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MANUAL DO CURSO DE

LICENCIATURA EM DIREITO

1º Ano

Disciplina: DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


Código:
Total Horas/1o Semestre: 125
Créditos (SNATCA): 5
Número de Temas: 07

INSTITUTO SUPER

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO


DISTÂNCIA
A - ISCED
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Agradecimento
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCD) e o autora do presente manual agradece a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela coordenação Direcção académica do IDCED

Pelo design Direcção de qualidade e avaliação do ISCED

Financiamento e logística Instituto Africano de Promoção de Edução à Distância (IAPED)

Pela revisão final:

Elaborado por:

Dra. Cláudia Eunice Jone, Licenciada em Direito Pela Universidade Eduardo Mondlane Moçambique

Índice
Direitos do autor (copyright) ................................................................................................................ 1

Agradecimento ...................................................................................................................................... 3

Visão Geral ............................................................................................................................................ 9

Bem vindo ao módulo de Direito das Obrigações ................................................................................ 9

Objectivos do modulo ........................................................................................................................... 9

Objectivos específicos ........................................................................................................................... 9

Quem deveria estudar esse modulo ................................................................................................... 10

Como está estruturado este módulo ........................................................................................................ 11

Outros recursos ................................................................................................................................. 12

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação ........................................................................................ 12

Ícones de actividade ................................................................................................................................ 12


Habilidades de estudo ............................................................................................................................ 13

Precisa de apoio? .................................................................................................................................... 14

Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ..................................................................................................... 15

Avaliação ................................................................................................................................................ 16

TEMA I ................................................................................................................................................. 18

Direito das obrigações e a definição legal de obrigação ..................................................................... 18

Definição ............................................................................................................................................. 18

Elementos da relação Obrigaciona ..................................................................................................... 19

TEMA II ................................................................................................................................................ 20

Objectivos e característica do direito das obrigações ........................................................................ 20

Tipos de prestação .............................................................................................................................. 21

TEMA III ............................................................................................................................................... 25

Principios gerais do direito das obrigações ........................................................................................ 25

Principio da autonomia privada .......................................................................................................... 25

Restrições à liberdade de celebração ................................................................................................. 27

Restrinções a liberdade de estipulação ..............................................................................................28

Clausulas contratuais gerais ................................................................................................................29

Os contractos pré-formulados ............................................................................................................31

O principio do ressarcimento dos danos ............................................................................................32

Princípios da restrição do enriquecimento injustificado ....................................................................32


O princípio da fé ..................................................................................................................................33

O principio da responsabilidade patrimonial ......................................................................................33

TEMA IV ...............................................................................................................................................36

Conceito e estrutura da obrigação .....................................................................................................36

Generalidades .....................................................................................................................................36

O credito como um direito a prestação (teoria classica) .................................................................... 37

Teorias realistas .................................................................................................................................. 37

Teorias Mista ....................................................................................................................................... 40

Posição adoptoda ................................................................................................................................ 42

TEMA V ................................................................................................................................................ 43
Caracteristica da obrigacao ................................................................................................................. 43

Generalidades ..................................................................................................................................... 43

A mediação colabiração de vida ......................................................................................................... 44


Autonomia .............................................................................................. Erro! Marcador não definido.

Distinção entre direitos de creditos e direitos reais ........................................................................... 47

A questão dos direitos pessoas de gozo ............................................................................................. 48

Objectos da obrigação: a prestação .................................................................................................... 50

Delimitação do conceito de prestação ............................................................................................... 50

TEMA VI ............................................................................................................................................... 51

Requisitos legais da prestação ............................................................................................................ 51

Generalidades ..................................................................................................................................... 51

Possibilidade física e legal ................................................................................................................... 51

Licitude ................................................................................................................................................ 52

Determinabilidade .............................................................................................................................. 52

Não contrariedade à ordem pública e aos bons costumes................................................................. 53

A complexidade intra obrigacional e os deveres acessorios de conduta ........................................... 53

Modalidade de Obrigacoes ................................................................................................................. 54

As obrigacoes naturais, problematicas da sua insercao no conceito de obrigacao ...........................54

Classificação das obrigações em função dos tipos de prestações ......................................................56

Generalidades .....................................................................................................................................56

Prestações fungiveis e infungiveis ......................................................................................................56

Prestações estantaneas e prestações duradouras .............................................................................57


Prestações de resultados e prestações de meios ...............................................................................58

Prestações determinadas e indeterminadas ......................................................................................59

Obrigações de juro ..............................................................................................................................62

Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional ......................................................64

A indeterminação do credor na relação obrigacional.........................................................................64

A pluraldade de partes na relação obrigacional ................................................................................. 65

Generalidade ....................................................................................................................................... 65

As obrigações conjuntas ou parciárias ................................................................................................ 65


As Obrigações solidárias ..................................................................................................................... 66

Generalidade ....................................................................................................................................... 66
TEMA VII .................................................................................................. Erro! Marcador não definido.

DA CONSTITUIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES ................................................................................................ 67

Capítulo VII .......................................................................................................................................... 67

Classificacao das fontes das obrigacoes ............................................................................................. 67

As diversas classificacoes de fontes das obrigacoes ........................................................................... 67

Posicao adoptada ................................................................................................................................ 67

TEMA VIII…………………………………………………………………………………………………………………………………………..

Fontes das obrigacoes baseadas no principio da autonomia privada ................................................ 68

O contrato ........................................................................................................................................... 68

Generalidades ..................................................................................................................................... 68

Modalidades de contratos .................................................................................................................. 68

Classificação dos contractos quanto a forma ..................................................................................... 68

Classificação dos contractos quanto ao modo de formação .............................................................. 69

Classificação dos contratos quanto aos efeitos .................................................................................. 69

Contratos obrigacionais e reais ........................................................................................................... 69

A clausula de reserva da propriedade ................................................................................................. 70

Clasificacao dos contratos entre sinalagmaticos e nao sinalagmatico ............................................... 70

Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos .....................................................................72

Classificação dos contratos entre comuntativos e aleatorios ............................................................72

Contratos nominados e inominados ...................................................................................................73

Contratos típicos e atípicos .................................................................................................................73

Contratos múltiplos ou combinados ...................................................................................................73


A união do contrato ............................................................................................................................74

Formas de união de contrato ..............................................................................................................74

Os contratos priliminares ....................................................................................................................75

Generalidade, distinção entre contratos peliminares e contratação mitigada ..................................75

O contrato-promessa ..........................................................................................................................75

Modalidade de contracto-promessa................................................................................................... 76
Forma de contrato-promessa ............................................................................................................. 77

Transmissão dos direitos e abrigações emergentes do contrato-promessa ...................................... 78

A execução específica ......................................................................................................................... 78

Articulação com o regime do sinal ...................................................................................................... 79

Sinal e antecipação do cumprimento ................................................................................................. 79

A eficacia real do contrato-promessa ................................................................................................. 80

TEMA IX……………………………………………………………………………………………………………………………………………..

Pacto de preferencia ........................................................................................................................... 80

Forma do pacto de preferencia .......................................................................................................... 81

Os direitos de preferencia com eficacai real ...................................................................................... 81

Modalidade de contrato a favor de terceiros ..................................................................................... 82

O regime normal do contrato a favor de terceiros ............................................................................. 82

A obrigacao de preferencia ................................................................................................................. 83

A violacao de obrigacao de preferencia.............................................................................................. 84

A indeminizacao por inccumpriment o em caso de simples eficacia obrigacional ............................. 84

A accao de preferencia em caso de haver eficacaia real .................................................................... 84

............................................................................................................................................................ 84

O conteudo dos contratos .................................................................................................................. 85

Regimes especiais ............................................................................................................................... 85

A promessa de libertação de dívida como contrato falso a favor de terceiro ................................... 85

As promessas em benefício de pessoas indeterminadas ou interesse público .................................. 86

A promessa a cumprir depois da morte do promissário ....................................................................86

Contrato para pessoa a nomear .........................................................................................................87

Noção e regime ...................................................................................................................................87

Natureza jurídica .................................................................................................................................87

Negócios unilaterais ............................................................................................................................88 O


problema da eficácia dos negócios unilaterais ...............................................................................88

Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida ...................................................................89

Promessa pública ................................................................................................................................89

Concurso publico.................................................................................................................................90
TEMA X………………………………………………………………………………………………………………………………………………

Fontes das obrigações no principio de resarcimento dos danos ........................................................ 91

A resposábilidade civil por factos ilícitos ............................................................................................ 93

O facto voluntario do lesante ............................................................................................................. 94

Resposábilidade pre-contractual ........................................................................................................ 95

Resposábilidade pelo risco .................................................................................................................. 96

A resposábilidade comitente .............................................................................................................. 96

Pressupos da responsábilidade pelo risco .......................................................................................... 97

Casos de exlusão da resposábilidade .................................................................................................. 98

Beneficio da resposábilidade .............................................................................................................. 99

Responsábilidade pelo sacrificio ......................................................................................................... 99

Obrigações de indmização ................................................................................................................ 100

TEMA XI……………………………………………………………………………………………………………………………………………..

Enriquecimento Sem Causa .............................................................................................................. 101

O enriquecimento sem causa como fonte das obrigações ............................................................... 101

Bibliografia ........................................................................................................................................ 103

Visão Geral

Bem-vindo ao módulo de Direito das


Obrigações

Objectivos do módulo
Ao terminar o estudo deste modulo de Direito da
Obrigações deverás ser capaz de sabe quais são os
sujeitos numa relação de credito a quem
corresponde um dever de prestação, conhecer os
direitos de credito, como eles nascem e como são
cumpridos e como podem extinguir, saber que o
Direito da Obrigações abrange a circulação de bens,
prestação de serviços, instituição das organizações
e sanções civis para comportamentos ilícitos e
culposos e a compensação por danos, despesas ou
pela obtenção de um enriquecimento ilícito.

Objectivos específicos
• Deverás conhecer o que é um contrato e os tipos de
contractos;
• Conhecer os fenómenos de transmissão de crédito e
de dívidas;
• Demonstrar a relevância da obrigação de indemnizar
os danos causados a outrem;
• Identificar os princípios gerais do Direito das
Obrigações;
• Saber que a constituição da obrigação é feita através
de um negócio jurídico que tem em princípio que o
resultado é um contrato;
• Saber que o contrato deve ser pontualmente
cumprido e só pode modificar ou extinguir por mútuo
acordo ou consentimento dos
contraentes ou nos casos admitidos pela lei.
• Saber identificar ainda quando estamos em mora do
devedor e como proceder;
• Quando é que o pagamento pode ser feito a
prestação;
• Saber quando estamos em presença de um
incumprimento.

Quem deveria estudar esse módulo


Este módulo foi concebido para estudantes do segundo ano do curso de
licenciatura em direito. Poderá ocorrer contudo que hajam leitores que
queiram-se actualizar e consolidar seus conhecimentos nesta disciplina,
estes serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever mas
poderá adquirir o manual.
Como está estruturado este módulo

Este módulo de Contabilidade Geral, para estudantes do 1º ano do


curso de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, à semelhança dos
restantes do ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo
os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes
de começar o seu estudo, como componente de habilidades de
estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades,. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas algumas incluído estudo de caso.

Outros recursos
A equipa de académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si,
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro
de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação


Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios
que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a
serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e
subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza
didácticoPedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar
apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo
de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a
ser melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender.


Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a


aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho,
dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se
conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante
saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões
com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo
dedicado aos estudos, procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica


dos conteúdos (ESTUDAR).
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem
confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de


estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no
início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta
sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo
em cada 30 minutos, em cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o
útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada
tema, no módulo.
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo
superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10
(dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-se descanso à mudança
de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar
dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório,


pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem.
Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos
de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os
conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda
tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por
se achar injustamente incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação.


Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente),
não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas
sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade
como futuro profissional, na área em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta,
deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo
será dedicado ao estudo e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso:
A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes,
pode também utilizar a margem para colocar comentários seus
relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é
imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma
primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito
cujo significado não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como
falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, SMS,
E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a
preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico
e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com
qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a
Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre
estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com
tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para
acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar
dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do
tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que
permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos
outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou
precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos
relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos
diferentes temas e unidade temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas
semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo
conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos
devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo
os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os
direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem
o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o
respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos
trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!?
Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais
fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um
mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos
do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do
estudante consta detalhada no regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência
para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a
nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1
(um) (exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a
identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos
direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.
TEMA I
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A DEFINIÇÃO LEGAL DE OBRIGAÇÃO.

DEFINIÇÃO
O direito das obrigações encontra-se essencialmente regulado no
Livro II do Código Civil, no artigo 397º, que define a obrigação como
“Vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para
com outra à realização de uma prestação”.

No entanto, o conceito de obrigação pode ser igualmente entendido em sentido amplo,


podendo abranger todo e qualquer vínculo jurídico entre duas
pessoas, como sejam os deveres jurídicos genéricos, os ónus e as
sujeições.

Sujeição é correlata passiva dos direitos potestativos, consistindo na necessidade de


suportar as consequências jurídicas correspondentes ao exercício
de um direito potestativo2. Um exemplo é a situação de alguém que
tem um prédio entre outros prédios e a via pública pode ver
constituída sobre ele uma servidão legal de passagem em
benefícios do prédio encravado (art. 1550º). Apesar de uma
autorizada posição sustentar o contrário3, não parece possível
incluir no conceito de obrigação a figura da sujeição, através da
criação de uma categoria de direitos de créditos potestativos.
Efectivamente, no estado de sujeição não é possível obstar a que
surjam os efeitos jurídicos correspondentes ao exercício do direito
potestativo, não havendo, portanto, possibilidade de violação da

2 Cfr. MANUEL DE ANDRE, Obrigações, p. 3 e ANTONIO MENEZES


CORDEIRO, Tratado de direito civil português, I – Parte Geral, tomo 1, 3º ed.,
Coimbra, Almeida, 1987, pp. 357-358.
3 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Obrigação, 1º pp. 253 e ss. E 305 e ss.
sujeição. Pelo contrário, a obrigação é eminentemente violável,
ainda que o devedor acarrete nesses casos com a sanção da
indemnização (art. 798º) ou da execução do seu património (art.
817º).

Ónus consiste na necessidade de adoptar uma conduta em proveito próprio, ou seja, na


necessidade de realizar certo comportamento para beneficiar de
uma situação favorável. Um exemplo de ónus da prova, referido no
art. 342º. A obrigação não se confunde com o ónus uma vez que
consiste num dever jurídico, imposto em benefício de outra pessoa,
o credor (cfr. Art. 398º, nº

2). Pelo contrário, aquele que está onerado pelo ónus não tem
qualquer dever, pelo que o seu não acatamento não se pode
considerar ilícito, traduzindo-se apenas na perda ou na não
obtenção de uma vantagem.

O dever jurídico genérico consiste numa situação em que se


encontram os outros sujeitos relativamente aos titulares de direitos
absolutos. Relativamente a direitos de personalidade, como a vida,
ou a direitos reais com a propriedade, todos os outros sujeitos
estão obrigados a um dever geral de respeitos, cuja infracção pode
acarretar responsabilidade civil com o correspondente dever de
indemnizar os danos sofridos pelo titular (art. 483º).

O que caracteriza a obrigação em relação a estas figuras é a


circunstância de determinada pessoa se encontrar adstrita a
realizar uma específica conduta, positiva ou negativa, no interesse
de outra, também determinada (ou determinável). Esta conduta é
designada por prestação.

Elementos da relação Obrigacional


− 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜
− 𝑂𝑏𝑗𝑒𝑐𝑜
{
− 𝑉í𝑛𝑐𝑢𝑙𝑜
− 𝐺𝑎𝑟𝑎𝑛𝑡𝑖

Existem dois tipos de sujeitos, um sujeito activo (credor) e um passivo


(devedor).

Credor – é o titular do direito a prestação;


Devedor – é o titular da obrigação passiva, a pessoa sobre a qual recai o
dever de efectuar a prestação.

Exercício

1. O que entendes por obrigação?


2. Quem pode efectuar a prestação?
3. Quando é que a obrigação é solidaria?
4. Será que todas as obrigações são deveres jurídicos?

TEMA II
OBJECTIVOS E CARACTERÍSTICA DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.
O direito das obrigações assume-se como um ramo do Direito Civil
que constitui, como se sabe, o Direito privado comum. Por esse
motivo goza das características do Direito Privado: a liberdade e a
igualdade. Em princípio, os sujeitos das relações obrigacionais têm
os mesmos poderes e são livres de fazer tudo o que não se
encontre abrangido por uma proibição. Pelo contrário, o direito
Público rege-se pelas características da autoridade e da
competência. Uma das partes tem só por si poder provocar
modificações na esfera jurídica alheia e só pode praticar actos para
os quais a lei lhe atribui competência4.

Esta diferenciação tem reflexos no controle da motivação dos sujeitos. Enquanto no direito
Público as decisões são vinculadas e, portanto, a sua motivação é
sempre relevante, no direito privado a actuação dos sujeitos insere-
se na sua liberdade de decisão, não relevando a motivação com que
foi tomada, salvo em casos graves de desconformidade ao sistema
jurídico, como hipótese de abusos de direito.

No âmbito da classificação germânica Direito Civil que como se


sabe distingue, além de uma parte geral, entre dois ramos de
características estruturais, as obrigações e os Direitos Reais, e dois
ramos de características institucionais, o Direito da Família e o
Direito das Sucessões, e autonomização do Direito das Obrigações
tem uma base estrutural: a distinção entre direitos de crédito e
direitos reais, herdeira da velha contraposição romana entre as

4 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss.


actiones in rem e as actiones in personam. Normalmente se refere
que o Direito das Obrigações se refere à transição dos bens5.

O direito das obrigações abrange matérias sujeitas a campos


jurídicos distintos, as quais são unicamente unificadas através do
conceito de obrigação. MENEZES CORDEIRO inclui entre esses
campos a circulação de bens, as prestações de serviços, e as
sanções civis6.

Para GERNHUBER aponta, entre as funções desempenhadas pelo


Direito das Obrigações, a sua aptidão genérica para regular
situações da vida, a transmissão dos bens, o gozo de bens alheios,
a prestação de serviços, a compensação, a intervenção em
património ou direito alheio, os elementos de organização e a
segurança de existência7.

O Direito das obrigações abrangerá essencialmente as seguintes


realidades:

Circulação de Bens: são abrangidas pelo Direito das Obrigações


todas as situações das quais resulte alterações na ordenação
jurídica dos bens através de negócios jurídicos.

Assim, são regulados pelo Direito das Obrigações a transmissão


dos direitos reais (cfr. Art. 408º) e os contratos que desencadeiam
como a compra e venda (art. 874º e ss.) ou a doação (art. 940º e
ss.) bem como a concepção de gozo de bens alheios – através de
contractos como alocação (art. 1022º e ss) ou comodato (art.
1129º e ss-) bem como os fenómenos de transmissão de créditos e
dívidas – através de instituto da cessão créditos (art 577º e ss),
sub-rogação (art 589º e ss), a solução de dívidas (art 595º e ss) e
cessão da posição contractual (art. 424º e ss).

