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ESCOLA ESTADUAL ROMUALDO JOSÉ DA COSTA - ROJOCO

REANP: Regime Especial de Atividades Não Presenciais


Disciplina: Filosofia ENSINO MÉDIO Prof.(a): Talmer Oliveira
ANO ESCOLAR: 3º ano TURMA:
Conteúdo: Material de Apoio

Primeira semana do PET I de Filosofia

Leia o texto:

As ciências políticas de Platão e Aristóteles.

Ricardo Ramos

Platão e Aristóteles são dois marcos fundamentais na história da filosofia. Apesar de terem
posições diferentes sobre a origem das ideias, definiram o campo de nossa experiência
cognitiva ao estabelecer que todo conhecimento tem uma parte sensível e outra intelectiva.
Dito isso, seguem 10 perguntas que norteiam sobre toda a ciência politica desses dois
filósofos.

I. Esclareça a diferença de Platão e Aristóteles quanto as formas de Governo.

Platão o filósofo, mestre de Aristóteles, viveu numa sociedade composta de argumentos


sofistas, onde, muitas vezes vazios e ou distorcidos para atingir um fim que não
necessariamente era útil. Platão logo desenvolveu três formas de governo, três tipologias
possíveis de se governar uma sociedade, são elas: democracia, aristocracia e monarquia.
Estas formas de governo são classificadas como formas puras e, como tudo tem dois lados,
essas formas puras possuem sua versão impura.

As formas são assim conceituadas:

A anarquia: é utilizada para contrapor a democracia, uma forma deteriorada da mesma, é o


mau governo efetuado pelo povo, é o governo sem governo.

A aristocracia: governo de uns poucos que deveriam ser entendedores para manter a honra,
mas ao invés destes sãos políticos que pensam serem entendedores de todas as
problemáticas sociais, mas que em verdade, em verdade não sabem de nada.

A monarquia: governo de “um só”, que se deforma em tirania que seria o governo que se inicia
de forma adequada, mas que ao passar dos tempos, transforma-se em um governo
extremamente repressor, alienando o povo.

Em sua obra “Política”, Aristóteles distingue regimes políticos e formas ou modos de governo.
O primeiro termo refere-se ao critério que separa quem governa e o número de governantes e
o segundo, as formas de governo, refere-se a em vista de que eles governam, ou seja, com
qual finalidade. Para o filósofo, os governos devem governar em vista do que é justo, de
interesse geral, o bem comum.

Segundo Aristóteles existem três formas de governo puras.

A monarquia: onde o governo de apenas um sobre os demais indivíduos.

A aristocracia: que é governo de alguns, sobre os demais. Sendo que na concepção aristotélica
esses alguns seriam os melhores da sociedade.

O governo constitucional: em que a maioria governa a cidade para o bem de todos.

As divergências se dão a partir da premissa que o real é distinto para um e para outro. O real
para Platão é a ideia; o real para Aristóteles é a realidade sensível. Os rótulos “idealista” e
“realista” que acompanham os dois pensadores se fixaram porque, embora Platão dividisse o
mundo onde um era compreendido pelos sentidos e o compreendido pelas ideias. Já o
pensamento de Aristóteles parte da experiência sensível, do tangível.

II. É verdadeiro afirmar que Platão e Aristóteles conceberam a cidade ideal, governada por um
rei-filósofo? Sim ou Não? Justifique.

No livro “A República”, Platão formula uma cidade ideal, onde para ele haveria a tão sonhada
justiça. Essa cidade era fundamentada na divisão do trabalho. Para Platão, uma cidade justa
só poderia existir se cada homem cumprisse com suas funções. Para isso, ele dividiu os
homens em três classes diferentes: a primeira delas seria a dos artesãos. Esses se dedicariam
à produção de bens materiais; a segunda seria a classe dos guerreiros, que seriam
responsáveis por defender a cidade de possíveis males; a terceira era a dos filósofos, que
deveriam dirigir a cidade e zelar pela obediência das leis.

Para Aristóteles a cidade ideal deve ter uma intermediação constante, tanto com seu local
geográfico de origem, quanto na sua expansão comercial marítima, pois a localização
geográfica de uma cidade diz tudo sobre ela, onde uma cidade situada em um local íngreme de
difícil acesso para quem não conhece seu terreno. Em uma situação de guerra, as operações
militares daquela cidade devem oferecer a seus cidadãos uma saída de fácil acesso, e ao
mesmo tempo restringir a infiltração de soldados e ataques inimigos.

