratória da sancionatória;

- Identificar os artigos 59.º e 65.º da LOPTC;

- Explicar que ambos os tipos de responsabilidade são cumulativos.

c) Todos os atos, contratos e demais instrumentos financeiros estão sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal de
Contas e podem produzir efeitos antes do visto. Concorda com a afirmação? Justifique.

- Referência à competência para conceder o visto ou reconhecer a sua isenção ou dispensa – fiscalização

prévia (artigos 44.º e segs., Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas1); secção competente:

1.ª secção (artigo 77.º);

- Explicar o regime do artigo 45.º da LOPTC.

O Orçamento do Estado para 2020 entrou na Assembleia da República 50 dias antes do prazo legal, que termina
no final de janeiro. Entre outros aspetos, o que distingue este Orçamento dos quatro anteriores é o saldo
orçamental: num país onde a palavra défice parece ter vindo para ficar, o Governo prepara-se para atingir o
primeiro excedente do pós-25 de Abril. Responda fundamentadamente às seguintes questões.

Quais são os princípios e regras financeiras identificados no presente trecho?

- Princípio da plenitude (artigo 9.º da LEO);

- Princípio do equilíbrio (artigo 10.º da LEO);

- Princípio da anualidade (artigo 14º da LEO);

- Regra do saldo orçamental (20º da LEO);

Quais as principais vantagens e desvantagens da existência de excedentes orçamentais?

- Relacionar a política de saldos com a equidade intergeracional;

- O artigo 13.º da Lei de Enquadramento Orçamental (LEO), aprovada pela Lei n.º 151/2015, de 11 de
setembro, estabelece no n.º 1 que “a atividade financeira do setor das administrações públicas está
subordinada ao princípio da equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações, de modo a não
onerar excessivamente as gerações futuras, salvaguardando as suas legítimas expectativas, através de uma
distribuição equilibrada dos custos pelos vários orçamentos num quadro plurianual”.

- Tal regra ou princípio é uma exceção ao princípio orçamental da anualidade, impondo, para efeitos da
repartição de benefícios e custos entre gerações, uma perspetiva plurianual.
- Neste domínio, o princípio da equidade intergeracional obriga a uma necessária ponderação entre o que se
gasta no presente e os gastos que se assumem para o futuro, de forma a que proveitos e custos tenham uma
distribuição equitativa.

- O princípio da equidade intergeracional está profundamente relacionado com o princípio da


sustentabilidade das Finanças Públicas.

- Distinguir orçamento de caixa de orçamento de compromissos

- Critérios do EUROSTAT na definição do défice.

Em que medida os saldos orçamentais influenciam a tomada de decisão financeira?

- Distinguir conceito de equilíbrio interno do externo

- Equilíbrio interno

o Distinguir receitas e despesas correntes e de capital (ativo patrimonial) e receitas e despesas


efetivas e não efetivas (ativo de tesouraria);

o Enunciar os artigos relevantes da LEO: artigos 10º, 11.º, 12.º, 13.º, 20.º a 26.º e explicar qual o
critério em vigor.

- Equilíbrio europeu – SEC95 e equilíbrio clássico.

Será necessária uma trajetória de melhoria do montante da dívida pública nacional? Porquê?

- Identificar conceito de dívida pública;

- Distinguir dívida pública flutuante de fundada;

- Identificar as exigências constitucionais quanto à dívida pública fundada (161.º, alínea h) da CRP)

- Mencionar as exigências do TFUE sobre a trajetória da Dívida Pública (60% PIB);

- Identificar que não há mecanismos de sanções europeias associadas à trajetória da dívida.

Explique quais as relações entre o Orçamento do Estado nacional e as obrigações decorrentes do Tratado
Orçamental.