5 Cfr. OLIVEIRA ASCESSÃO, Direito Civil, Teoria Geral, I – Introdução. As


Pessoas. Os bens, 2ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2000, pp 12-13.
6 Cfr. ANTONIO MENEZES CORDEIRO, Obrigações, 1º, p. 17.
7 Cfr.GERNHUBER, Das Schuldverhaltnis(Begrendung und Anderung, Pflichten und
Strukturen, Drittwirkungen), Tubingen, Mohr, 1989, pp. 3 e ss.
Prestação – é objecto da obrigação, é conduta a que o devedor esta
vinculado.

Tipos de prestação
Prestação ilícita – o objecto da obrigação é ilícito quando ele é
contrário a uma norma legal constituindo, com tudo um
comportamento materialmente passível

Prestação de serviços: esta é genericamente abrangida pelo


direito das obrigações através do contracto de prestação de
serviços (art 1154º e ss), uma modalidade contratual atípica, que a
lei regula em 3 modalidades típicas: o mandato (art 1157º e ss), o
depósito (art 1185º e ss) e a empreitada (art 1207º e ss). O
importante contracto de trabalho (cfr. Art 1152º) é, no entanto
deixado para legislação especial (art 1153º), a qual justifica a
autonomização de um novo ramo do direito: direito do trabalho.

Instituição de organizações: temos o contracto da sociedade civil


(art 980º e ss), que aparece regulado pelo direito das obrigações
como forma comum de associação de pessoas para exploração de
actividade económica lucrativa. Já a maneiras das sociedades
comerciais é, no entanto, relegada para o direito comercial sujeita
inclusivamente para um código próprio.

As sanções civis para comportamentos ilícitos e culposos dos


privados consistem essencialmente na obrigação de indemnizar os
danos causados (art 562º e ss), em relação a responsabilidade civil
subjectiva o sistema do código distingue a responsabilidade
delitual (art 483º e ss) da responsabilidade civil obrigacional (art
798º e ss) consoante esteja em causa a violação de uma situação
jurídica absoluta, ou antes a violação d obrigações, neste caso
sanção civil é uma compensação dos danos sofridos pelo lesado,
levando aqui por vezes seja obliterada perante a valorização deste
ultimo aspecto.

As três modalidades de prestação de serviços que a lei regula são:

𝑀𝑎𝑛𝑑𝑎𝑡𝑜 (𝑎𝑟𝑡. 1157°)


{ 𝐷𝑒𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑜 (𝑎𝑟𝑡. 1185°)
𝐸𝑚𝑝𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎𝑑𝑎 (𝑎𝑟𝑡. 1207°)

Compensação por danos, despesas e obtenção de


enriquecimento, é abrangida pela responsabilidade e pelo risco
(art 499º e ss) que, apesar de dar igualmente origem a uma
obrigação de indemnização, não se apresenta neste caso como
tendo natureza sancionaria, visando exclusivamente a
compensação dos danos segundo critérios objectivos de repartição
do risco. Já a compensação de despesas é abrangida pela gestão
de negócio (art 464º e ss), instituto que visa tutelar as actuações
realizadas sem autorização em benefícios de outrem. A
compensação do enriquecimento sem causa (art 473º e ss), que
visa precisamente determinar a compensação do enriquecimento
obtido injustamente à custa de outrem.

Importância do direito das obrigações: uma vez que abrange


praticamente todo comércio jurídico-privado com a excepção das
matérias reservadas ao direito comercial - e todas as sanções civis
para actuação dos privados, bem como diversos institutos
destinados a efectuar compensação por danos ou despesas
verificadas ou por aquisições obtidas a custa alheia.

Também como uma técnica desenvolvida desde os juristas


romanos tornando-se assim um campo privilegiado para a
investigação dogmática mais avançada. O direito das obrigações é
entendido como o ramo do direito que mais importância
desempenha na formação do jurista.
𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑒𝑙𝑒𝑏𝑟𝑎çã𝑜
𝑳𝒊𝒃𝒆𝒓𝒅𝒂𝒅𝒆 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒓𝒂𝒕𝒖𝒂𝒍 {𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑒𝑙𝑒𝑏𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡í𝑝𝑜 𝑛𝑒𝑔𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙
𝐿𝑖𝑏𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑡í𝑝𝑢𝑙𝑎çã𝑜

Exercício

1. Quais são as partes num contracto de prestação de serviço?


2. Quais são as modalidades tipificadas num contracto de prestação de
serviços?
3. Quando é que duas ou mais pessoas se obrigação a contribuir com
bens ou serviços para exercício em comum de uma certa actividade
económica?
TEMA III:
PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.

Princípio da autonomia privada


A autonomia privada e negócio jurídico consiste na possibilidade
que alguém tem de estabelecer as suas próprias regras.
Tecnicamente, porém, deve-se referir que as regras jurídicas
caracterizam-se pela generalidade e abstracção, pelo que elas não
podem ser criadas por actos privados. Efectivamente, o que os
privados criam são comandos. A autonomia privada é assim a
possibilidade de alguém estabelecer os efeitos jurídicos que se irão
repetir na sua esfera jurídica.

Por esse motivo, a autonomia privada não se confunde com o


direito subjectivo, na autonomia privada existe uma permissão
genérica de conduta, porque a todos os sujeitos da ordem jurídica
é conhecida esta possibilidade de produção de efeitos jurídicos,
não havendo nenhum que dela seja excluído.

Pelo contrário, no direito subjectiva existe uma esfera de


competência, já que relativamente a certo bem, quando ele é
objectivo de um direito subjectivo, efectua-se a sua atribuição
exclusivamente a uma pessoa, uma vez que todos outros sujeitos
vêm a ser excluído dessa atribuição, subjectivo existe uma
permissão de beneficiar das utilidades que aquele bem produz.

Nos negócios jurídicos existe tanto liberdade de celebração como de


estipulação, já que as partes não apenas têm a possibilidade de
decidir celebrar ou não o negócio, mas também podem determinar
quais são os seus efeitos jurídicos8.

8 Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, p. 447 e ss.


A simples promessa unilateral, sem que tenha ocorrido uma
aceitação do seu benefício, que seja idónea à constituição do
contrato, é por isso normalmente irrelevante9.

A liberdade contratual é a parte mais importante da autonomia


privada, enquanto princípio fundamental do Direito das
Obrigações.

Conforme se referiu a liberdade contratual admite


tradicionalmente a liberdade de celebração, a liberdade de
selecção do tipo negocial e a liberdade de estipulação. Por
liberdade de celebração entende-se, as partes são assim livres de
celebrar ou não o contracto, podendo recusar arbitrariamente
qualquer proposta contratual, por muito vantajosa que ela seja, ou
por muita necessidade que a outra parte tenha em relação a
celebração do negócio.

Relativamente à liberdade de selecção do tipo negocial, esta


consiste em as partes não estarem limitadas aos tipos negociais
reconhecidos pelo legislador (a enumeração dos contratos é
meramente exemplificativo). Consequentemente, as partes podem
livremente escolher os contractos que entenderem, mesmo que o
legislador ignore totalmente a categoria escolhida (contractos
inominados) ou não lhes tenha estabelecido qualquer regime
(contracto atípico).

Por liberdade de estipulação entende-se a faculdade de


estabelecer os efeitos jurídicos do contracto, ou seja, a
possibilidade conferida pela ordem jurídica, às partes de, por
mútuo acordo, determinarem à sua vontade o conteúdo do
conceito.

9 Fundamento desta solução é princípio invicto beneficium non datur, que impede
que alguém seja credor de outrem sem a sua concordância. Há, porém excepções,
como as dos arts. 459º e 463º.
Porém a igualdade jurídica não tem correspondência no plano
económico, em certos contractos uma das partes, tem maior força
económica e maior domínio da informação do que a outra parte.

O princípio de igualdade, instituto pela Revolução Francesa, era


hostil à protecção de certas categorias de pessoas, por outro lado,
na soberania, os interesses assegurados pelos contractos a
reconhecer, aparecessem por vezes como instrumento de
exploração do mais fraco, o liberalismo económico exigia liberdade
de comércio e de indústria, não podendo assim impor restrições
baseadas nos direitos do contraente débil.

Hoje não pode aceitar-se que genericamente todo e qualquer


contracto seja sempre efectivamente baseado na livre
determinação de ambos os sujeitos. Tal só sucederá se as partes
estiverem constrangidas de forma idêntica à celebração daquele
contracto, o que na nossa sociedade é um fenómeno raro. Da
actual ordem económica fazem com que celebrar contractos para
obter a satisfação das necessidades10, a parte economicamente
mais fraca é facilmente constrangida à celebração do contracto,
mesmo em condições que ela não aceitaria se tivesse outra
possibilidade de satisfação das suas necessidades económicas.

Assim, desigualdade económica das partes, a inovação da


liberdade contratual torna-se meramente formal. Liberdade
contratual consiste na proibição de celebração de negócios
usuários, em que uma das partes consegue obter benefícios
injustificados, outro tipo de restrições, que envolvem mesmo um
certo afastamento da liberdade de celebração ou da liberdade de
estipulação.

Restrições à liberdade de celebração


Restrição à liberdade de celebração consiste na obrigação de
celebração do contracto, efectivamente, uma das partes (ou
ambas) pode estar vinculadas, por obrigação contratual ou legal, à

10 As quais podem inclusivamente ser tão fundamentais como a sua habitação ou seu sustento (exs: o contracto de
arrendamento ou no contracto de trabalho).
celebração do contracto com outra parte. A não celebração do
contracto constitui, por isso nesses casos, um ilícito obrigacional,
que gera obrigações de indemnização.

Quando é, porém, a lei a impor obrigações de celebração de


contratos, a autonomia privada encontra-se restringida, podendo
essa restrição considerar-se como abusos de uma das partes que,
em virtude de um maior poder económico poderia facilmente
constranger a outra parte a aceitar condições contratuais
desvantajosas.

Os votos de consumidores levariam os fornecedores a alterar as


suas condições contratuais, de acordo com a lei da oferta e da
procura, em casos de monopólio ou de oligopólio. Hoje
considerase prática restritiva de comércio e como tal proíbe,
“recusar a venda de bens ou a de acordo com as disposições legais
ou regulamentais aplicáveis, ainda que se trate de bens ou serviços
não essenciais e que da recusa não resulte prejuízo para o regular
abastecimentos do mercado”.

O fracasso dos sistemas que ensaiaram estas tentativas levou,


porém, à atenuação da importância desta função da obrigação de
celebração dos contractos, que ficou regulada para situações
excepcionais.

Restrições a liberdade de estipulação


As restrições a liberdade de estipulação são normalmente
estabelecidas em virtude de uma função de ordenação do actual
direito privado, que pretende disciplinar a liberdade contractual
por forma a evitar que esta seja exercida em prejuízo da parte
economicamente mais fraca. A autonomia privada pode em certos
casos parecer insusceptível um de obter um adequado equilíbrio
das prestações no contracto, o que leva o legislador a intervir em
ordem a desempenhar uma função correctiva da livre negociação
particular.
Existem dois tipos de restrições a liberdade de estipulação, que são
os contractos submetidos a um regime imperativo e as clausulas
contractuais gerais ou contratos pré-formulados.

Contractos submetidos a um regime imperativo - Diz respeito a


imposição de uma disciplina contractual rígida em certos
contractos. Essa imposição justifica-se em razão da maior
relevância de certos contractos para satisfação das necessidades
essenciais elementares que colocam uma das partes não
dependência económica da celebração, levando a que ela seja
forçada mesmo a aceitar condições iníquas, se a sua recusa em
pedir a celebração do contracto.

A única forma nesses contractos se proibir a estipulação de


condições iníquas e o consequente abuso da economia privada
que tal representa, consiste na imposição de uma disciplina
injuntiva para esses contractos, que e vedado as partes a afastar.

Clausulas contratuais gerais


Consistem em situações típicas do trafego negocial de massas em
que as declarações negociais de uma das partes se caracterizam
pela pré-elaboração, generalidade e rígidez. Cláusulas contractuais
gerais caracterizam-se pela desigualdade entre as partes, pela
complexidade e pela natureza formularia, umas das partes tem
uma posição social ou económica mais relevante, que lhe serve de
justificação para impor a situação à parte essas cláusulas são
complexas e exaustivas. Cláusulas contractuais gerais constam
normalmente de formulários, letras reduzidas e leitura difíceis,
que o aderente não examina detalhadamente limitando-se a neles
incluir os seus elementos de identificação.

Nessas clausulas é manifestada a impossibilidade fáctica cujo uma


das parte exerce a sua liberdade de estipulação conduzindo assim
a efeitos perversos, pois o contracto pode ser celebrado sem que
uma das partes se possa perceber do seu conteúdo, sendo
confrontada com o regime contractual que aceitou no momento
em que surge um litigio, demasiado tarde para reagir, também a
possibilidade fáctica de serem introduzidas no contracto clausulas
iníquas ou abusivas, em benefícios de um dos contraentes.

Para evitar esses efeitos perversos a lei tem que intervir no sentido
de restringir a liberdade de estipulação, o que realiza-se
essencialmente através de dois vectores que são, procurar evitar a
introdução no contracto de cláusulas de que o outro contraente
não se apercebeu e impedir o surgimento de cláusulas iníquas ou
abusivas.

Além disso a lei tem que exigir o cumprimento de certas exigências


específicas para permitir a inclusão clausulas contractuais gerais
nos contractos singulares, essas exigências constam nos art. 5º a
7º LCCG que leva a três situações distintas que são: a comunicação
das cláusulas contractuais gerais a outra parte (art. 5º LCCG); a
pentenção de informação sobre os aspectos obscuros nelas
compreendidas (art 6 LCCG); a existência de estipulações
específicas de conteúdos distintos (7 LCCG).

A lei específica que a comunicação à outra parte deve ser integral


de modo a se tornar possível o conhecimento das clausulas, caso
contrario as clausulas contractuais gerais consideram-se excluída
do contracto singular e ainda deve se exigir informar a outra parte
de todos aspectos existentes na clausula e prestar todo
esclarecimento razoável solicitado a cerca das clausulas
contractuais gerais, consideram-se excluídas dos contractos
singulares pode, porém o contracto ser nulo quando essa exclusão
conduzir a uma indeterminação insuprível de elementos essenciais
ou a um desequilíbrio das prestações gravemente atentatório da
boa-fé. Porém é possível visualizar ainda a possibilidade de a sua
violação acarretar danos a outra parte.

Caso aconteça deve haver uma indemnização, mas a interpretação


e integração das clausulas contratuais gerais é sujeitas a regras
específicas desfavoráveis a quem as pré-dispõe pois a lei
determina que a sua interpretação e integração tem que ocorrer
no contexto de cada contracto singular em que se incluam
(art 10 LCCG, art 11, no 1 LCCG) e (art 11 no 2 LCCG), para impedir as
clausulas iníquas ou abusivas cinge-se na proibição de certas clausulas
contratuais gerais levando em conta a sistematização legislativa em três
campos de regulação legislativas diversas, que são: as disposições
comuns por natureza (arts 15 2 16 LCCG); as relações entre empresários
ou profissionais liberais ou entre uns e outros, sejam pessoas singulares
ou colectivas, desde que intervenham apenas nessa qualidade e no
âmbito da sua actividade específica (art 17 a 19 LCCG); as relações com
os consumidores finais, ou genericamente todas as não abrangidas pelas
referências anterior (art 20 a 22 LCCG).

Os contractos pré-formulados
As proibições da LCCG deveriam aplicar-se não apenas em relação
as cláusulas contratuais gerais, mais genericamente a todos
contractos pré-formulados. A directiva 93/13/CEE veio assim
estabelecer uma restrição a liberdade de estipulação: os
contractos pré-formulados na relação entre profissionais e
consumidores.

Os contractos pré-formulados celebrados com os consumidores


estabelece que ónus da prova que uma cláusula contratual
resultou de prévia negociação recai sobre quem pretenda
prevalecer-se do seu conteúdo, acrescida com a remição que o art
9 nos 2 e 3 da lei 24/96, de 31 de Julho, estabelecida em relação
aos contratos pré-formulados para o regime das cláusulas
contratuais, permita cabalmente a aplicação do regime da LCCG
perante contractos pré-formulados celebrados com os
consumidores.

A intervenção legislativa deve, porém considerar-se como


totalmente desastrada, uma vez que estende a todos regimes do
diplomas a todos os contractos pré-formulados, mesmo que
tenham sido celebrados entre empresários e entidades
equiparadas (Cfr: art 17 e ss. da LCCG), o que implica no fundo de
rogar o requisito da generalidade em relação as cláusulas
contratuais gerais, passando o diploma a ser indistintamente
aplicável a todos contratos individualizados pré-formulados, mas
os contractos pré-formulados celebrados entre empresários e
entidades equiparadas deveram ser assim excluídos desse regime.
O princípio do ressarcimento dos danos
Esse principio pode enunciado sempre que exista uma razão de
justiça que o dano deve ser suportado por outrem, que não o
lesado, deve ser aquele e não este a suportar este dano, essa
transferência de responsabilização dos danos do lesado é feita
mediante a constituição de uma obrigação de indemnização mais,
a injustiça do dano sofrido não é suficiente para se ter o direito a
indemnização.

Em muitas situações ocorre a imputação quando a lei, considera


existir não apenas um dano injusto para o lesado, mas também
uma razão de justiça que justifica que esse dano seja transferido
para outrem.

A consequência dessa é a de que o lesado não teria direito a


qualquer indemnização a menos que demonstra-se a culpa do
lesante. Em certos casos, a imputação de danos baseia-se em
permissões legais de sacrificar bens alheios no interesse próprio,
que têm como contrapartida o estabelecimento de uma obrigação
de indemnização, esta situação denomina-se responsabilidade por
factos lícitos ou pelo sacrifício que passa por três títulos de
imputação de danos que são: imputação por culpa, imputação
pelo risco e imputação pelo sacrifício.

Princípios da restrição do enriquecimento injustificado


Este principio já era expresso por POMPONIUS no Direito Romano,
mas hoje encontra-se formalmente consagrado na norma do art.
473º, no 1, do código civil, constituindo por isso num princípio em
forma de norma11, genericamente sempre que alguém obtenha um
enriquecimento à custa de outrem sem causa justificativa tem que
restituir aquilo com que injustamente se locupletou, por isso, que
por vezes surjam posições a reclamar a não utilização deste
principio, a sua formulação genérica não é destituída de valor
jurídico, funcionando como uma ideia jurídica geral, que institui
uma pauta de orientação segundo determinados pontos de vista,

11 Cfr. MENEZES LEITÃO, O enriquecimento, pp. 27 e ss, e notas, reed., pp29 e ss.
que cabe à doutrina e jurisprudência concretizar em categoria
jurídica especificas.