Pode-se notar que no que tange os valores contemporâneos de uma sociedade, o que mais se
aproximou de uma cidade ideal par um rei-filosofo conseguir governar e manter a polis, foi
Aristóteles.

III. Esclareça as respostas que Platão e Aristóteles dão a questão: Qual a essência dos seres
humanos e qual sistema político que melhor convém para a sociedade dos homens?

Platão não acreditava que deveria buscar a verdade plena, para ele, dever-se-ia buscá-la em
algo estável, as verdadeiras causas, pois logicamente a verdade não pode variar, se há uma
verdade essencial para os homens esta verdade dever valer para todas as pessoas. Logo, a
verdade deve ser buscada em algo superior. Nas coisas devem ter um outro fundamento, que
seja além do físico, a forma de buscar estas realidades vem do conhecimento. Esta busca
racional é contemplativa, isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem, ou seja,
sua essência.

Para Aristóteles a essência que distingue e individualiza os homens é sua racionalidade. Todo
ser é individual, é uma substância, algo que permanece mesmo com as mudanças. O Homem
representa, para si mesmo, um caso, tornando-se então uma espécie. Assim ele é e afirma-se
como sendo um homem, por isso, alcança consciência de si mesmo enquanto homem e não
enquanto este homem.

Platão pensava que um Estado ideal proporcionaria uma vida ideal. Acreditava também que a
sociedade era o indivíduo em larga escala, razão por que o que fazia uma boa pessoa faria
uma boa sociedade. Logo, a sociedade ideal de Platão é uma aristocracia, ou o governo por
uma classe particular. Essas três classes alegavam ele, permanecerão em larga medida
inalteradas graças à hereditariedade, mas testes especiais iriam promover algumas pessoas e
rebaixar outras. Como é perfeita, essa sociedade nunca vai mudar: uma vez atingida a
perfeição, a mudança só poderia ser para pior.

Para Aristóteles, tudo gira em torno da atividade racional, o exercício da mente é a finalidade
específica do homem e nisto está a sua realização final, a sua felicidade. Portanto a finalidade
do homem é uma atividade racional, uma função da alma. Por isso, o homem não nasce ético.
Como ele mesmo afirma: “Sendo assim, a presente investigação ética não visa ao
conhecimento teórico, não investigamos apenas para conhecer o que é a virtude moral e sim
para nos tornarmos bons, pois se não fosse assim nossa investigação seria inútil”.

IV. Explique o verdadeiro significado da expressão: “o homem é um animal”, segundo


Aristóteles.
A teoria política de Aristóteles é construída em torno da ideia de que o homem é um animal
político por natureza, que a cidade é natural e que o fim do homem é a felicidade. Essa
felicidade, contudo, só se atinge plenamente na cidade (pólis). O homem é um animal político
por viver conjuntamente com o seu semelhante, ainda que dele não necessite. O homem é
considerado um animal político porque, diferente de todos os outros animais, é dotado da razão
e do discurso. Por meio da razão e do discurso, o homem desenvolveu as noções de justo e de
injusto, de bem e de mal.

V. Explique “os problemas da humanidade nunca cessarão até que … os chefes de Estado
transformem-se em autênticos reis-filósofos”.

Platão, na República, desclassifica o senso comum, onde percebeu-se que não se entrega o
comando de um navio a qualquer um, mas para um capitão experiente. No mito da caverna, o
homem comum vive no mundo das sombras, só o filósofo saiu da caverna e viu a realidade.
Como somente os filósofos conhecem de fato a justiça e o bem, graças a seu acesso
privilegiado ao Mundo Inteligível, então, só a eles caberia o comando, pois só eles seriam
capazes de não se guiar por seus interesses particulares, mas sim pelo bem comum.

VI. Esclareça: Justiça é “virtude” que capacita a alma a desempenhar sua função da maneira
correta.

Justiça é um conceito abstrato que se refere a um estado ideal de interação social em que há
um equilíbrio, que por si só, deve ser razoável e imparcial entre os interesses, riquezas e
oportunidades entre as pessoas envolvidas em determinado grupo social.

Aristóteles definia justiça como sendo uma igualdade proporcional: tratamento igual entre os
iguais, e desigual entre os desiguais, na proporção de sua desigualdade. Aristóteles também
reconhece que o conceito de justiça é impreciso.

