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Filosofia Política na História

Filosofia política na Antiguidade

Os sofistas é que deram inicio ao debate acerca do Homem e das questões que lhe dizem
respeito. Os sofistas deslocam o eixo das investigações do Cosmo para o Homem, marcando
assim o período chamado humanista da filosofia grega.

Essa mudança deve-se ao facto dos pré-socráticos não terem dado uma resposta satisfatória
acerca da origem de todas as coisas, e também por não terem respondido a causas
sociopolíticas.

Os sofistas dentro da política, elaboraram e legitimaram o ideal democrático. Para eles a


maior virtude passa a ser a justiça. Com o contributo dos sofistas, cai por terra a ideia da
aristocracia segundo a qual a areté(excelência, viver bem, bem-sucedido) está ligada à
nascença, isto é, que se nascia virtuoso e não se tornava.

Os sofistas foram também responsáveis por postular que todos os cidadãos da pólis devem ter
direito ao exercício de poder. E, elaboraram um sistema de educação capaz de satisfazer os
ideias do homem da pólis, e não apenas o aristocrata, superando desta feita os privilégios da
antiga educação elitista.

Outra obra importante desenvolvida pelos sofistas foi a sistematização do ensino: gramática,
retórica e dialéctica.

Pensamento Político de Platão

Platão nasceu em Atenas, em 426/427 e morreu em 347 a.C. Seu nome verdadeiro era
Aristocles, o nome Platão é apelido que derivou de seu vigor físico, ou da amplitude de seu
estilo ou ainda da extensão de sua fronte.

Platão era descendente de uma família da antiga nobreza, isto é, por parte da mãe descendia
de Sólon, que era governador de Atenas, legislador e considerado fundador da Democracia e,
por parte do pai descende do rei Codro, que foi o último rei de Atenas. Isso “explica” o seu
interesse pela política desde a suas juventude.

Platão mostrou-se frustrado com os métodos aplicados na política ateniense, mas sua maior
frustração veio com a morte de Sócrates. Foi neste momento que Platão se afastou da política
por um tempo.

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O objectivo de Platão era o de melhorar a vida dos cidadãos de Atenas e isso, segundo ele só
seria possível por meio da Filosofia.

Platão comprou um ginásio e, em homenagem ao herói Academo, transformou-o numa


Academia em 384/383 a.C. O objectivo último da Academia era o saber pelo seu valor ético-
político. A Academia estava preocupada em formar homens melhores e, consequentemente,
aperfeiçoar a Sociedade e o Estado.

Pensamento Político

Platão foi o primeiro pensador da antiguidade a apresentar um modelo de sociedade que fosse
mais justa e mais racional. Para Platão, a verdadeira arte política, é a arte que cura a alma e a
torna o mais possível virtuosa, sendo, por isso, a arte do filósofo.

Construit a cidade significa conhecer o Homem e seu lugar no Universo. Para Platão o Estado
é o engrandecimento de nossa alma, esoécie de gigantografia que reproduz, em vastas
dimensões, tudo aquilo que existe em nossa psyché.

A origem do Estado deve-se ao facto do Homem não se bastar a si mesmo, isto é, não ser
auto-suficiente, ou autárquico. Para suprir suas necessidades, o Homem deve associar-se a
outros homens e com eles dividir as várias ocupações, assim, cade um se tornará especialista
numa área.

O Estado de Platão é ideal, de igualdade entre homem e mulher. Afirma que a educação devia
ser a mesma para todos. Platão valoriza os métodos de debate e conversação como formas de
alcançar o conhecimento. Dizia que os alunos deveriam descobrir as coisas superando os
problemas impostos pela vida. A educação deveria funcionar como forma de desenvolver o
homem moral. Até aos 20 anos as crianças deveriam ser criadas pelo Estado e receberem a
mesma educação.

Classes Sociais

De acordo com Platão os homens são diferentes e, por isso, deverão ocupar lugares e funções
diferentes na sociedade. Dependendo do metal da alma de cada um, a sociedade organiza-se
em três classes:

1ª. A classe dos lavradores, artesãos e comerciantes. Nesta classe prevalece o aspecto
concupscível da alma, que é o aspecto mais elementar. A virtude desta classe é a temperança,
que consistirá no domínio e disciplina dos prazeres e desejos, e também a capacidade de se
submeter às classes superiores de modo conveniente. O metal da alma desta classe é o

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bronze. As riquezas e os bens que ela tem, não devem ser muitos nem excessivamente
poucos.

2ª. A classe dos guardas. Nesta classe prevalece a força irascível (volitiva) da alma, ou seja,
homens que se assemelham aos cães de raça, isto é, dotados de mansidão e ousadia ao mesmo
tempo. A virtude desta classe é a fortaleza ou coragem. Os guardas devem estar atentos aos
perigos externos e internos. Devem cuidar para que a 1ª classe não produza riqueza excessiva
ou demasiada probreza. Devem també evitar que o Estado se torne demasiadamente grande
ou exageradamente pequeno. E cuidar para que as tarefas confiadas aos cidadãos
correspondam à índole de cada um e para que se proporcione a todos a educação conveniente.
O metal da alma desta classe é a prata.