O princípio da boa-fé
Definindo-se como a ignorância de estar a lesar direitos os direitos
alheios, sendo esse sentido de referência à posse de boafé no art.
1260º. A obrigação consiste no dever de adoptar uma conduta em
benefícios de outrem. Então assim em causa no vínculo
obrigacional regras de comportamento que, adequadamente
respeitadas, proporcionarão a satisfação do direito de crédito
mediante a realização da prestação pelo devedor, sem que daí
resultem danos para qualquer das partes.

Por esse motivo a lei vem estabelecer deveres de boa-fé para


ambos os sujeitos da relação obrigacional que visão por um lado
permitir o integral aproveitamento da prestação em termos de
satisfação do interesse do credor e por outro lado evitar que a
realização da prestação provoque danos ao credor, quer ao
devedor. A boa-fé concretiza-se assim em regras impostas do
exterior, que as partes devem observar na actuação do vínculo
obrigacional, podendo servir para complementação do regime
legal das obrigações, através de uma valoração a efectuar pelo
julgador.

O princípio da responsabilidade patrimonial


Este princípio consiste na `possibilidade de o credor, em caso de
não cumprimento, executar o património do devedor para obter a
satisfação dos seus créditos.

O credor poderia legitimamente apoderar-se dele e inclusivamente


vendê-los como escravos ou mará-lo. O devedor esta por isso
sujeito fisicamente ao poder dos credores que poderiam aplicar-
lhe sanções físicas em caso de não cumprimento, o devedor se
vincula a cumprir. Assim, a execuções das obrigações realizava-se
de acordo com as seguintes fases:

— Confissão ou condenação judicial do devedor;


— Concessão de um prazo de trinta dias durante os quais o devedor
ainda poderia cumprir a obrigação;

— Prisão do devedor pelo credor (manus iniecto directa) ou pelo


tribunal para entrega ao credor (manus iniectio indirecta) que
poderia ser evitada com o cumprimento.

Mais tarde admitiu-se que, quando o devedor ainda possuísse


bens, fosse decretada a apreensão e venda desses bens para
pagamento ao credor, em lugar de prisão do devedor. Admitiu-se
que fosse o próprio devedor a ceder os seus bens ao credor,
evitando assim a intervenção do tribunal.

O aprisionamento do devedor foi posteriormente perdendo


importância como sansão para o incumprimento das obrigações
até desaparecer completamente. Hoje o credor apenas é apenas
reconhecida a possibilidade de executar o património do devedor
para obter a satisfação do seu crédito.

Quanto a situação dos bens do devedor não susceptíveis de


penhora, eles aparecem referidos nos arts. 822º à 824º - A do
Código de Processo Civil. Trata-se de bens em que, por
desempenharem uma função uma função essencial à subsistência
ou à dignidade do devedor, ou em virtude de uma função a que
estão afectos a ser superior à da garantia patrimonial dos créditos,
a lei não autoriza a execução para fins da satisfação dos direitos de
crédito.

Exercício

1. Quando é que um contrato é válido?


2. Se alguém estiver obrigado a celebrar certo contrato e não
cumprir a promessa pode a outra parte na falta de convecção em
contrário obter sentença que obriga a outra parte a celebrar?
3. Em que fase do contrato as partes estão obrigadas a agir de boafé?
4. Aquele que tira proveito de uma situação no prejuízo de outrem e
daí resultar o enriquecimento será obrigado restitui-lo? Se sim,
como será é que feito?
TEMA IV
CONCEITO E ESTRUTURA DA OBRIGAÇÃO GENERALIDADES

Neste ponto abordar-se-á acerca do direito de credito que é a


prestação ou o comportamento que o devedor esta vinculado a
adoptar em benefício do credor, no entanto o objecto do direito
do credito, alguns autores dizem que a prestação, outros
defendem que e o património do devedor, outros ainda
combinação dessa duas realidades e finalmente outros que
sustentam que objecto do direito do credito consiste numa
entidade complexa.

No entanto existem várias teorias que sustentam essa ideia, tendo essa
ideia que são:

𝑃𝑒𝑟𝑠𝑜𝑛𝑎𝑙𝑖𝑠𝑡𝑎
𝑅𝑒𝑎𝑙𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠
𝑇𝑒ó𝑟𝑖𝑎 { 𝑀𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠
𝐷𝑜𝑢𝑡𝑟𝑖𝑛𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑂𝑏𝑟𝑖𝑔𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

As teorias personalistas defendem que o direito do crédito é um


vínculo pessoal ou seja, um direito que tem por objecto uma
conduta do devedor, primeiro como um direito sobre a pessoa do
devedor, segundo o crédito como um direito a prestação do
devedor.

O crédito como um direito sobre a pessoa do devedor era uma


solução tradicional do direito romano na época arcaica que
configurava o direito do crédito representando um direito de
domínio sobre uma pessoa. Efectivamente nessa altura a
obrigação como uma sujeição da pessoa do devedor ao credor,
que tinha o direito de o reduzir a escravidão se não cumprisse a
obrigação e de o manter cativo até que o fizessem, mais
actualmente o direito moderno já não permite uma actuação
directa sobre a pessoa do devedor.
Savigny diz que o direito d e credito caracterizar-se-ia por
representar um domínio sobre uma actuação de prestação do
devedor, para ele o credito consistiria num domínio sobre uma
pessoa, esse domínio não residiria sobre a pessoa em globo mas
sobre uma actuação sua, a qual seria excluída da liberdade do
devedor sendo submetido a vontade de outrem que exerceria um
direito de domínio sobre essa actuação.

O crédito como um direito a prestação (teoria clássica)


A teoria clássica classifica o direito de crédito como um direito a
prestação ou o direito a uma conduta do devedor, que consiste na
faculdade de exigir de determinada pessoa a realização de
determinada conduta (prestação) em benefício de outrem. É um
direito exclusivamente pessoal, dirigido contra uma pessoa ainda
que valor patrimonial desta adstrição pessoal permita a execução
do património do devedor em caso de comprimento.

Teorias realistas
Diz que o direito do crédito é um direito sobre o património
devedor esta teoria considera diversas modalidades como, o
credito como um direito sobre os bens do devedor, o credito como
uma relação entre o património, o credito como um direito a
transmissão dos bens do devedor e o crédito como espectativa da
prestação, acrescida de um direito real de garantia sobre o
património do devedor.

O credito como um direito sobre os bens do devedor, esta


concepção assemelha-se ao direito real, um direito sobre bens,
havendo apenas que considerar que não recaia sobre bens
determinados, mais antes sobre todo património do devedor,
entendido como universalidade, assim esta teoria nega a
existência de um direito a prestação considerando que por ser
incoercível o cumprimento da obrigação se apresenta como acto
absolutamente livre, que não objecto de um direito do credor.
Brinz considera que o património não objecto da responsabilidade,
mais um meio para sua efectivação, sendo o objecto da
responsabilidade a pessoa, já que a actio é somente in personan.
Bekker conclui-o que o património é o verdadeiro objecto do
direito do crédito, dispensando a pessoa, para tal ele sustenta
apresentando os seguintes argumentos: todos componentes
patrimoniais podem servir para satisfação do credor,
independentemente da vontade do devedor.

A responsabilidade patrimonial não se altera com a mudança de titular


de património (como sucede em caso de sucessão);

O facto de o património ficar sem sujeito (exe: herança jacente), não


impede o exercício da responsabilidade patrimonial;

Os patrimónios da pessoas colectivas respondem pelas dívidas da mesma


forma que os patrimónios pessoas;

Pequenas partes de um grande património podem responder por dívidas


próprias;

As obrigações podem recair sobre bens determinados como no caso


das garantias reais.

Sendo assim o autor considera que o direito de crédito apenas


pode abranger o património, contestado a eventual crítica de que
o direito sobre o património seria um direito inseguro, já que o
devedor poderia decepar.

BERUNETTI, fala da concepção realista distinguindo as normas


absolutas e normas finais, em que a primeira impõe uma pena
para sua inobservância e a segunda é aquela sujeitão a simples
necessidade de agir ou não agir de certo modo para atingir
determinados objectivos, o autor sustenta o caracter apenas de
norma final, que atribui ao cumprimento da obrigação, através de
quatro proposições que são:
— o credor não tem o direito a que o devedor aja;

— Correlativamente, o devedor não tem o dever de agir;

— Não existe, portanto, ma lei o imperativo, a norma que imponha ao


devedor acção;

— Em corolário, a inacção do devedor não se pode considerar um facto


antijurídico, pois não é contraria a uma norma jurídica.

O credito como relação entre patrimónios – esta concepção é


defendida por EUGÉNE GAUDENT na sua obra Étud Sur Le
Transport de dettesa à titre particulier, de 1898, onde o autor
sustenta tendo o direito de credito sido na origem um vínculo
pessoa;, hoje essa configuração estaria abandonada, tendo ele se
transformado num vínculo entre patrimónios sendo as pessoas do
credor e devedor meros representante jurídicos dos seu bens.

A concepção da obrigação como relação entre patrimónios


apresenta-se igualmente como falsa na medida em que os
patrimónios são complexos de bens e as relações jurídicas apenas
se estabelecem entre pessoas, não se identificando a titularidade
de um património como a representação que consiste na
substituição de pessoas na celebração de actos jurídicos.

O credito como um direito à transmissão dos bens do devedor –


esta tese realista defere das anteriores pois qualifica o direito de
credito como um direito a transmissão dos bens do devedor, ou
seja que vem a obrigação como um processo de aquisição de bens,
os defensores dessa teoria acreditam que o fim da obrigação seria
sempre a aquisição da propriedade, pelo que a diferença entre o
direito de credito e o direito real residiria na circunstancia deste
ser exercido directamente sobre a coisa, enquanto naquele
haveria um fenómeno de propriedade indirecta, um direito à
aquisição dos bens do devedor.

Umas das concepções dessa teoria corresponde a tese que


qualifica a obrigação como uma alienação da propriedade do
devedor, nesta concepção tanto o direito de crédito como o
direito real seriam direitos sobre bens, mais o direito real incidiria
sobre bens em si e o direito de crédito sobre bens devidos.

A outra concepção qualifica o credor como sucessor do devedor,


esta concepção foi defendida sucessivamente por DURANTON,
MARCADÉ, LAURENT e BAUDRY, LACANTINERIE para esses o
fenómeno de sucessão estaria presente no direito de credito uma
vez que o credor partiria dos direitos de outra pessoa designada
como autor da sucessão, deste modo estaria na mesma posição
que ele. Assim o direito de credito tem sempre como objecto a
prestação do devedor, sendo o direito de uma conduta de outrem
não caindo sobre os bens ou valores do seu património mesmo
que o credor possa penhorar bens do devedor em caso de
incumprimento, estes são sujeitos a venda executivo para
pagamento, não fiando o credor proprietário desses bens .

O crédito como espectativa da prestação, acrescida de um direito


real de garantia sobre o património do devedor – esta é uma das
teses realistas que nega a existência de um direito a prestação pois
de acordo com PACCHIONI, diz que é possível distinguir na
obrigação duas relação fundamentais, o debito que corresponde a
um dever do devedor e responsabilidade corresponde a um estado
de sujeição seja de uma pessoa, seja de um inteiro património.

Teorias Mista
Para estas doutrinas a obrigação tanto tem por objecto a
prestação como património do devedor, posição que se considera
corresponder ao antigo direito romano, que distinguia entre a
vinculação pessoal do devedor e a sua responsabilidade, bem
como ao antigo direito germânico que estabelecia uma distinção
entre a divida e responsabilidade.

O credor teria assim dois direitos fundamentais o direito a


prestação que seria um direito pessoal que seria satisfeito media o
cumprimento voluntario por parte do devedor, e o segundo seria
um direito sobre o património devedor que seria um direito real
de garantia que se exerceria através da intervenção dos órgãos
coactivos do estado mediante o processo de execução forçada.

As doutrinas sustentando a complexidade de vínculo obrigacional


– a obrigação como organismo, como estrutura, e como processo
esta concepção é defendida HEINRICH SIBER este autor fala de
obrigação em dois sentidos, sentido restrito que corresponde ao
direito de credito individual, e sentido amplo que corresponde a
relação casual que existe entre o credor e devedor da qual surge o
direito de credito e a obrigação e ainda outras posições jurídicas
de que o direito de credito é um mero elemento, de acordo com
HEHROLZ esta concepção é dualista.

A tese de KARL LARENZ configurou o vinculo obrigacional como


uma estrutura e um processo, na qual a relação obrigacional não
só consiste simplesmente no direito a prestação e no dever de a
realizar mas também consiste numa relação jurídica global, assim
esta relação obrigacional abrangeria um conjunto de deveres de
prestação e de outros deveres de conduta, mais também poderes
potestativos e situações de sujeição.

A obrigação apresenta-se também como uma estrutura temporal,


que admite um decurso de tempo com objectivo final, na qual o
decurso de tempo pode implicar o surgimento a extinção de certos
deveres secundários ou assessores, e o objectivo final da obrigação
implica a sua extinção nesse momento, assim pode-se considerar a
obrigação como um processo evolutivo.

Para PESSOA GEORGE a obrigação constitui uma estrutura


complexa. De acordo com preceitos modernos tem-se evitado a
sobrevalorização da complexidade do vínculo obrigacional, dado
que esta formulação é essencialmente descritiva, além de que,
como salientaram ESSER/SCHMIDT, no processo civil não surge o
direito do credor como complexo, mas o direito do credor como
elemento insolado.

Posição adoptoda
A obrigação não pode-se considerar um direito incidente sobre os
bens do devedor, sendo antes um vínculo pessoal entre os dois
sujeitos, através do qual um deles pode exigir que o outro adopte
determinado comportamento em seu benefício.

É esta aliás a concepção adoptada pelo legislador que no art. 387º


consagra a teoria clássica, definindo a obrigação como o vínculo
jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com
outra à realização de uma prestação.

É também a posição adoptada pela grande maioria da doutrina


portuguesa, que entende o direito de crédito como tendo por
objecto a prestação, negando a existência de qualquer direito do
credor sobre o património do devedor.

Efectivamente, a acção executiva representa apenas a aplicação


pelo estado de uma sansão pelo incumprimento das obrigações,
através da qual se assegura protecção jurídica ao direito de
crédito. Assim, no processo de execução o estado substitui-se na
satisfação do direito de crédito, obtendo para o efeito os meios
necessários através da execução do seu património. Ao credor não
é, porém reconhecido qualquer direito sobre os bens do devedor.

Exercício

1. Quais são os objectos da Teoria Personalista Realista, Mista e a doutrina


da complexidade obrigacional?
2. Qual é a posição adoptada pelo legislador moçambicano?
3. Para si qual é a teoria mais abrangente e por que motivo?
TEMA V
CARACTERISTICA DA OBRIGAÇÃO GENERALIDADES

As características obrigação são:

− 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
− 𝐴𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎çã𝑜 𝑜𝑢 𝑐𝑜𝑙𝑎𝑏𝑜𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑎 {
− 𝐴 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
− 𝐴 𝑎𝑢𝑡𝑜𝑛ó𝑚𝑖𝑎

Entende-se por patrimonialidade a susceptibilidade de a obrigação


ser avaliável em dinheiro, tendo, portanto conteúdo económico.

Esta tese foi rejeitada por WINDSCHEID e JHERING que afirmou ser
um erro a doutrina da patrimonialidade da prestação, já que o
direito civil não tutela apenas o património das pessoas, mas
também outros interesse seus, admitindo, por isso não apenas que
a prestação não tivesse valor pecuniário, mas também que o
interesse do credor fosse tanto material como ideal excluindo
apenas do âmbito da obrigação, relações extras-jurídicas como as
de trato social.

O actual código português afastou-se porém, dessa orientação


referindo que a prestação não necessita de ter caracter pecuniário,
mas deve corresponder a um interesse do credor, digno de
protecção legal (art. 398º, no 2). Fica assim consagrada a
admissibilidade de construir obrigações sem carris patrimoniais,
como por exemplo a emissão de um desmentido ou de um pedido
de desculpas, ou a obrigação de não fazer barrulho, quando o
credor por razões de saúde, não pode suportar.

Para ANTUNES VARELA, esta norma pretende excluir do âmbito da


obrigação dois tipos de prestações: as prestações por simples
caprichos ou manias do devedor e as prestações que
correspondam a situações tuteladas por outras ordens normativas,
como a religião a moral ou o trato social, é que não merecem, por
esse motivo a tutela do direito.

Para MENEZES CORDEIRO não há obstáculos a que se constituam


obrigações relativas a meros caprichos ou manias desde que se
refiram a situações jurídicas. Apenas se corresponderem a
situações oriunda de outros complexos normativos, é que não será
admissível a constituição de obrigações com esse objecto.

Pensamos que a razão com MENEZES CORDEIRO, efectivamente, o


facto de o interesse do credor corresponder a uma mania ou
capricho para generalidade das pessoas (exemplos: a realização de
tatuagem) não exclui a sua eventual importância para o credor e
daí a admissibilidade de, através do exercício da autonomia
privada, se constituir uma obrigação, penas se a situação disser
exclusivamente respeito a outras ordens normativas é que a sua
juridicidade é excluída e daí não poder-se uma efectiva
constituição de obrigações.

MENEZES CORDEIRO, da existência de uma patrimonialidade


tendencial, o credito em quanto direito a prestação (art. 397º) é
garantido através da acção de cumprimento e da execução de
património do devedor (art. 817º). Consequentemente o direito de
crédito consiste num activo patrimonial do credor da mesma
forma que a obrigação é um passivo no património do devedor.

A mediação colaboração de vida


O credor não pode exercer directa e imediatamente o seu direito,
necessitando da colaboração do devedor para obter a satisfação
do seu interesse, em mediação uma vez que só através da conduta
do devedor o credor consegue obter a satisfação do seu interesse.

O direito de credito têm assim como característica a mediação da


actividade do devedor ou a exigência da colaboração deste, para
que o credor consiga obter a realização do seu direito, consistiria
num poder directo e imediato sobre um coisa, naquelas o direito a
prestação só é realizável através de um intermediário que é o
devedor, que se vincula assim a prestar a colaboração necessária
para que o credor obtenha satisfação do seu interesse.

A recusa do devedor em emprestar, o credor possa obter a


satisfação do seu direito à pretensão por via judicial, porem, que
se deixe de considerar a mediação como característica das
obrigações, já que por via judicial se pode substituir a conduta do
devedor em ordem a obter a satisfação do direito do credor, tal
ocorre precisamente porque o devedor se vinculou a prestar essa
conduta para esse efeito. Na obrigação existe sempre uma
vinculação à colaboração por parte do devedor sendo a
colaboração devida o verdadeiro entendimento da mediação como
característica do direito do crédito.

A relatividade - É apontada como sendo uma das características das


obrigações, que é entendida em dois sentidos diferentes:

— O primeiro sentido é através de um prisma estrutural, isso


refere-se que o direito de crédito se estrutura com base num
relação entre credor e devedor.

— o segundo sentido é através de um prisma de eficácia que se


refere que o direito de credito apenas é eficaz contra o devedor,
consequentemente, só a ele pode ser oposto e só por ele pode ser
violado, daí que a obrigação não possa ter eficácia, externa, ou
seja, eficácia perante terceiros.