- A influência do pensamento neoclássico redunda no princípio de condução da política macroeconómica


“rules rather than discretion” (Kydlandand Prescott, 1980), e que vem sendo adotada na União Europeia;

- Os principais instrumentos da política europeia no domínio da política orçamental e das finanças públicas,
sobretudo após a crise de 2008-2009 (‘Six Pack’, ‘Pacto Orçamental’, Tratado que cria o Mecanismo Europeu
de Estabilidade): o reforço da ortodoxia no domínio da política orçamental;

- Reflexão sobre os desafios que se colocam ao projeto europeu; a crise do euro (a discussão sobre a
permanência no euro por parte de pequenas economias, com as características de Portugal)

- Reflexão sobre medidas já adotadas ou a adotar no contexto europeu para fazer face a choques
assimétricos: o reforço do federalismo orçamental na Europa

- A nível interno, que medidas equacionar quer no plano do ajustamento orçamental, com vista à garantia da
sustentabilidade de longo prazo das finanças públicas portuguesas, quer no plano do ajustamento estrutural.
Que regra(s) de execução orçamental está(ão) em causa na gestão eficiente dos recursos públicos?

- Identificar o artigo 52.º da LEO;

- Desenvolver sobre o conceito de economia, eficiência e eficácia (artigo 18º, LEO) e relacioná-la com a
intervenção do Tribunal de Contas – Secção de Auditoria.

Explique qual o papel do Tribunal de Contas no controlo orçamental.

- Explicar a natureza do Tribunal de Contas como entidade jurisdicional de controlo externo;

- Enumerar os diplomas aplicáveis, nomeadamente a Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas


(designadamente, artigos 1º, 5º, 41º) e a Lei de Enquadramento Orçamental (designadamente, artigos 38º,
66º)

- Referir as normas constitucionais aplicáveis (artigos 107º e 214º);

- Distinguir o visto prévio (artigos 44.º e ss. da LOPTC) da apreciação política dos objetivos a efetuar pelo
Tribunal de Contas.

- Identificar as competências da 2.ª Secção – Auditoria.

Enquadre a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e o Conselho das Finanças Públicas no conjunto dos
órgãos de controlo orçamental.

- Enquadramento destas entidades no âmbito do controlo técnico do Orçamento e da política orçamental;

- Assembleia da República: Distinguir o controlo político do controlo jurisdicional – UTAO como órgão
integrante, CFP como órgão independente;

- Conselho das Finanças Públicas é uma entidade que exerce o controlo técnico das previsões efetuadas,
tendo em conta o quadro de exigências resultante da aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento
europeu, explicando em que consistem a estabilidade financeira e os objetivos de médio prazo (OMP); artigo
7º, LEO e Lei 54/2011, de 19 de Outubro.

o Entidade administrativa independente

o Breve caracterização à luz das normas pertinentes

Defina capacidade contributiva e relacione com os impostos portugueses.

- Explicar que o sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades
públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.

- Definir sistema fiscal como o conjunto dos impostos vigentes num determinado ordenamento;

- Princípios elementares subjacentes ao sistema fiscal – igualdade tributária, capacidade contributiva,


tributação pelo lucro real, etc.

- Identificar a capacidade contributiva como medida da igualdade tributária;

- A função tripartida do Estado.


A taxa de imposto pode ser aumentada a meio do ano Economico?

- Princípio da legalidade: artigos 165.º, 103.º e dispositivo-travão

- Proibição da retroatividade: artigo 103.º, n.º 3 da CRP

- Identificar a tutela das expetativas e confrontar com proibição da retroatividade;

- Caracterização do OE como previsão de receitas – que receitas – artigo 105.º CRP

Porque é que se diz que a dívida pública é o mal menor das opções orçamentais?

- Clarificar o conceito de dívida pública e as várias modalidades (principal e acessória);

- Designar o conceito de dívida constante do Protocolo relativo ao procedimento aplicável em caso de défice
excessivo anexo ao Tratado da União Europeia (Maastricht, 1992) – “para os fins do procedimento aplicável
em caso de défice excessivo na União Económica e Monetária, assim como para o pacto de estabilidade e
crescimento, o protocolo anexo ao Tratado da União Europeia (Maastricht, 1992) fornece uma definição
completa de dívida pública”. Assim entende-se por dívida o valor nominal global bruto, existente no final do
exercício, e consolidada pelos diferentes sectores do Governo em geral. Esta definição é completada pela
revisão do Regulamento n.º 3605/93 do Conselho (ver no anexo VI), que especifica as componentes da
dívida pública, por referência às definições dos passivos financeiros no SEC 95 ;

- Invocar a realidade financeira portuguesa.

Porque é que é dívida flutuante não tem tutela constitucional?

