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FILOSOFIA

Sociedade Educacional Ápice 2º ANO ENSINO MÉDIO


COLÉGIO ÁPICE
Professora: Elisa Monfradini
Nome:

Atividade de Revisão – AV1 (2º trimestre)

1ª QUESTÃO

Recupere, e forma ampla, as condições materiais da Grécia Antiga que ajudam a explicar porque a
política como objeto de reflexão nasce no seio desta civilização e não de nenhuma outra do mesmo
período histórico.

A política trata do gerenciamento da vida pública e, portanto, não é possível supor nenhuma sociedade da
história sem política. Contudo, a ascensão da política como objetivo de reflexão acontece na Grécia Antiga,
mais especificamente na cidade-estado de Atenas.

Antes dominada por uma aristocracia hereditária sob poder dos eupátridas (proprietários de terras e
escravos), a partir de 594 a.C. – governo de Sólon –, a cidade de Atenas passou por uma reforma das
estruturas social, política e econômica: anistia das dívidas de camponeses, proibição da escravidão por
dívida, direito de voto aos cidadãos sem bens, instituição de uma assembleia popular tribunal, entre outras
medidas que limitaram os poderes e arbitrariedades da nobreza. Esse foi o cenário que permitiu ao legislador
Clístenes propor o modelo da Democracia Grega, em seus princípios de isonomia* e a isegoria**.

As decisões políticas nesse contexto, ou seja, aquelas de caráter público (com consequências
determinadas territorialmente e não individualmente) e oficiais (fundamentadas no poder formal e
sujeitas à coerção), foram deslocadas para um espaço público por excelência: a Ágora. Nesse espaço
ocorriam reuniões onde aqueles considerados cidadãos discutiam assuntos ligados à vida da cidade.

Essas condições que combinaram a verticalização das decisões políticas e a discussão e negociação
como princípios orientadores mostraram-se inéditos entre as civilização do mesmo período histórico. Situação
que possibilitou que o pensamento filosófico, que buscava explicar o mundo para além da mitologia,
também ascendente na Grécia, olhasse para esse novo fenômeno e o tomasse como um objeto de reflexão.

*Isonomia: todas as pessoas que eram considerados cidadãos de direito em Atenas eram iguais perante a lei.
**Isegoria: todo cidadão de direito poderia ter o direito de expor suas opiniões e ideias.
2ª QUESTÃO

Sob as referências da filosofia política clássica, descreva as considerações de Platão e Aristóteles a


respeito dos seguintes tópicos, destacando convergências e divergências de suas teorias:

RETÓRICA

PLATÃO ARISTÓTELES
Considerava este o meio pelo qual os cidadãos A condição que teria levado à humanidade a fundar o
tentavam influenciar uns aos outros nas decisões Estado para viver em coletividade é o dom da
tomadas em praça pública, utilizando discursos para palavra, exclusivamente humano, e que nos impele a
defender opiniões nem sempre justas ou vocação da discussão e negociação, que são os
verdadeiras. Nesse sentido, posicionava-se de forma pressupostos da retórica.
crítica à democracia ateniense, lida como injusta e Essa interpretação foi central na filosofia política
corrupta, pois nela valia mais a aparência e a aristotética: o zoon politikon (animal político) como
persuasão contavam mais do que a verdade. parte da essência humana, naturalmente voltada
para justiça, bem comum e felicidade.