O direito de crédito apresenta-se como o direito de exigir de


outrem uma prestação. Consequentemente, só pode ser exercido
pelo seu titular, o credor, contra outra pessoa determinada que
tenha o correlativo dever de prestar, ou seja o devedor,
estruturando-se, por isso, com base numa relação jurídica entre
dois sujeitos.

Apenas o devedor deve prestar e apenas dele pode o credor exigir


que realize a prestação, concluindo-se assim que o direito de
crédito tem caracter estruturalmente relativo.

Os direitos de créditos só poderiam ser violados pelo devedor, não


tendo o terceiro qualquer responsabilidade pela usa frustração.
Essa solução resultaria no nosso direito do art. 406º, n o 2 (que
refere que, em relação a terceiros, o contracto só pode produzir
efeitos nos casos previstos na lei) e da distinção entre a
responsabilidade delitual, e a responsabilidade obrigacional.

Daqui resultaria que aos terceiros, o direito de crédito seria


totalmente relevante não podendo violar, nem podendo ser por
ele beneficiados, de acordo com o princípio “res inter alios ata aliis
neque nocere prodesse potest”. Seria, por exemplo, o caso do
credor se encontrar numa grande situação de dependência em
relação à prestação, não haver mais ninguém em condições de
realizar o terceiro, com o único fim de lesar o credor, convence o
devedor a não cumprir a obrigação.

Em situações como estas que representam infracções ao princípio


da boa-fé, dos bons costumes ou da função sócio económica da
autonomia Privada, justificar-se-á estabelecer a responsabilização
do terceiro, para o que se poderá invocar o abuso de direito (art.
334º).

Em certos casos, porém, a constituição do segundo direito do


crédito pode ser vista como abusiva para efeitos do art. 334º caso
em que o terceiro poderá ser responsabilizado.

Autónomia
A autonomia é considerada como sendo uma obrigação, mas não
impede a sua regulação pelo direito das obrigações nas partes não
sujeitas ao regime específico, pois, a estrutura a obrigação
autónoma e não autónoma é idêntica.

O regime das duas é que pode divergir em maior ou menor medida


o que não impede a qualificação de ambas como verdadeiras
obrigações. Ora, o direito das obrigações é um ramo do direito civil
cuja autonomização assenta precisamente em características
estruturais uma vez em que a classificação germânica do direito
civil não tem um critério homogéneo. A autonomização das
disciplinas de direitos reais e direitos das obrigações tem por base
as características, estruturais dos direitos a que se referem. Já o
direito da família e das sucessões são autonomizados em função
da fonte de onde resultam as relações de que tratam. É, por isso,
perfeitamente natural que surjam situações estruturalmente
obrigacionais noutros ramos de direito, mas esses não perdem a
sua natureza de obrigações em virtude de ai serem inseridas. Daí
que a autonomia não deve ser considerada como a características
das obrigações.

Distinção entre direitos de créditos e direitos reais


A distinção desses dois direitos cinge-se no critério do objecto, daí
que os direitos reais são direitos sobre coisas, enquanto os direitos
de créditos são direitos a prestações ou seja, direito a uma
conduta do devedor.

Se o crédito é direito a prestação, ele caracteriza-se por necessitar


da mediação ou colaboração do devedor para ser exercido. Assim
mesmo quando a prestação por objecto uma coisa, o credor não
possui qualquer direito directo sobre ela, o que só se sucederia se
possui um direito real.

Tem apenas o direito a que o devedor que entregue essa coisa. O


credor necessita assim da colaboração do devedor para satisfazer
o seu interesse. Nada disso acontece nos direitos reais. Neles o
credor não necessitam da colaboração de ninguém para exercer o
seu direito, já qui o seu direito incide directa e imediatamente,
sobre uma coisa, não necessitando da colaboração de outrem para
ser exercido.

O direito de crédito distingue-se dos direitos reais em virtude da sua


relatividade estrutural. O direito de crédito assenta numa relação o
que implica é que tenha ser exercido contra o devedor. O direito real
não assenta em qualquer tipo de relação, encontrase desligado de
relações interpessoais, dado que se exerce directamente sobre a
coisa, podendo ser oposto a toda e qualquer pessoa: é o que se
denomina a oponibilidade erga omnes do direito real.

HECK qualificou o direito real como o muro que protege contra


todas direcções e o direito do crédito como o muro que protege
em apenas uma direcção. O direito de crédito é um direito relativo
pelo que a sua oponibilidade a terceiros é limitada só podendo
ocorrer em certas circunstância, por enquanto a oponibilidade do
direito real a terceiros é plena.

Uma outra característica dos direitos reais é denominada


prevalência, e no seu sentido amplo significa prioridade do direito
real. Também os direitos de crédito possuem característica de
mediação do devedor, da relatividade, de uma oponibilidade a
terceiros limitada, ausência de inerência da hierarquização entre
si, enquanto os direitos reais são direitos imediatos, absolutos
plenamente oponíveis a terceiros, inerentes a uma coisa, dotados
de sequela e hierarquizáveis entre si na medida em que a
constituição de um direito implica a perda de legitimidade para
posteriormente constituir um outro.

A questão dos direitos pessoas de gozo


A nossa lei denomina estes direitos de direitas pessoas de gozo
(Cfr: arts. 407º e 1682º - A), entre os quais se incluem os direitos
do locatário (art. 1022º), do comendatário (art. 1129º), do
parceiro pensador (art. 1121º) e do depositário (art. 1185º). A
posição clássica da doutrina de GALVÃO TELLES e ANTUNES
VARELA qualificaram estes direitos como direitos de créditos,
enquanto a doutrina defendida por MANUEL HENRIQUE
MESQUITA e NUNU QUINTO OLIVERIA, diz que os direitos de gozo
constituiriam um tertiun genus entre os direitos de crédito e os
direitos reais, enquanto para JOSÉ ANDRADE MESQUITA os
direitos pessoas de gozo não seria direitos reais, porque são
estruturalmente relativos já que se estruturam numa relação entre
o credor e o devedor. Mas a configuração do direito pessoal de
gozo como um direito misto entre os direitos de credito e os
direitos reais implicam uma junção de características
contraditórias entre si.

O legislador pretendeu seguramente qualificar estes direitos como


direitos de crédito estabelecendo que embora confiram o gozo de
uma coisa, esse gozo resulta ou de uma obrigação positiva
assumida pela outra parte e em parceria pecuária ou de uma
obrigação negativa por estas assumida, ou ainda de uma
autorização eventual.
Não haveria assim um direito imediato sobre a coisa, conforme é
característico dos direitos reais exigindo-se antes a mediação ou
colaboração do devedor que vimos ser características dos direitos
de crédito. Por outro lado a inserção sistemática do seu regime no
título relativo aos contratos em especial não no livro dos direitos
reais indica uma intensão de qualificação desses direitos como
direitos de credito.

Para além disso, o exercício do gozo sobre a coisa normalmente


realiza-se sem a intervenção de qualquer pessoa. O locatário, o
comodatário, o parceiro pensador e o depositário não necessitam
de recorrer à outra parte para obter a satisfação dos seus direitos.
Podem, obter directamente o gozo da coisa, a partir do momento
em que esta lhes é entregue.

A aplicação dos direitos pessoais de gozo de regras destintas dos


direitos reais, uma delas é a desnecessidade de legitimidade para
constituir validamente direitos pessoas de gozo sobre a coisa.
Tendo em conta a regra do art. 407º é distinta do conflito entre
direitos reais já que o conflito entre direitos pessoais de gozo é
conflitos entre direitos validamente constituídos, por esse motivo
a defesa dos direitos pessoas de gozo distinta dos direitos reais.

Objectos da obrigação: a prestação


Delimitação do conceito de prestação
O art. 398º, no 2, estabelece, porém, um requisito suplementar,
referindo-nos que a prestação, embora não necessite de ter valor
pecuniário, deve corresponder a um interesse do credor, digno de
protecção legal.

Estamos aqui perante o problema da patrimonialidade da


prestação, a que a lei recusa deu resposta negativa, embora seja
claro que a grande maioria das prestações reveste valor
patrimonial, uma vez que na actual sociedade económica,
prestação de coisas, a simples concessão do seu uso, ou a
prestação de qualquer serviço é susceptível de avaliação
pecuniária e tem portanto conteúdo patrimonial.

No entanto, a fórmula utilizada permite abranger como


objecto da obrigação situação não patrimonial, mas que
correspondam a interesses do credor que mereçam efectiva tutela
jurídica, como a publicação de um pedido de desculpas ou de um
desmentido em caso de difamação ou lesão da intimidade da vida
privada. Já não constituirão, porém, objectos possível da obrigação
situações que reconduzam a outras ordens normativas, como o
cumprimento de deveres religiosos (rezar as orações, frequentar a
igreja) ou de moral interna (perdoar determinada ofensa) ou
situações de mera cortesia (como estar presente num jantar
social).

Exercício

1. Quando é que se considera que a obrigação esta cumprida?


2. A prestação pode ser coercivamente realizada? Como e quando?
3. Distingue a obrigação do dever jurídico?

TEMA VI:

REQUISITOS LEGAIS DA PRESTAÇÃO GENERALIDADES

Consequentemente, se a obrigação resultar de um negócio


jurídico, a prestação estará naturalmente sujeita às regras relativas
ao objecto negocial, que constam do art. 280º, tendo como
consequência a nulidade do negócio se a prestação desrespeitar
algum desses limites. Se assim a prestação for física ou legalmente
impossível, o negócio será nulo e a obrigação não chega a
constituir.
A mesma situação ocorre se a prestação for ilícita, ou se for
indeterminável. E o negócio será ainda nulo no caso de a prestação
estipulada se apresentar contrária à ordem pública ou ofensiva dos
bons costumes. As regras do art. 280º, relativas ao objecto
negocial são assim plenamente aplicáveis à prestação. A prestação
deve por isso ser física e legalmente possível, lícita, conforme à
ordem pública e aos bons costumes e determinável. A verdade é
que o legislador não deixou de voltar a referir-se aos requisitos da
nos art. 400º e 401º, que terão assim que ser articulados com art.
280º.

Possibilidade física e legal


Para que a impossibilidade da prestação produza a sua nulidade do
negócio jurídico, é necessário que ela constituía uma
impossibilidade originária (cfr: art. 401º, no 1). Se a prestação vier
a tornar-se supervenientemente impossível, após a constituição do
negócio este não é nulo. A obrigação é que vai–se estender, por
força do art. 790º.

Casos em que a prestação é originariamente impossível mas a validade


no negócio não é afectada.

Serão os casos em que o negócio é celebrado para hipótese de a


prestação se tornar possível, ou em que o negócio é sujeito a
condição suspensiva ou a termo inicial, no momento da sua
verificação a prestação já se tornou possível.

A impossibilidade tem que ser absoluta, impedindo a realização da


prestação e não meramente relativa, tornando excessivamente
difícil ou onerosa a sua realização. A denominada impossibilidade
relativa não se enquadra no conceito legal de impossibilidade
referido no art. 280º, no 1 e 401º, pelo que não pode afectar a
validade do negócio.

A impossibilidade deve, por outro lado, ser objectiva e não apenas


subjectiva. O art. 401º no 3, refere-nos que apenas se considera
impossível a prestação que o seja em relação ao objecto e não em
relação à pessoa do devedor. A impossibilidade superveniente,
força o art. 791º, efectivamente as prestações são em princípio
fungíveis, pelo que o seu cumprimento pode ser efectuado por
qualquer pessoa (art. 767º, no 1).

Assim, se só o devedor estiver impossibilitado de prestar, ele deve


fazer-se substituir no cumprimento da obrigação. Não há por isso
qualquer obstáculo à constituição da obrigação se a
impossibilidade for meramente subjectiva.

Licitude
A ilicitude de negócio pode ser de resultado ou de meios,
consoante o negócio vise objectivamente um resultado ilícito
(como por exemplo, assassinar determinada pessoa) ou se
proponha alcançar um resultado lícito, através de meios cuja
utilização é proibida por lei (por exemplo, o tratamento de uma
pessoa, em desrespeito às regras da medicina). Em ambos os casos
art. 280º, no 1, considera o negócio como nulo, (ex: a aquisição de
uma arma para cometer um homicídio). Nestes casos, uma vez que
cada uma das partes pode ter um fim subjectivo distinto em
relação ao negócio, o negócio só será nulo, no caso de o fim ser
comum a ambas as partes (art. 281º).

Determinabilidade
Deve, porém, esclarecer-se que indeterminável não deve ser
confundido com indeterminado, já que a obrigação pode
constituir-se estando ainda a prestação indeterminadas, desde que
ela seja determinável. São exemplos de prestações indeterminadas
as obrigações genéricas (art 539º e ss.) e as obrigações alternativas
(art 543º e ss.).

Em caso de indeterminação da prestação, aplica-se à situação o


art. 400º do código civil, que refere que a determinação da
prestação pode ser confiada a uma ou a outra das partes ou a
terceiro; mas que, em qualquer dos casos, deve ser feita segundo
juízos de equidade se outros critérios não tiverem sido
estabelecidos. Nesta norma, a referência a “juízos de equidade”
não significa uma remissão para mero arbítrio das partes ou
terceiros.
Consequentemente, as partes ou o terceiro não poderão
determinar arbitrariamente a prestação, tendo antes seguir
critérios pré-estabelecidos de adequação ao fim d obrigação e
prossecução do interesse do credor.

Porém, não resulte do negócio qualquer critério que permita


realizar a determinação da prestação, ele terá que ser considerado
nulo por indeterminável (art. 280º n o 1) não podendo o art. 400º
servir para suprir essa novidade.

Não contrariedade à ordem pública e aos bons costumes


Não será por isso, válido o negócio jurídico que tenha por objecto
a realização de favores sexuais. Já a referência à ordem pública
corresponde aos denominados princípios fundamentais do
ordenamento jurídico, implica a invalidade do negócio. A
semelhança do que acontece com ilicitude, também apenas o fim
subjectivo das partes, pode ser contrario a ordem pública ou aos
bons costumes, nesse caso, o negócio só será nulo se o fim for
comum a ambas partes (cfr: art. 281º).

A complexidade intra obrigacional e os deveres acessórios de conduta


A complexidade do direito obrigacional justifica-se em dois
sentidos, um em sentido estrito que abrange o binómio direito de
credito-dever, de prestar, e outro é o sentido amplo que abrange
todo conjunto de situações jurídicas geradas no âmbito da
alteração do credor e devedor, neste sentido a obrigação constitui
analiticamente uma realidade complexa que permite abranger:
— O dever de efectuar a prestação principal, que por sua vez pode
analiticamente aina ser composta em sub-dever relativa a diversas
condutas materiais ou jurídicas;

— Os deveres secundários de prestação que correspondem a


prestações autónomas ainda que especificamente acordadas com
o fim de completar a prestação principal, sem a qual não fazem
sentido;

— Os deveres acessórios impostos através do princípio da boa-fé


que se destinam a permitir que a execução da prestação
correspondam apenas a satisfação do interesse do credor e que
essa execução não implique danos para qualquer das partes;

— Sujeições, como contraponto a algumas situações potestativas que


competem ao credor;

— Poderes ou faculdade, que o devedor pode exercer perante o direito


de crédito;

A obrigação constitui no fundo uma relação complexa, onde se


encontra algo mais que a simples decomposição dos seus
elementos principais como o direito a prestação e o dever de
prestar, abrange ainda deveres acessórios, sujeições poderes ou
faculdades e excepções.

Modalidade de Obrigações
As obrigações naturais, problemáticas da sua inserção no conceito de obrigação
O que caracteriza as obrigações é a não exigibilidade judicial da
prestação, resumindo-se a sua tutela jurídica à possibilidade de o
credor conservar a prestação espontaneamente realizada, a que se
refere o art. 403 do código. Como consequência exclui-se a
possibilidade de repetição do indevido, referida no artigo 476 do
código civil, salvo no caso de o devedor não ter a capacidade para
realizar a prestação.

Se o devedor não tiver a capacidade para realizar a prestação e a


efectuar espontaneamente – ou seja, sem qualquer coacção (cfr.
Art. 403., n 2) – já não pode pedir a restituição do que prestou,
mesmo que estivesse convencido por erro, da concebilidade do
vínculo.

As obrigações naturais não podem ser convencidas livremente


pelas partes do exercício da sua autonomia privada, uma vez que
uma convenção nesse sentido equivaleria a uma renúncia ao
credor ao direito de exigir o cumprimento, o que é expressamente
vedado pelo ar. 809. As obrigações naturais não podem extinguir
por prescrição, uma vez que as consequências desta
correspondem precisamente em transformar uma obrigação civil
em obrigação natural.

Classificação das obrigações em função dos tipos de prestações


Generalidades
Prestações de coisas e prestações de facto – prestações de coisas
são aquelas cujo objecto consiste na entrega de uma coisa,
enquanto prestação de factos são aquelas que consistem em
realizar uma conduta de outra ordem, como na hipótese de
alguém a cuidar de um jardim (art. 1154º). As prestações de coisas
dizem respeito ao fornecimento de bens e as prestações de factos
à realização de serviços, juridicamente, estas duas realidades
justificam outras distinções. No entanto, o direito de crédito nunca
incide directamente sobre a coisa, mas antes sobre a conduta do
devedor, já que exige sempre a mediação da actividade do
devedor, para o credor obter o seu direito, daí que mesmo nos
casos de prestações de coisas, o credor não tem qualquer direito
sobre a coisa, o que só se sucede nos direitos reis, mas antes um
direito a uma prestação, que consiste na entrega dessa coisa.

Pelo contrário, nas prestações de factos não possível distinguir


entre a conduta do devedor e uma realidade que exista
independentemente dessa conduta.

As prestações de factos positivos são aquela que a prestação tem


por objecto uma acção, e as de facto negativo, aquelas em que a
prestação tem por objecto uma omissão do devedor, porém uma
distinção consoante a omissão que é objecto da prestação
corresponda a não realizar determinada conduta. Entre prestações
de factos materiais e prestações de factos jurídicos, nas primeiras,
a conduta que o devedor se compromete a realizar é uma conduta
puramente material não destinada à produção de efeitos jurídicos.

Prestações fungíveis e infungíveis


Prestações fungíveis são aquelas em que a prestação pode ser
realizada por outrem que não o devedor, podendo assim este
fazer-se substituir no cumprimento, enquanto que as prestações
infungíveis são aquelas em que só o devedor pode realizar a
prestação, não sendo permitida sua realização por terceiro.

Mas já o art. 767º no 2, refere que os caos em que a prestação


infungível: quando a substituição do devedor no cumprimento
prejudica o credor (infugibilidade natural), ou quando se tenha
acordado expressamente que a prestação só pode ser realizada
pelo devedor (infungibilidade convencional).

A fungibilidade da prestação é, assim, a regra geral, pelo que o


devedor pode em princípio fazer-se substituir no cumprimento.
Admite-se que as partes, ao abrigo da sua autonomia privada,
retirem ao devedor a faculdade de se fazer substituir por terceiros,
transformando prestações que são naturalmente fungíveis em
prestações infungíveis, isso denomina-se de infungibilidade
convencional.

