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A HISTÓRIA DA FILOSOFIA

ANTIGA
 Por volta dos séculos V, IV A.E.C., houve, na cidade-Estado de
Atenas, na Grécia, um fenômeno que entrou para a história da
civilização ocidental: a criação da democracia.
 Não era exatamente como este sistema que hoje nós chamamos
pelo mesmo nome.
 Se por um lado excluía parcela considerável da população das
decisões políticas, por outro apresentava aspectos até mais
ousados do que a que vivemos atualmente (como a participação
do cidadão comum nas decisões estatais).
 Três dos maiores nomes da filosofia de todos os tempos –
Sócrates, Platão e Aristóteles – viveram exatamente nesse
período e nesse lugar, sem contar no florescimento do teatro e de
outras escolas do pensamento, como a sofística.
 Em comum, todos os três grandes filósofos pensavam em como
a ética é indispensável no trato da coisa pública, que os
governantes devem ser os mais bem qualificados para lidar com
a comunidade, e que as leis podem até não ser perfeitas, pois não
conseguem lidar com as imprevisibilidades da vida, mas são
propostas razoáveis para se criar estabilidade nas sociedades.
 Isso nos leva a pensar que, mesmo com a enorme distância do
tempo, ainda temos muito a aprender com os antigos gregos.
NOÇÃO DE POLÍTICA NA GRÉCIA CLÁSSICA
 Por volta do século V a.C., ou talvez no século seguinte –
ninguém sabe ao certo a data de nascimento –, aconteceu, na
região do Peloponeso, provavelmente um fenômeno único na
história: os habitantes de determinada cidade-Estado, chamada
de Atenas, decidiram que a melhor maneira de se organizar
como sociedade era distribuir os poderes de decisão sobre as
questões comunitárias por todos os cidadãos.
 Eles chamaram essa forma de governo de “democracia”
(dêmos = povo + kratía = poder), e criaram mais uma palavra-
conceito que influenciaria todo o mundo ao longo dos séculos e
milênios.
 A democracia ateniense é um exemplo de organização social-política sem
paralelos na história do mundo. E entre os vários motivos que a fazem única
está a assembleia: um conselho de cerca de quinhentos cidadãos eleitos por
sorteio, que supervisionava o aparato administrativo, lidava com as relações
exteriores, ouvia os relatórios oficiais, deliberava a agenda, preparava as
moções para as assembleias e realizava outras atividades.
 Na ekklesia ou assembleia, especificamente, parte da comunidade ateniense
(os homens adultos e livres) tinha de se encontrar cerca de quarenta vezes ao
ano para discutir sobre os problemas e as soluções da cidade.
 Pode-se afirmar que cerca de um terço dos cidadãos acima dos 18 anos e dois
terços dos cidadãos acima dos 40 anos já tinham servido pelo menos durante
um ano nessa assembleia.
 Havia problemas de instabilidade política. Com tantas vozes
podendo apontar as direções que a cidade deveria tomar, era
difícil se chegar a um caminho único e em linha reta em pouco
tempo. A morosidade, às vezes, acabava se tornando
imobilidade, o que atrapalhava em um período de constantes
guerras, invasões, e governos fortes e autoritários.
 A principal crítica à democracia ateniense devia-se ao
impedimento da participação de mulheres, estrangeiros (como
Aristóteles, que era de Estagira – cidade próxima à Macedônia
–, por exemplo) e escravos no conselho.
 As mulheres até assumiam funções religiosas importantes –
afinal, a religião era parte fundamental da sociabilidade habitual
ateniense –, porém os demais moradores da cidade, mesmo que
fossem a maioria da população, tinham pouca ou nenhuma voz
ativa nesse contexto.
 No total, os participantes do conselho atingiam no máximo 20%
da população de Atenas. Esse número fez com que os críticos do
período dissessem que tal organização social política não era
exatamente uma democracia, mas uma forma atenuada
de oligarquia.
 Na ciência política, oligarquia ("oligarkhía" do grego
ολιγαρχία, literalmente, "governo de poucos") é a forma de
governo em que o poder político está concentrado num
pequeno número pertencente a uma mesma família, um mesmo
partido político ou grupo econômico ou corporação.
 De qualquer modo, a democracia ateniense se tornou um marco inaugural que
acabou influenciando diversas maneiras de pensar a organização comunitária
ao longo dos tempos. Mesmo que imperfeita, tornava a vida pública uma
constante para todos os cidadãos e a política, uma parte do cotidiano. Não era
possível se manter totalmente alienado.
 Na atualidade, ela nos força a pensar sobre nossa própria maneira de nos
estruturar como sociedade – as distribuições de poder, a participação popular,
a representação de todos os estratos e segmentos populacionais na tomada de
decisão, a partilha dos direitos e deveres civis, a divisão dos recursos
econômicos.
 Ao olhar para o exemplo grego, fica difícil não se perguntar se o que vivemos
nos dias atuais, apesar de sustentar um nome homônimo, seria
verdadeiramente uma democracia.
AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS DO NASCIMENTO
DA FILOSOFIA NA GRÉCIA: DOS
PRÉ-SOCRÁTICOS AOS SOFISTAS

