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Os Primórdios
Platão
Para ele, o Estado tem sua origem pelo fato de o Homem não ser auto-
suficiente, isto é, ninguém pode bastar-se a si mesmo. Nenhum homem pode
ser ao mesmo tempo carpinteiro, pedreiro, médico, professor, técnico de frio
sozinho e ao mesmo tempo. Cada um na sociedade precisa do outro para
sobreviver.
Portanto, para ele, existiam três almas na sociedade de acordo com o talento
de cada um: Alma de bronze; alma de prata; alma de ouro.
Dessa forma o seu ponto de vista não é utópico, com sonhos e planos
imaginários sobre como as coisas deveriam ser. Ele começa onde começa
para ele a vida política, na ordem natural da vida humana.
Importante:
Política de Aristóteles
O Estado tem origem e caráter natural, não pactual ou artificial:
O Estado é o fim para o qual tende o homem, pois o Estado deriva da célula
familiar;
O homem é animal social e político (exercício da cidadania): busca o bem
comum, não só o individual;
Santo Agostinho
Quando se pensa no pensamento político de Agostinho de Hipona (354–430),
pensa-se na obra: A Cidade de Deus.
A concepção agostiniana da história explica-se com a relação entre duas
Cidades, que derivam de dois "amores" contrapostos: o amor de si (cupiditas),
que é princípio do mal e o amor de Deus (charitas), que é princípio do bem.
O mal é amor a si mesmo (soberba), e o bem é amor a Deus. Isso vale tanto
para o homem como individuo quanto para o homem que vive em comunidade
com os outros.
O conjunto dos homens que amam a Deus forma a Cidade celeste e, ao
contrário, o conjunto dos homens que amam a si mesmos ou ao mundo forma
a Cidade terrena.
Tanto o cidadão da Cidade celeste como o da Cidade terrena ocupam a Terra,
mas o primeiro a ocupa como peregrino, enquanto o segundo como um
dominador. Assim, Santo Agostinho fala de duas cidades e estas partilham
entre si a humanidade.
Santo Agostinho diz que as duas cidades existiram sempre lado a lado desde a
origem dos tempos: Uma tem Caim e outra tem Abel como fundador.
As duas Cidades têm um correspondente no céu, mais precisamente nas
fileiras dos anjos rebeldes e dos que permaneceram fiéis a Deus.
Nesta terra, o cidadão da Cidade terrena parece ser o dominador, enquanto o
cidadão da Cidade celeste é peregrino. Mas o primeiro está destinado a eterna
danação, enquanto o segundo está destinado eterna salvação.
Uma terrena com os seus poderes políticos, a sua moral, a sua história, as
suas exigências (Cidade terrena). A outra, a Cidade Celeste, simboliza os
cristãos participando do ideal divino. As duas cidades permanecerão até ao fim
dos tempos.
A cidade terrena é onde se encontra o Estado, nesta terra onde reina todo o
tipo de males. Na cidade de Deus, reina a paz, o amor, a felicidade. E a
humanidade encontra-se na cidade terrena.
Como construir um Estado de direito na cidade terrena? Santo Agostinho diz
que como nunca existiu, também nunca existirá, a exemplo dos reinos antigos
em que nunca houve Estado de direito.
Compreendendo a distinção que Santo Agostinho faz das duas cidades,
podemos agora adentrar no seu pensamento quanto à atividade política:
Para ele é algo fundamental, para que haja na sociedade a tranquilidade e a
ordem. Através do exercício correto do poder, os governantes poderão prestar
a todos um excelente serviço voltado para o bem comum.
Contudo, a função política para Santo Agostinho não deve se limitar a resolver
apenas problemas de cunho material.
Como o ser humano é um todo, ela deve se esforçar para proporcionar aos
cidadãos da pátria terrena condições para a prática do culto ao Deus
verdadeiro. Do contrário nunca atingirá com autenticidade a concórdia social.
Uma instituição exercida por homens marcados pelo pecado, a política para ser
vivida com autenticidade e justiça, necessita da graça de Cristo. Enfatiza que
só haverá convivência justa nas organizações sociais quando Cristo for o
alicerce e o centro, inspirando e ao mesmo tempo dirigindo as ações humanas.
Sem esta preocupação, é impossível que se concretize o bem comum, pois os
objetivos particulares dos dirigentes políticos prevalecem sempre sobre os
interesses da coletividade, ocasionando as injustiças sociais, violência, as
revoltas populares etc.
