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Índice:

1. Introdução ............................................................................................................................................. 1
2. Causas de Extinção das Obrigações Latu Sensu ................................................................................... 2
3. Causas de Extinção das Obrigações Além do Cumprimento ................................................................ 3
4. Dação em Cumprimento ....................................................................................................................... 3
4.1. Conceito, Tipologias e Pressupostos ............................................................................................. 3
4.2. Natureza Jurídica e Regime Jurídico ........................................................................................... 5
5. Consignação em Depósito .................................................................................................................... 6
5.1. Conceito e Pressupostos da Consignação em Depósito .............................................................. 6
5.2. Regime e Efeitos Jurídicos da Consignação em Depósito .......................................................... 7
6. Compensação ........................................................................................................................................ 8
6.1. Conceito, Pressupostos e Regime Jurídico .................................................................................. 8
7. Novação ................................................................................................................................................ 9
7.1. Conceito e Modalidades ............................................................................................................... 9
8. Novação vs. Remissão vs. Dação em Cumprimento ......................................................................... 10
8.1. Pressupostos da Novação ........................................................................................................... 10
8.2. Regime Jurídico da Novação ..................................................................................................... 11
9. Remissão ............................................................................................................................................. 11
9.1. Conceito e Pressupostos ............................................................................................................. 11
9.2. Regime e Efeitos Jurídicos da Remissão ................................................................................... 12
10. Confusão ......................................................................................................................................... 13
10.1. Conceito e Pressupostos ......................................................................................................... 13
10.2. Regime e Efeitos Jurídicos da Confusão ............................................................................... 14
11. Conclusão ....................................................................................................................................... 16
12. Referencias Bibliográficas ............................................................................................................. 17

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1. Introdução

O presente trabalho de pesquisa aborda a temática das causas de extinção das obrigações além
do cumprimento, entre nós consagradas nos art. ºs 837º a 873º do CC, procurando esgrimir os
contornos dos seus regimes jurídicos. Trata-se da dação em cumprimento (art. ºs 837.º à 840.º),
da consignação em depósito (art. ºs 841.º à 846.º), da compensação (art. ºs 847.º à 856.º), da
novação (art. ºs 857.º à 862.º), da remissão (art. ºs 863.º à 867.º) e da confusão (art. ºs 868.º à
873.º). Em conclusão, estas causas constituem uma derrogação do princípio geral da extinção
das obrigações que é o cumprimento pontual, integral e de boa-fé e não constituindo
necessariamente cumprimento da obrigação, têm o mesmo valor legal e exoneram o devedor da
realização da prestação a que diz respeito a obrigação primitiva.
“Não se pode sacrificar o devedor ao cumprimento quando a realização da prestação se torna
impossível; antes pelo contrário, o princípio da boa-fé impõe que a lei estabeleça formas
alternativas de pôr termo as relações jurídico-creditícias.”
Como resulta da máxima latina «pacta sunt servanda», no nosso ordenamento jurídico regulada
no art. º 406.º, nº 1, do Código Civil (doravante abreviado CC), os contratos devem ser
pontualmente e só se devem modificar ou extinguir por mútuo consentimento das partes
contratantes ou por imposição legal. Deste preceito resulta que o cumprimento é a forma por
excelência de extinção das obrigações.
Porém, aquele mesmo preceito faz constar que o cumprimento não é a única forma de pôr termo
às relações jurídicas. É o que diz a Lei Civil, nos seus art. ºs 837º a 873º e de forma unânime a
doutrina. Dito em outras palavras, existem várias causas de extinção das obrigações para além
do cumprimento e é sobre estas causas que nos debruçaremos ao longo deste trabalho científico.

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2. Causas de Extinção das Obrigações Latu Sensu

Assim como as obrigações se constituem, vinculando uma das ou ambas as partes à realização de
uma prestação (art. º 397.º do CC), as obrigações se extinguem; seja porque houve cumprimento
pontual (art. º 406.º, n.º 1, 1ª parte) ou porque por alteração das circunstâncias modificou-se o
conteúdo da obrigação (art. º 406.º, n.º 1, 2ª parte), seja ainda porque não sendo originariamente
possível o cumprimento da obrigação tal qual, a lei permitiu que por outra via o negócio jurídico
se extinguisse (art. º 406.º, n.º 1, parte final, e em especial os art. ºs 837º à 873º, todos do CC).

Estas reflexões remetem-nos ao que já referimos na introdução que, em sentido amplo, são várias
as causas de extinção das obrigações. Luís Telles de Menezes Leitão elenca um catálogo vasto das
causas extintivas das obrigações; nomeadamente: a revogação, a resolução, a denúncia, a
caducidade, a prescrição, a impossibilidade superveniente da prestação, a alteração das
circunstâncias, e O CUMPRIMENTO; ao lado da Dação em Cumprimento, da Consignação em
Depósito, da Compensação, da Novação, da Remissão e da Confusão - que a Lei ousou designar
como causas extraordinárias de extinção das obrigações. Quer dizer aquelas causas que só são
chamadas quando, sendo o conteúdo do negócio jurídico válido e o seu cumprimento exigível, a
realização natural da prestação se afere impossível.