- Identificar o artigo 161.º, alínea h) da CRP e a tutela da dívida fundada;

- Distinguir dívida flutuante e dívida fundada;

Porque é que se diz que o dispositivo travão também abrange o aumento das receitas e a diminuição da despesa?

- Distinguir procedimento orçamental originário e derivado (alterações orçamentais);

- Identificar o artigo 167.º, n.º 2 da CRP e explicar como opera nos vários tipos de procedimento.

“A responsabilidade financeira é o fundamento do direito financeiro” Explique porque.

- Distinguir a responsabilidade financeira reintegratória da sancionatória;

- Identificar as disposições legais relevantes constantes da Lei de Organização e Processo do Tribunal de


Contas.

Porque é que se diz que o princípio da plenitude é o princípio orçamental mais importante?

- Princípio da plenitude (artigo 9.º da LEO);

- Distinguir desorçamentação da independência orçamental;

- Identificar as exceções a plenitude.


Relacione as funções da assembleia da república com as do Tribunal de Contas em termos de controlo politico.

- Assembleia da República: Distinguir o controlo político do controlo jurisdicional;

- Conselho das finanças públicas é uma entidade que exerce o controlo político das previsões efectuadas,
tendo em conta o quadro de exigências resultante da aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento
europeu, explicando em que consistem a estabilidade financeira e os objectivos de médio prazo (OMP).

Poderá uma autarquia local criar/aprovar um imposto? Justifique a sua resposta à luz dos princípios da fiscalidade
consagrados na Constituição.

Não. A criação de impostos obedece ao princípio da legalidade tributária (artigo 103º, nº 2, da Constituição),
sendo apenas admissível por lei da Assembleia da República ou por decreto-lei devidamente autorizado
(reserva relativa de competência – artigo 165º, nº1, al. i), da Constituição).

Caracterize a generalidade tributária e pronuncie-se sobre a existência de excepções a este princípio.

A generalidade tributária como expressão do princípio da igualdade tributária, segundo a qual todos os
cidadãos devem estar sujeitos ao pagamento de impostos. Como excepção ao princípio da generalidade
pode indicar-se a possibilidade de concessão de benefícios fiscais; breve noção, recorrendo ao artigo 2º, nº 1
do Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Estabeleça a distinção entre receitas tributárias e receitas creditícias.

As receitas tributárias, provenientes da cobrança de impostos, taxas e contribuições financeiras, são receitas
efectivas pois implicam a entrada de um activo, de forma definitiva, nos cofres do Estado; as receitas
creditícias, resultantes do recurso à dívida pública, são, em contrapartida, receitas não efectivas, pois,
embora impliquem a entrada de uma receita, gerarão um passivo de igual valor (amortização), acrescido do
pagamento de juros.

Considera a contracção de dívida pública fundada violadora do princípio da equidade intergeracional? Justifique.

Questionar a relação entre a dívida fundada – dívida contraída para ser totalmente amortizada num
exercício orçamental subsequente ao exercício no qual foi gerada (definição legal dada pelo artigo 3º, alínea
b) da Lei-Quadro da dívida pública); autorizada pela Assembleia da República: artigo 161º, h), da
Constituição) – e o princípio da equidade intergeracional (presente no artigo 13º da Lei n.º 151/2015, de 11
de Setembro [Lei de Enquadramento Orçamental]). Não existe uma necessária violação deste princípio com
o recurso à dívida pública; apenas deverá ser respeitado, de acordo com os parâmetros previstos na lei, e
atendendo à necessária “equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações, de modo a não
onerar excessivamente as gerações futuras”.

Caracterize os diferentes poderes assumidos pela Assembleia da República, pelo Governo e pela Agência da Dívida
Pública - IGCP na emissão e gestão da dívida pública.

Explicitação dos diferentes poderes através da articulação dos artigos 4º, 5º, 6º e 7º da Lei-quadro da Dívida
Pública. Referência à necessária autorização parlamentar para a contracção de dívida fundada (161º, h) da
Constituição).
Diga o que entende por transparência orçamental.

Princípio orçamental clássico. Referência ao artigo 19º da LEO. Deveres decorrentes deste princípio no
quadro da aprovação, execução e fiscalização orçamentais.

Relacione os conceitos de perímetro orçamental e de desorçamentação.