Santo Agostinho em nenhum momento deixa de lembrar a soberania que Deus
tem sobre o mundo e o homem. Quando este último reconhece e passa viver
sob o Senhorio do seu Criador, as iniciativas humanas, dentre estas a política,
atingirão seu fim nesta Cidade Terrestre e contribuirão para a felicidade dos
cidadãos aqui e agora, preparando-os para a felicidade completa na Cidade
Celeste.
Agostinho, delineia um caminho teológico para aqueles que se sentem
chamados para exercer cargos de governo, para ele, devem fazê-lo com a
mente e o coração voltados para a eternidade, ou pátria celeste, pois no dizer
de Santo Agostinho eles foram criados e constituídos por Deus. Contudo,
poderão voltar-se contra Deus, o bem Supremo, quando se deixam vencer
pelas paixões desordenadas, passam a buscar sua própria glória e não a do
Criador. Aqui está precisamente a origem do desvirtuamento da função política,
por conseguinte da arte de governar ocasionando daí a idolatria do poder, a
sede de dominar e de massacrar seus semelhantes, o perigo de governar a
sociedade não buscando o bem comum dos cidadãos, mas o proveito pessoal.
As organizações políticas só terão êxito quando seus membros se
conscientizarem que o bem da coletividade deve sempre prevalecer sobre
interesses de grupos particulares que monopolizam a função política
colocando-a apenas em vistas do bem particular.
Os cidadãos devem se sentir amparados por leis e sistemas de governo que
garantam uma vida social digna, com melhores condições de crescimento
humano e espiritual, visando pleno desenvolvimento de todas as dimensões do
ser humano.
A política conseguirá executar seu papel no seio da sociedade, ainda que não
consiga e nem seja sua função tornar este mundo um paraíso se ancorar seus
projetos sobre Deus Bem Absoluto. Para o bispo de Hipona, o exercício de
dominar que significa servir na linguagem cristã só triunfará quando tiver por
origem e fundamento o amor desinteressado.
Idade Moderna
Nos últimos séculos da Idade Média (Baixa Idade Média), porém, o humanismo
passa a exercer um maior destaque e posteriormente evolui para um
antropocentrismo: o homem como o centro das reflexões, substituindo
paulatinamente o teocentrismo. O homem (ser humano) passou a reconquistar
seu espaço na filosofia, que havia sido deixada para trás: lá com os gregos. Os
pensadores medievais haviam substituído o homem, como parte central de
suas reflexões, por Deus – nas artes e nas ciências, assim como na política.
Esta recolocação do homem como centro do pensamento marca o advento do
Renascimento Cultural; o pensamento político ganhou novos contornos e
perspectivas com o início da Idade Moderna.
Nicolau Maquiavel
Introdução
Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi diplomata e historiador italiano, é
considerado o fundador da ciência política, porque descreveu a política
como efetivamente era na realidade, e não como deveria ser de acordo com os
critérios da moral cristã. Apesar da aparente rispidez de suas teorias, o pensador
é considerado referência em teoria política até hoje.
Maquiavel defende uma separação entre ética e política. Na visão de
Maquiavel, a teoria política funciona como um suporte à manutenção do
governo por parte do governante em seu livro O Príncipe.
Escrita em 1513 e publicada em 1531 marca o início de uma nova época na
filosofia política, ignorando o cristianismo: a pesquisa política se destaca do
pensamento especulativo, ético e religioso.
A política é para a política! Mas sua visão está toda marcada pelo
pessimismo antropológico. Maquiavel foi o primeiro pensador a romper com a
visão idealista sobre política.
Ele enxergava o organismo político como ele é e não como deveria ser.
Deste posicionamento que surgiu a frase “Os fins justificam os meios”.
Embora ela não tenha sido escrita por Maquiavel, define bem o que ele
pensava sobre fazer política. Ele argumenta em sua obra que o sucesso
de uma ação é bem mais importante do que o caminho tomado para
chegar a ela.
Realismo Político
No que se refere ao realismo político, discute o princípio de que é necessário
se ater a "verdade efetiva das coisas", sem se perder na busca de como as
coisas "deveriam" ser; trata-se, em suma, da separação entre "ser" e "dever
ser".
