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FILOSOFIA POLÍTICA: PLATÃO FILOSOFO REI.

A ideia de rei-filósofo foi apresentada por Platão em um livro chamado A República. Ele acreditava que as desgraças
humanas só iriam acabar quando os filósofos se tornassem reis ou os reis se tornassem filósofos. A ideia de Platão
se tornou a inspiração para críticas à democracia e para a defesa de um tipo de governo aristocrático em que
apenas aqueles com maior conhecimento deveriam governar.

Platão viveu em Atenas, na Grécia, no século IV a.C e, nesta cidade, as decisões eram tomadas em uma assembleia
periódica na qual todos os cidadãos podiam participar. Novas propostas de leis e medidas eram discutidas e depois
aprovadas através da votação de todos. Porém, o filósofo foi um crítico contundente dessa f orma de governo.
Pensava que o governo de uma cidade exigia conhecimento especializado e por isso nem todas as pessoas eram
aptas a governar.

Para Platão o rei deveria tornar-se filósofo. Ele, que acreditava no mundo das ideias, defendia a existência de um rei-
filósofo porque este, tendo contemplado a verdade (ἀλήθεια – alétheia, no grego), possuiria, por isso, a capacidade de
melhor conduzir a cidade.

Dessa forma, este rei-filósofo, que havia saído caverna na qual grande parte do povo se encontrava aprisionado, deveria
ocupar o posto hierárquico mais alto da cidade. No livro V da República observamos a importância dada por Platão à
encarnação da filosofia com a política num mesmo homem. Escreve ele:

“Enquanto os filósofos não forem reis nas cidades, ou aqueles que hoje denominamos reis e soberanos não forem
verdadeira e seriamente filósofos, enquanto o poder político e a filosofia não convergirem num mesmo indivíduo,
enquanto os muitos caracteres que atualmente perseguem um ou outro destes objetivos de modo exclusivo não forem
impedidos de agir assim, não terão fim, meu caro Glauco, os males das cidades, nem, conforme julgo, os do gênero
humano, e jamais a cidade que nós descrevemos será edificada.”

Claro que aqui nos encontramos com um projeto político utópico. Sabemos também que tentativas radicais de acabar
com “os males” da humanidade sempre resultaram em males ainda piores. Mas Platão sabia que alcançar a cidade ideal
não seria uma tarefa realizável da noite para o dia, ou, ainda, de um século para outro. Aliás, é provável que jamais se
realizasse.

A alma humana sempre foi corruptível independentemente da capacidade intelectual do ser. O intelecto tem influência
sobre as paixões, claro, mas a segunda sempre se provou mais vigorosa.

Por isso, para o filósofo alemão Immanuel Kant, conforme lemos em sua obra A Paz Perpétua, o rei não
deveria ser filósofo. Mas, porque reina, o rei deve ter o filósofo como conselheiro. A razão disso é que Kant acredita –
não sem razão – que o pensamento está sujeito à corrupção do poder, o que desvirtuaria as ideias dos filósofos. Diz ele:
“Não é de se esperar que reis filosofem ou que filósofos se tornem reis, mas tampouco é de se desejar, porque a posse
do poder corrompe inevitavelmente o livre julgamento da razão.”

Com efeito, sob a ótica kantiana, caso o rei fazer-se filósofo, sua razão corre o sério risco de se submeter às delícias do
poder, o que a torna necessariamente mais distante da verdade.

Visto de outra maneira, o rei-filósofo torna-se também perigoso. Com a máquina pública em mãos, é plausível que ele
pare de tentar compreender o mundo – conforme Razzo salienta em seu artigo – e a coloque a serviço de suas
abstrações a respeito de como o mundo deve ser.

Para Platão a cidade é dividida em classes. Haveria uma classe de artesãos e agricultores, para provirem à subsistência
deles e dos demais; uma classe de guardiões, que tem o papel de defensores da cidade; e, por fim, o rei-filósofo, que
governa a cidade. Quando cada um faz àquilo que lhe compete a cidade é justa. Entretanto, quando alguém de uma
classe pretende atuar fora da sua, a cidade se torna injusta.