 A Filosofia tem lugar de nascimento, a Grécia, e um “pai”,


Tales de Mileto. A Filosofia grega surgiu a partir da poesia, da
religião e das condições sociopolíticas.
 A Filosofia, como conhecemos hoje, ou seja, no sentido de um
conhecimento racional e sistemático, foi uma atividade que,
segundo se defende na história da filosofia, iniciou na Grécia
Antiga formada por um conjunto de cidades-Estado
(pólis) independentes. Isso significa que a sociedade grega
reunia características favoráveis a essa forma de expressão
pautada por uma investigação racional. Essas características
eram: poesia, religião e condições sociopolíticas.
PERÍODOS DA FILOSOFIA GREGA :
 a) Período pré-socrático – do século VII ao século V a.C.
Caracterizado pela investigação acerca da physis e pelo
início de uma forma de argumentar e expor as ideias;
 b) Período socrático – do final do século V ao século IV
a.C. Caracterizado pela investigação centrada no homem,
sua atividade política, suas técnicas, sua ética. Também
considerado o apogeu da filosofia grega;
 c) Período pós-socrático – do século IV ao século III a.C.
Caracterizado pela tentativa de apresentar um pensamento
unificado a partir de diversas teorias do passado.
Interessava em fazer a distinção entre aquilo que poderia
ser objeto do pensamento filosófico.
 d) Período helenístico ou greco-romano – do século III a.C.
ao século VI d.C. Engloba o período do Império Romano e
dos Padres da Igreja. Trata-se das relações entre o homem,
a natureza e Deus. Nesse longo período, que já alcança Roma
e o pensamento dos primeiros Padres da Igreja, a Filosofia se
ocupa sobretudo com as questões da ética, do conhecimento
humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos
com Deus.
PERÍODO PRÉ SOCRÁTICO
 Os filósofos pré-socráticos foram
os primeiros filósofos do Ocidente. Tales de Mileto, um
comerciante da região da Jônia, teria previsto um eclipse
total do Sol, no ano de 585 a.C., utilizando cálculos e
conhecimentos de Astronomia. Considerado o primeiro
filósofo, não se conteve com as explicações cosmogônicas
fornecidas pela mitologia grega para explicar a origem de
tudo, e parte para uma observação natural em busca de
um princípio racional de tudo que fizesse sentido. Sua
atitude dá início à Filosofia há, aproximadamente, 2600
anos.
 Tales observou a natureza e supôs que o princípio de tudo
estaria contido nela própria. A sua análise foi motivada
pela falta de coerência das mitologias, ao tentarem explicar o
surgimento de tudo, com histórias fantasiosas que envolviam
deuses e titãs. As observações de Tales o fizeram supor que o
princípio de tudo seria a água, pois notou que essa substância
está presente em todas as formas de vida.
 Impulsionou os estudos de vários outros pré-socráticos, os
quais, assim como Tales, queriam descobrir a
verdadeira origem do Universo. Todos eles buscaram essa
origem na própria natureza, com base na observação
empírica do meio em que viviam. Essa atitude fez com que o
ser humano fosse parando aos poucos de creditar os
fenômenos naturais pouco conhecidos , intervenções divinas
e forças sobrenaturais.
 O período Pré-Socrático também é chamado de Cosmológico, pois os
filósofos estavam buscando uma origem racional para o Universo, que,
no vocabulário grego antigo, pode ser traduzido pela palavra cosmos.
 O período pré-socrático compreende a escola jônica,
pitagórica, eleática e pluralista.