Maquiavel, portanto, chega às seguintes conclusões:
" Aquele que deixa aquilo que se faz, por aquilo que se deveria
fazer, aprende antes a trabalhar em prol da própria ruína, do que de
sua conservação, porque um homem, que queira em todo lugar parecer
bom, atrai ruína. Daí é necessário, que um príncipe, desejoso de
conservar-se, aprenda os meios de poder não ser bom, e a fazer ou
não uso disso, conforme as necessidades"
Maquiavel chega a dizer que o soberano pode se encontrar em situação de ter
de aplicar métodos extremamente cruéis e desumanos. Quando são
necessários remédios extremos para males extremos, ele deve adotar tais
remédios extremos de forma a evitar o meio termo, que é o caminho do
compromisso, que de nada serve; ao contrário, é sempre e somente de
extremo dano.
Segundo Maquiavel, em si mesmo, o homem não é bom nem mau, mas, de
fato, tende a ser mau.
O ser humano é sempre guiado por seus interesses pessoais e é, por natureza,
um ser ingrato, volúvel, egoísta, vingativo, covarde, traiçoeiro,
independentemente da época e modelo social no qual está inserido.
O político não deve confiar no aspecto positivo do homem (pessimismo), e sim
constatar seu aspecto negativo e agir em consequência disso.
Assim, não hesitar em ser temido e a tomar as medidas necessárias para
tornar-se temível. O ideal para um príncipe seria o de ser ao mesmo tempo
amado e temido. Mas essas duas coisas são muito difíceis de serem
conciliadas e, assim, o príncipe deve fazer a escolha mais funcional para o
governo eficaz do Estado.
O Poder
Com Maquiavel, o pensamento sobre o poder, passa do governo para o
governante, então a relação do governante com seu povo se torna mais
importante do que a forma-de-governo. Do ponto de vista do governante, o
que é preciso fazer para permanecer no poder é o que está exposto na obra
O Príncipe.
Para Maquiavel, o líder político deveria ser uma espécie de estadista
estratégico e populista, procurando sempre o apoio político por parte do
povo.
Características para conseguir o Poder:
• Integridade;
• Misericórdia;
• Humanidade;
• Sinceridade;
• Religião.
Maquiavel dizia que o príncipe, não precisava de fato ter todas as qualidades,
mas deveria se esforçar ao máximo para “parecer tê-las, devia “disfarçar bem”
sua natureza mais “animal” e ser um “grande simulador e dissimulador”.
Além das qualidades, um bom líder deve se ater a duas constantes: virtude e
sorte
A virtude, nada tem a ver com a "virtude" em sentido cristão, está relacionada
à competência, força, vontade, habilidade, astucia, capacidade de dominar a
situação, conhecimento e a busca da excelência em tudo que está ao seu
alcance como representante do povo.
I - Maquiavel diz que o príncipe que adquire o poder com a ajuda dos ricos
sofre mais para mantê-lo, do que aquele que o adquire com a ajuda do povo.
“Os primeiros estão sempre cercados de indivíduos que têm consciência de
sua força e se entendem como iguais ao governante.” Daí a dificuldade em
impor seu método de governo.
Por outro lado, se o príncipe se apoia no povo, seu percentual de
desaprovação será mínimo. Ele precisa procurar meios pelos quais o povo se
torne dependente do governo e o seja fiel, pois nos momentos de
adversidade eles o ajudarão a manter-se no poder.
V - Deve praticar o bem aos poucos, para sempre ser lembrado pelo povo de
forma positiva. Se for preciso praticar o mal, é preciso que o faça de uma só
vez, de forma que o povo traumatize-se e logo esqueça este ato.
O Estado deve ser laico, ou seja, a Igreja não deve influenciar as ações do
governo.
Rousseau, afirma que “Maquiavel, fingindo dar lições aos reis, deu-as ele,
e grandes, aos povos”. Permitiu, com esta leitura, que a sociedade
identificasse as estratégias utilizadas pelos príncipes para delas se
defender e tirar proveito.
A ética cristã ordena que seja praticada sempre a conduta mais correta,
benigna para o povo, mesmo que o governante se prejudique no poder. O
governante deve ser sempre bom para que após sua morte sua alma seja
salva. É a ética medieval, promovida pela Igreja e ainda em auge na época de
Maquiavel.