POLIS IDEAL

PLATÃO ARISTÓTELES
Propunha um modelo ideal de pólis, denominada Depois de analisar diversas configurações das
Politeia, com lugares fixos aos cidadãos de acordo cidades-estados gregas, bem como a proposta
com a natureza de cada um: classe dos produtores, platônica, Aristóteles considerou que não poderia
classe dos guardiões ou guerreiros e classe dos haver uma forma de Estado perfeita em si mesma,
magistrados. Essa natureza individual deveria ser observando vantagens e desvantagens em cada uma
revelada através do processo educativo da paideia, delas. Um bom governo poderia se organizar sob
sendo que aquele que demonstrasse maior estruturas monárquicas, aristocráticas ou
capacidade intelectual ao passar por todas as etapas democráticas, desde que submetidos e orientados
desse processo, seria o mais apto à assumir o por uma boa Constituição.
governo da cidade – o filósofo. Ainda assim pondera que um “Governo
Defendia que o governo poderia ser monárquico ou Constitucional de muitos” contava com a vantagem
aristocrático, mas sempre tendo o filósofo no topo da da soma das virtudes parciais “dos iguais” (cidadãos
hierarquia, com capacidade de governar, por serem – demo), sem necessidade de esperar a revelação
dotados de disciplina moral e intelectual suficiente de um filósofo que encarnasse as virtudes perfeitas
para administrar a pólis e a si próprios, pelo bom uso de um governante.
da razão.
JUSTIÇA

PLATÃO ARISTÓTELES
Uma vez que o filósofo é aquele capaz de alcançar a Dando grande valor às leis escritas, a justiça
essência de todas as coisas (Mundo das Ideias), a aristotélica está no cumprimento da organização e
justiça estaria no discernimento decorrente do bom hierarquia previamente determinada por uma
uso da razão que este cidadão particular é capaz de constituição orientada pela promoção do bem
empreender. Nesse sentido, esse governante deveria comum. Nesse cenário, até mesmo o próprio
estará cima de qualquer lei escrita e fixa, agindo de governante deveria estar submetido às leis locais.
acordo com as necessidades em cada caso.

3ª QUESTÃO

Sobre a paidéia, processo educativo proposto por Platão, complete o parágrafo com as informações
corretas:

Tratava-se de uma metodologia pedagógica em três etapas progressivas, que tinha por intenção relevar a
natureza de cada cidadão a ela submetida. Em cada uma dessas etapas o sujeito seria estimulados à um
conhecimento: na primeira o aprendizado estava focado em atividades produtivas, de forma a desvelar a
classe dos produtores; aqueles que mostrassem aptidão para progredir a outros estágios seriam submetidos,
em um segundo momento, à estímulos relacionados ao corpo e aos sentidos (ginástica, poesia e música), em
observação daqueles que se destacassem para compor a classe dos guardiões ou guerreiros; enquanto que
os que demonstrassem interesse em se aprofundar nos estudos seriam direcionados à etapa de
conhecimentos científicos (Matemática, Aritmética, Geometria e Astronomia) e estudo da dialética,
configurando a classe dos magistrados. Em última instância, o objetivo estava em identificar aquele que
possuía maior capacidade intelectual e, portanto, mais aptidão à governar.

Interessante é observar que as classes sociais reveladas pela paidéia segue a mesma hierarquia das divisões
da alma humana, também proposta por Platão. Nesse sentido, no topo desta hierarquia estaria o
filósofo/governante, representado pela alma racional, tendo por função conduzir tanto a classe dos guerreiros,
representada pela alma irascível, quanto a classe dos produtores, representada pela alma concupiscível.
4ª QUESTÃO

“A Política: a Grande Porca” foi publicado em 1900, por Rafael Bordalo, no jornal A Paródia. Aqui, a política é
representada como uma grande porca que amamenta uma ninhada, cada um deles representando partidos
políticos e seus membros, identificados por siglas nos respetivos traseiros.

Apresente uma reflexão que associe a crítica política feita por Bordalo à noção de “Animal Político”
elaborada por Aristóteles.

PESSOAL.

Em termos gerais, é importante se atentar para a análise aristotélica do “Animal Político” como parte de uma
essência humana que é naturalmente direcionada à justiça, felicidade e bem comum. De outra forma, Rafael
Bordalo apresenta em “A Política: a Grande Porca” trata da apropriação política a serviço de interesses
pessoais, sendo que muitas vezes estes conflitam com os interesses coletivos.

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