3ª. A classe dos governantes. Nesta classe predomina a alma racional. A virtude desta classe
é a sabedoria. Os homens que saibam governar adequadamente, devem ser aqueles que
tenham amado a Cidade mais do que os outros, e cumpriram com zelo sua missão e,
especialmente, tenham aprendido a conhecer e contemplar o Bem.

No que diz respeito a educação, a 1ª classe não necessita de uma educação especial; a 2ª deve
ter uma educação clássica ginástico-musical; e a 3ª classe necessita de uma educação do
político-filósofo.

Na Cidade perfeita temos essas três classes e a justiça será a harmonia que se estabelece entre
as virtudes de cada classe. E quando cada cidadão e classe desempenham devidamente suas
funções por natureza e por lei, então temos a justiça perfeita.

A melhor forma de governo segundo Platão é a Monarquia do rei-filósofo ou do filósofo-rei.

Mas ele apresenta ainda a 2ª opção: a Aristocracia de filósofos e guerreiros.

Pensamento Político de Aristóteles

Aristóteles nasceu em Estagira, em 384 a.C. e morreu em 322 a.C. Aos 18 anos ele viaja para
Atenas e ingressa na Academia de Platão, mas com a morte deste em 347 a.C., teve de
abandoná-la.

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Aristóteles em 355 a.C., alugou alguns prédios próximos a um pequeno templo sagrado
dedica a Aplo Lício, de onde provém o nome Liceu dado à Escola. E porque Aristóteles
ensinava passeando no jardim anexo aos prédios, a Escola também foi chamada de Peripato
(passeio), e seus seguidores denominados peripatéticos.

Aristóteles não concordava com o idealismo platónico, pois a cidade é constituída por
indivíduos naturalmente diferentes, sendo impossível a unidade absoluta. Ele criticou também
a sofocracia, que atribui um poder ilimitado apenas a uma parte do corpo social, os mais
sábios (filósofos).

Quanto a origem do Estado, Aristóteles afirma que este é produto da Natureza, isto é, é uma
criação da Natureza e, o Homem é, por natureza, um animal político. O que prova a natureza
política do Homem é o facto dele ser capaz de discursar.

O Estado desenvolve-se a partir da família, a qual deu origem as aldeias. Estas por sua vez
desenvolveram-se e formaram as cidades (Estado). O Estado é superior às anteriores uniões
da sociedade, pois ele é auto-suficiente.

O fim do Estado é a moral e, por isso, deve visar o incremento do bem da alma ou da virtude.
A Sociedade e o Estado existem para garantir a felicidade e a virtude dos cidadãos. O
Homem tende a felicidade e o Estado deve facilitar a consecução desta e do bem comum.

Aristóteles distingue três tipos de constituições, segundo o número dos governantes, os quais
agem de formas diferentes, em defesa do bem comum ou então dos interesses particulares.
Daqui resultam três formas possíveis de governos, que se subdividem em governos rectos e
governos corruptos.

Governos rectos

• Monarquia – governo de um homem. Em termos teóricos é a melhor forma


de governo, pois preserva a unidade do Estado.

• Aristocracia – governo de poucos homens. É um governo de um grupo de


cidadãos virtuosos, os melhores, que cuidam do bem de todos.

• República – governo de muitos homens. É um governo constituído pelo povo,


que cuida do bem de toda a cidade. Esta é para Aristóteles a melhor forma de
governo, pois rege-se por uma constituição que valoriza o segmento médio,
isto é, é um meio caminho entre a oligarquia e a democracia.

Governos corruptos

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• Tirania – governo de um só homem, que se move por interesse próprio.

Aristóteles afirma que as sociedades bárbaras, precisam da autoridade centralizada da


monarquia.

• Oligarquia – governo de poucos homens ricos, os quais procuram o bem


económico pessoal.

• Democracia – governo de todos. Esta forma de governo erra ao consederar


que, como todos são iguais na liberdade, todos também podem e devem ser
iguais em todo o resto.

Aristóteles foi o primeiro a fundamentar a origem do Estado numa base racional.

Filosofia Política na Idade Média

Santo Agostinho

Nasceu a 13 de Novembro de 354 em Hipona, e morreu a 28 de Agosto de 430. O local do


seu nascimento situava-se no norte de África, na actual Argélia. Inspirou-se na teoria de
Platão dos dois mundos.

O pensamento político de Santo Agostinho encontra-se na sua obra A Cidade de Deus. Nesta
obra, ele defende a origem diabólica/demoníaca do poder. Desta forma, a política era a forma
que os homens tinham de se redimir do pecado original cometido por Adão.

Para Santo Agostinho o mundo divide-se em duas cidades: a Cidade de Deus (Celestial) e a
Cidade do Diabo (Terrena). Nesta última não havia virtude nem justiça na utilização de
poder. Ao passo naquela, o poder era utilizado como forma de redenção dos pecados
cometidos em terra, sendo a forma de governar que promovia a palavra de Deus, tornando os
homens bons e justos.