Por seu turno, João de Matos Antunes Varela segue o catálogo legal e indica como causas de
extinção das obrigações o cumprimento e aquelas além do cumprimento: a dação em cumprimento
(art. ºs 837.º à 840.º), a consignação em depósito (art. ºs 841.º à 846.º), a compensação (art. ºs 847.º
à 856.º), a novação (art. ºs 857.º à 862.º), a remissão (art. ºs 863.º à 867.º) e a confusão (art. ºs 868.º
à 873.º).

Mário Júlio de Almeida Costa traça os mesmos caminhos, dedicando um capítulo especial (o
XVIII) às causas de extinção das obrigações além do cumprimento, embora reconhecendo causas
indirectas de extinção das obrigações, como é o caso das já sublinhadas por Menezes Leitão (a
resolução, a revogação, a denúncia e a caducidade) e outras causas de inadimplemento não
imputáveis ao devedor, como é o caso da alteração de circunstâncias e a nulidade ou anulação da
obrigação por vícios.

O que retirar destes parágrafos? Bem, devemos entender que o cumprimento não é a única causa
de extinção do vínculo obrigacional. “O cumprimento representa [apenas] o modo comum ou usual

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e mais importante de satisfação do direito do credor” ou como remata Antunes Varela o
cumprimento figura como “meio normal de satisfação do interesse do credor e forma regular de
liberação do devedor” mas é apenas uma das causas extintivas da relação obrigacional e não a
única.

Sendo certo que as restantes causas de extinção dos negócios jurídicos são tratadas na parte geral
do CC (v.g. a resolução, a caducidade, a revogação, etc.), não trataremos dos conceitos nem dos
regimes jurídicos destas. Pelo contrário, ocupar-nos-emos de seguida apenas as causas extintivas
que o legislador optou por colocar no livro sobre as Obrigações – vide, parágrafo a seguir.

3. Causas de Extinção das Obrigações Além do Cumprimento

Nesta secção trataremos, como já foi dito, apenas das causas extintivas das obrigações que o
legislador entabulou no Cap. VIII do Livro sobre Obrigações, designadamente, a dação em
cumprimento (art. ºs 837.º à 840.º), a consignação em depósito (art. ºs 841.º à 846.º), a
compensação (art. ºs 847.º à 856.º), a novação (art. ºs 857.º à 862.º), a remissão (art. ºs 863.º à
867.º) e a confusão (art. ºs 868.º à 873.º).

A título de sequência, trataremos das noções jurídicas de cada um destes institutos, dos seus
pressupostos e bem assim dos seus regimes jurídicos.

4. Dação em Cumprimento

4.1.Conceito, Tipologias e Pressupostos


Entende-se por dação em cumprimento, a faculdade que o devedor tem de exonerar-se
imediatamente da dívida realizando uma prestação diferente da que for devida. É o que resulta
explícito do art. º 837.º.

Por exemplo, se A (credor) e B (devedor) celebrarem um mútuo no valor de 20.000,00 mts, sabe-
se que na data certa B terá de realizar a sua prestação conforme acordado; quer dizer B deverá
cumprir com o pagamento a A dos 20.000,00 mts acrescido de juros, se esta última parte tiver sido
acautela no contrato. Porém, se à data convencionada B não puder pagar os 20.000,00 mts a lei lhe
dá a faculdade de puder extinguir o contrato realizando uma prestação diferente da originária: por
exemplo, entregar a A um fato, um fio de ouro, um livro ou outra coisa fungível, ainda que de
valor superior aos 20.000,00 mts em dívida. Note-se que a realização desta nova prestação por B,

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exonera-o do vínculo obrigacional com A, mas não equivale a cumprimento da obrigação,
porquanto modificou-se o conteúdo originário da obrigação.

Uma leitura cuidada do art. º 837.º apresenta-nos alguns pressupostos jurídicos para que tenha
lugar a dação em cumprimento. Segundo Menezes Leitão estes pressupostos são dois: a realização
de uma prestação diferente da que for devida e o acordo do credor relativo à exoneração do
devedor com essa prestação.

De facto, para que tenha lugar a dação em cumprimento é necessário que o devedor não consiga
cumprir com a prestação originária; daí a realização de outra. Porém, não basta que seja pago outro
bem (por ex., um fio de ouro) em lugar da obrigação assumida no contrato (os 20.000,00 mts). É
necessário que o credor dê o seu consentimento quanto a substituição do objecto da prestação (cfr.
art. º 837.º, parte final), ainda que o fio de ouro esteja avaliado em mais de 20.000,00 mts.