 Escola Jônica : filósofos nascidos na Jônia, colônia


grega da Ásia Menor. Caracteriza-se pela pergunta a
respeito da origem da natureza, para determinar o
elemento que deu origem a todos os seres. Os principais
filósofos jônicos são Tales, Anaximandro, Anaxímenes e
Heráclito.
 Escola Pitagórica: tem seu nome derivado do nome de seu
fundador e principal representante: Pitágoras de Samos.
Defendia que todas as coisas são números e o princípio
fundamental de tudo seria a estrutura numérica, ou seja, o
mundo surgiu quando precisou haver uma limitação para
o ápeiron e essa limitação eram formas numéricas sobre o
espaço. Os pitagóricos faziam um amálgama de
concepções, como era comum na época. Desse modo,
embora racionais e matemáticos, os pitagóricos também
baseavam suas doutrinas em concepções místicas.
 Acreditavam que o corpo aprisionava a alma, imortal, e o
objetivo da existência seria o de tornar a alma mais pura.
A reencarnação era uma consequência desse pensamento,
pois a cada vida era possível elevar mais as virtudes da
alma e reencarnar-se em uma forma mais elevada.
Tinham, portanto, uma visão espiritual da
existência. Outros pensadores importantes dessa
escola: Filolau, Arquitas e Alcmeón.
 Escola Eleática: tem o nome derivado da cidade de Eleia, ao
sul da Itália, lugar onde se situaram seus principais
pensadores: Xenófanes, Parmênides, Zenão e
Melisso. Caracteriza-se por não procurarem uma
explicação da realidade baseada na natureza. Suas
preocupações eram mais abstratas e podemos ver nelas o
primeiro sopro de uma lógica e de uma metafísica.
Defendiam a existência de uma realidade única, por isso são
conhecidos também como monistas em oposição
ao mobilismo (de Heráclito, principalmente, que acreditava
na existência da pluralidade do real). A realidade para eles é
única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio ou fim,
contínua e indivisível.
 Escola Pluralista: inclui a escola atomista e os pensadores
Anaxágoras e Empédocles, tem esse nome porque seus
pensadores não acreditam na existência de um princípio
único que seja a origem do universo e sim de vários
princípios que se misturam e formam tudo o que
conhecemos. Para os atomistas, tudo o que existe é
composto de “átomo” e “vazio” que em um processo
contínuo de atração e repulsão constituem a realidade
existente.
PERÍODO SOCRÁTICO
 A importância de Sócrates para a história da filosofia é tal
que todos aqueles que vieram antes dele são chamados de
pré-socráticos. Isso significa que a forma como a filosofia
ocidental se desenvolveu é tributária da forma como
Sócrates entendia o que era a atividade de filosofar e à sua
investigação a respeito do humano, que ele inaugurou.
 A filosofia de Sócrates se desenvolvia a partir de diálogos e
era composta de dois momentos básicos: A refutação ou
ironia e a Maiêutica.
 Ironia: Sócrates perguntava o que as pessoas sabiam para
que, elas próprias, ao tentarem defender suas opiniões,
percebessem a limitação de seus argumentos, a contradição
entre eles e a imprecisão de seus conceitos.
 Para Sócrates, é importante para todos aqueles que querem
conhecer alguma coisa, começarem reconhecendo a própria
ignorância.
 Para conduzir seus interlocutores a reconhecerem que não
sabiam sobre aquilo que conversavam, Sócrates iniciava seu
diálogo com perguntas que faziam parecer que ele também
não sabia sobre o assunto.
 Sentido original da palavra ironia: derivada do
verbo eirein (perguntar), ironia tinha o sentido de
interrogação fingindo ignorância.
 Maiêutica, em seu sentido original: a arte de parir era a
segunda fase do diálogo.
 Consistia num método de sucessivas perguntas pela essência das
coisas. Sócrates lançava uma pergunta, o interlocutor
respondia-a, Sócrates perguntava novamente sobre um conceito
em cima da resposta anterior, e assim por diante. No fim, a
percepção que restava era a de que o interlocutor, que julgava
conhecer algo, na verdade não conhecia nada.
 A maiêutica e a ironia eram uma combinação utilizada por
Sócrates.
 O filósofo começou a perceber que a instigação irônica
desestabilizava seus interlocutores, além de instigar as pessoas a
responderem e a arriscarem respostas que pudessem estar mais
próximas da verdade.
SÓCRATES: O IGNORANTE MAIS SÁBIO DOS HOMENS