Prestações instantâneas e prestações duradouras


As primeiras são aquelas cuja execução ocorre num único
momento, as segundas são aquelas cuja execução se prolonga no
tempo em virtude de terem por conteúdo ou um comportamento
prolongado no tempo ou uma repetição sucessiva de prestações
insoladas por um período de tempo.

O essencial para caracterização de uma prestação como duradoura


é que a sua realização global dependa sempre do decurso de um
período temporal, durante o qual a prestação deve ser continuada
ou repetida, neste âmbito pode-se distinguir prestações
duradouras continuas ou periódicas, nas primeiras a prestação não
sobre qualquer interrupção, nas segundas a prestação
sucessivamente repetidas em certos períodos de tempo, em
ambos os casos trata-se de uma prestação duradoura, atendendo
a que ela aumenta em função do decurso de tempo.

As prestações instantâneas não têm o seu conteúdo e extensão


delimitados em função de tempo. Estas prestações podem ainda
classificar-se em prestações instantâneas integrais ou
fraccionadas. As primeiras são as que são realizadas de uma só
vez, as segundas são aquelas em que o seu montante global é
dividido em várias fracções, a realizar-se sucessivamente.

Nas prestações fraccionadas está-se perante uma única obrigação


cujo objecto é divido em fracções com o vencidos intervalados,
pelo que há sempre uma definição prévia do seu montante global
e o decurso do tempo na influi no conteúdo e extensão da
prestação mas apenas no seu modo de realização.

Nas prestações periódicas verifica-se uma pluralidade de


obrigações distintas embora emergentes de um vínculo
fundamental que sucessivamente as origina pelo que por definição
não pode haver qualquer fixação inicial do seu montante global, já
que é o decurso de tempo que determina os números de
prestações que é realizado, assim o locatário só deve as rendas
correspondente ao tempo de duração do contracto de locação,
sendo sempre em função do decurso de tempo que se determina
ao conteúdo da sua obrigação.

Prestações de resultados e prestações de meios


Segundo esta classificação nas prestações do resultado o devedor
vincular-se-ia efectivamente a obter um resultado determinado,
respondendo por incumprimento se esse resultado não fosse
obtido. Nas prestações de meio, o devedor não estaria obrigado a
obtenção de resultado mas apenas a actuar com diligências
necessárias para que esse resultado seja obtido.

Nas prestações de resultado bastaria o credor demonstrar a não


verificação do resultado para estabelecer o incumprimento de
devedor, sendo este que, para exonerar da responsabilidade teria
que demonstrar que inexecução é devida a uma causa que não lhe
é imputável. Pelo contrário nas prestações de meio não é
suficiente a não verificação do resultado para responsabilizar o
devedor havendo que demonstrar que a sua conduta não
corresponde a diligência a que tinha vinculado.

Prestações determinadas e indeterminadas


As primeiras são aquelas em que a prestação se encontra
completamente determinada no momento da constituição da
obrigação, as segundas são aquelas em que determinação da
prestação ainda não se encontra realizada , pelo que essa
determinação terá que ocorrer até ao momento do cumprimento.

As razões para a determinação da prestação no momento da


conclusão do negócio são várias, como, em que uma determinação
é resultante das partes não terem julgado necessário tomar
posição sobre o assunto, em virtude de existir, regras supletivas
aplicável, a outra razão é resultante das partes terem pretendido
conferir a uma delas a faculdade de efectuar essa determinação,
porque só essa parte tem os conhecimento necessário para o
poder fazer adequadamente

As obrigações genéricas – são aquelas em que o objecto da


prestação se encontra apenas determinado quanto a género, isto
significa que prestação se encontra determinada apenas por
referência a uma certa quantidade, peso ou medida de coisas
dentro de um género, mas não esta ainda concretamente
determinado quais os espécimes daquele género que vão servir
para o cumprimento da obrigação. Enquanto a obrigação
específica é aquela em que tanto os géneros como os espécimes
da prestação se encontram determinados.

As obrigações genéricas são bastantes comuns no começo,


ocorrendo quase sempre que se efectua uma negociação sobre
coisas fungíveis mas, isso não faz com que nessas obrigações
tenham que ocorrer um processo de individualização dos
espécimes dentro do género e, transferência da propriedade não
pode ocorrer no momento da celebração do contrato.

A concentração de obrigação genérica ocorre logo no momento


em que o devedor procede a separação dentro do género das
coisas que pretende usar para o cumprimento da obrigação, no
entanto, a concentração de obrigação só ocorreria com o
cumprimento da obrigação, só nesse momento se efectuando a
transferência do risco para o credor, consequentemente, qualquer
perecimento da coisa que ocorresse anteriormente a esse
momento correria por conta do devedor.

As obrigações alternativa, distinção das obrigações com faculdade


alternativa.

As obrigações alternativas consistem também na modalidade de


prestações indeterminadas, que se caracterizam por existir duas
ou mais prestações de natureza diferente, mas que o devedor se
exonera com a mera realização de uma delas que, por escolha, vier
a ser designada. Constituem obrigações alternativas aquelas que
pressupõem uma escolha entre prestações mas, não são
obrigações alternativas aquelas em que só exista uma prestação e
que se estabeleça uma alternativa condicional.

As obrigações alternativas representam modalidades de


obrigações com indeterminada, por enquanto, as obrigações com
faculdade alternativa são aquelas é que a prestação já se encontra
determinada, mas se dá ao devedor a faculdade de substituir o
objecto da prestação por outro.

A diferença dessas duas obrigações reside na posição do credor,


em que na s obrigações alternativas, o direito do credor abrange
duas prestações, em relação as obrigações com faculdade
alternativas que abrange apenas uma prestação.

— Obrigaçõe Pecuniárias
{
— Generalidades

Estas obrigações correspondem às obrigações que tem dinheiro


por objecto, visando, proporcionar ao credor o valor que as
respectivas espécies monetárias possuem, mas não se consideram
obrigações pecuniárias se visa simplesmente proporcionar ao
credor o valor económico, mas sim, se for assegurar na ordem
económica as função de meio legal de troca, meio legal de
pagamento e unidade de conta.

As obrigações pecuniárias subdividem-se em três modalidades, que


são:

1. Obrigações de quantidade – têm por objecto uma quantidade de


moeda em curso no legal país que significa o cumprimento das
obrigações pecuniárias se deve realizar apenas com espécies
monetárias a que o estado reconheça função liberatória genérica,
fazem parte dessas obrigações, as obrigações genéricas sujeitas ao
regime respectivo tendo como base todo o universo da moeda
com curso legal no país.

A impossibilidade económica do devedor não é causa de extinção


de obrigação, dado o facto de enquanto existir moeda com curso
legal substituir o género acordado para pagamento.

Em período de inflação e deflação, o valor da troca da moeda pode


sofrer alteração entre o momento de constituição da obrigação e o
momento do cumprimento, levando a que entrega das espécies
monetárias já não tenha correspondência com o valor de troca que
a moeda possuía no momento da constituição, sendo assim, para a
resolução desse problema recorre-se ao principio do nominalismo
monetário, segundo o qual se deve tomar em consideração
somente o valor nominal da moeda, independentemente de qual
seja o seu valor de troca no momento de cumprimento. Esta
situação leva a uma obrigação pecuniária com um longo prazo d
cumprimento acarreta um risco de desvalorização da moeda e a
perda do seu poder de compra, e que esse risco é suportado pelo
credor, já que o devedor se liberta com a simples entrega da
quantidade monetária convencional.

2. Obrigações em moeda especifica – as obrigações em moedas


específicas podem desempenhar uma função útil, que é a de
permitir uma defesa das partes das partes contra a possibilidade
de desvalorização.
— As obrigações em certas espécies monetárias;
{
— As obrigações em valor de uma espécie monetaria.

3. Obrigações em moeda estrangeira: são aquelas em que a


Obrigações de juro prestação é estipulada em relação a espécie monetária que têm
curso legal apenas no estrageiro. A doutrina distingue, em relação
a estas obrigações entre obrigações voluntárias próprias ou puras
e obrigações voluntárias impróprias ou impuras. O próprio
cumprimento das obrigações só pode ser realizado em moeda
estrangeira, não podendo o credor exigir o pagamento em moeda
nacional nem o devedor entregar estas moeda.
Nas segundas, a estipulação da moeda estrangeira funciona
apenas como unidade da referência para determinar, através do
câmbio de determinada data, a quantidade de moeda nacional
devida.

Obrigações voluntárias mista, esta possibilidade é, no entanto,


restrita ao devedor, constituindo, por isso, uma obrigação com a
faculdade alternativa, já que o credor apenas pode exigir o
cumprimento na moeda estipulada.

As obrigações de juros correspondem igualmente a uma


modalidade específica de obrigações, as quais se caracterizam por
corresponderem à remuneração da cedência ou do diferimento da
entrega de coisas fungíveis (capital) por um certo lapso de tempo.

Os juros representação uma prestação devida como compensação


ou indemnização pela privação temporária de uma quantidade de
coisas fungíveis denominada capital de risco de reembolso desta.

Historicamente, a obrigação de juros foi durante muito tempo


olhada com desconfiança. O Antigo Testamento faz referência a
uma proibição religiosa a cobrança de juros.

A obrigação de juros aparece, por isso, como uma obrigação que


se constitui tendo como referência uma outra obrigação (obriga de
entrega ou restrição do capital) e constitui economicamente um
rendimento desse mesmo capital. São, no entanto, duas
obrigações distintas, já que, a partir do momento em que se
constituí, o crédito de juros adquire autonomia em relação ao
credito de capital, podendo qualquer deles ser cedido ou extinguir-
se sem outro (art. 561º).

Os juros convencionais são aqueles em que a sua taxa ou


quantitativo é estipulada pelas partes. A lei, no entanto, coloca
alguns limites a liberdade de estipulação das partes nesta sede, na
medida em que prevê, no art. 1146º, entendido a todas obrigações
de juros pelo art. 559º.

A qualificação como usuários de quaisquer juros anuais que


excedam os juros legais acima de 3% ou 5%, conforme exista ou
não garantia legal (art. 1146º, n o 1), sendo apenas permitidas a
cobrança de juros superiores em se tratando de uma clausula
moratória, caso em que esse limites são respectivamente elevados
para 7% e 9% (art. 1146º, , no 2).

Assim as partes estão impedidas de estipular juros que


ultrapassem esses limites, e caso o façam, a lei determina, em
derrogação ao art. 292º, na fixação dos juros nesses montantes
máximos, ainda que tivesse sido outra a vontade dos contraentes.

Pode ainda distinguir-se entre juros remuneratórios,


compensatórios, moratórios e indemnizatórios. Os juros
compensatório têm uma finalidade remuneratória,
correspondente ao preço do empréstimo do dinheiro. O credor
priva-se do capital por tê-lo cedido ao devedor por meio de
mútuo, exigindo uma remuneração por essa cedência (art. 1145º
no 1).

Os juros compensatórios destinam-se a proporcionar ao credor um


pagamento que compense uma temporária privação de capital,
que ele não deveria ter suportado (v.g art. 480º e 1167º cc).

Os juros moratórios têm uma natureza indemnizatória dos danos


causados pela mora, visando recompensar o credor pelos prejuízos
sofridos, em virtude do retardamento no cumprimento da
obrigação pelo devedor (art. 806º).
Os juros indemnizatórios são aqueles que se destinam a
indemnizar os danos sofridos por outro facto praticado pelo
devedor (máxime, o incumprimento da obrigação).

Uma das regras importantes relativas à obrigação de juros é a


proibição do anatocismo, ou seja, da cobrança de juros sobre
juros, uma vez que essa cobrança poderia ser uma forma de
indirectamente violar a proibição de cobrança de juros usuários.

A lei consagra assim a regra de que juros não vence juros, a menos
que haja convenção posterior ao vencimento, ou seja efectuada
um notificação judicial ao devedor para capitalizar os juros ou
proceder ao seu pagamento, sob pena de penalização
(art. 560º, , no 1).

Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional


A indeterminação do credor na relação obrigacional
Uma situação específica que pode ocorrer nas obrigações diz
respeito à possibilidade de indeterminação do credor.
Efectivamente, o art. 511º vem nos referir que o credor pode não
ficar determinado no momento em que a obrigação é constituída,
embora deva ser determinável, sob pena de ser nulo o negócio
jurídico de que resulta a obrigação. No entanto, o devedor é
obrigatoriamente determinado logo no momento em que a
obrigação é constituída.

A pluralidade de partes na relação obrigacional Generalidade

De acordo com a definição do art,. 397º, a obrigação é o vínculo


jurídico pelo qual uma pessoa fica adstrita para com outra à
realização de uma prestação. a definição legal refere-se a um
obrigação singular, na medida em que nela apenas se menciona
um credor e um devedor.
A obrigação pode também constitui-se abrangendo uma
vinculação de várias pessoas para com outra (pluralidade passiva),
ou uma vinculação de uma pessoa para com outras (pluralidade
activa) ou ainda de várias pessoas para com outras (pluralidade
mista).

As obrigações plurais colocam o problema de determinar como se


processa a contribuição dos diversos devedores para a realização
da prestações a que estão vinculados e em que termos pode cada
um dos credores exigir a prestação.

As obrigações plurais colocam o problema de determinar como se


processa a contribuição dos diversos devedores para realização da
prestação a que estão vinculados e em que termos pode cada um
dos credores exigir a prestação. Essa questão tem respostas
diversas consoantes a modalidade de obrigações plurais em
questão, conforme iremos verificar em seguida.

As obrigações conjuntas ou parciárias


Nas obrigações conjuntas ou parciárias, cada um dos devedores só
está vinculado a prestar ao credor ou credores a sua parte na
prestações e cada um dos credores só pode exigir do devedor ou
devedor a parte que lhe cabe.
A prestação é assim realizada por partes, prestando cada um dos
devedores a parte a que se vinculou e não recebendo cada um dos
credores mais do que aquilo que lhe compete.

Nestas obrigações cada credor só pode exigir a sua parte no crédito e


cada devedor só tem que prestar a sua na dívida.

AS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

GENERALIDADE
As obrigações solidárias encontram-se previstas no art. 512º e ss.,
e se caracterizam pelo facto de nelas qualquer um dos devedores
estar obrigado perante o credor a realizar a prestação integral
(solidariedade passiva) ou ainda por qualquer um dos credores
poder exigir do devedor a prestação integral (solidariedade activa)
ou ainda pelo facto de qualquer um dos credores poder exigir a
qualquer um dos credores a prestação devida por todos os
devedores a todos os credores (solidariedade mista).

Solidariedade passiva – quando a prestação integral por um dos


devedores libera todos os outros devedores em relação ao credor.

Solidariedade activa – quando a prestação a um dos credores libera o


devedor no conforto com todos os credores.

Solidariedade mista – ocorre simultaneamente as duas situações,


pelo que a realização integral da prestação por um dos devedores
a um dos credores libera todos os devedores em relação a todos
os credores.

Exercício

1. Quem pode fazer prestação?


2. Quais são os tipos de contratos que conheces?
3. Qual é o efeito da falta de pagamento de uma prestação?
TEMA VII: DA CONSTITUIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

CAPÍTULO VII

CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DAS OBRIGAÇÕES


AS DIVERSAS CLASSIFICAÇÕES DE FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Denominação por fonte de obrigações á obrigação, as categorias
de facto jurídicos que produzem a constituição do vínculo
obrigações. Elas classificam-se em obrigações que nascem do
contrato e que nascem do delito.

As fontes da obrigação produzem um efeito de direito (a


vinculação de alguém a realizar a outrem uma prestação) e esse
efeito de direito verifica-se sempre porque existe uma lei a
determina-lo, verificados certos pressupostos.

Posição adoptada
As obrigações podem resultar de diversos fenómenos jurídicos. A
dificuldade de classificar as fontes de obrigações é devido a
heterogeneidade de situações abrangida na nossa disciplina. Que
procura procurar colocar as fontes das obrigações de acordo com
uma orientação dogmática mas adequada, distinguindo em
primeiro lugar as fontes das obrigações que resultam das que não
resultam da autonomia privada.

As fontes resultantes da autonomia privada situam-se em primeiro


lugar os contractos que consistem em negócios jurídicos bilaterais.
As obrigações podem resultar de negócios jurídicos unilaterais em
que uma apenas das partes, no exercício da sua autonomia
privada, estabelece para se uma Auto vinculação através das
constituições de uma relação jurídica obrigacional.

Fora do campo exercício da autonomia privada, verificação igualmente


fenómenos que dão origem a constituição de obrigações, as quais nesse
caso não resultam de negócio jurídicos. Relações obrigacionais legais
consistem em situações em que a lei atribui a determinados
pressupostos.

TEMA VIII

FONTES DAS OBRIGAÇÕES BASEADAS NO PRINCIPIO DA AUTONOMIA PRIVADA:

O CONTRATO
GENERALIDADES
OS NEGOCIOS JURIDICOS COSTUMAM SER DISTINGUIDOS EM
UNILATERAL, que são os que possuem apenas uma parte, e
contractos, que são os que possuem duas ou mais partes.

Nos negócios unilaterais, Há apenas uma única declaração


negocial, da qual resultam todos os efeitos jurídicos estipulados,
independentemente de ter um único autor ou vário. No contracto,
a emissão de apenas uma das declarações negociais não se
apresentam como suficiente para produção dos efeitos jurídicos
estipulados, uma vez que a lei os faz depender da emissão de uma
segunda declaração negocial contraposta, mas integralmente
concordante com a primeira (cfr: art. 232º). O contrato assume-se
assim como o resultado de duas ou mais declarações negociais
contrapostas, mas integralmente concordantes entre si, de onde
resultam uma unitária estipulação de efeitos jurídicos.

Consequentemente, os contractos pressupõe sempre uma


proposta e sua aceitação, das quais deve resultar o mútuo
consenso sobre todas as cláusulas sobre as quais uma das partes
julgue necessário o acordo.

Modalidades de contratos
Classificação dos contractos quanto a forma
São formais os contratos em que a declaração negocial só pode ser
exteriorizada por uma determinada forma prevista na lei,
designadamente um documento autêntico (a estrutura pública) ou
particulares. São não formais aqueles contratos em que a
declaração negocial pode ser exteriorizada por qualquer meio,
incluído a oralidade.

Como exemplo de contrato em que é exigida estrutura pública, temos os


contratos de alienação de móveis (cfr: os art. 875º para compra e venda
e 947º, no 1, a doação) e o mútuo, quando superior a 20.000 euros (art.
1143º).

Classificação dos contractos quanto ao modo de formação


Deve ainda distinguir-se, quanto ao seu modo de formação, em
que contratos reais quoad constituionem e contratos consensuais.
Os contratos reais quoad constituionem são aqueles para cuja
celebração se exige a tradição ou entrega da coisa de que são
objectos. Os contractos consensuais são aqueles em que essa
entrega é dispensável.
A questão de despensa da tradição e a consequente
admissibilidade da constituição do contrato como consensual, só
se pode colocar relativamente as situações em que a referência a
tradição aparece apenas na descrição do tipo legal, já que sempre
a lei exige imperativamente a tradição para constituição do
contrato (como acontece no penhoro de coisas, na doação verbal
de coisas móveis e no reporte), parece claro que as partes não
podem dispensar.