Esta dialéctica «aliu pro alio invito creditore solvi non potest» parece fazer todo o sentido,
porquanto exigir-se que o credor fosse pago por uma prestação diferente poderia não satisfazer
integralmente o interesse creditício, para além do risco de os devedores de má-fé furtarem-se do
cumprimento integral das prestações.

Questão que tem suscitado debilagem na doutrina e na jurisprudência é saber se ao permitir a lei,
na 1ª parte do art. º 837.º, que seja prestada coisa diferente da obrigada se refere a qualquer coisa
ou limita o âmbito objectivo destas coisas passíveis de serem dadas em cumprimento. Ao que
parece, da letra daquele preceito não se infere qualquer limitação, entendendo-se ser possível dar-
se um carro em vez de dinheiro ou ainda, seguindo o exemplo acima, B pagar-se pelo fio de ouro
ao em vez dos 20.000,00 mts. É de resto o que defende a doutrina dominante.

Sublinhe-se, ainda, que não basta a lei intenção de realização de outra prestação nem o
consentimento do credor para que haja lugar a dação em cumprimento. Ao contrário do que postula
o art. º 408.º, n.º 1 «a constituição ou transferência de direitos reias dá-se por mero contrato», é
necessário que haja realização integral e definitiva da nova prestação (art. º 840.º) para que se
cumpram os pressupostos da dação.

Quanto as modalidades, tem sido entendido, grosso modo, que existem duas tipologias de dação: a
dação em cumprimento (ou dação em pagamento), em latim datio pro solutum, que consiste no
mero acordo de constituição de uma prestação diversa (art. º 837.º) e a dação em função do

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cumprimento, em latim datio pro solvendo, cuja tese é de que pela dação se pretende que o credor
obtenha a satisfação do seu crédito mais facilmente (art. º 840.º, n.º 1, 1ªa parte), mas sendo que
para a extinção total da obrigação é necessária a verificação da realização integral da nova
prestação (art. º 840.º, n.º 1, parte final).

4.2. Natureza Jurídica e Regime Jurídico


Quanto ao regime jurídico, a dação em cumprimento é regulada por quatro artigos (837.º à 840.º),
alguns dos quais já citados, importando para a nossa discussão essencialmente os art. ºs 838.º
(vícios da coisa ou do direito) e 839.º (nulidade ou anulabilidade da dação).

De princípio, a dação em cumprimento tem por finalidade a extinção da obrigação que não teve
lugar por falta de cumprimento (art. º 837.º), pelo que, uma vez feita a dação o devedor é
exonerado do vínculo obrigacional (art. ºs 837.º e 840.º, parte final). Tratando-se de obrigações
solidárias, elucida Menezes Leitão, basta que a dação seja realizada por um dos devedores ou a
um dos credores para que respectivamente exonere os demais devedores (art. º 523.º) e extinga
a obrigação destes perante os demais credores (art. º 532.º).
Saliente-se ainda que a dação em cumprimento garante o credor contra os vícios da coisa dada
ou do direito objecto da dação (art. º 838.º). Quer dizer, se ao realizar uma prestação, em sede
de dação em cumprimento, em lugar da prestação originária, o devedor não é exonerado e é
obrigado a repetir o indevido se tal prestação for deficiente - por exemplo, se o fio de ouro dado
em vez dos 20.000,00 kzs for falso ou estiver danificado, B é obrigado a dar a A outra coisa ou
reparar aquela nos termos dos art. ºs 913.º e sgts).

O mesmo sucede, se a dação for declarada nula (por exemplo, por erro nas declarações da
intenção de dar em consignação outra coisa) ou anulável (por exemplo, se o devedor não tiver
legitimidade para realizar a nova prestação) nos termos do art. º 839.º, 1ª parte; salvo se na altura
da constituição da dação o credor soubesse dos vícios ou faltas (art. º 839.º, parte final).
Por último, importa analisar a natureza jurídica da dação em cumprimento. Menezes
Leitão apresenta quatro teses que normalmente fazem os ecos doutrinais neste assunto: a) a
dação em cumprimento corresponde a compra e venda ou troca; b) a dação em cumprimento