Para se chegar a rei-filósofo o indivíduo precisa de paidéia (educação), pois possuirá a episteme (ciência). Ele chegará
à ideia de Bem e aplicará na polis seu conhecimento para garantir uma polis bem conduzida. Este é o homem virtuoso
por excelência. Em vida Platão tentou aplicar sua utopia, mas acabou sendo feito escravo na cidade de Siracusa.
FILOSOFIA POLÍTICA: ARISTOTELES

Filosofia política é uma vertente da filosofia cujo objetivo é estudar as questões a respeito da convivência entre o ser
humano e as relações de poder.Também analisa temas a respeito da natureza do Estado, do governo, da justiça, da
liberdade e do pluralismo.
A política, na filosofia, deve ser entendida num sentido amplo, que envolve as relações entre os habitantes de uma
comunidade e seus governantes e não apenas como sinônimo de partidos políticos. A filosofia política ocidental surgiu
na Grécia antiga e dizia a respeito sobre a convivência dos habitantes dentro das cidades-estado gregas. Estas eram
independentes e muitas vezes rivais entre si.
Tais cidades contemplavam as mais variadas formas de organização política como a aristocracia, democracia,
monarquia, oligarquia e, até, a tirania. À medida que as cidades foram crescendo, o termo política passou a ser aplicado
a todas as esferas onde o poder estava envolvido. Assim, num sentido amplo, existe política desde aqueles que habitam
aldeias, como aqueles que moram em estados-nacionais.

ARISTOTELES

O homem deixou o estado de natureza e passou a viver em sociedade com o poder político instituído, para melhor
preservar os seus direitos naturais, como a vida e a propriedade.

A teoria política de Aristóteles constrói-se em torno da ideia de que o homem é um animal político por natureza, que a
cidade é natural e que o fim do homem é a felicidade (eudaimonia). Tal felicidade, contudo, só se atinge plenamente na
polis. O homem é um animal político porquanto vive conjuntamente com o seu semelhante, ainda que dele não necessite.

O homem é considerado um animal político porque, diferentemente de todos os outros animais, é dotado da razão e do
discurso. Por meio da razão e do discurso, o homem desenvolveu as noções de justo e de injusto, de bem e de mal.

Aristóteles começou a escrever suas teorias políticas quando foi preceptor de Alexandre, “O Grande”. Para
Aristóteles a Política é a ciência mais suprema, a qual as outras ciências estão subordinadas e da qual todas as
demais se servem numa cidade. A tarefa da Política é investigar qual a melhor forma de governo e instituições
capazes de garantir a felicidade coletiva. Embora não tenha proposto um modelo de Estado como seu mestre Platão,
Aristóteles foi o primeiro grande sistematizador das coisas públicas. Diferentemente de Platão, faz uma filosofia
prática e não ideal e de especulação como seu mestre.

O Estado, para Aristóteles, constitui a expressão mais feliz da comunidade em seu vínculo com a natureza. Assim
como é impossível conceber a mão sem o corpo, é impossível conceber o indivíduo sem o Estado. O homem é um
animal social e político por natureza. E, se o homem é um animal político, significa que tem necessidade natural de
conviver em sociedade, de promover o bem comum e a felicidade. A polis grega encarnada na figura do Estado é
uma necessidade humana. O homem que não necessita de viver em sociedade, ou é um Deus ou uma Besta. Para
Aristóteles, toda cidade é uma forma de associação e toda associação se estabelece tendo como finalidade algum
bem. A comunidade política forma-se de forma natural pela própria tendência que as pessoas têm de se agruparem.
E ninguém pode ter garantido seu próprio bem sem a família e sem alguma forma de governo. Os indivíduos não
se associam somente para viver, mas para viver bem. Dos agrupamentos das famílias forma-se as aldeias, do
agrupamento das aldeias forma a cidade, cuja finalidade é a virtude dos seus cidadãos para o bem comum.

A cidade aristotélica deve ser composta por diversas classes, mas quem entrará na categori a de cidadãos livres
que podem ser virtuosos são somente três classes superiores: os guerreiros, os magistrados e os sacerdotes. Note -
se que Aristóteles aceita a escravidão e considera a mesma desejável para os que são escravos por natureza. Estes
são os incapazes de governar a si mesmo, e, portanto, devem serem governados. Um cidadão é alguém
politicamente ativo e participante da coisa pública. Segundo Aristóteles, sem um mínimo de ócio não se pode ser
cidadão. Assim, o escravo ou um artesão não se encontra suficientemente livre e com tempo para exercer a
cidadania e alcançar a virtude, a qual é incompatível com uma vida mecânica. E os escravos devem trabalhar para
o sustento dos cidadãos livres e virtuosos.

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