Porém a exigência da tradição tem uma clara função útil de não


permitir que a execução do contrato ocorra numa fase posterior a
da declaração negocial, exigindo que a execução do contracto se
manifeste precisamente nessa declaração negocial.

Classificação dos contratos quanto aos efeitos


Contratos obrigacionais e reais
Os contratos obrigacionais reconduzem-se à criação de direitos de
crédito e obrigações, sendo a sua eficácia sobre a esfera jurídica
das partes imediata. Os contratos reais colocam um problema
particular, uma vez que pode suceder que a sua eficácia não seja
imediata. O que se sucede sempre que não esteja preenchido, no
momento de celebração do contrato, os requisitos necessários
para que o contrato de origem a uma situação jurídica da natureza
real.

A transmissão da propriedade continua a realiza-se por efeitos de


contrato, já que, embora não ocorra em nenhum momento a sua
celebração continua a ser consequência directa deste e não de
qualquer outro segundo acto, a partir pelo alienante, que o nosso
sistema dispensa totalmente.

A cláusula de reserva da propriedade


A reserva de propriedade vem referida no art. 409º, podendo ser
definida como a convenção pela qual o alienante reserva para si a
propriedade da coisa, até ao cumprimento total ou parcial das
obrigações da outra parte ou até a verificação de qualquer outro
evento (art. 409º, no 1).
A clausula de reserva de propriedade pode ser celebrada em
relação a quaisquer bens, mas a lei dispões que no caso de bens
imóveis ou móveis sujeitos a registo, só a clausula constante do
registo é oponível a terceiros (art. 409º, n o 2), nos outros casos,
não será por isso exigida qualquer publicidade para se poder opor
a reserva ao terceiro, mesmo que este esteja de boa-fé e tenha
obtido a propriedade por transmissão do adquirente sobre
reserva.

Por acordo entre vendedor e comprador a transmissão da


probidade fique deferida para o momento de pagamento integral
do preço. A função desse acordo não é porem, permitir ao
vendedor a continuação do gozo sobre o bem, uma vez que este é
entregue ao comprado, mas apenas depender o vendedor das
eventuais consequências do incumprimento do comprador, em
caso de venda a prestações, o art. 934º, excluí imperativamente a
impossibilidade de resolução do contracto se o comprador faltar
ao pagamento de uma única prestação e esta não exceder a oitava
parte do preço.

Classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não sinalagmático


Os contratos são denominados sinalagmáticos ou sinalagmáticos
consoante origem obrigações recíprocas para ambas as partes
ficando assim ambas simultaneamente na posição de credores e
devedores, ou na origem desses obrigações.

Muitas vezes essa classificação é referida sobre as expressões


bilaterais e unilateral, mas trata-se de expressões que devem ser
evitadas para não potenciar confusões com a classificação dos
negócios jurídicos em bilaterais e unilaterais.

No exemplo do contrato – promessa unilateral parece-nos clara a


inexistência de sinalagma, pois só uma das partes tem a obrigação
de celebra o contrato definitivo. A situação do beneficiário da
promessa unilateral não corresponde a qualquer obrigação pois
ninguém lhe pode exigir que emita a sua declaração negocial.
É verdade que nessas declarações é necessário para que o
contrato definitivo se forme, mas tal corresponde a mera prática
de um acto necessário ao cumprimento da obrigação pela outra
parte cuja não realização envolve apenas a mora do credor (art.
813º), não desencadeado a aplicação do regime do incumprimento
das obrigações reciprocas.

Por isso que existem a base para distinguir a classificação entre o


contrato mono vinculante e bi vinculantes das classificações entre
contrato sinalagmático e não sinalagmático.

Os contratos sinalagmáticos opõem-se assim aos não


sinalagmáticos. Este pode ser contratos unilaterais em que apenas
umas das partes assume uma obrigação (como na doação
obrigacional ou na fiança) ou contrato bilaterais imperfeitos em
que uma das partes assume uma obrigação, mas a outra apenas
realiza uma prestação em circunstâncias eventuais (como no
mandato ou no deposito gratuito).

A classificação dos contratos entre sinalagmáticos e não


sinalagmáticos reconduz-se assim a existência de obrigações
reciproca para ambas as partes do contrato ou apenas para uma
delas. Um exemplo de contrato sinalagmático é a compra e venda
onde, face (art. 879º b e c), se pode vislumbrar a existência de
obrigações para ambas partes: a obrigação de entre de coisas para
o vendedor e a obrigação de pagamento de preço para o
comprador.

Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos


O contrato diz-se oneroso quando implica atribuições patrimoniais
para apenas uma delas. Certos contratos como o mútuo, o
mandato e o depósito podem ser tanto oneroso como gratuitos.

A classificação entre contrato oneroso e gratuito não se confunde


com a classificação anterior entre contrato sinalagmático e não
sinalagmático. Um contrato pode ser oneroso e não ser
sinalagmático como sucede com mútuo oneroso que, apesar de
implicar atribuições patrimoniais para ambas partes (cedência do
capital e pagamento dos juros) só faz sugerir obrigações para o
mortuário (restituir o capita e juros), efectivamente os contratos
reais quoad constituionem pode ser oneroso.

A qualificação dos contratos entre onerosos e gratuitos. Porém,


colocar problemas especiais no caso de o contrato instituir
relações triangulares uma vez que colocando-se a distinção entre a
onerosidade e gratuitidade em termos de existir ou não contra
partida pela prestação realizada, numa dessas relações essa contra
partida pode existir e na outra quando o contrato institui uma
relação triangular, pode ser simultaneamente oneroso e gratuito.

Os contratos gratuitos diferenciam-se normalmente dos contratos


onerosos em termos de regime pela maior protecção que confere
a parte que realiza a atribuição patrimonial.

Classificação dos contratos entre comutativos e aleatórios


Umas das outras classificações dos contratos distingue entre
contractos comutativos e aleatórios. Estas classificação é restrita
aos contratos oneroso uma vez que toma sempre por base a
possibilidade de existência de duas atribuições patrimoniais. O
contrato diz-se comutativo, quando ambas atribuições
patrimoniais se apresente com certas e diz-se aleatório, quando,
pelo menos uma das atribuições patrimoniais se apresente com
inserta, quer quando a sua existência (an), quer quanto ao seu
conteúdo (quantum).

Contratos nominados e inominados


Contratos típicos e atípicos
O contrato diz-se nominado quando a lei o reconhece com
categoria jurídica através de um nomen iuris. Pelo contrário o
contrato diz-se inominado, quando a lei não o designa através
nomen iuris, não o reconhecendo assim nas suas categorias
contratuais.
A integração de contrato entre as categorias legais opera-se
através da sua qualificação e depende da sua circunstância dos
elementos principais dos contractos correspondem os elementos
principais do tipo legal independentemente de a vontade das
partes irem ou não ao encontro dessa qualificação.

A atipicidade legal pode, porém, ocorrer relativamente a certos


contratos que, apesar de não estarem regulados na lei, são
amplamente conhecidos na prática jurídica, levando pela sua
simples designação as partes identifiquem um regime.

Denomina-se de contracto misto aquele que reu em si regras de


dois contratos totais ou parcialmente típico. Assumindo-se dessa
forma como um contrato atípico, por não corresponder
integralmente a nenhum tipo contratual regulado por lei como,
porém, a sua atipicidade resulta da adopção de regras de dois ou
mais contratos típicos põe-se um problema de conflito entre
regimes aplicáveis, o que justifica à autonomização do contrato
misto.

Contratos múltiplos ou combinados


São aqueles em que as partes estipulam que uma delas deve realizar
prestações correspondentes a dois contratos típicos destintos, enquanto
a outra realiza uma única contraprestação comum. Como exemplo
teríamos a situação de alguém vender um automóvel a outrem e
simultaneamente se comprometer a conduzi-la contra uma única contra
prestação (compra e venda e prestação de serviço).

Contracto em que uma parte se encontra obrigada a uma


prestação típica de certo tipo contractual, enquanto que a contra
parte se encontra obrigada a uma contra prestação oriunda de
outro tipo contratual.

A união do contrato
A união do contrato permite que cada contrato mantenha sua
autonomia, possibilitando a sua individualização em face de
conjunto.

Formas de união de contrato


— União externa
{ — União interna
— União alternativa

União externa - quando a ligação entre diversos contratos


resultam apenas das circunstâncias de serem celebrados ao
mesmo tempo.

União interna – uma relação de dependência já que na altura da


sua celebração uma das partes estabeleceu que não aceitaria
celebrar um dos contratos sem o outro. Essa dependência pode
ser unilateral quando apenas um dos contratos depende do outro,
ou bilateral quando ambos se encontram dependentes entre si.

União alternativa – as partes declaram pretender ou um, ou outro,


consoante ocorrer ou não a verificação de determinada condição.
A verificação da condição implica assim a produção de efeitos de
um dos contratos ao mesmo tempo que exclui a produção de
efeitos de outros.
OS CONTRATOS PRELIMINARES

Generalidade, distinção entre contratos preliminares e contratação mitigada


Os contratos preliminares, aqueles contratos cuja execução
pressupõe a celebração de outros contratos. Na contratação
mitigada a vinculação vai mais longe do que uma obrigação de
contratar, procedendo logo a regulação efectiva dos contratos
futuros.

É manifestamente o que se sucede no acordo-quadro em que as


partes, ao estipularem antecipadamente um enquadramento
comum para toda uma série de contratos futuros, não
estabelecem uma obrigação de contratar, mas antes determinam
logo o contudo de futuros contratos, tornando-se essa estipulação
eficaz logo que o futuro contrato é celebrado, sem necessidade de
qualquer referência ao acordo-quadro.

O contrato-promessa
De acordo com definição prevista no art. 410º, n o 1, o
contratopromessa é convenção pela qual alguém se obriga a
celebrar novo contrato. Uma obrigação de contratar, a qual pode
ser relativa a qualquer outro contrato, (pode, por exemplo o
contrato, definitivo exigir escrituras públicas e não haver
possibilidade de a efectuar imediatamente).

O contrato-promessa pode assim qualificar-se como um contrato


preliminar que tem por objecto a celebração de um outro
contracto, o contrato prometido. Constitui, no entanto, uma
convenção autónoma deste, uma vez que se caracteriza
normalmente por eficácia meramente obrigacional, mesmo que o
contrato definitivo tenha eficácia real.

A lei proíbe a venda a filhos e netos (art. 877 o) naturalmente que


também proibirá a celebração de contratos-promessa entre
ambos, ou se a lei determina um critério supletivo para
determinação do preço na compra e venda (atr. 883 o),
naturalmente que esse critério é também aplicável para
determinação de preço com que se promete vender. O princípio
da equiparação em, no entanto, objecto de duas importantes
excepções (art. 410o, no 1) as disposições relativas a forma:

As disposições que pela sua razão de ser não deva considerar-se


extensiva ao contrato-promessa.

A primeira excepção dela resulta que a fórmula de contrato


promessa não seja necessariamente a mesma do contrato
definitivo, o que permite que ao contrato-promessa seja atribuída
a uma forma menos solene do que a que seria exigida para o
contrato definitivo.

A segunda excepção implica ao afastamento de todas as


disposições ao contracto-prometido, justificada em função da
configuração deste, em que não ser harmonizem com a natureza
do contrato-promessa.

O regime das perturbações da prestação no contrato de compra e


venda não se estende ao contrato-promessa. Daí que, embora a
venda de bens alheios seja nula sempre que o vendedor careça de
legitimidade para a realização (art. 892 o) o contrato-promessa de
venda de bens alheios é valido já que, estando em causa uma
mera obrigação de contratar, não se exige relação
promitentevendedor qualquer requisite de legitimidade.

Modalidade de contrato-promessa
Este contrato classifica-se em contrato-promessa unilateral e
bilateral. Como exemplo de contrato promessa bilateral, teríamos
o caso de alguém prometer vender a outrem determinado imóvel
por certo preço, e esse outrem simultaneamente se comprometer
a compara-lo.

Contrato promessa unilateral, teríamos o caso de alguém se


comprometer da mesma forma a vender o imóvel por certo preço, mas a
outra parte não se comprometer a comprar, ficando livre de o fazer ou
não.

Forma de contrato-promessa
A tese da nulidade total do contrato veio a ser sufragada pelo STJ
numa segunda fase, a partir de 1977, passando então a defenderse
que a forma de contrato-promessa bilateral e que atenta a
natureza sinalagmática deste contrato, a invalidade de uma das
obrigações tem que afectar igualmente a outra, uma vez que o
sinalagma genético não pode ser válido apenas em metade. Não se
justificaria, por isso, ponderar hipóteses de redução ou conversão,
já que a vontade das partes no sentido da sua aplicação teria que
ser inequivocamente demonstrada. Esta tese foi também por
GALVÃO TELLES até 1986, como consequência da sua posição, face
a legislação anterior, de que o próprio contratopromessa unilateral
deveria ser assinado por ambas partes.

O contrato-promessa bilateral que falte uma das assinaturas se


apresenta como totalmente nulo, por falta da forma exigida por
lei. A natureza sinalagmática do contrato-promessa bilateral torná-
lo-ia radicalmente diferente do contrato-promessa unilateral que
não reveste essa natureza.

Em termos consensuais, não se afigura altamente problemática a


qualificação da situação como invalidade parcial, uma vez que,
apesar de se tratar de uma invalidade formal essa é cedível, em
relação as duas partes. Por força do art. 410 o no 2 admite-se que,
no contrato-promessa unilateral, assinatura das partes seja apenas
necessária para constituição da obrigação de contratar, adquirindo
a outra parte o direito a celebração do contracto definitivo sem ter
que assinar o contrato-promessa.

A invalidade não pode ser invocada por terceiros, nem conhecida


oficiosamente pelo tribunal e a omissão destas formalidades não
constituem, por isso, uma verdadeira nulidade, por esse motivo, o
promitente adquirente pode invocar essa invalidade a todo tempo
admitindo-se, porém, que essa invocação possa ser restringida
com base no abuso do direito.

Transmissão dos direitos e obrigações emergentes do contrato-promessa


Os direitos e obrigações emergentes da contracta promessa, que
não sejam exclusivamente pessoais, se transmitem por morte ao
sucessor das partes, ficando a transmissão por acto entre vivos
sujeita as regras gerais. Caso as partes tenham celebrado o
contrato-promessa tomando em consideração especificamente a
pessoa do outro contraente, a própria natureza da relação
impedira a transmissão por morte, ao abrigo do art. 2025 o.
A execução específica
A lei admite a execução específica desta obrigação, que consiste
em o devedor ser substituído no cumprimento obtendo o credor a
satisfação do seu direito por via judicial. Neste caso a execução
específica consistira em o tribunal emitir uma sentença que
produza os mesmos efeitos jurídicos da celebração negocial que
não foi realizada, operando-se assim a constituição do contracto
definitivo.

O não cumprimento da promessa atribui a outra parte do direito a


recorrer a execução específica e também a execução específica
deixa de ser possível a partir do momento uma impossibilidade
definitiva.

A possibilidade da execução específica da obrigação do contratar


não se apresenta como o regime imperativo, pelo que as portes
podem derroga-los através de convenção.

Existem casos em que a execução específica se apresenta como


incompatível com a obrigação assumida por índole específica do
processo de formação do contrato prometido ou a sua natureza
pessoal, não se apresenta como compatível com a sua constituição
por central judicial.

A execução especifica não protegeria adequadamente os interesses do


adquirente, que ficaria sujeito a ver o bem posteriormente executado
para o pagamento da divida ao credor hipotecário, e por esse motivo, a
admite-se que na acção d execução especifica seja simultaneamente
pedida a condenação do promitente faltoso na quantia necessária para
espulgar a hipoteca, assim se conseguindo a sua extensão sem prejuízo
para o beneficiário da promessa.

A hipótese do promitente faltoso pode invocar a excepção do não


cumprimento do contrato, caso em que a acção improcede se ele
não consignar em deposito a sua prestação no prazo que lhe for
fixado pelo tribular.
Articulação com o regime do sinal
Sinal e antecipação do cumprimento
O sinal consiste numa cláusula acessória dos contrato onerosos
mediante a qual uma das partes entrega a outra por ocasião da
celebração do contrato, uma coisa fungível, que pode ter natureza
diversa da obrigação contraída ou a contrair, este sinal, funciona
como fixação das consequências do incumprimento, uma vez que
se a parte que constituo o sinal deixou de cumprir a sua obrigação,
a outra parte tem o direito de fazer sua a coisa entregue. O não
cumprimento partir de quem recebeu o sinal, tem este o devedor
em dobro (art. 442.º no 2., primeira parte.) Caso, se verifique o
cumprimento do contrato, a coisa entregue será imputada na
prestação devida, valendo, como princípio de pagamento ou
restituída, caso essa imputação não seja possível (art. 442º n 1).

Desta norma resulta que a entrega de quantias em dinheiro pelo


promitente-comprador ao promitente-vendedor constituir
presunção da estipulação de sinal por essa via, e isto mesmo que
as quantias entregues ou sejam a título de antecipação ou
princípio de pagamento do preço. A quantia entregue valera como
antecipação do cumprimento de uma obrigação futuro devendo a
quantia entregue ser imputada na prestação devida, apos a
constituição dessa obrigação, ou restituída em singelo quando a
obrigação naos w venha a constituir.

O artigo 402º n 1 refere-se ao regime sinal em geral, indicando o


seu funcionamento em casos de cumprimento da obrigação. O
caso de cumprimento o sinal e imputado na prestação devida,
quando coincida com esta. Se for impossível a imputação, por
coisa entregue não conseguir com a prestação devida deve o sinal
ser restituído. A restituição do sinal em singelo ocorrera
simultaneamente nos casos em que se verifique a impossibilidade
de prestação pelo facto não imputável a qualquer parte.
Efectivamente, e ambas situações as partes deixa de ter causa
justificativa para a conservação do sinal pelo que terá o restituir.

A eficácia real do contrato-promessa


O contrato promessa com eficácia real esta sujeito a uma forma
mais solene, uma vez que exigida escritura publica, a menos que
não seja exigida essa forma para o contrato prometido, caso em
que basta um simples documento particular, que lei exigia que
tivesse reconhecimento de assinatura.

TEMA IX
PACTO DE PREFERÊNCIA
O pacto de encontra-se previsto nos arts. 414º e ss. do código civil,
sendo definido com “a convenção, pela qual alguém assume a
obrigação de dar preferência a outrem na venda de determinada
coisa “. O pacto de preferência constitui, a semelhança do
contrato-promessa, um contrato preliminar de outro contrato.

Porem, ao contrario do que sucede no contrato-promessa, o


obrigado a preferência não se obriga a contratar, mas apenas a
escolher alguém como contraente, no caso de decidir contratar, se
esse alguém lhe oferecer as mesmas condições que consegui
negociar com terceiro.