Já Platão reconhece a justiça como sinônimo de harmonia social, relacionando também esse
conceito à ideia de que o justo é aquele que se comporta de acordo com a lei. Platão defende
que o conceito de justiça abrange tanto a dimensão individual quanto coletiva: a justiça é uma
relação adequada e harmoniosa entre as partes beligerantes de uma mesma pessoa ou de
uma comunidade.

VII. O estado ideal platônico terá três grupos ocupacionais. Entre eles serão distribuídas as
“virtudes” do Estado. Como será exercida essa justiça?

A justiça platônica é entendida como uma harmonia e ordem para cumprir a efetivação dos
objetivos comunitários que são condição para a felicidade da comunidade e de seus membros.
A justiça requer que o Estado construa sua legítima autoridade integrando os distintos grupos
sociais em uma unidade conjunta. Um Estado onde os compromissos com os projetos comuns
sejam racionalmente eleitos, visando sempre o bem-estar geral.

Dentro de um Estado como o planejado na República os interesses privilegiados pela


organização da polis são os interesses da coletividade e os governantes devem agir na
promoção do bem-estar geral.

Além disso, para Platão, um Estado justo não pode existir sem que os cidadãos desenvolvam
suas capacidades, talentos e interesses, sobretudo no que diz respeito a prática das virtudes e,
consequentemente, da justiça. À medida que os governantes desenvolvam de maneira virtuosa
sua vida moral, o Estado vai se tornando cada vez mais justo.

VIII. É plausível afirmar que para Platão a democracia é cheia de variedades e desordem,
dando igualdade para os iguais e para os desiguais da mesma forma? Esclareça.

Platão acredita que o Estado, para que ele possa cumprir sua função essencial de garantir a
paz, a justiça e o bem-estar para todos, é necessário dispor de um governo sábio e justo. O
bom governo depende da virtude de bons governantes e as massas devem ser dirigidas por
homens que se distinguem pelo saber, sendo levados assim a conceber uma espécie
sofocracia, um governo dos sábios. A proposta de Platão leva a um modelo aristocrático de
poder, mas não a uma aristocracia da riqueza e sim, da inteligência, em que o poder é confiado
aos melhores, ou seja, garantindo a igualdade para os iguais e desiguais, respectivamente.

IX. Maquiavel concordava com a ideia grega de essência e aparência humana. No entanto, o
conteúdo da essência era diferente entre os Gregos. Esclareça.

O Renascimento trouxe uma série de inovações no campo cultural. Uma delas foi desenvolvida
por um autor italiano, Maquiavel, que procurava fundamentar uma filosofia política tendo em
vista a dominação dos homens. Maquiavel pretendia que essa forma de conhecimento fosse
aplicada também à política enquanto ciência do domínio dos homens e que tinha como base
uma natureza humana imutável. Para ele, se há uniformidade nas leis gerais das ciências
naturais, também deveria haver para as ciências humanas. O que na realidade vai de encontro
com os ideais de Platão e Aristóteles sobre o processo de adaptação do indivíduo, de
descoberta, de aperfeiçoamento.

X. Defina política.

É o processo de tomar decisões que se aplicam aos membros de um grupo. Refere-se tomar
atitudes e posições de controle organizado da governança sobre uma comunidade humana,
particularmente um estado.

A política, como forma de atividade está estreitamente ligada ao poder. O poder político é o
poder do homem sobre outro homem, descartados outros exercícios de poder, sobre a
natureza ou os animais, por exemplo. Poder que tem sido tradicionalmente definido como:
“consistente nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem” de Hobbes ou como:
“conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados” de Russell.

O que a política pretende alcançar pela ação dos políticos, em cada situação, são as
prioridades de um certo grupo sócia, onde:

· Nas convulsões sociais, será a unidade do Estado;

· Em tempos de estabilidade interna e externa, será o bem-estar, a prosperidade;

A política não tem fins constantes ou um fim que compreenda a todos ou possa ser
considerado verdadeiro, visto que, os fins da Política são tantas quantas são as metas que um
grupo organizado se propõe, de acordo com os tempos e circunstâncias atuais.

Segunda semana do PET I de Filosofia

Assista ao vídeo:

O pensamento político de Maquiavel - Prof. Anderson

Link: https://www.youtube.com/watch?v=D5W4KyMMFyM

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