Já a ética política, defendida por Maquiavel, sugere que para ser um bom
governante às vezes o mau deve ser a medida a ser tomada para que a
cidade seja salva. O príncipe deve ser bom, mas em certas ocasiões deve usar
‘máscara’, mentir, ser mau quando necessário, para posteriormente obter
sucesso e o respeito do povo. Brota neste contexto a ideia atribuída ao autor
‘os fins justificam os meios’.
Para a ética cristã essa atitude desrespeita o bom senso e qualquer regra de
conduta humana e religiosa. Já para a ética política foi uma atitude boa porque
necessária, uma crueldade bem usada, pois se evitou uma futura guerra civil
em que muito mais pessoas morreriam. O homem assassinado por Bórgia
assombrava a população e esta começava a se rebelar contra César Bórgia.
O maior dever do príncipe é manter o governo, mesmo que para isso seja
necessário contrariar a fé, a religião, as regras morais. Para obter êxito em
seu governo, o príncipe deve sempre que possível ser bom, porém mau
quando necessário. As circunstâncias para Maquiavel justificam
determinadas ações. O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, religioso, basta
que aparente possuir tais qualidades.
O agir com maldade na época maquiaveliana, era agir com uma violência
armada. Hoje, em outro cenário, o agir com maldade encarna-se na corrupção,
no descaso, no afastamento da sociedade que elegeu o governante.
Os Contratualistas
Entre os séculos XVI ao XVIII, surgiram correntes filosóficas que refletiam
sobre política e sobre a origem e finalidade do Estado. Buscavam compreender
como provavelmente se deu a criação do Estado, como a sociedade se
comportava antes dele e quando os indivíduos sentiram necessidade de
criar o Estado. .
Alguns filósofos defenderam que o Estado havia sido criado por meio de um
suposto “contrato social”. Esta corrente filosófica passou a ser denominada de
Contratualistas. Entre os Contratualistas mais famosos, estão Thomas Hobbes,
John Locke e Jean-Jacques Rousseau, este último também ficou conhecido
como um dos maiores expoentes do Iluminismo; embora também tenha
refletido sobre o contrato social. Mesmo pertencendo a uma mesma corrente
filosófica e tendo algo que os liga entre si, como é o caso de acreditarem que a
origem do Estado se deu através de um contrato social, esses três filósofos
Contratualistas divergiam, ao compreenderem de forma distinta os motivos que
levaram os indivíduos a firmarem um contrato social, bem como divergiam
sobre o exercício de poder e a finalidade do Estado.
Para eles, a sociedade política é uma forma de associação, diferente das quais
homens estão desde sempre inseridos de maneira espontânea ou irrefletida
(como a família, por exemplo). Trata-se de uma comunidade em que os
homens resolvem instituir voluntariamente.
A partir dessa noção que existe uma associação natural e espontânea (Estado
de Natureza), e associação artificial firmada em um contrato (Estado Civil),
que que será o ponto central no Contratualismo.
Os contratualistas irão analisar o que aconteceu no Estado de Natureza, que
motivou as pessoas a instituírem através de um contrato o Estado Civil.
A tese contratualista implica que a política se funda sobre uma relação
jurídica (contrato), pela qual as partes contratantes estabelecem direitos e
deveres recíprocos.
O pressuposto comum é o de que o poder político, para que seja legítimo,
possa ser pensado como se tivesse sido instituído por um ato contratual,
mesmo que efetivamente talvez não tenha sido, e é justamente o pressuposto,
que alicerça o Contratualismo.
Ao assumir isso, para os contratualistas, o poder só é propriamente político,
se puder ser legitimado pelo contrato, se puder ser pensado como se tivesse
sido instituído por ele.
Isso não quer dizer que esta condição fosse de forma alguma, perfeita. Afinal,
as pessoas transgrediriam os direitos umas das outras, resultando em
conflito. No estado de natureza, portanto, se os direitos de alguém fossem
violados, seria perfeitamente permissível usar a violência em legítima
defesa, como afirma Locke.
Assim, todos seríamos nosso próprio juiz, júri e carrasco; teríamos o
direito de decretar a lei da natureza, punindo outras pessoas quando elas
infringissem nossos direitos.
Se o homem pode produzir o que precisa, então não há por que brigar com
outros homens, logo, a natureza humana é pacífica. Contudo, eventualmente
surgem conflitos.