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corresponde a novação; c) a dação em cumprimento corresponde a contrato modificativo da
relação obrigacional; d) a dação em cumprimento corresponde a contrato de cumprimento.
Muito sumariamente, este mesmo autor segue tecendo algumas críticas contra as referidas teses,
argumentado que: a dação em cumprimento não se confunde com a compra e venda, porquanto
naquela a finalidade principal é a de extinguir uma obrigação ao passo que nesta é a de transmitir
de forma onerosa a propriedade de um direito real para além de na dação apenas o credor puder
escolher entre a nova prestação e a prestação primitiva (cfr. art. º 838.º); a dação em
cumprimento não se confunde com a novação, pois que naquela exige-se declaração expressa e
não tácita da prestação diversa e o que se pretende não é substituir uma obrigação por outra, mas
tão-só extinguir a obrigação primitiva através da realização de uma prestação que não a
originária; a dação em cumprimento não é um mero contrato modificativonem contrato de
cumprimento, por um lado porque o que se pretende não é converter ou modificar o negócio nem
alterar a obrigação originária - esta se mantém até a realização da prestação diversa, razão pela
qual havendo vícios da prestação em dação o credor poder optar pela prestação primit iva (cfr.
art. º 838.º) – e por outo lado porque dependendo apenas do consentimento do credor e não de
convenção de ambas as partes (cfr. art. º 837.º, parte final) a viabilidade da dação, esta torna -se
automaticamente incompatível com o conceito de contrato (cfr. art. º 405.º) e de cumprimento
(cfr. art. º 762.º).
Daí, somos a concluir, em consonância com Menezes Leitão (vide p. 188-189), com uma quinta
tese apresentada pelo douto Professor António Menezes Cordeiro. o qual defende que a natureza
jurídica da dação em cumprimento é a sua qualificação como “uma forma convencional de
extinção das obrigações através da realização de uma prestação diversa da devida.” Aliás, porque
só assim se entenderia o alcance da norma do art. º 838.º

5. Consignação em Depósito
5.1. Conceito e Pressupostos da Consignação em Depósito
A consignação em depósito constitui uma outra causa alternativa de extinção das obrigações; a
segunda na ordem estabelecida pelo legislador civil (art. ºs 841.º à 846.º). Esta é uma causa
extintiva meramente facultativa (art. º 841.º, n.º 2) reconhecida ao devedor de puder exonerar-se
definitivamente da dívida fazendo depósito judicial, à ordem do credor, a um terceiro
(chamadoconsignatário) do objecto da prestação, quando em causa estiver uma coisa móvel e

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por culpa não imputável ao devedor - por se tornar, por exemplo, impossível o cumprimento no
local da prestação - este achar aquela ser a forma mais segura (art. º 841.º, n.º 1).
Como exemplo da consignação em depósito, pense-se no seguinte: C deve a D 300.000,00 kzs a
serem pagos em prestação única e à data da realização da prestação D tenha dificuldades de
apresentar-se ao local da prestação. Achando inseguro manter a posse do valor ou enviar ao
destinatário por outro mecanismo, C pode instaurar uma acção judicial para pagamento daquela
quantia.

Como resulta da letra do art. º 846.º, para a sua validade, a consignação em depósito deve
depender de decisão judicial e por esta razão, são dois os seus pressupostos conforme clama a
doutrina: a) que o objecto da prestação seja uma coisa móvel (art. º 1024.º, n.º 1, do Código de
Processo Civil); b) não ser possível a realização pelo devedor da prestação por motivo
imputável ao credor, como é o caso da sua indisponibilidade à data convencionada (art. º 841.º,
n.º 1). Dito em outras palavras, não haverá consignação em depósito, se o objecto da prestação
for, por exemplo um facere ou ainda um bem imóvel, nem sequer se o incumprimento se dever
à incapacidade ou falta de representação do devedor.
5.2. Regime e Efeitos Jurídicos da Consignação em Depósito
Quanto ao regime e efeitos jurídicos a consignação em depósito, este instituto vem regulado nos
art. ºs 841.º a 846.º; dos quais interessa-nos analisar os três últimos. O art. º 844.º disciplina a
entrega do bem a ser consignado e diz que este deve ser entregue ao consignatário nas mesmas
condições que seria entregue ao credor.

Uma vez feita a consignação e reconhecida judicialmente, o consignante ou devedor fica total e
definitivamente exonerado da obrigação (art. º 846.º), sem para tal precisar que o credor confirme
a recepção do bem consignado. Ou seja, uma vez entregue o bem ao consignatário, a consignação
opera como se tivesse havido cumprimento do contrato na data certa, desvinculando o devedor.
Havendo problemas de outra natureza que não vícios do bem consignado, os direitos e deveres
operam na relação externa à obrigação primitiva entre o credor e o consignatário (art. º 844.º),
não o devedor jamais terá o que ver com os factos supervenientes. Basta para tanto lembrarmos
que se por decisão judicial C tiver de passar um cheque, com provisão no valor de 300.000,00
kzs, à ordem de D e ordenar ao seu banco uma transferência bancária para a conta de D, C fica

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liberado da obrigação de pagar em dinheiro físico os 300.000,00 kzs. E se por o Banco não pagar
a D pelo cheque, C nada terá que ver.