Perímetro orçamental como conjunto de todas as entidades do sector das administrações públicas cujas
receitas e despesas constam do orçamento do estado; desorçamentação como processo de retirada do
perímetro orçamental de entidades que antes constavam do orçamento do estado, mas que através, por
exemplo, da privatização de serviços, de parcerias-público privadas, da criação de fundações, etc., deixam de
fazer parte das entidades sujeitas às regras orçamentais.

Pronuncie-se sobre a natureza jurídica do visto do Tribunal de Contas, indicando os principais actos e contratos
sujeitos a este controlo.

A natureza jurisdicional do visto do tribunal de contas decorrente, desde logo, do facto de o TdC ser um
verdadeiro tribunal (superior), independente da administração. Menção às razões do debate sobre a
natureza jurisdicional ou administrativa/política deste visto.

Referência aos artigos 214º da Constituição, e 1º e 44º e segs. da LOPTC; em especial, ao artigo 46º, da
LOPTC, quanto aos actos e contratos sobre os quais incide a fiscalização prévia.

«Os impostos são aquilo que se paga para se ter uma sociedade civilizada».

Comente a frase, indicando:

1) qual o seu conceito de sociedade civilizada?

Uma sociedade dominada pelos valores da justiça e da equidade justificadora da atribuição ao Estado de
funções financeiras segundo a trilogia de Musgrave. Identificar tais funções, desenvolvendo, em especial, as
funções de afetação e de redistribuição e o seu contributo para uma sociedade civilizada.

2) em que medida o princípio da legalidade fiscal pode ser relevante para o objectivo apontado?

2) A natureza fiscal do Estado português e a rejeição de um Estado dominial ou patrimonial. Densificar o


principio da legalidade fiscal, fazendo referência às duas dimensões da reserva de lei fiscal (artigos 103.º e
165/1, al i) da CRP) e a sua relevância enquanto limite formal à tributação.

3) que espécies tributárias poderão ser consideradas mais adequadas?

Identificar as espécies de receitas tributárias (impostos, taxas e contribuições financeiras), destacar as suas
características principais e eleger, de forma fundamentada, a que se afigura mais adequada. Pretende-se que
o aluno expresse a sua opinião com base nos conhecimentos adquiridos.

4) que outras soluções poderiam existir sem recurso aos impostos?

A rejeição entre nós do Estado dominial; a dívida pública enquanto fonte de financiamento público; a dívida
pública e a redistribuição da riqueza; a dívida pública e o problema da equidade intergeracional; o teorema
da equivalência ricardiana; os problemas atuais da dívida pública (vg. O cumprimento de regras financeiras
numéricas: regra do saldo orçamental estrutural e regra da dívida pública).
5) Como se organiza o controlo do pagamento dos impostos?

Identificar as diferenças entre controlo interno e externo das receitas públicas; princípios da execução das
receitas públicas (tipicidade qualitativa, segregação de funções e unidade de tesouraria); funções do Tribunal
de Contas, da Assembleia da República e Inspeção Geral de Finanças.

“O Programa de Estabilidade 2019-2023 (PE/2019) prevê que o saldo orçamental prossiga uma trajetória de
melhoria até atingir um excedente de 0,9% do PIB em 2021. Contudo, face ao previsto em abril de 2018 no
PE/2018, a trajetória do saldo global foi revista em baixa. A exceção é o ano de 2019, uma vez que a previsão de
défice de 0,2% é mantida, acomodando um impacto mais desfavorável em 749 M€ do que o previsto no OE/2019
da injeção de capital no Novo Banco, por via de uma revisão em alta da receita e de uma redução da previsão de
investimento público.”

Defina excedente orçamental formal e substancial.

o Distinguir receitas e despesas correntes e de capital (activo patrimonial) e receitas e despesas efectivas e
não efectivas (activo de tesouraria);

o Enunciar os artigos relevantes da LEO: artigos 9.º, 23.º, 25.º e 28.º e explicar qual o critério em vigor.

o Equilíbrio europeu – SEC95 e equilíbrio clássico.