Nessa situação, vence o mais forte, não o mais justo, por isso o homem forma
a sociedade por meio de um contrato, para que a justiça tenha mais força do
que a injustiça. O Estado é assim formado para regular conflitos, equilibrar as
forças e proteger os bens de cada um.
Propriedade
Locke acreditava que Deus havia dado a terra para toda a humanidade. Isso
leva a uma questão paradoxal: se todos possuem tudo, como alguém possui
alguma coisa?
Locke queria enfatizar que as pessoas podem possuir coisas privadas sem o
consentimento universal de todos.
Em vez disso, ele acreditava que “todo homem tem uma propriedade em sua
própria pessoa”, a qual “nenhum corpo tem direito a não ser ele mesmo”.
Cada pessoa possui seu próprio corpo e, portanto, cada pessoa possui seu
próprio trabalho, que é o resultado natural de usar seu corpo de forma
produtiva.
Quando uma pessoa mistura seu trabalho com a terra, arando, cercando ou
melhorando a terra, eles se apropriam do que antes era o estoque comum da
natureza.
Mas Locke impõe alguns limites à apropriação de propriedade, uma vez que
devemos deixar o suficiente para que outros se apropriem no futuro e devemos
evitar de acumular bens que se estraguem. Essas limitações naturais à
propriedade, contudo, foram contornadas pela invenção do dinheiro.
II Estado Civil
Nasce assim, o liberalismo: o Estado deve proteger a vida, a liberdade e a
propriedade. Para proteger a liberdade, é preciso preservar a lei da maioria,
ou seja, o governo deve estar a cargo do poder legislativo, a Monarquia
não deve ser absoluta (pois tenderia à tirania) e sim parlamentar, de forma a
dividir e equilibrar os poderes.
É em nome dos direitos naturais do homem que o contrato social entre os
indivíduos que cria a sociedade, e o governo deve, portanto, comprometer-
se com a preservação destes direitos.
Para proteger os bens, o Estado deve proteger os ricos, e os ricos por sua vez
devem ser generosos com os pobres, uma espécie de contra-partida ética para
compensar o privilégio político.
Contra Hobbes: o que este atribui aos homens naturais são características do
homem civilizado.
Contra Locke: a propriedade é própria do homem civilizado, não um direito
natural.
Estado de Natureza
O ponto de partida de sua filosofia é uma concepção de natureza humana
representada pela famosa ideia segundo a qual:
“O homem nasce bom, a sociedade o corrompe”
À qual se acrescenta a ideia de que:
“O homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado”.
O homem nasceu livre e está por toda parte acorrentado; Nostalgia da vida
primitiva, a igualdade originária inverteu-se em estruturas de domínio e de
opressão; dos ricos perante os pobres.
De onde provêm as desigualdades da civilização, se os homens no estado
natural eram bons?
O estado de natureza era bom e adequado à paz. Para que sair dele? Sair
dele não é necessário! Não é necessário criar a Sociedade Civil.
Sua resposta se encontra fundamentalmente no Contrato social, onde a
soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade, ou seja,
da vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um.
A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses
específicos; porém, enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o
indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa
do interesse coletivo, do bem comum.
Com Rousseau se tem a valorização da igualdade na participação dos
indivíduos no bem comum: não somente igualdade política perante a lei, mas
igualdade social no acesso aos bens: primeira formulação da democracia e
do socialismo: “Tudo vai para o povo e vem do povo”, a revolução de
Rousseau produz um Estado ético e totalitário.
Contrato social.
O único caminho para remediar a decadência da humanidade e a relativa falta
de liberdade e, para Rousseau, é a estipulação de um novo contrato social, em
vista de um renovado "estado civil".
No Contrato social, Rousseau começa com a frase: "O homem nasceu livre e,
todavia, em todo lugar encontra-se em cadeias". O objetivo do novo contrato
social delineado por Rousseau é o de libertar o homem das cadeias e restitui-lo
a liberdade.
lsso comporta a construção de um modelo social fundado sobre a voz da
consciência complexiva do homem, aberto a comunidade.
Contrato se exprime nos seguintes termos essenciais:
"Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo seu poder, sob
a direção suprema da vontade geral". Trata-se da alienação total de
cada associado, com todos os seus direitos, a toda a comunidade,
por meio da qual "se produz imediatamente um corpo moral e
coletivo unitário", cujos associados "tomam coletivamente o
nome de povo, e singularmente se chamam cidadãos, enquanto
participantes da autoridade soberana, e súditos, enquanto
submissos as leis do Estado".