Por último, ao contrário das outras causas extintivas da relação obrigacional, a consignação em
depósito é revogável, por iniciativa do devedor ou terceiro que tenha legitimidade para consignar
(conjugação dos art. ºs 842.º e 845.º). Quer dizer, uma vez que a consignação em depósito é
facultativa (art. º 841.º, n.º 2) pelo facto de resultar de mora creditória imputável ao credor (art.
º 841.º, n.º 1), a lei reserva ao devedor o direito de retratar-se da consignação e exigir a restituição
da coisa consignada (art. º 845.º, n.º 1). Saliente-se que esta faculdade é peremptória e válida
apenas enquanto decorrer a instrução do processo. A partir do momento em que a decisão de
consignação transitar em julgado ou o credor reconhecer a consignação, por declaração expressa,
extingue-se o direito de revogação da consignação, de comum acordo com o art. º 845.º, n.º 2.

6. Compensação
6.1. Conceito, Pressupostos e Regime Jurídico
A compensação consiste na permuta de direitos e obrigações que cada um dos sujeitos da relação
obrigacional tinha sobre ou a favor da outra parte. Dito de outra forma, “a compensação traduz -
se fundamentalmente na extinção de duas obrigações, sendo o credor de uma delas e devedor de
outra, e o credor, desta última, devedor da primeira”. Por exemplo, se A empresário de alugueres
de carros dever a B, electricista auto, 11.000,00 kzs, valor equivalente ao aluguer de um Hundai
I10 por 24 horas, e consequentemente B dever a A um valor equiparado por falta num dos seus
acordos anteriores, A e B podem em sede de compensação definir os seus créditos fiquem
sucessivamente extintos, B dispondo do carro por 24 horas e A não mais pagando os 11.000,00
kzs anteriormente devidos.
A compensação é regulada nos art. ºs 847.º a 856.º e tem como requisitos de constituição os três
pressupostos elencados no art. º 847.º: 1) Existência de créditos recíprocos; 2) Fungibilidade do
objecto da prestação e Identidade do seu género e qualidade; 3) Existência, validade e
exigibilidade do crédito principal; e 4) Existência, validade e possibilidade de cumprimento do
novo crédito.

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Importa ainda referir que nem todos os créditos podem ser compensáveis, como se pode extrair
do art. º 850.º e 853.º.

7. Novação
7.1. Conceito e Modalidades
A novação constitui outra das causas extintivas das obrigações e vem regulada nos art. ºs 857.º
a 862.º. Entre as causas extintivas além do cumprimento, a novação parece funcionar como elo
de conexão, porquanto separa estruturalmente as causas extintivas com carácter funcional ou
seja aquelas que para além de terem por objecto a extinção da obrigação visam a satisfação da
realização do interesse do credor, embora de forma diversa ao cumprimento (isto é, a dação em
cumprimento, a consignação em depósito e a compensação) daquelas que perseguem apenas a
extinção da obrigação, sem para tal ser satisfeito o crédito (designadamente, a remissão e a
confusão).

O que é a, afinal, a novação? Almeida Costa define a novação como “a extinção contratual de
uma obrigação em virtude da constituição de uma obrigação nova que vem ocupar a primeira”,
podendo a nova obrigação ter conteúdo diverso da obrigação primitiva.
O legislador consagrou duas modalidades de novação. São assim a novação objectiva, regulada
pelo art. º 857.º e a novação subjectiva, regulada no art. º 858.º
Seguindo a letra da lei, dá-se novação objectiva quando o devedor contrai, em benefício do
credor, uma nova obrigação e, contrariamente, dá-se novação subjectiva quando em causa está
a introdução de um novo sujeito da relação obrigacional, seja na qualidade de novo credor (art.
º 858.º, 1ª parte), seja na qualidade de novo devedor (art. º 858.º, parte final). Dito de outra forma,
tanto numa quanto noutra modalidade de novação há alteração da obrigação primitiva e do seu
conteúdo, substituindo-a, de certa forma, por completo. Tratando-se de novação objectiva, como
sugere o termo, o que se tem por novo é o objecto do contrato. Tratando-se de novação
subjectiva, o que se tem por novo são os sujeitos da relação obrigacional (isto é, pelo menos uma
das partes é substituída, exonerando-a por completo e transmitindo ao novo sujeito os seus
direitos, tratando-se de credor ou os seus deveres, tratando-se de substituição do devedor).

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Se, por exemplo, A devia a B 100.000,00 mts e caiu em incumprimento, por consentimento do
credor B, o devedor A pode prometer realizar a sua prestação entregando coisa móvel ou imóvel
ou prestando um serviço de qualidade equiparável (no caso de novação objectiva) ou ainda ser
substituído por C que se compromete perante B realizar a prestação em dívida (no caso de
novação subjectiva) ou ainda B pode ser substituído por D que lhe adiantaria a prestação em
mora, transmitindo por via do instituto da sub-rogação do credor os seus direitos de crédito sobre
A a D.

8. Novação vs. Remissão vs. Dação em Cumprimento

Não será que estaríamos perante uma modalidade de remissão nem de consignação em depósito?