A Igreja é a encarnação da Cidade de Deus e o Estado é a encarnação da Cidade Terrena. Na


sua condição de pecador, o Homem precisa do Estado para obrigar os membros da
comunidade ao cumprimento da lei.

Para Santo Agostinho, o Homem é mais divino do que o Estado, porque o Homem tem um
fim natural que transcende o fim do estado terrestre. Para ele a Igreja é superior ao Estado.

Santo Agostinho defende a existência da autoridade política, para que se mantenha a paz, a
justiça, a ordem e a segurança. Mas esta autoridade política é entendida como uma dadiva

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divina aos seres humanos. Por essa razão, os cidadãos devem obedecer aos governantes e não
é da sua competência distinguir entre governantes bons e maus, ou formas de governo justas
ou injustas.

Deus legitima o poder em si mesmo sem garantir o exercício correcto do poder. Santo
Agostinho sustenta que a lei natural que reside no coração de cada homem, é a lei de Deus, e
a lei cristã é a promulgação exterior da lei interna da alma.

São Tomás de Aquino

Nasceu em 1224 próximo da cidade de Aquino, no reino da Sicília, e morreu em 1274. Na


obra Do Governo dos Príncipes ele fala acerca da origem e da natureza do Estado, as várias
formas de governo e as relações entre o Estado e a Igreja.

Para Aquino, o Estado nasce da natureza social do Homem e não das limitações do indivíduo.
Concorda assim com Aristóteles e discorda de Santo Agostinho, que afirmava que a origem
do Estado devia-se ao pecado original.

Influenciado pela doutrina dos diversos regimes apresentada por Aristóteles, Aquino sustenta
que o governo de um só, de alguns e do maior número, pode segundo a relação que mantém
com o fim da cidade, ser bom ou mau.

O Estado para Aquino é uma sociedade perfeita. É sociedade porque consiste na reunião de
muitos indivíduos que pretendem fazer algo em comum. E é sociedade perfeita porque tem
um fim próprio: o bem comum e os meios suficientes para o realizar.

Aquino considera a monarquia absoluta como governo ideal, mas, na prática, considera a
monarquia constitucional a melhor forma de governo.

O poder de legislar é atribuído ao povo, e ao chefe cabe apenas o poder de fazer leis por
delegação. Por detrás disso está a ideia de que, ainda que os indivíduos não possam fazer lei,
o povo inteiro pode, contudo legislar.

Visto que o Estado é uma sociedade perfeita, goza de perfeita autonomiae a Igreja tem como
meta o bem sobrenatural, o qual é superior ao bem do Estado, que é simplesmente o bem
comum neste mundo, então, a Igreja é uma sociedade mais perfeita, devendo, por isso, o
Estado subordinar-se a ela, em tudo o que concerne ao fim sobrenatural do Homem.

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Filosofia Política na Idade Moderna

Este período é marcado pela emancipação do Homem por via da razão, da democracia e da
técnica, que libertam-no das explicações teológicas da realidade, dos regimes ditatoriais e da
dependência da Natureza respectivamente.

Pensamento Político de Nicolau Maquiavel

Maquiavel nasceu a 03 de Maio de 1469 e morreu vítima de doença em 1527. Ele vivenciou a
falta de estabilidade da vida política na Itália, pois esta estava dividida em principados e
condados, onde cada um possuía sua própria milícia. Esta situação tornava a Itália numa
presa fácil de outros povos estrangeiros, principalmente franceses e espanhóis. Por isso
Maquiavel vai esboçar a figura do príncipe capaz de promover um Estado forte e estável.

Com Maquiavel inicia uma nova época do pensamento político filosófico, que se resume na
fórmula “a política pela política”.

Entre o que se vive e o que se deveria viver há grande diferença, pelo que quem despreza o
que se vive pelo que se deveria viver aprende antes a trabalhar para a sua própria ruína do que
para a sua conservação. Quem num mundo cheio de maldosos quer seguir em tudo princípios
de bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição. Por essa razão, o príncipe que
deseja manter-se no poder tem de aprender os meios de não ser bom e a fazer uso ou não
deles, conforme as necessidades.

Na obra O Príncipe, Maquiavel, desenha o padrão comportamental de um príncipe que


pudesse unificar a sua Itália. Ele parte do pressuposto de que os homens, em geral, seguem
cegamente as suas paixões, esquecendo-se mais depressa da morte do pai do que da perda do
património.

As paixões que estão em primeiro lugar são, além da cobiça e do desejo de prazeres, a
preguiça, a vileza, a duplicidade e a insolência. Por isso, é imperioso que o governante da
república prepare as leis segundo o pressuposto de que todos os homens são réus e que
procedem sempre com malícia em todas as oportunidades que tiverem.

Maquiavel diz que o soberano pode se encontrar em condições de ter que aplicar métodos
extremamente cruéis e desumanos, quando são necessários remédios extremos para males
extremos e, de qualquer forma, evitar o meio termo, que é o caminho, que de nada serve. Por
isso, quem quer que se torne príncipe de uma cidade ou Estado, o melhor remédio que ele
tem para se manter é o de, sendo ele príncipe novo, fazer cada coisa nesse Estado de novo,
mudar os habitantes de um lugar para o outro, não deixar coisa alguma intacta nesse Estado.