Estado Educador:
O Estado educador ensina a encontrar a felicidade na superação dos
desejos individuais através da luta contra os instintos naturais para se
comprazer no todo da razão social.
É papel da educação a formação dessa vontade geral, transformando assim
o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade.
Em uma palavra, é preciso que se destitua o homem de suas próprias forças
para lhe dar outras, não próprias, das quais não possa fazer uso sem
socorro alheio.
Vontade geral
É o princípio que legitima o poder e garante a transformação social,
inaugurada pelo "novo contrato".
Enquanto a vontade particular tem sempre como objeto o interesse privado, a
vontade geral, ao contrário, é amante do bem comum, e se propõe ao interesse
comum: ela não é, portanto, a soma das vontades de todos os componentes,
mas uma realidade que brota da renúncia de cada um aos próprios
interesses em favor da coletividade.
Filosofia Política na Pós Modernidade
O Liberalismo Político
Socialismo
Esta filosofia política, no século XIX, visava refletir sobre o papel do Estado e
sobre as políticas adotadas acerca de questões sociais. Surge, assim, uma
diversidade de posicionamentos filosóficos, acerca da política, que teorizam a
respeito do papel do Estado, de questões sociais, agentes políticos etc., tais
como:
• Socialismo utópico,
• Socialismo científico,
• Anarquismo,
• Socialdemocracia,
• Regimes totalitários,
• Estado do bem-estar social e
• Neoliberalismo.
O uso desse termo foi justificado pelo fato de esses socialistas (os utópicos)
defenderem a possibilidade da transformação da sociedade sem que fosse
necessária a luta de classes, isto é, sem que ocorresse um conflito entre
burgueses e proletários.
Porém, não construíram uma crítica radical ao capitalismo, uma vez que ainda
defendiam a manutenção de suas práticas mais básicas. Vale salientar,
entretanto, que os socialistas utópicos foram os primeiros pensadores que
criticaram a sociedade industrial, a capitalista. Esses pensadores deram os
primeiros passos rumo ao desenvolvimento das teorias socialistas tal como as
conhecemos hoje.
O socialismo científico
Karl Marx
Marx e Engels, na obra Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848,
discorreram sobre os fundamentos do socialismo científico.
Defenderam que a classe social explorada e oprimida teria a responsabilidade
de superar as contradições e desigualdades da sociedade capitalista e
substituí-la por uma Sociedade Justa e Igualitária:
O Advento do Comunismo
O Socialismo
Estado e sociedade
A utopia comunista
Socialismo
A primeira fase, de vigência da ditadura do proletariado, corresponde ao
Socialismo, que supõe a existência do aparelho estatal, da burocracia, do
aparelho repressivo e do aparelho jurídico. Nessa fase persiste a luta
contra a antiga classe dominante, a fim de evitar a contra-revolução.
O princípio do socialismo é:
"De cada um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo seu trabalho".
Comunismo
A segunda fase, chamada Comunismo, tem como princípio:
"De cada um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo suas
necessidades".
O Comunismo se define pela supressão da luta de classes e,
consequentemente, pelo desaparecimento do Estado. Na "anarquia feliz" o
desenvolvimento prodigioso das forças produtivas levaria à "era da
abundância", à supressão da divisão do trabalho em tarefas subordinadas
(materiais) e tarefas superiores (intelectuais), à ausência de contraste entre
cidade e campo e entre indústria e agricultura.
Características Gerais:
Revolução levada adiante pelo Partido e partidos afiliados mundo afora, não
pelo proletariado, pois este é capaz de fazer reivindicações, não de iniciar a
revolução.
Partido dotado de poder absoluto instruído pelos intelectuais burgueses e
formado por militantes dispostos a qualquer sacrifício, sob férrea
disciplina de tipo militarista, para derrubar o domínio da classe burguesa
através da violência e da luta armada.
A ética do partido: subordinar todos os interesses à luta de classes do
proletariado.
Coletivização econômica: é o socialismo de Estado, o coletivismo estatal,
com abolição da propriedade privada que passa a ser socializada por
imposição.