Entendemos que não, em consonância com a doutrina de Almeida Costa e de Menezes Leitão.
Na remissão, a exoneração do devedor extingue totalmente o direito de crédito, ao passo que
na novação não é obrigatório a exoneração do devedor; não se trata de perdão da dívida, apenas
de facilitação da realização da prestação que se mantém até a sua total e definitiva realiz ação.
Talvez fosse mais fácil confundirem-se a novação e a dação em cumprimento,pelo facto de
ambas quase pressuporem alteração da prestação. Porém, em nenhuma outra causa extintiva que
não a novação haverá substituição da obrigação primitiva. Nas outras causas extintivas, o que
muda é apenas a forma de realizar a prestação que ficou devida face ao incumprimento do
negócio jurídico.
8.1. Pressupostos da Novação
Menezes Leitão, tal como outros ícones da doutrina, entende serem três os requisitos cumulativos
que dão lugar a novação: 1) Declaração expressa da intenção de constituir uma nova obrigação
(art. º 859.º); 2) Existência e validade da obrigação primitiva (art. º 860.º, n.º 1, lido ao contrário);
e 3)Constituição válida da nova obrigação (art. º 860.º, n.º 2, lido a contrário senso).
Em linhas gerais, os três pressupostos têm razão de ser e fazem todo o sentido. Por um lado,
porque se o que se pretende é constituir uma nova obrigação de com maior certeza e segurança
jurídica satisfaça o interesse do credor, então é de admitir naturalmente que deverá ter havido
uma obrigação primitiva que caiu em inadimplemento. Além do mais, é necessário que haja
intenção expressa por parte das partes contratantes da intenção de modificar o conteúdo da
relação obrigacional ora criada. E se há uma tal necessidade de realização da prestação em mora
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e consequente extinção da obrigação primitiva, então é imperativo que haja constituição de uma
nova obrigação e que esta seja integralmente válida. Se assim não fosse, a declaração de nulidade
ou anulabilidade da nova obrigação constituída não faria subsistir a obrigação primitiva com
todos os seus acessórios (cfr. art. º 860.º. n.ºs 1 e 2).

8.2. Regime Jurídico da Novação


Sobre o regime jurídico da novação, pouco há a dissecar senão o já referido art. º 860.º e os
subsequentes art. ºs 861.º (sobre as garantias da novação) e 862.º (sobre os meios de defesa do
devedor e outros obrigados).
Impõe o art. º 861.º que, uma vez extinta a obrigação primitiva consideram-se automaticamente
extintas quaisquer garantias prestadas em sede da primeira obrigação. No mesmo diapasão que
Menezes Leitão, parece-nos ser boa solução jurídica entender que as garantias da obrigação
primitiva não garantem a nova obrigação, sejam estas garantias apresentadas pelo próprio
devedor ou por terceiros, exceptuando-se os casos de reserva expressa de lei. Imaginemos a
hipótese da garantia ser prestada por terceiro: não faria sentido exonerar o devedor, que é o
principal responsável pela realização da prestação e exigir do garante que repita o indevido.
Já quanto aos meios oponíveis, manifestamos a nossa reserva diante da solução legislativa aí (no
art. º 862.º) apresentada. Entendemos que o mesmo critério seria válido como meio de defesa
conforme acontece na transmissão das obrigações (cfr. art. ºs 585.º e outros). Ou seja, se o
obrigado anterior podia invocar a excepção de não cumprimento ou outro motivo só se entenderá
haver equidade se o novo puder dispor da mesma faculdade, verificadas as mesmas
circunstâncias.

9. Remissão
9.1. Conceito e Pressupostos
A remissão é outra, além da confusão, das causas extintivas das obrigações que não dão lugar a
outra espécie de vínculo jurídico. Quer dizer, ao contrário da dação, em que o cumprimento
substitui-se por uma prestação diversa; da novação, em que constitui-se uma nova obrigação; ou
da compensação, em que a equivalência ao cumprimento é feita por permuta de direitos e deveres
que cada um dos sujeitos da relação obrigacional é titular ou se encontra adstrito em relação ao

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outro, consoante os casos, na remissão e na confusão a obrigação extingue-se sem para tal exigir-
se a realização de outra prestação.

O que é a remissão afinal? Menezes Leitão afirma que “a remissão consiste no que é
vulgarmente designado por perdão de dívida.” Trata-se de uma faculdade que a lei (art. º 863.º,
n.º 1) confere ao credor de remitir, por convenção contratual, a obrigação pela qual o devedor
ficou adstrito a realização de uma prestação em benefício daquele. De facto, a remissão tem
razão de ser porquanto é da inteira responsabilidade do titular de um direito de crédito exercê-lo
ou renunciá-lo, gerando assim as mais variadas razões pelas quais um credor haveria de remitir
uma dívida: saber que o devedor não terá capacidade de realizar a sua prestação ou ainda por
razões de amizade entre o credor e o devedor.
Quais são então os pressupostos da remissão? Reconduzindo as hipóteses descritas no já referido
art. º 863.º, n.º 1, a doutrina entende que são dois os pressupostos para a verificação da remissão:
1) a existência prévia de uma obrigação e 2) um contrato entre o credor e o devedor em que o
primeiro remite e o segundo aceita a remissão.