O pacto de preferência e assim a convenção pela qual alguém assume a


obrigação de escolher outrem como contraente, nas mesmas condições
negociadas com terceiro, no caso de decidir contratar.

Tal como resulta da definição, o pacto de preferência e um


contrato unilateral, uma vez que apenas uma das partes assume
uma obrigação, ficando a outra (o titular da preferência) livre de
exercer ou não o seu Direito.

Forma do pacto de preferência


O pacto de preferência encontra-se sujeito ao mesmo regime do
contrato-promessa. O pacto de preferência consiste num contrato
unilateral, apenas terá que ser assinado pelo obrigado a
preferência. Não se aplica ao pacto de preferência o regime do art.
410 n 3 pelo que esse documento não estará em caso algum
sujeito a mais formalidades.

Os direitos de preferência com eficácia real


Esse Direito esta sujeito as características comuns dos direitos d
crédito, entre quais se inclui a relatividade, pelo que, em princípio,
não se pode ser oposto a terceiros.

A lei admite, porem, que ao Direito de preferência seja atribuída


eficácia real, desde que, respeitando a bens imoveis ou a móveis
sujeitos a registo, as partes explicitamente o estipulem, celebrem
o pacto de preferência por escritura publica ou, quando não seja
exigida essa forma para o contrato prometido, por documento
particular com assinatura do obrigado.

É o caso do comproprietário (ART 1535. Nessa situação, estamos


perante o que se denomina de preferência legais, as quais se
caracterizam por terem sempre eficácia real, permitindo aos que
dela disfrutam exercer o seu Direito de preferência, mesmo
perante o terceiro adquirente.

A lei vem esclarecer essa questão determinando que o Direito


convencional de preferência não prevalece contra os direitos reais
de preferência (art. 422º), o que corresponde a sua solução logica,
uma vez que não faria sentido que as partes através de convenção
tivessem a possibilidade de afectar direitos legalmente atribuídos.

Modalidade de contrato a favor de terceiros


Os contratos a favor de terceiros constituem uma categoria que
abrange várias modalidades, de acordo com as seguintes
classificações:

a) Contratos a favor de terceiros verdadeiros e contratos a favor de


terceiros falsos;
b) Contrato a favor de pessoa determinada e contratos a favor de pessoas
indeterminadas;
c) Contratos a cumprir em vida do promissario e contrato a cumprir depois
da morte do promissario.

O regime normal do contrato a favor de terceiros


A celebração do contracto atribui assim directamente o direito ao
terceiro. No entanto, em homenagem ao principio invito
beneficium nondatur, admite-se que o terceiro possa rejeitar a
promessa, mediante declaração promitente, que a deve comunicar
ao promissário (art. 447o no 1), caso em que se extinguirá o direito
por si adquirido.

A sua função é antes impedir a revogação da promessa, a qual


pode ser efectuada enquanto a adesão não for manifestada (art.
448o, no 1). Em princípio essa revogação compete ao promissário,
mas necessita do acordo do promitente, quando a promessa tenha
sido efectuada n interesse de ambos (art. 448 o, no 2). Mesmo
quando o terceiro manifesta a sua adesão a promessa poderá
ainda ser revogada no caso de só dever ser cumprida após a morte
do promissario, ou em se tratando de liberdade, se se verificarem
os pressupostos da revogação.

A obrigação de preferência
A forma adequada de cumprir a obrigação de preferência é
efectuar uma comunicação para preferência. Por isso, que as
partes sempre optam por fazer estas comunicações por escrito,
como forma de se precaverem para a hipótese de posterior
discussão judicial da questão.

Referir ao projecto de venda e ás cláusulas do respectiva contrato,


parece claro que a comunicação da preferência tem que
estabelecer por referencia a existência de um contrato preferível,
não podendo ser considerada como comunicação para preferência
a emissão de propostas contratuais ou de convites a contratar.

Referir não apenas ao projecto de venda, mas também as cláusulas


do respectiva contrato, a lei esclarece que não basta indicar os
elementos gerais do negócio, mas que terão igualmente que ser
comunicadas todas as estipulações particulares acordadas, que
sejam relevantes para a decisão de exercício da preferência.

Porem, antes a de que o nome do terceiro adquirente, desde que


esteja determinado, tem que ser sempre indicado n comunicação
para preferência, havendo quê mencionar a situação de
indeterminação no caso contrario. Se a comunicação não indicar o
nome do terceiro, não há qualquer hipótese de o titular da
preferência verificar a veracidade das condições comunicadas, não
fazendo qualquer sentido que ele fosse exercer a preferência.

Situação. Pode-se considerar que o titular da preferência não tem


que exercer o seu direito se não comunicação para preferência
não for indicado o nome do terceiro.

Efectuada a comunicação para preferência, conforme se referiu, o


titular tem que exercer o seu direito no prazo de oito dias, salvo
são pacto de preferência o vincular a um prazo mais curto, ou se o
obrigado lhe assinalar.

O direito de preferência só surge se o obrigado tome a decisão de


celebrar o contrato em relação ao qual tenha concedido a
preferência, não havendo incumprimento da obrigação de
preferência se o obrigado celebrar um contrato de natureza
diferente do contrato preferível, mesmo que esse contrato
implique a não celebração por definitivo, Sendo assim, há duas
hipóteses que a lei considerou poder ainda justificar a manutenção
da preferência, que são os casos da união dos contratos e dos
contratos mistos

A violação de obrigação de preferência


A indeminização por incumprimento o em caso de simples eficácia obrigacional
A celebração de contrato com terceiro provoca, assim, o
incumprimento definitivo da obrigação de preferência, o que
implicara que o titular da preferência adquira o direito (art. 798º)
uma indeminização por incumprimento. Se os direitos de crédito
não prevalecerem contra direitos reais, estará vedado ao obrigado
reclamar a coisa do terceiro adquirente.

A acção de preferência em caso de haver eficácia real


O direito de preferência pode gozar de eficácia real, o que
sucedera sempre que se trate de direitos legais de preferência, ou
caso as partes se atribuam essa característica ao pacto de
preferência, cumprindo os requisitos de forma e publicidade para
tal exigidos.

A natureza de obrigação de preferência

A obrigação de preferência corresponderia a uma verdadeira de


contratar, sujeitar simultaneamente a uma condição potestativa a
parte debitoris, a que o devedor tome a decisão ser onde
contratar, e a uma condição potestativa a parte credores, de que o
credor queira exercer a preferência.

A preferência só é violada quando é celebrado um contrato


incompatível com preferência , o que nos leva a preferir aposição
de que constitui uma obrigação de conteúdo negativo.

O conteúdo dos contratos


Contrato a favor de ter – é o contrato em que uma das partes (o
promitente) se compromete perante (o promissório) a efectuar
uma atribuição patrimonial em beneficio de outrem, estranho ao
negocio.

No âmbito de contrato a favor de terceiro verifica-se, por isso, por


desejo do promissório, uma atribuição patrimonial indirecta deste
ao terceiro, que é executada pelo promitente, mas o terceiro não é
interveniente do contrato, embora adquira um direito contra o
promitente, em virtude do compromisso deste para com o
promissario.
O contrato terceiro institui uma situação complexa, que pode ser
dividida em: uma relação de descoberta (ou relação de provisão);
relação de atribuição (ou relação de valuta);

Uma relação de execução;

Modalidades de contrato a favor de terceiro

Essa modalidade de contrato classifica-se em:

Regimes especiais
A promessa de libertação de dívida como contrato falso a favor de terceiro
Mas embora o promitente não assuma uma obrigação perante o
terceiro, para obter o resultado da libertação a esse terceiro
(cumprir a obrigação ou conseguir o seu acordo para satisfação do
crédito por outra via).

Daí que a lei considere que as partes não visaram atribuir ao terceiro
qualquer direito de crédito, mas apenas proceder à exoneração do
promissário, pelo que só o promissário poderá exigir do promitente o
cumprimento da promessa.

As promessas em benefício de pessoas indeterminadas ou interesse público


Uma outra situação que apresenta especialidades em relação ao
regime normal do contrato a favor do terceiro consiste na situação
de a designação do benefício da prestação, não se referir a uma
pessoa ou corresponder mesmo a um interesse público. A
especialidade consiste no facto de se estabelecer uma legitimidade
difusa para a exigência da prestação, a qual pode ser efectuada
não apenas pelo promissório ou seus herdeiros.

A promessa a cumprir depois da morte do promissório


É duvidoso se nestes casos as partes pretendem atribuir ao
terceiro logo um direito de credito sobre promitente, o qual
apenas se vencerá no momento da morte do promissario, ou se,
pelo contrário, pretendem que o direito de crédito apenas se
constitua após a morte do promissário, beneficiando até lá o
terceiro apenas de uma expectativa jurídica. Teoricamente a
diferença entre duas soluções é a da que, na primeira, em casos de
terceiro morrer antes do promissário, os seus herdeiros sucedem
no seu direito sobre o promitente. No segundo caso, essa sucessão
já não se verifica uma vez que o terceiro quando morreu ainda não
era titular de qualquer direito.

O que lei estabelece são duas regras interpretativas: a de que o


direito só é atribuído com a morte do promissário, e a de que o
promissário, e a de que o promissário designa subsidiariamente
como beneficiário os herdeiros do terceiro, no caso de este falecer
antes de adquirir esse direito.

Uma outra característica específica da promessa a cumprir depois


da morte do promissário é o facto de a promessa ser sempre
revogável enquanto o promissário for vivo, independentemente da
aceitação do terceiro.

Contrato para pessoa a nomear


Noção e regime
Não ocorre, por isso, qualquer transmissão entre o nomeante ou
nomeado. Dá-se antes um fenómeno de substituição de
contraente, uma vez que, após a nomeação, o contrataente
nomeado adquire os direitos e assume as obrigações proveniente.
Daí que a lei preveja que, se não for efectuada a nomeação nos
termos legais, o contrato irá produzir os seus efeitos em relação ao
contraente originários (art. 455º, no 2). Admite-se, porém,
estipulação em contrario.

Assim, deve ser feita ao outro contraentre no prazo


convencionado, ou na falta de convenção, dentro de cinco dias, a
contar da celebração do contrato (art. 453º, no 1), e deve ser
acompanhada para ser eficaz de instrumento de ratificação do
contrario ou de procuração anterior à celebração (art. 453º, n o 2).
A nomeação tem como requisito necessário uma atribuição de
poder representativo por parte do nomeado, por forma a garantir
a sua vinculação ao contrato, exigindo a lei para o efeito,
procuração ou ratificação, consoante essa atribuição de poderes
representativos ocorre antes ou após a celebração de contratos
para nomear.

Natureza jurídica
A natureza do contrato para pessoa a nomear é convertida.
Alguma doutrina, no contrato para pessoa nomear existiria um
fenómeno de representação anonima. Para outros, tratar-se-ia de
um contrato a favor de terceiros. A maioria da doutrina, considera
como um contrato celebrado simultaneamente em nome próprio e
em nome alheio, sendo a sua celebração em nome próprio sujeita
a uma condição resolutiva, que a sua celebração em nome alheio
sujeita uma condição suspensiva (eficaz nomeação de terceiro).
Em quanto no contrato a favor de terceiro, o terceiro não é parte
do contrato, no contrato para pessoa a nomear vem a ser se a
nomeação for efectuada eficazmente (art. 455º).

Negócios unilaterais
O problema da eficácia dos negócios unilaterais
A forma privilegiada de constituição de obrigações, com base n
princípio da autonomia privada, consiste na celebração do
contrato, isso leva a uma certa limitação à constituição de
obrigações por negócio unilateral, contra a qual a doutrina o põe
as seguintes objecções:

• A constituição de obrigações por negócio unilateral implicaria a


constituição de um direito de crédito na esfera jurídica alheia sem
o acordo do seu titular, violando-se assim a regra invito beneficiun
non datur.
• Admitir a eficácia dos negócios unilaterais como constitutivos de
obrigações poderia conduzir a criação de vínculos
precipitadamente assumida sem a prévia obtenção do acordo das
partes em relação a elas.

A primeira objecção é facilmente contornável, bastando


consagrar também em relação aos negócios unilaterais a solução
que vigora no contracto a favor de terceiro, em que o terceiro,
embora adquira o direito, pode extingui-lo mediante a
comunicação da sua rejeição.
Enquanto a segunda objecção, ela não pode deixar de proceder.
Considera-se efectivamente pouco adequado que a obrigação,
dado que implica um vínculo entre duas pessoas, se constitua
antes que o futuro credor comunique a sua aceitação de uma
proposta contratual nesse sentido, a qual é normalmente sujeita a
apertados prazos de exigência. Se deveria admitir a constituição de
obrigação por negócio unilateral, por esse motivo, vem o art. 457º
do condigo civil estabelecer um principio da tipicidade dos
negócios unilaterais, estabelecendo que “a promessa unilateral de
uma prestação só obriga nos casos previstos na lei”.

A doutrina maioritária interpreta essa norma como visando


estabelecer uma limitação a celebração dos negócios unilaterais,
instituindo um sistema de numerus clausus, que tem contribuído
para que o negócio unilateral venha a funcionar como “parente
pobre” em comparação com os contratos.

Encontra-se efectivamente consagrada no art. 457º a tipicidade


dos negócios unilaterais enquanto fonte de obrigações o que
significa que, salvo nos casos previstos a lei, a emissão de uma
simples declaração negocial, não é vinculante para o seu autor em
termos de constituição de obrigações exigindo-se antes a
celebração de um contrato.

Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida


A promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida aparece
referida no art. 458º, no 1, que nos refere o seguinte:

• Se alguém, por simples declaração unilateral prometer uma


prestação ou reconhecer uma divida, sem indicação da respectiva
causa, fica o credor dispensado de provar relação fundamental,
cuja existência se presume ate que provem o contrário.

A lei exige, em termos de forma, que a promessa ao


reconhecimento conste de documentos escrito, se outras
formalidades não forem exigidas para a prova da relação
fundamental (art. 458º, no 2) assim a promessa do cumprimento
ou reconhecimento de dívida, embora a sua eficácia seja limitada a
prova da relação fundamental, está, pelo menos, sujeita a forma
escrita, constituindo assim uma prova documental (art. 362º) por
documento particular (art. 373º e ss.), admitindo-se que, no
entanto, que fique sujeita a uma forma superior, designadamente
a escrita pública, caso a lei a exigia para a prova da relação
fundamental, isso trata-se de uma prova por documento
autentico.

A promessa do cumprimento ou reconhecimento de dívida


constituirá por isso, título executivo (art. 45º CPC), permitindo
assim ao credor lançar imediatamente mão da acção executiva
para a cobrança do seu direito.

Promessa pública
É a declaração negocial dirigida ao público, através da qual se promete
uma prestação a quem se encontra em determinada situação ou pratique
certo facto positivo o negativo. A lei determina que essa situação que
implica imediatamente, e sem necessidade de aceitação do beneficiário,
a vinculação do promitente a essa promessa (art. 459º no 1).

A promessa pública é assim em primeiro lugar uma declaração


emitida através de anuncio publico, que poderá revestir formas
variadas abrangendo qualquer meio de comunicação social ou
difusão pública de mensagem.

A extensão da promessa pública pode ocorrer por caducidade ou


revogação em que o promitente fixa um prazo de validade, ou este
é imposto pela natureza ou fim da promessa. A promessa só é
eficaz durante esse prazo, pelo que se o direito não for exercido
nesse período, extinguir-se-á por caducidade.

A promessa não tem um prazo de validade apenas se pode


extinguir por revogação, que só pode ser realizada na forma da
promessa ou em forma equivalente e nunca depois de a situação
referida já se ter verificado ou o facto de ja ter sido praticado.

Concurso publico
O concurso público constitui uma modalidade especial de negócio
unilateral distinta da promessa pública em virtude de oferta da
prestação ocorre como prémio de um concurso, o que justifica que
tenha que ser fixado prazo para a apresentação dos concorrentes
sem o que o negócio não será válido.

Uma vez que constitui um autêntico negócio unilateral o concurso


público não se confunde com os concursos relativos a celebração
do contracto. Nestes, esta em causa um processo de formação de
um contrato, enquanto naquela ocorre antes a constituição de um
negócio unilateral que atribui logo um direito de crédito à
prestação recebida

TEMA X
Fontes das obrigações no princípio de ressarcimen to dos danos
CONTRATO CONTRATO -

PROMETIDO - PROMESSA
e
Civil, pode
ser
classificada Coisas -
em móveis D
o
Documento autêntico
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Imóveis u
rústicos m
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Documento particular n
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o
responsabilidade por culpa, pelo risco ou pelo sacrifício. Na
responsabilidade, por culpa que é a regra geral (Cfr: art. 483º n o 1),
a responsabilização do agente pressupõe um juízo moral da sua
conduta, que leva a efectuar uma censura ao seu comportamento.

Na responsabilidade pelo risco efectua-se a imputação de acordo


com critérios objectivos de distribuição do risco. Já na
responsabilidade pelo sacrifício, também preside de um juízo de
desvalor da conduta do agente, sendo a imputação do dano
baseada numa compensação ao lesado, justificada pelo sacrifício
suportado. Na responsabilidade delitual esta em causa a violação
de deveres genéricos de respeito, de normas gerais destinadas a
protecção de outrem, ou a prática de tatbestand delituais
específicos. Já a responsabilidade obrigacional resulta de um
cumprimento das obrigações. O nosso código tratou
separadamente essa duas categorias de responsabilidade nos art.
483º e ss, 799º e ss.

O prazo de prescrição mais curtos é sujeita aos prazos de


prescrição das obrigações (art. 309º, e ss), é diferente o regime da
responsabilidade por actos de terceiros (art. 500º e 900º).

Em caso de pluralidade de responsáveis na responsabilidade


delitual o regime aplicável é o da solidariedade art. 497º, ao passo
que na responsabilidade obrigacional só acontecerá se esse regime
já vigorar para obrigação incumprida.

As duas irresponsabilidades regem-se por regras de conflito


diferente, pra responsabilidade obrigacional, cfr: art. 3º e ss., da
convenção sobre a lei aplicável as obrigações contratuais.

Tradicionalmente a doutrina distingue a responsabilidade delitual


da obrigacional como tendo não apenas por fonte situações
jurídicas diferentes mas também uma diferente natureza.
Efectivamente, afirma-se que a responsabilidade delitual gera
deveres primários de prestação, e consequentemente, consiste
numa fonte da obrigações uma vez que através dela surge pela
primeira vez uma relação obrigacional legal (cfr: art 483º do código
civil,), pelo contrário a responsabilidade obrigacional não geraria
deveres primários de prestação, mas apenas deveres secundários,
uma vez que teria como pressuposto uma obrigação já existente,
de que o dever de indemnizar se apresentaria como sucedânea,
em caso de incumprimento (cfr: art. 798º), ou como paralelo em
caso de mora. Efectivamente, a obrigação de indemnização em
caso de incumprimento ou mora não se identifica com a obrigação
inicialmente violada, uma vez que apresenta o princípio do
ressarcimento de danos, desta vez resultante da violação do
direito de crédito.