É possível, no ano económico em curso, o Parlamento tomar decisões orçamentais que impliquem a redução de
despesa?

o Artigo 167º, n.º 2 da CRP

o Redução de despesa – válida, mas ineficaz

o Princípio da legalidade: artigos 165.º, 103.º e lei-travão

Em que medida a injeção de capital num Banco pode pôr em causa a equidade intergeracional?

o O artigo 13.º da Lei de Enquadramento Orçamental (LEO), aprovada pela Lei n.º 151/2015, de 11 de
setembro, estabelece no n.º 1 que “a atividade financeira do setor das administrações públicas está
subordinada ao princípio da equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações, de modo a não
onerar excessivamente as gerações futuras, salvaguardando as suas legítimas expectativas, através de uma
distribuição equilibrada dos custos pelos vários orçamentos num quadro plurianual”.

o Tal regra ou princípio é uma exceção ao princípio orçamental da anualidade, impondo, para efeitos da
repartição de benefícios e custos entre gerações, uma perspetiva plurianual.

o Neste domínio, o princípio da equidade intergeracional obriga a uma necessária ponderação entre o que se
gasta no presente e os gastos que se assumem para o futuro, de forma a que proveitos e custos tenham uma
distribuição equitativa.

o O princípio da equidade intergeracional está profundamente relacionado com o princípio da


sustentabilidade das Finanças Públicas.

o Distinguir orçamento de caixa de orçamento de compromissos

o Critérios do EUROSTAT na definição do défice.


Enumere e explique os princípios e regras financeiras mais importantes.

- Princípio da plenitude (artigo 5.º da LEO);

- Princípio do equilíbrio (artigo 9.º da LEO).

Explique qual a relação da decisão financeira nacional com as obrigações decorrentes do Tratado Orçamental.

- A influência do pensamento neoclássico redunda no princípio de condução da política macroeconómica


“rules rather than discretion” (Kydland and Prescott, 1980), e que vem sendo adotada na União Europeia;

- Os principais instrumentos da política europeia no domínio da política orçamental e das finanças públicas,
sobretudo após a crise de 2008-2009 (‘Six Pack’, ‘Pacto Orçamental’, Tratado que cria o Mecanismo Europeu
de Estabilidade): o reforço da ortodoxia no domínio da política orçamental;

- Reflexão sobre os desafios que se colocam ao projeto europeu; a crise do euro (a discussão sobre a
permanência no euro por parte de pequenas economias, com as características de Portugal)

- Reflexão sobre medidas já adotadas ou a adotar no contexto europeu para fazer face a choques
assimétricos: o reforço do federalismo orçamental na Europa

- A nível interno, que medidas equacionar quer no plano do ajustamento orçamental, com vista à garantia da
sustentabilidade de longo prazo das finanças públicas portuguesas, quer no plano do ajustamento estrutural.

Em que medida os saldos orçamentais influenciam a tomada da decisão financeira?

- Identificar o conceito de restrição orçamental

- Distinguir conceito de equilíbrio interno do externo

- Equilíbrio interno

o Distinguir receitas e despesas correntes e de capital (activo patrimonial) e receitas e despesas efectivas e
não efectivas (activo de tesouraria);

o Enunciar os artigos relevantes da LEO: artigos 9.º, 23.º, 25.º e 28.º e explicar qual o critério em vigor.

- Equilíbrio europeu – SEC95 e equilíbrio clássico.

Explique, fundamentadamente, qual o papel do Tribunal de Contas no controlo dos saldos orçamentais.

- Explicar a natureza do Tribunal de Contas como entidade jurisdicional de controlo externo;

- Enumerar os diplomas aplicáveis, nomeadamente a Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas;

- Distinguir o visto prévio (artigos 44.º e ss. da LOPTC) da apreciação política dos objectivos a efectuar pelo
Tribunal de Contas.

- Identificar as competências da 2.ª Secção – Auditoria.

Que regra de execução orçamental está em causa na gestão eficiente dos recursos públicos?

- Identificar os artigos 10.º-E e 42.º, n.º 6, alínea c), ambos da LEO;

- Desenvolver sobre o conceito de economia, eficiência e eficácia e relacioná-la com a intervenção do


Tribunal de Contas – Secção de Auditoria.
O regime da execução das receitas públicas é semelhante ao regime da execução das despesas públicas?

- Distinguir a tipicidade qualitativa das receitas da tipicidade quantitativa das despesas

Enquadre o Conselho de Finanças Públicas no conjunto dos órgãos de controlo orçamental.