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Visão do Homem

Para Maquiavel, em si mesmo, “o Homem não é bom nem é mau, mas tende a ser mau”. Por
isso, o político não deve confiar no aspecto positivo do Homem, mas sim constatar o seu
aspecto negativo e agir em consequência deste. Assim não hesitará em ser temido e tomar
medidas necessárias para tornar-se temível, embora o ideal seja ser temido e amado ao
mesmo tempo, o que é difícil.

O príncipe deve impor-se mais pelo temor do que pelo amor, convista a alcançar os seus
objectivos: preservar a sua vida e a do Estado. Mas em tudo isso, não deve esquecer a sua
reputação. Maquiavel é identificado pelo princípio segundo o qual “os fins justificam os
meios”.

Thomas Hobbes

Hobbes nasceu a 05 de Abril de 1588 e morreu a 04 de Dezembro de 1679, foi autor das
obras Leviatã e Do Cidadão, as quais contêm sua doutrina política.

Hobbes sustenta que o Estado tem sua origem no contrato social, que decorre de conflitos
entre os indivíduos. Ele diz que o Homem conheceu dois estados: o primeiro é natural e o
segundo é contratual.

No estado natural, enquanto que alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes
do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que
o outro homem lhe possa fazer mal. Por isso cada um tem direito a tudo, e uam vez que todas
as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos. Contudo, os
homens têm o desejo, que também em interesse próprio, de acabar com a guerra, e por isso
formam sociedades entrando num contrato social.

Os homens no estado natural, vivem uma autêntica anarquia, geradora de insegurança,


angústia e medo. Predomina o egoísmo e o homem torna-se um lobo para o outro homem
(homo homini lupos).

O medo e o desejo de paz levaram o homem a fundar um estado social e a autoridade política,
abdicando dos seus direitos em favor do soberano, que, por sua vez, terá um poder absoluto.

Para Hobbes o Estado não é natural, mas sim convencional. Ele diz ainda que os homens são
por natureza maus e vivem num clima de guerra que coloca em risco o bem primário, que é a

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vida. A única forma de sair desta situação é através do pacto social, o qual é feito entre os
súbditos.

O soberano fica fora do pacto, permanecendo como o único a manter todos os direitos
originários. O poder do soberano é indivisível e absoluto. Ele está acima da justiça e pode
interferir em matéria de opiniões, julgar, aprovar ou proibir determinadas ideias. Todos os
poderes devem concentrar-se em suas mãos. O Estado pode também interferir em matéria de
religião.

O poder do soberano exerce-se ainda pela força, pois só a iminência do castigo pode
atemorizar os homens.

John Locke

Locke nasceu a 29 de Agosto de 1632 e morrei a 28 de Outubro de 1704. O seu pensamento


político encontra-se na obra Dois Tratados Sobre o Governo, lançada em 1689. Locke
também apresenta dois estados: o de natureza e o contratual.

Para Locke no estado de natureza, os homens são livres, iguais e independentes, e não se
encontram num estado de guerra de todos contra todos. Neste estado, cada um é juíz em
causa própria, deve ser permitido agir livremente desde que não prejudique nenhum outro.

Locke pode ser considerado um percursor da democracia liberal, dada a importância que
atribui à liberdade e à tolerância. Ao contrário de Hobbes, para Locke o Homem é por
natureza bom e o seu estado de natureza é de liberdade absoluta e igualdade.

A Sociedade e o Estado nascem do direito, que coincide com a razão, a qual diz que, sendo
todos os homens iguais e independentes, ninguém deve prejudicar os outros na vida, na
saúde, na liberdade e na propriedade.

A renúncia à liberdade natural da pessoa acontece quando as pessoas concordam em juntar-se


e unir-se em comunidade para viver com segurança, conforto e paz umas com as outras. Os
cidadãos renunciam apenas ao direito de se defenderem cada qual por conta própria, com o
que não enfranquecem, mas fortalecem os outros direitos.

O Estado tem o poder de fazer as leis e de impô-las e fazer com que sejam cumpridas.
Portanto, os cidadãos mantêm o direito de se rebelarem contra o poder estatal quando este
actua contrariamente às finalidades para as quais nasceu.

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Para Locke, o Estado não deve ter interferência nas questões religiosas. E, como a fé não é
uma coisa que possa ser imposta, é preciso ter respeito e tolerância para com as várias fés
religiosas.

O que dá inicio e constitui qualquer sociedade política é o assentimento de qualquer número


de homens livres capazes de constituirem uma maioria para se unirem e incorporarem tal
sociedade. É isso que legitima qualquer governo do mundo.’

Jean-Jacques Rousseau

Rousseau nasceu em Genebra, na Suiça, a 28 de Junho de 1712, e faleceu na França, a 02 de


Julho de 1778.

Rousseau era contrário ao luxo e à vida mundana. Ele sustenta que o grande mal dos tempos
modernas é a civilização burguesa, com hábitos de luxo e de criação de desejos artificiais. Na
obra Discurso Sobre a Desigualdade Entre os Homens, Rousseau fala do estado natural dos
homens, no qual eles eram bons, mas perverteram-se por conta da civilização. E na obra O
Contrato Social, ele fala de quando os homens passam ao estado contratual.