Atribui-se a Lenin frases muito expressivas de sua real atuação, como:
“O melhor revolucionário é um jovem desprovido de toda e qualquer moral”;
• A respeito dos adversários do marxismo:
“Acuse-os do que você faz, xingue-os do que você é”;
• A respeito dos que o seguiam sem conhecer suas reais intenções:
“São idiotas úteis”.
Entre os 10 princípios que lhe são atribuídos como seu decálogo por espelhar o
que ele buscava:
“Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual; divida a população em
grupos antagônicos; desarme a população; infiltre-se na Mídia para
depois controlá-la”.
Características do stalinismo
Algumas das características básicas desse governo são:
1 - Economia controlada inteiramente pelo Estado;
2 - Governo discricionário, baseado unicamente nas vontades do líder;
3 - Culto à personalidade de Stalin;
4 - Criação de um grande aparato de propaganda política;
5 - Criação de um regime de terror que impôs perseguição aos opositores do
regime;
6 - Perseguição à religião;
7 - Militarização da sociedade;
8 - Burocratização do serviço público;
9 - Imposição de censura etc.
Plano Quinquenal
Quando Stalin assumiu o poder, em 1927, a indústria soviética ainda era frágil
e, por isso, Stalin impôs um plano que cobrava um grande esforço de todo o
país para promover uma industrialização em escala acelerada.
O plano de industrialização da União Soviética ficou conhecido como Plano
Quinquenal, um plano que criava metas que o país deveria alcançar a cada
cinco anos.
Plano Quinquenal priorizou o desenvolvimento de áreas relacionadas
à indústria pesada, como a metalurgia e siderurgia, além de dar grande
atenção para a extração de combustíveis fósseis e para a produção de
energia elétrica. O Estado soviético passou a cobrar que metas extremamente
exigentes fossem alcançadas e isso exigiu um esforço enorme dos
trabalhadores.
O Plano Quinquenal estava alicerçado em três pilares:
• Tudo é do Estado,
• Trabalho forçado e
• Estabelecimento, pelo Estado, da meta de tudo que deve ser
produzido.
Plano Quinquenal
• a indústria soviética ainda era frágil
• industrialização em escala acelerada.
• criava metas que o país deveria alcançar a cada cinco anos.
• priorizou o desenvolvimento de áreas relacionadas à indústria pesada
• passou a cobrar que metas extremamente exigentes fossem alcançadas
• três pilares:
• 1 tudo é do Estado
• 2 trabalho forçado
• 3 estabelecimento, pelo Estado, da meta de tudo que deve ser
produzido.
• sua instauração promoveria um crescimento de mais de 100% nas
indústrias e de mais de 50% no campo.
• atacou-se as classes de camponeses ricos
• foi feita à força, e a resistência a esse processo foi tratada com
brutalidade.
• fazendas coletivas e tudo que existia nelas, como as ferramentas, as
sementes e o gado, pertenciam ao Estado
• A coletivização foi, no entanto, desastrosa
• as fazendas coletivas mostraram-se, em grande parte, não tão
produtivas quanto se esperava
• O resultado disso foi a fome.
Perigo da Fome
Como a população estava passando fome, a opinião pública, em certa medida,
apoiou as execuções; o segundo grupo foi preso e as suas terras foram
confiscadas; o terceiro grupo teve somente as terras confiscadas. Essas
sentenças provocaram a morte de duzentas mil pessoas e enviaram um milhão
e oitocentas mil pessoas para prisão nesse momento. Isso era apenas um
vislumbre do que viria a ser o regime de Stalin.
A principal fonte de riqueza não vinha do trabalho forçado, mas sim da
expropriação completa de toda população, que fornecia uma reserva de
recursos. Por isso, a severidade das políticas continuou se acentuando sem
alcançar os resultados intencionados.
Sem as metas cumpridas, o problema da fome persistia. O Partido Comunista
estava desesperado para resolvê-lo, pois tinha consciência que sua
permanência poderia comprometer a confiança da população no regime,
levando-o à queda. Seus temores estavam fundados no fato de terem
derrubado a Dinastia Romanov exatamente desse jeito em 1917.
O primeiro campo de exílio foi inaugurado. O número de prisioneiros crescia
drasticamente: de um milhão e oitocentos mil para dois milhões e trezentas mil
pessoas, e desse patamar para três milhões e duzentas mil pessoas. Nessas
prisões, o trabalho forçado também era obrigatório e muitos morriam por maus-
tratos.