O alcance do primeiro pressuposto afere-se de perto uma vez que a remissão não é mais que um
contrato que visa extinguir uma obrigação de crédito, pelo que só haverá efeito jurídico se de
facto esta obrigação existir. Quanto ao segundo pressuposto, resulta da própria natureza
contratual da remissão: só haverá remissão se, por via de um negócio jurídico bilateral, as duas
partes acordarem pôr termo à relação obrigacional.

9.2. Regime e Efeitos Jurídicos da Remissão


No tocante ao regime jurídico, a remissão é regulada pelos art. ºs 863.º à 867.º. Quanto a natureza
da remissão propriamente dita parece não haver dúvidas de que não se perspectiva haver litígios
entre as partes contratantes: o credor e o devedor. No entanto, é necessário apurar-se os efeitos
jurídicos da remissão em relação a terceiros (art. º 866.º), com especial realce nas obrigações
solidárias (art. º 864.º) e nas obrigações indivisíveis (art. º 865.º).

A remissão concedida ao devedor aproveita qualquer terceiro, dispõe o n.º 1 do art. º 866.º. Quer
dizer que se a dívida tiver sido garantida por um fiador, a extinção da obrigação por remissão
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exonera também o fiador de quaisquer prestações subsidiárias. Mas se os fiadores consentirem
aquando daconstituição da remissão estes pagam pela totalidade da dívida enquanto o devedor
fica liberado dela (n.º 1 do art. º 866.º).

10. Confusão
10.1. Conceito e Pressupostos
A confusão é a última das causas de extinção das obrigações (cfr. art. ºs 868.º e sgts). Trata-se
de um instituto jurídico que há muito tem feito correr muita tinta, tanto na jurisprudência quanto
na doutrina, em particular por o seu sentido, fim e pressupostos muitas vezes gerarem problemas
de interpretação.
Verifica-se a confusão quando num mesmo sujeito se reúnem as qualidades de credor e de
devedor de uma mesma relação obrigacional (art. º 686.º, 1ª parte); circunstância em que a
relação obrigacional se extingue automaticamente (art. º 686.º, parte final). Pois, não faria
sentido uma mesma pessoa exigir a si mesma o pagamento de uma dívida por si contraída.

Imaginemos o seguinte exemplo: António e João, motoristas de viaturas de transporte de


passageiros, prestam serviços para o Sr. Bernardo, na qualidade de patrão, sendo aqueles
obrigados a prestar contas a este no final de cada mês, para daí obterem os seus salários. Sucede
que António ficou alguma temporada sem os seus salários, bastando-se da confiança de ser pago
posteriormente. À beira da morte, e em virtude de ter ficado algum tempo sem o remunerar, o
Sr. Bernardo decide dar por herança as duas viaturas a António. Reconduzindo os factos, até
antes do testamento António tinha créditos sobre o Sr. Bernardo, sendo aquele credor e este
devedor; e sendo que só pelo rendimento das viaturas António poderia ser assalariado, Ant ónio
acaba figurando tanto como devedor porquanto pela propriedade e titularidade das viaturas tem
o direito de ser pago a obrigação de pagar-se a si mesmo e a João, e ainda figura como credor
tendo direito de lhe ser pago os salários em atraso. Sendo a viatura o único património através
do qual António veria os seus salários pagos, dá-se lugar a confusão, porquanto António não
teria como tirar parte do seu património para pagar a sua própria dívida. Diferente seria,

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entretanto, se as duas viaturas fossem distribuídas pelos vários herdeiros ou se a relação
creditícia em causa invocasse João como um dos sujeitos; hipótese em que este último figuraria
apenas como credor e António como devedor. É o que acontece quando a confusão resulta de
obrigações solidárias (cfr., art. º 869.º) e nas obrigações indivisíveis (cfr., art. º 870.º) – situações
em que a confusão tem efeitos jurídicos apenas para o credor ou devedor solidário.