- Assembleia da República: Distinguir o controlo político do controlo jurisdicional;

- Conselho das finanças públicas é uma entidade que exerce o controlo político das previsões efectuadas,
tendo em conta o quadro de exigências resultante da aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento
europeu, explicando em que consistem a estabilidade financeira e os objectivos de médio prazo (OMP).

o Entidade administrativa independente

o Breve caracterização à luz da norma

o Explicação da expressão “controlar os saldos” – o que são saldos e como se afere o equilíbrio.

«O Estado está a fazer mal os cálculos, acusa do Tribunal de Contas, que sublinha «falhas relevantes» na execução
orçamental pelo Governo. O Executivo está a esconder mais de mil milhões de euros de impostos e 11 mil milhões
de despesa.[…] Essas omissões desrespeitam os princípios da unidade e da universalidade [estipulados] pela Lei de
Enquadramento Orçamental", escreve o Tribunal.»

Explique, indicando as respectivas bases legais, quais os papéis que cabem ao Governo ao longo do ciclo
orçamental.

- A elaboração e execução do orçamento

- Os processos orçamentais inicial e subsequente e o diálogo com a Assembleia da República

- Referência às normas relevantes da Constituição e da LEO

A notícia refere um tipo de receita pública. Indique quais as características da mesma e o que a distingue de
figuras afins.

- Definição de imposto

- Delimitação face aos demais tributos

- Princípio da capacidade contributiva

- Referência à Constituição fiscal e à Lei Geral Tributária

Desenvolva, em cerca de 15 linhas, sobre os princípios orçamentais referidos na notícia.

- Unidade e universalidade como vertentes da regra plenitude

- As excepções à regra da plenitude

- Mecanismos que obviam às inconveniências das excepções à regra da plenitude

- Referência às normas relevantes da Constituição e da LEO

Quais as funções do Tribunal de Contas?

- O Tribunal de Contas como um verdadeiro tribunal


- O controlo jurisdicional da execução orçamental

- Os momentos de actuação do Tribunal de Contas e os diferentes tipos de fiscalização

- Referência à Constituição e à LOPTC

A propósito do desfecho das negociações dos transactos dias 11 de 12 de Julho respeitantes a um eventual
terceiro programa de assistência financeira à Grécia foram registadas as seguintes declarações: «Alexis Tsipras –
"Conseguimos […] garantir financiamento a médio prazo. A Grécia vai continuar a lutar para conseguir regressar
ao crescimento." Angela Merkel – "Vai ser um caminho longo e difícil", avisa a chanceler, que acrescentou ainda
que o Eurogrupo está pronto a considerar estender as maturidades dos empréstimos gregos […]. Quanto a um
corte na dívida grega, a líder alemã foi taxativa: "está fora de questão". »

A que tipo de receita se refere o Primeiro Ministro grego quando menciona ter garantido o financiamento do seu
país? Por que razão recorrem os estados a este tipo de receita?

- Definição de receita creditícia

- Classificações aplicáveis às receitas creditícias

- Delimitação face aos demais tipos de receitas (a tripartição de receitas)

- A insuficiência de receitas tributárias e patrimoniais; o peso do stock de dívida

Podem os orçamentos de estado ter a função de estimular o crescimento económico?

- As funções musgravianas

- A estabilização macroeconómica e as polícitas contra-cíclicas

- As dificuldades e limites à aplicação de políticas contra-cíclicas

Quais os objectivos das operações sobre a dívida pública grega mencionados por Angela Merkel? Se se tratasse de
dívida pública portuguesa, qual seria o enquadramento legal de tais operações?

- O serviço da dívida e a necessidade de diminuir o esforço associado ao mesmo

- Actos de gestão normal e anormal da dívida

- A renegocição da dívida – a conversão

- Referência à Lei n.º 7/98, de 3 de Fevereiro

Indique e explique em cerca de 15 linhas dois instrumentos resultantes da nossa pertença à União Europeia
susceptíveis de afectar directamente as decisões orçamentais portuguesas.

- O Pacto de Estabilidade e Crescimento

- O Six Pack e o Two Pack

- O Tratado Orçamental

- As regras de despesa vertidas na LEO

- Apreciação crítica

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