Rousseau sustenta que no estado de natureza não há propriedade, tudo é de todos, podendo
um homem usufruir uma terra apenas para plantar o necessário para subsistência, neste
estado, o homem vivia feliz.

A felicidade do homem, isto é, o estado de natureza, terminou devido ao progresso da


civilização, a divisão do trabalho, a propriedade provada, criando diferenças irremediáveis
entre os ricos e pobres, poderosos e fracos.

Para manter a ordem e evitar maiores desigualdades, os homens criaram a sociedade política,
a autoridade e o Estado mediante um contrato. Esse contrato cede ao Estado parte de seus
direitos naturais, tais como: direito à vida, à expressão do pensamento, à locomoção, que são
direitos essenciais, criando uma organização política com vontade própria, que é a vontade
geral.

Vontade geral é a manifestação de soberania e a minoria, muitas vezes, engana-se quando


discorda da maioria, pois esta representa a vontade geral. De acordo com Rousseau, os eleitos
do povo para governar, não são representantes, mas apenas instrumentos para executar a
vontade geral.

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As leis tornam-se obrigatórias depois de aprovadas e consentidas pelo povo e, é por isso que,
a população deve ser reduzida, pequena para que possam se reunir com frequência.

De acordo com Rousseau, a vontade geral nunca erra, salvo em caso de perversão. Assim, a
soberania individual é cedida para o Estado em ordem que os objectivos desta possam ser
atingidos. Por isso, a vontade geral dota o Estado de força para que ele actue em favor das
teses fundamentais mesmo quando isso significa ir contra a vontade da maioria em alguma
questão particular.

Formas de governo

O soberano é a pessoa pública. Só as assembleias periódicas podem garantir que não se


usurpe o poder. Daí que Rousseau defende três formas de governo:

Monarquia – para os estados grandes;

Aristocracia – para os estados médios;

Democracia – para os estados pequenos.

Para Rousseau, o governo é considerado como funcionário do legislativo e este é comparado


à vontade ou coração do corpo político, o governo constitui a força (cérebro). A função do
governo é executar as decisões do soberano. Quando o soberano está reunido, o executivo
deixa de ter função. Enquanto o legislativo se preocupa com as questões gerais, o executivo
trabalha com o particular, executando o que a lei determina.

Rousseau é defensor da Democracia directa, pois entende que, com a participação directa do
povo no poder seria possível construir a vontade geral, que é o fundamento do corpo político.
A democracia rousseaniana critica o regime da democracia representativa, pois considera que
toda a lei não ractificada pelo povo em pessoa é nula.

Segundo Rousseau o Homem é por natureza livre, mas encontra-se actualmente entre cadeias
por toda a parte. O contrato social deve romper estas cadeias e restituir o Homem à liberdade.
O contrato não pretende levar o Homem à natureza originária, mas exige a construção de um
modelo social, baseado na voz da consciência global do Homem, aberto para a comunidade.

A vontade geral nasce do pacto que se dá entre iguais que continuam sendo tais. O pacto
social visa eliminar as desigualdades, reduzir o indivíduo a membro da sociedade, impedir
que os interesses privados aflorem e rompam a harmonia do conjunto. O bem comum deve
estar acima dos interesses particulares e, a vontade geral estar acima das vontades
particulares.

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Charles de Montesqueiu

Nasceu em 1689 e morreu em 1755. É considerado o pai do constitucionalismo liberal


moderno. É autor da obra O Espírito das Leis, lançada em 1748, e é a mais famosa.
Montesquieu ficou famoso com a sua Teoria da Separação dos Poderes.

Para Montesquieu as leis são relações indispensáveis emanadas da natureza das coisas. Por
isso, ser algum pode existir sem leis.

As leis que governam os povos decorrem da realidade social e da história concreta própria do
povo considerado. Não existem leis justas e injustas. O que existe são as leis mais ou menos
adequadas a um determinado povo e a uma determinada circunstância de época ou lugar.

Existem as seguintes leis:

Leis da natureza- 1ª. Igualdade dos seres inferiores; 2ª. Procura de alimentação; 3ª. Atracção
entre seres de sexos diferentes; 4ª. Desejo de viver em sociedade.

Leis positivas – organização social; leis que regulem a convivência entre os povos; leis que
regulam as relações entre governantes e governados; normas que regulam as relações entre os
cidadãos.

Formas de governo

1. Formas puras

1.1. República – soberania nas mãos de muitos, cujo princípio é a virtude e o


patriotismo.

1.2. Aristocracia – soberania nas mãos de vários, cujo princípio é a


moderação.

1.3. Monarquia – soberania nas mão de um só segundo leis positivas, cujo


princípio é a honra.

1.4. Despotismo – soberania nas mãos de um só segundo o arbítrio deste, cujo


princípio é o medo ou terror.