Questão controversa tem sido a de saber-se se haverá, na prática, alguma eficácia extintiva da
confusão? De facto, são raras as circunstâncias em que se verifica uma confusão propriamente
dita. No entanto, Antunes Varela toma palavra afirmando ser incontestável a natureza jurídica
da confusão, no tocante aos factos que a dão origem. Se o fundamento da confusão é havido
como a necessidade absoluta de extinguir-se a relação obrigacional por se entender estarem
reunidas no mesmo sujeito as qualidades de credor e devedor não entendemos por que razão o
art. º 872.º determina que não se verifica confusão se o crédito gerador do fenómeno fizer
referência aos patrimónios separados.
Ao menos, a doutrina tem sido unânime em exigir o preenchimento cumulativo dos seguintes
três pressupostos, para que se dê lugar a confusão: 1) reunião na mesma pessoa das qualidades
de credor e devedor a respeito de uma mesma obrigação (art. º 868.º, 1ª parte); 2) não pertença
do crédito e da dívida a patrimónios separados (art. º 872.º); 3) inexistência de prejuízo para os
direitos de terceiros (art. º 871º, n.º 1).
Dito em outras palavras, não haverá confusão jurídica, se o credor e devedor da relação
obrigacional não respeitarem a um mesmo sujeito; não haverá confusão jurídica, se sendo o
mesmo sujeito credor e devedor o objecto da relação obrigacional não tiver como fonte um
mesmo património; nem haverá confusão jurídica, se sendo o devedor e o credor a mesma
pessoa e o património da relação obrigacional comum, verificarem-se interesses lesados de
terceiros de boa-fé.
10.2. Regime e Efeitos Jurídicos da Confusão
Quanto ao regime jurídico, dizer que a confusão tem por sede de regulação os art. ºs 868.º à
873.º, dos quais aproveitamos essencialmente a eficácia da confusão em relação a terceiros (art.
º 871.º) e o regime da cessação da confusão (art. º 873.º). O legislador foi feliz ao fazer coincidir
os art. ºs 868.º e o art. º 873.º – na mesma medida que a confusão constitui-se a reunião na mesma
pessoa das qualidades de credor e devedor (art. º 868.º), a inexistência daquelas qualidades

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extingue a confusão fazendo renascer não só a obrigação (o crédito e a dívida) art. º 873.º, nº 1,
1ª parte, como também todos os seus acessórios (art. º 873.º, nº 1, 1ª parte), incluindo direitos e
deveres perante terceiros (art. º 873.º, nº 1, parte final).

Entendemos, ainda, que foi feliz o legislador ao entabular as mais variadas excepções em sede
das quais não se fazem sentir os efeitos jurídicos da confusão. Falamos essencialmente nas
normas dos nºs 2, 3 e 4 do art. º 871.º.

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11. Conclusão

O presente texto versou sobre as causas de extinção das obrigações além do cumprimento,
elencadas no CC no Cap. VIII do Livro sobre as Obrigações entre os artºs 837º e 873º do CC.
Apenas para recapitular, são elas: a dação em cumprimento, a consignação em depósito, a
compensação, a novação, a remissão e a confusão.
Diferente do cumprimento, que exige o pagamento da prestação devida por um objecto tal qual
o definido no negócio jurídico, as causas acima discriminadas não exigem o pagamento da
prestação devida tal qual convencionado; antes, porém, permitem a conversão do objecto do
negócio jurídico em outro, desde que de igual ou equiparável qualidade (como acontece
na novação, na compensação, na dação em cumprimento e na consignação em depósito) ou
ainda desvalorizando o dever jurídico de cumprir com o conteúdo do negócio jurídico, por se
tornar impossível a realização da prestação em dívida (como acontece na remissão e
na confusão).
De salientar, ainda, outra diferença entre o cumprimento e as demais formas de extinção das
obrigações: enquanto o cumprimento, uma vez exigível, deve ser realizado conforme acordado
e sem necessitar de assentimento prévio do credor (art. º 762º, nº 1; art. º 768º, nº 1 e ainda o art.
º 772º), ainda que o prejudique supervenientemente (tal como no caso de desvalorização do bem
jurídico objecto do negócio jurídico), as demais causas extintivas só exoneram o devedor se
existir consentimento do credor ou se a lei lhes permitir (cfr. art. º 406.º, n.º 1, 2ª parte e parte
final), ainda que em prejuízo do devedor, como acontece nas hipóteses de sobre-valoração
superveniente da prestação a realizar).

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12. Referencias Bibliográficas

 Menezes Leitão, Luís Telles de, Direito das Obrigações, Vol. II,Coimbra: Almedina,
2011, pp. 103 à 236.
 Antunes Varela, João de Matos, Das Obrigações em Geral, Vol. II, Coimbra:
Almedina, 2006, pp. 169 a 283.
 Almeida Costa, Mário Júlio de, Direito das Obrigações, Coimbra: Almedina, 2011, pp.
1091 a 1129.
 Cfr. MANUEL DE ANDRE, Obrigações, p. 3 e ANTONIO MENEZES
 CORDEIRO, Tratado de direito civil português, I – Parte Geral, tomo 1, 3º ed., Coimbra,
Almeida, 1987, pp. 357-358.

 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Obrigação, 1º pp. 253 e ss. E 305 e ss.


 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss.
 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss.
 Cfr. OLIVEIRA ASCESSÃO, Direito Civil, Teoria Geral, I – Introdução.
 As Pessoas. Os bens, 2ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2000, pp 12-13.

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