“A Solução” – Holodomor
Stalin se isolou e identificou uma nova alternativa para sanar a subalimentação
do povo russo. A Ucrânia apresentava uma relevante produção de milho e soja,
sendo um dos principais exportadores do capital para produção agrícola. Stalin
percebeu que podia se apoderar da produção do país para dar fim à
subalimentação do povo russo. Inicialmente, impôs que 35% da produção
deveria ser entregue.
Por Stalin acreditar que os ucranianos estavam roubando os rendimentos, o
percentual aumentou para 65%. Em face da insuficiência, a cifra subiu para
92%. Até atingir a impressionante marca de 170% da produção.
Em outras palavras, os ucranianos estavam devedores. Além de toda sua
produção confiscada, precisavam entregar mais 70%.
A fim de reparar os supostos desvios cometidos pelos ucranianos, Stalin enviou
a polícia para realizar uma fiscalização. Ao chegar lá, os policiais localizaram
pequenos armazéns com comida estocada e algumas pessoas afanando uma
parcela da produção. Essas eram tentativas de sobreviver. No entanto, Stalin
as encarou como provas de que os ucranianos não estavam entregando a
comida.
Para garantir que suas ordens seriam respeitadas, condenou vários indivíduos
e endureceu e reforçou a vigilância. Os ucranianos, em um contexto de fome
crescente, emigraram para Moscou, onde uma ração distribuída pelo governo
despertava esperança.
Os milhões de ucranianos chegados à Moscou causaram uma perturbação no
governo, incapaz de fornecer víveres a todos. Como saída, o governo decretou
a necessidade de portar um passaporte urbano, inacessível aos ucranianos. As
punições para quem era pego sem ele variavam entre a morte e a prisão.
Assim os ucranianos começaram a retornar para sua pátria. Com intenção frear
novas debandadas, Stalin ordenou aos policiais que cercassem as fronteiras da
Ucrânia. Junto a isso, as linhas de trem foram canceladas e a rigidez para
obtenção do passaporte aumentou exponencialmente. Já não era mais
possível entrar ou sair da Ucrânia.
As pessoas, famélicas, começaram a morrer nas ruas, em uma completa
inanição. Em 1930, mais de setenta mil pessoas haviam morrido de fome. Em
1931, com a queda nas cotas, quinhentas mil pessoas morrem. Stalin restringiu
a cota ainda mais, mas em 1932, um milhão e duzentas mil pessoas morrem,
sem saúde, sem incentivo, sem esperança, sem autoestima.
Em 1933, um milhão e oitocentas mil toneladas de comida foram exportadas da
Ucrânia para a Rússia. Justamente nesse ano, sem conseguir produzir
alimentos em demasia para si, os ucranianos morreram nas fábricas, nos
campos. Oito milhões de ucranianos, 83% da população, foram vitimados pela
fome.
Foi o primeiro genocídio da ditadura de Stalin, episódio que ficou conhecido
como Holodomor. Essa hecatombe é tão alarmante, que foi denunciada dentro
do partido. Marxistas favoráveis à revolução, dotados de uma ética bem
flexível, por já terem matado pessoas, reconhecem nesse evento um exagero.
• Holodomor
• A Ucrânia apresentava uma relevante produção de milho e soja um dos
principais exportadores do capital para produção agrícola
• Se apoderou da produção do país para dar fim à subalimentação do
povo russo
• Acreditava que os ucranianos estavam roubando os rendimentos
• Stalin enviou a polícia para realizar uma fiscalização
• Policiais localizaram pequenos armazéns com comida estocada
• Essas eram tentativas de sobreviver
• Stalin condenou vários indivíduos e endureceu e reforçou a vigilância
• Os ucranianos, em um contexto de fome crescente, emigraram para
Moscou, onde uma ração distribuída pelo governo despertava
esperança.
• Estes causaram uma perturbação no governo, incapaz de fornecer
alimentos a todos
• Declara a necessidade de portar um passaporte urbano, inacessível aos
ucranianos
• Stalin ordenou aos policiais que cercassem as fronteiras da Ucrânia Já
não era mais possível entrar ou sair da Ucrânia.
• Sem conseguir produzir alimentos em demasia para si, os ucranianos
morreram nas fábricas, nos campos.
• Oito milhões de ucranianos, 83% da população, foram vitimados pela
fome.
• Torna-se o primeiro genocídio da ditadura de Stalin