2. Formas impuras

2.1. Tirania – corrupção da Monarquia

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2.2. Oligarquia – corrupção da Aristocracia

2.3. Demagogia – corrupção da Democracia

A Democracia, a Monarquia e o Despotismo, são os tipos sociológicos fundamentais do


Estado.

Segundo Montesquieu a forma republicana de governo só seria viável em regiões pequenas.


Para os Estados grandes, só seria possível o despotismo (absolutismo) e as monarquias.
Montesquieu simpatizava com a Monarquia constitucional (liberal) inglesa.

Na Teoria de Separação de Poderes, Montesquieu advoga a sepação dos poderes Legislativo,


Executivo e Judicial, com o objectivo de estabelecer condições institucionais de liberdade
política através de uma equilibrada divisão de funções entre os órgãos do Estado
(Parlamento, Governo e Tribunais). Esta divisão visava impedir a actuação despótica de
algum dos poderes.

Poder Executivo – é responsável pela administração do território e é concentrado nas mãos


do monarca ou regente. Tem a função de implementar as leis e de as fazer cumprir, é o
governo que desempenha esse papel.

Poder Judicial – é responsável pela fiscalização do cumprimento das leis, é exercido por
juízes e magistrados. Tem a função de julgar aqueles que violam a lei, e são os tribunais que
se encarregam dessa tarefa.

Poder Legislativo – é responsável pela elaboração de leis e é representado pelas câmaras de


parlamentos. Tem a função de criar leis.

Montesquieu afirma que, não basta a existência destes poderes para que o seu funcionamento
seja pleno, mas é fundamental que estejam efectivamente separados.

Filosofia Política na Idade Contemporânea

Hegel

John Rawls

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Nasceu em 1921 e morreu em 2002. As suas ideias políticas estão registadas nas obras Uma
Teoria de Justiça e Liberalismo Político, lançadas nos anos de 1971 e 1993
respectivamente.

Para Rawls, a justiça é a estrutura de base da sociedade e a primeira virtude das instituições
sociais. Esta concretiza-se na efectivação das liberdades individuais e na sua não restrição
para o benefício de outrem. Rawls defende que, uma sociedade justa, deve fundamentar-se na
igualdade de direitos. Na política de Rawls o justo está acima do bem.

Rawls é contra o utilitarismo, pelo facto deste medir a justiça de uma acção pela utilidade que
ela causou ou possa causar e não pela sua intenção.

Para Rawls a justiça tem de corrigir as desigualdades sociais. Ele parte de uma concepção
global de justiça que se baseia na ideia de que todos os bens sociais primários tais como
liberdades, oportunidades, riqueza e as bases sociais da auto-estima devem ser distribuídos de
maneira igual a menos que uma distribuição desigual de alguns ou de todos estes bens
beneficie os menos favorecidos.

Para Rawls o Homem é um fim em si mesmo e jamais um meio, a dignidade humana é um


carácter essencial e intrínseco a qualquer ser humano.

Como edificar uma sociedade justa e equitativa?

Para edificar-se uma sociedade justa e equitativa é necessário um novo contrato social, que
defina os princípios da nova organização social, e isso deve ser feito à luz do “veu da
ignorância”, que permitirá o estabelecimento de condições baseadas na equidade e
imparcialidade. Desta proposta surgem dois princípios:

• Princípio da liberdade, que ao ser aceite, considerar-se-á que a sociedade


tem o dever de assegurar a máxima liberdade para cada pessoa compatível
com uma liberdade igual para todos os outros.

• Princípio da diferença, que pressupõe duas condições: 1ª. os maiores


benefícios possíveis devem ser atribuídos aos mais desfavorecidos, devendo a
sociedade promover a distribuição igual da riqueza, excepto se a existência de
desigualdades económicas e sociais beneficiar os menos favorecidos, sendo
este o princípio da maximização do mínimo; 2ª. devem resultar do exercício
de cargos e funções disponíveis para todos em condições de uma igualdade
equitativa de oportunidades (princípio da igualdade de oportunidade).

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Estrutura do Estado para limar as desigualdades

• Departamento das distribuições – vela pela manuntenção de um sistema de


preços e deve impedir a formação de posições dominantes excessivas no
mercado.

• Departamento de estabilização – seu objectivo é proporcionar pleno


emprego.

• Departamento das transferências sociais – vela pelas necessidades sociais e


intervem para assegurar p mínimo social.

• Departamento para repartição – sua finalidade e preservar uma certa justiça


neste domínio graças à fiscalidade e aos ajustamentos necessários do direito de
propriedade.

Na obra O Liberalismo Político, Rawls reconhece que a justiça como equidade é um


projecto irrealista. Mas afirma que a nova teoria do liberalismo deve estabelecer uma base
sobre a qual se possam erguer instituições políticas liberais, o que pressupõe a identificação
de um substrato comum das ideias aceitáveis e aceites pela comunidade pública e, em
seguida, considerar os termos de coexistência entre estas ideias e uma concepção política da
justiça, que deverá estar de acordo com as convicções bem pesadas dos indivíduos, a todos os
níveis de generalidade ou, pelo menos, em equilíbrio com as mesmas.