A responsabilidade obrigacional, deve assim ser considerada como


sendo uma fonte das obrigações a semelhança da
responsabilidade delitual e não como uma mera modificação da
obrigação inicialmente constituída. A sua especialidade resulta da
circunstância de a sua fonte ser a frustração ilícita de um direito de
crédito, o qual era primariamente tutelado através da acção de
cumprimento. No entanto, o dever de prestar violado não se
confunde com o dever de indemnizar os originados em
consequência dessa violação tendo antes este uma fonte
autónoma: a responsabilidade obrigacional.

A diferença entre a responsabilidade delitual e obrigacional é que,


enquanto a responsabilidade delitual surge como consequência da
violação dos direitos absolutos, que aparecem assim desligados de
qualquer relação inter-subjectiva previamente existe entre lesante
e lesado, a responsabilidade obrigacional pressupõe a existência
de uma relação inter-subjectiva, que primariamente a atribuía ao
lesado um direito a prestação, surgindo como consequência da
violação de um dever emergente dessa relação específica, por
meio do qual alguém possa exigir de outrem uma prestação, mas a
responsabilidade surge em consequência da violação de deveres
específicos e não apenas de deveres genéricos de respeito, que se
aparentam como contraposto aos direitos absolutos.

A responsabilidade civil por factos ilícitos


O art. 48º vem estabelecer uma clausula geral da responsabilidade
civil subjectiva, fazendo depender a uma constituição da obrigação
de indemnização da existência de uma conduta do agente (factos
voluntários), a qual represente a violação de um dever imposto
pela ordem jurídica (ilicitude), sendo o agente censurável (culpa) a
qual tenha provocado danos, e sejam consequência dessa conduta
(nexo de casualidade) entra facto e o dano.

Surge-nos assim os seguintes pressupostos da responsabilidade civil


subjectiva:

Factos voluntarios do agente;


{ Ilícitude, Culpa, Dano;
Nexo de casualidade entre o facto e o dano

O facto voluntaria do lesante


Esta nunca poderia ser estabelecida sem existir um
comportamento dominável pela vontade, que possa ser imputado
a um ser humano que visto como expressão da conduta de um
sujeito responsável. Não se exige, porém, que o comportamento
do agente seja intencional ou se quer que consista numa actuação,
bastando que exista uma conduta que lhe possa ser imputada em
virtude de estar sob controlo da sua vontade.

Não são por isso factos voluntários, por estarem fora do controle
da vontade do agente, os acontecimentos do mundo exterior
causador de danos. Não envolve, por isso, responsabilidade civil a
situação o agente destruir um vaso de porcelana, precioso, porque
cais sobre ele em consequência de uma síncope cardíaca ou for
submetida a uma a coacção física (vis absoluta) para esse efeito. Se
existir algum domínio da vontade já pode, porém haver
responsabilidade como na hipótese da destruição do vazo tem o
resultado um gesto brusco do agente.

A acção (art. 443º) e a omissão (art. 486º), tratando-se uma acção,


a imputação da conduta ao agente apresenta-se como simples, já
no caso da omissão essa imputação ao agente exige algo a mais,
como a sua oneração com um dever específico de praticar o acto
omitido.
Alguém se obriga a vigiar um doente mental por forma a evitar que
este se suicide, sempre que alguém possuir coisas ou exercer uma
actividade que se apresenta como potencialmente susceptíveis de
causar danos a outrem, tem igualmente o dever de tomar a
providências adequadas a evitar a ocorrência de danos, podendo
responder por omissão se não o fizer. As coisas ou actividades
perigosas que se encontram no âmbito do controlo do sujeito,
delimitam assim um campo específico de imputação, onde a
ocorrência de danos o sujeita a responsabilidade por omissão.

Responsabilidade pre-contractual
Examinar-se-á a questão da culpa na formação do contrato ou
responsabilidade contratual. Antes da celebração do contrato, as
partes não adquiriam qualquer direito, uma vez que não se tinha
verificado um válido exercício da autonomia privada. Assim, o
facto de terem iniciado negociações, ou mesmo a emissão de
declarações negociais não poderia nunca conduzir a uma situação
de responsabilidade, no caso de o contrato não se vir a concluir, o
que só ocorre quando é obtido o mútuo consenso sobre todas as
cláusulas art. 232º.

O autor qualificou essa situação como a da culpa na formação dos


contratos, designando pela expressão latina culpa in contrahendo.

A doutrina da culpa in contrahendo tem vindo a partir daí a ser


recebida nos diversos ordenamentos continentais, que a nível
jurisprudencial, quer a nível legislativo.

Actualmente a doutrina da culpa in contrahendo torna-se


imprescindível uma vez que a evolução da sociedade cada vez mais
complexo o processo de formação do contrato, levando a
existência de conversações múltiplas, envio de cartas de intensão,
elaboração de acordos de principio e omissão de declarações
negociais sob reserva. Ora, esta complexidade da formação dos
contratos vai criando sucessivas situações de confiança nas partes,
que seria inaceitável, que não viessem a ser juridicamente
protegidas através da responsabilidade civil. É essa a função da
responsabilidade pré-contratual, consagrada no artigo 227º com a
seguinte formulação:

1. Quem negocia com outrem para conclusão de um contrato deve,


tanto nos preliminares como na formação dele, proceder segundo
as regras da boa-fé sob pena de responder sob danos que
culposamente causar a outra parte.
2. A responsabilidade prescreve nos termos do artigo 498º.

Responsabilidade pelo risco


O risco consiste num outro título de imputação de danos que se
basea na delimitação uma certa esfera de riscos pela qual deve
responder outrem e não o lesado. De acordo com a concepção do
risco criado cada pessoa que cria uma situação de perigo deve
responder pelos riscos que resultam dessa situação.

O nosso direito vem adoptar uma concepção restritiva da


responsabilidade pelo risco, consagrando taxativamente a sua
admissibilidade apenas nos casos previstos na lei (art. 483º n o 2),
são considerados como situações de responsabilidade pelo risco a
actuação de pessoa em proveito alheio (art. 500º e 501º) e a
utilização de coisas perigosas como animais (art. 502º), veículos
(art. 50º e ss) e instalações de energia eléctrica e gás (art. 509º e
ss), havendo ainda a considerar outras situações constantes dos
diplomas especiais. Face ao disposto no artigo (art. 483º n o), não é,
no entanto, proceder a aplicação analógica das disposições
respeitantes a responsabilidade pelo risco.

A responsabilidade comitente
No art. 500º a lei vem estabelecer a situação da responsabilidade
do comitente, referindo no 1, que “aquele que encarregar outrem
de qualquer comissão responde, independentemente de culpa
pelos que o comissário causar, desde que sobre este recaia
também a obrigação de indemnizar”. O n o 2 estabelece, no
entanto, que “a responsabilidade do comitente existe se facto
danoso for praticado pelo comissário, ainda que intencionalmente
ou contra as instruções daquele no exercício da função que lhe
estava confiada”.

A responsabilidade do comitente é uma responsabilidade


objectiva, pelo que não depende de culpa sua na escolha do
comissário, na sua vigilância ou nas instruções que lhe deu. No
entanto, essa responsabilidade objectiva apenas funciona na
relação com o lesado (relação externa), já que posteriormente o
comitente terá na relação com o comissário (relação interna) o
direito a exigir a restituição de tudo quanto pagou ao lesado, salvo
se ele próprio tiver culpa. Pode-se, por isso, dizer que esta
responsabilidade tem por função especifica a garantia de
pagamento da indemnização lesado, dada a circunstancia de os
comissários serem pessoas normalmente desprovida de
património susceptível de suportar o pagamento de elevada
indemnizações e, actuando eles no interesse e por conta do
comitente, deve caber a este garantir ao lesado a indemnização.

Pressuposto da responsabilidade pelo risco


O art. 503º, no 1, estabelece que “aquele que tem a direcção
efectiva de qualquer veículo de circulação terrestre e a utilizar o
seu próprio interesse, ainda que por intermédio de comissário,
responde pelos danos proveniente dos riscos próprios do veículo,
mesmo que este não se encontre em circulação”. Temos assim
uma responsabilidade objectiva do utilizador do veículo, limitadas
aos riscos próprias do veículo.

Antes de tudo a responsabilidade pelo risco recai sobre aquele que


tiver a direcção efectiva do veículo de circulação terrestre e o
utilizar no seu próprio interesse, ainda que por intermédio de
comissário.
A expressão “direcção efectiva do veículo” significa ter um poder
de facto, ou exercer controlo sobre o veículo, independente da
titularidade ou não de algum direito sobre o mesmo. Assim, terão
a direcção efectiva do veículo não apenas os seus detentores
legítimos, como o proprietário, usufrutuário, locatário e
comodatário, mas também os detentores ilegítimos, com ladrão
que procede ao roubo, furto, ou furto de uso do veículo. Pelo
contrário sempre que falte esse poder de facto, excluir-se-á a
direcção efectiva como no caso do proprietário a quem o veículo
foi furtado, o cliente do serviço do táxi ou o aluno durante as aulas
de condução. Apesar de se tratar de um caso de responsabilidade
objectiva, a lei parece vir exigir a imputabilidade do agente nos
termos do art. 503º, no 2, por considerar que os inimputáveis, não
estão em condições poderes de facto sobre o veículo.

Casos de exclusão da responsabilidade


Conforme o resulta do art. 505o, para além de se manter a
aplicação do regime da culpa do lesado (art. 570 o), a
responsabilidade pelo risco é excluída sempre que o acidente seja
“imputável ao próprio lesado, ou, terceiro ou quando resulte de
causa de força maior estranha ao funcionamento do veículo”.
Haverá que procurar delimitar estes casos da responsabilidade
pelo risco, é excluída sempre que o acidente seja imputável ao
próprio lesado. Não significa nesta caso que seja exigível a culpa
do lesado, sendo porém, necessário que a sua conduta tenha sido
a única causa do dano. Assim os comportamentos automáticos
ditados por medo ou é invisível, serão também determinantes da
exclusão da responsabilidade pelo risco, uma vez que nesse caso o
acidente deixa de se poder considerar como um risco próprio do
veículo e passa a ser devido exclusivamente a outros factores.

Se o lesado tiver actuado sem culpa, parece que a


responsabilidade pelo risco (ou culpa) do condutor do veículo não
é excluída verifica-se a culpa concorrente do lesado com a culpa
do condutor aplicar-se-ia o regime do art. 570 o. Não se
demostrando a culpa do condutor a culpa do lesado concorrer com
o risco próprio do veículo. Parece que nesse caso será excluída à
responsabilidade do condutor do veículo. Não só porque aponta
nesse sentido, a redenção do abrange do art. 505 o mas também do
art. 570o no 2, a culpa do lesado excluí o dever de indemnizar em
caso de culpa resumida.
A responsabilidade pelo risco do condutor do veículo, é excluída
podendo o terceiro responder que a título de culpa pessoal, quer a
outro título (como no caso de terceiro deixar escapar uma animal
que utiliza no seu próprio interesse). Finalmente, a
responsabilidade pelo risco será excluída sempre que o acidente
resulte de causa de força maior estranha ao funcionamento do
veículo. Por causa da foça maior, entende-se aqui o acontecimento
imprevisível cuja as consequências não podem ser evitadas,
exigindo-se, porém, que esse acontecimento seja exterior ao
funcionamento do veículo. Assim, circunstâncias relativas ao
funcionamento do veículo, ainda que provocadas por um factor
externo como a derrapagem o rebentamento de pneus e quebra
da direcção ou incêndio por curto-circuito do motor excluem a
responsabilidade de risco.

Benefício da responsabilidade
Relativamente aos beneficiários da responsabilidade pelo risco, a
lei vêm esclarecer que esta tanto aproveita a terceiros, como às
pessoas transportadas abrangendo assim tanto os que se
encontravam for a do veículo como dentro dele. No caso do
transporte por virtude de contrato, no entanto a responsabilidade
só abrange os danos que atinja a própria pessoa e as coisas podem
ser transportadas sedo por isso excluído da responsabilidade
objectiva os danos em coisas não transportadas com a pessoa e os
danos reflexos sofridos pelas pessoas referidas nos arts. 495 o nos 2
e 3, 496o no 2 no caso de transporte gratuito a responsabilidade
apenas abrange os danos pessoais da pessoa transportada sendo,
portanto, nesse caso ainda excluído os danos nas coisas
transportadas com a pessoa. A lei vem ainda referir no art. 504 o no
4 que são nulas as clausulas que excluem ou limitem a
responsabilidade do transportador pelos acidente que atinge a
pessoa transportada o que a contrario parece permitir que no
contrato as partes excluam ou limitem a responsabilidade do
transportador pelos dados que atingem as coisas transportadas.

Responsabilidade pelo sacrifício


Verifica-se a responsabilidade pelo sacrifício sempre que a lei
preveja o Direito à indemnização a quem viu os seu direitos
sacrificados em resultado de uma actuação lícita destinada a fazer
prevalecer um Direito ou um interesse de valor superior. O caso
mais importante em que a lei prevê uma responsabilidade pelo
sacrifício ocorre no estado de necessidade (339 o no 2), em que
conforme se referiu é justificada a conduta do agente que sacrífica
bens patrimoniais alheios para evitar um perigo actual de um dano
manifestamente superior, quer do agente quer do terceiro. Nesse
caso, a lei impõe imperativamente que o agente deva indemnizar o
prejuízo causado se o dano for provocado por sua culpa exclusive.

Nos outros casos, admite-se, mais apenas como possibilidade que


o tribunal conceda uma indemnização equitativa, condenando
nela não só o agente como todos os que tirarem proveito do actor
ou contribuíram para o estado de necessidade assim conhecido o
exemplo de alguém, para salvar uma pessoa cuja as roupas se
encontram a arder, apagar o fogo com um casaco de peles que
tem à mão, o agente será necessário e exclusivamente responsável
se tiver sido ele a provocar o sinistro.

Naturalmente que o direito geral de personalidade tem valor


superior ao de um simples Direito de crédito, o que torna lícito o
sacrifício desse último, mas esse sacrifício deve ser compensado
com uma indemnização, sob pena de se porém m causa a eficácia
vinculativa desse negócio.

Obrigação de indemnização
A obrigação de indemnização e tratada nos art. 562o e ss., como
uma modalidade das obrigação. Efectivamente ela constituí uma
categórica autónoma de obrigações em virtudes de possuir uma
fonte específica (a imputação de um dano a outrem), ter conteúdo
próprio (prestação de equivalente ao dano sofrido) e um particular
interesse do credor, a eliminação do dano que sofreu.

A exigência da indemnização não implica uma determinação


exacta do montante dos danos antes da propositura da acção,
podendo enta ela ser proposta sem essa indicação e
inclusivamente no decurso de ser exigido um aumento da
indemnização se o processo vier a revelar danos superiores aos
inicialmente previstos, mas também o próprio tribunal não
necessita de determinar o valor exacto dos danos, para atribuir
indemnização podendo esta ser estabelecida equitativamente,
dentro dos limites que se tiverem como provados, caso não seja
possível determinar logo o montante dos danos poderá afixação
da indemnização ser remetida para execução da sentença
admitindo-se ainda nesse caso que o tribunal condene logo o
devedor dentro do quantidade que considera já provado.

TEMA XI: Enriquecimento Sem Causa

Enriquecimento
Definição
Relativamente ao conceito de enriquecimento referido no art. 473 o
no 1, do código civil, este deve ser entendido no sentido de
vantagem de carácter patrimonial, excluindo-se assim do âmbito
deste instituto as vantagens obtidas à custa de outrem, que não
sejam susceptíveis de avaliação pecuniária, como sucessões com
os benefícios de cariz espiritual o moral.

O enriquecimento sem causa como fonte das obrigações


A proibição do enriquecimento injustificado constitui um dos
princípios constitutivos do nosso Direito Civil, com base nele,
pedem-se justificar inúmeros institutos, como o cumprimento dos
contratos, a garantia contra os vícios da coisa, a resolução por
incumprimento, a alteração das circunstancias, e excepção de não
cumprimento do contrato.

Esse princípio vem a ser consagrado no art. 473 o, no 1 do Código


Civil, que dispõe que “aquele que, sem causa justificativa,
enriquece à custa de outrem é obrigado a restituir aquilo com que
injustamente se locupletou”. O exercício da acção de
enriquecimento sempre que alguém obtenha um enriquecimento,
à custa de outrem, sem causa justificativa.

Assim sempre que se verificasse a reunião de todos estes


pressupostos, seria possível interpor uma acção a exigir a
restituição do enriquecimento sem causa. O problema, no entanto,
é que esses pressupostos são tão amplos e genéricos, o nosso
legislador decidiu consagrar expressamente no art. 474 o, a
denominada subsidiariedade do instituto do enriquecimento sem
causa, determinando que “não há lugar à restituição por
enriquecimento, quando a lei efectuar ao empobrecido outro meio
de ser indemnizado ou restituído, negar o Direito à restituição ou
atribuir outros efeitos ao enriquecimento”. Esta norma pretende
estabelecer que a acção de enriquecimento seja último recurso a
utilize pelo empobrecido, vedada a sua utilização no caso de
possuir outro fundamento para uma acção de restituição, ou
quando a lei atribui outros efeitos ao enriquecimento sem causa.
Também é manifesto que a acção de enriquecimento poderá
concorrer com a responsabilidade civil.

Exercício

1. O que é um contrato promessa?


2. Até que ponto a lei permite que as partes tenham faculdade de fixar
livremente o contudo dos contratos?
3. O que entende por sinal num contrato promessa de compra e venda?
Bibliografia

Cfr. MANUEL DE ANDRE, Obrigações, p. 3 e ANTONIO MENEZES


CORDEIRO, Tratado de direito civil português, I – Parte Geral,
tomo 1, 3º ed., Coimbra, Almeida, 1987, pp. 357-358.

Cfr. MENEZES CORDEIRO, Obrigação, 1º pp. 253 e ss. E 305 e ss.

Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss.

Cfr. MENEZES CORDEIRO, Tratado, I-1, pp. 43 e ss.

Cfr. OLIVEIRA ASCESSÃO, Direito Civil, Teoria Geral, I – Introdução.


As Pessoas. Os bens, 2ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2000, pp
12-13.

Cfr. ANTONIO MENEZES CORDEIRO, Obrigações, 1º, p. 17.

Cfr.GERNHUBER, Das Schuldverhaltnis(Begrendung und Anderung,


Pflichten und Strukturen, Drittwirkungen), Tubingen, Mohr, 1989,
pp. 3 e ss.

Fundamento desta solução é princípio invicto beneficium non


datur, que impede que alguém seja credor de outrem sem a sua
concordância. Há, porém excepções, como as dos arts. 459º e
463º.

José António Filipe Garcez – Apontamentos sem


cogitoergos.sun3.no.sapo.pt

Almeida. Carlos Ferreira, os direitos dos consumidores, Coimbra

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