Karl Popper

Nasceu em Viena, a 28 de Julho de 1902 e morreu em Londres, a 17 de Setembro de 1994.


Foi um filósofo da ciência e, é considerado um grande defensor da democracia liberal e um
oponente implacável do totalitarismo. A obra política mais conhecida de Popper é A
Sociedade Aberta e os seus Inimigos.

Popper reflectiu sobre a génese e fundamentos ideológicos dos regimes totalitários, tendo
chegado à conclusão de que os mesmos foram idealizados por Platão, Hegel e Marx,
baseando-se na visão deles sobre o historicismo. Estes filósofos são considerados inímigos da
sociedade aberta.

Outros inimigos da sociedade aberta são o facismo, o nazismo e o comunismo. A teoria


política de Popper funda-se na ideia maniqueísta de que só existem dois tipos de regimes: os
bons – os regimes democráticos, e os maus – os regimes totalitários, ditaduras ou tiranias.

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A sociedade fechada é aquela que se caracteriza pela sua organização tribal, colectivista ou
pelo componente mágico. E a sociedade aberta é aquela em que o indivíduo se confronta
com decisões pessoais.

A sociedade aberta opõe-se à sociedade fechada, que é uma sociedade totalitária, concebida
organicamente e organizada tribalmente segundo normas não modificáveis.

A sociedade aberta, baseia-se no exercício crítico da razão humana, como sociedade que para
além de tolerar, estimula no seu interior e por meio de instituições democráticas a liberdade
dos indivíduos e dos grupos, tendo em vista a solução dos problemas sociais, ou seja, as
reformas contínuas.

Na sociedade aberta, os governantes têm a possibilidade efectiva de criticar os seus


governadores e de os substituir sem derramamento de sangue e sem que isso signifique que o
democrata deva aceitar a ascensão do totalitário ao poder.

Popper diz que pode haver uma revolução violenta, a qual só é justificada se for para derrubar
um tirano.

Popper sustenta que o único sentido que possui a história da humanidade, é aquele que os
homens lhe dão. O progresso da humanidade é possível e não necessita de um critério último
de verdade.

De acordo com Popper, a única atitude justificável para atingir a verdade é através do
diálogo, o confronto de ideias por meios não violentos. Isso significa, na prática, que cada um
deve aceitar o risco de ver as suas propostas serem recusadas por outros no confronto de
ideias ou projectos.

Formas de Sistemas Políticos

Forma de Governo ou sistema político – é o conjunto de instituições políticas por meio das
quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade. Tais instituições
têm por objectivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exercício, inclusive
o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) com os demais membros da
sociedade (os administradores).

A estrutura do poder da comunidade política é feita de duas formas: como Regime Político e
como Sistema de Governo.
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Regime Político – refere-se às relações que se estabelecem entre o indivíduo e a sociedade
política.

Sitema de Governo – refere-se à titularidade e à estruturação do poder político, com a


finalidade de determinar os seus titulares e os órgãos estabelecidos para o seu exercício.

Regimes Políticos

• Monarquia – regime político que reconhece um monarca como chefe de


Estado, cuja sua designação se faz por herança. Coordena a administração da
república, em vista do bem comum da sociedade.

• República – forma de governo na qual o chefe de Estado é eleito pelos


cidadãos ou pelos seus representantes, por golpe de Estado, por legislação,
tendo sua chefia uma duração limitada. A eleição deste chefe é realizada
através do voto livre e secreto.

Classificação dos regimes políticos

Ditatorial quando:

• há uma ideologia exclusiva ou liderante;

• há um aparelho para impor a ideologia;

• não há uma efectiva garantia dos direitos pessoais dos cidadãos;

• não existe livre participação na designação dos governantes;

• não existe um controlo do exercício dos governantes.

Democrático quando:

• não há uma ideologia dominante ou liderante;

• não há um aparelho para impor a ideologia;

• existe uma efectiva garantia dos direitos pessoais dos cidadãos;

• existe livre participação na designação dos governantes;

• existe um controlo do exercício das funções dos governantes.

Sistemas de Governo

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Ditatoriais – o poder é detido por uma pessoa ou por um conjunto de pessoas que o exercem
por direito próprio, sem que haja participação ou representação da pluralidade dos governos.
Eles subdividem-se em:

• Autocrático – quando o poder é exercido por um órgão colegial, por um


grupo ou por um partido político.

• Monocrático – quando o poder é exercido por um órgão singular.

Democráticos – o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos


(povo), directa ou indirectamente, por meio de representantes eleitos. Subdivide-se em:

• Democracia directa – o povo expressa sua vontade por voto directo em cada
assunto particular.

• Democracia semi-directa – há aqui uma combinação de representação


política com formas de Democracia directa. A constituição prevê a existência
de órgãos representativos da soberania popular através de um referendo.

• Democracia órgânica – é um tipo de organização política e administrativa em


que o exercício dos direitos individuais é realizado através das corporações
tradicionais como as famílias, das territóriais como os municípios, das
económicas como os sindicatos, das culturais como as universidades, das
morais como as paróquias ou das políticas como os partidos.

• Democracia representativa – o povo expressa sua vontade através da eleição


de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram. O
poder é do povo, mas é exercido por órgãos que actuam por autoridade em
nome dele e tendo por titulares indivíduos escolhidos com intervenção dos
cidadãos que o compõem. Os representantes do povo agrupam-se em
instituições chamadas Parlamento, Congresso ou Assembleia da República.

Sistemas de Governo democrático representativos de concentração de poderes:

Convencionais – quando uma assembleia representativa, delegada pelo povo, concentra


todos os poderes soberanos, afastando-se o princípio de separação de poderes.

Simples – o poder concentra-se nas mãos do chefe de Estado.

Sistemas de Governo democrático representativos de separação de poderes:

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Parlamentarismo – é um sistema de governo no qual o chefe de Estado não é eleito pelo
povo, não podendo por conseguinte exercer livremente os poderes que lhe são atribuídos pela
Constituição (só os exerce a pedido do governo) por falta de legitimidade democrática. O
governo é politicamente responsável perante o parlamento. Isso significa que o parlamento
pode demitir o governo.

Presidencialismo – é um sistema de governo no qual o presidente da república é chefe de


Governo e chefe de Estado. Ele é quem escolhe os chefes dos grandes departamentos ou
ministérios. Esse sistema caracteriza-se pela separação de poderes, Legislativo, Judicial e
Executivo. O parlamento não pode demitir o governo.

Semi-presidencialismo – é um sistema no qual o chefe de Estado é eleito pelo povo,


recolhendo assim a legitimidade democrática necessária para exercer poderes relevantes que
a Constituição lhe atribui. O governo é responsável politicamente perante o parlamento, em
sentido estrito o parlamento pode, através de uma moção de censura, forçar a demissão do
Governo.

Filosofia Política em África

Esta filosofia encontra-se ligada ao Pan-africanismo. Além de lutar pelo reconhecimento dos
negros no mundo, o Pan-africanismo, traçou principalmente com Du Bois, as linhas para uma
Filosofia Política Africana.

Filosofia Africana é o conjunto de pensamentos ligados à emancipação e reconhecimento do


homem negro, quer dentro do seu continente, quer fora dele.

A Filosofia Política africana tem como objectivo a libertação física e psíquica do jugo
colonial do continente africano.

Nkrumah e Senghor, esforçaram-se por lançar bases da política dos Estados africanos. Eles
lideraram dois grupos e dois pontos de vista que não se conciliaram.

Nkrumah defendia a independência imediata dos Estados africanos. E Senghor acreditava que
o ideal seria a independência gradual dos Estados.

Nkrumah desenvolveu a ideia do consciencismo, com o objectivo de assegurar o


desenvolvimento de cada indivíduo. Ele foi o promotor do conceito African Personality,
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tendo trabalhado bastante para a independência do Gana, que foi a primeira nação negro-
africana a ser independente.

O verdadeiro mérito de Nkrumah foi o seu ideal de unidade africana. Ele estava certo de que
os Estados africanos, considerados individualmente, não eram suficientemente fortes para
competirem com as grandes potências do Ocidente.

Para Nkrumah esta fraqueza é que levava os Estados a procurar sua segurança em acordos
com as ex-potências coloniais ou neocoloniais.

Majhemout Diop afirmara que a unidade africana, acabaria com as fronteiras traçadas de
forma arbitrária em Berlim e traçaria novas fronteiras mais racionais, de modo a estabelecer
relações económicas entre grandes zonas de produção africana.

Nkrumah e Diop tinham mesma visão quanto a arbitrariedade na definição das fronteiras.
Eles diziam que dividindo as populações de uma mesma cultura em diferentes Estados, isso
poderia sempre originar conflitos interafricanos.

Senghor, Luís Cabral, Nyerere e Agostinho Neto, aliaram-se ao socialismo, e o abordaram do


ponto de vista da realidade africana, o que originou àquilo que se chama, com o pensamento
de Nkrumah, o Socialismo africano.

Senghor defendeu que a alma negra é essencialmente colectiva e solidária, por isso, a África
é por natureza do seu povo, socialista.

Meio a esta situação surgiram dois grupos: o grupo da Monróvia (California e EUA) defendia
a criação dos Estados Unidos de África. E o grupo da Casablanca (Marrocos) defendia a
criação das nações e assim fundou a OUA.

A OUA foi criada a 25 de Maio de 1963, em Addis Abeba, na Etiópia, por meio da assinatura
da sua constituição por representantes de 32 governos de países africanos independentes.

Objectivos da OUA

• Promover a unidade e a solidariedade entre os Estados Africanos;

• Coordenar e intensificar a cooperação entre os Estados Africanos, com vista a


proporcionar uma vida melhor aos povos de África;

• Defender a soberania, integridade territorial e independência dos Estados


africanos;

• Erradicar todas as formas de colonialismo em África;

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• Promover a cooperação internacional, respeitando a Carta das Nações Unidas
e a Declaração Universal dos Direitos Humanos;

• Coordenar e harmonizar as políticas dos Estados-membros nas esferas política,


diplomática, económica, educacional, cultural, da saúde, bem-estar, ciência,
técnica e de defesa.

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