 Sócrates, o mestre em busca da verdade


 O pensamento do filósofo grego Sócrates (469-399 a.C.) marca
uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia
procurava explicar o mundo baseada na observação das forças
da natureza. Com Sócrates, o ser humano voltou-se para si
mesmo. Como diria mais tarde o pensador romano Cícero,
coube ao grego "trazer a filosofia do céu para a terra" e
concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, a psique).
 A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do
autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem.
 Veterano da guerra contra Esparta, onde salvou a vida do futuro
político Alcibíades (450 A.E.C.-404 A.E.C.) e de seu futuro
discípulo e escritor Xenofonte (430 A.E.C.-355 A.E.C.),
defensor da lei ateniense para julgar mesmo generais
antipopulares, corajoso para enfrentar tiranos que tentaram
sequestrar adversários políticos, Sócrates não era uma figura
exatamente desconhecida em Atenas, mesmo antes de se tornar
mestre de uma geração. Entretanto, apesar das glórias
acumuladas, ele não considerava nenhum desses acontecimentos
como o mais importante de sua vida.
 Fato que mais marcou sua vida: a declaração do oráculo do deus
Apolo, localizado na famosa cidade de Delfos, bem no centro da
Grécia, de que ele, Sócrates, seria o homem mais sábio de todos.
 Vivendo junto a generais vitoriosos, políticos cativantes, criativos
dramaturgos, Sócrates se perguntava por que exatamente ele – humilde filho
de uma parteira com um escultor – seria o mais sábio entre todos. A única
resposta que conseguiu encontrar foi o fato de ele ser o único entre todos a
duvidar das próprias certezas.
 Essa sua ignorância era o sinal de sua sabedoria, porque fazia com que ele, ao
menos, soubesse de algo: de que nada sabia.
 Daí vem a famosa frase: “Só sei que nada sei” (que não foi dita exatamente
assim, mas o sentido é esse mesmo). A partir desse momento, Sócrates
entendeu que sua tarefa era revelar a seus concidadãos a ignorância de todos.
 Começava, assim, sua missão. O “mais sábio entre todos os homens” queria
fazer com que as pessoas se conhecessem, se encontrassem, fugissem de
pseudoverdades, não acreditassem em falsas ideias ou meras opiniões .
 O importante era se descobrir, mergulhar dentro de si,
racionalmente, e perceber o que era a verdade.
 A política, continua o incansável Sócrates, deveria ser confundida
com a filosofia e produzir bons cidadãos, que “conhecem a si
mesmos”, como estava escrito no oráculo de Delfos e como o
filósofo repetia sempre.
 Aqueles que não são comedidos, não são racionais, não se
entendem, são incapazes de ter amizades e, assim, de viver em
comunidade.
 Defensor do diálogo como método de educação, Sócrates
considerava muito importante o contato direto com os
interlocutores .
 Sócrates se fazia acompanhar frequentemente por jovens, alguns
pertencentes às mais ilustres e ricas famílias de Atenas. Para
Sócrates, ninguém adquire a capacidade de conduzir-se, e muito
menos de conduzir os demais, se não possuir a capacidade de
autodomínio. Depois dele, a noção de controle pessoal se
transformou em um tema central da ética e da filosofia moral.
Também se formou aí o conceito de liberdade interior: livre é o
homem que não se deixa escravizar pelos próprios apetites e
segue os princípios que, por intermédio da educação, afloram
de seu interior.
 Sócrates valorizava acima de tudo a verdade e as virtudes -
fossem elas individuais, como a coragem e a temperança, ou
sociais, como a cooperação e a amizade. O pensador afirmava,
no entanto, que só o conhecimento (ou seja, o saber, e não
simples informações isoladas) conduz à prática da virtude em si
mesma, que tem caráter uno e indivisível.
 Segundo Sócrates, só age erradamente quem desconhece a
verdade e, por extensão, o bem.
 A busca do saber é o caminho para a perfeição humana, dizia,
introduzindo na história do pensamento a discussão sobre a
finalidade da vida
SOFISTAS × FILÓSOFOS
 Na democracia ateniense, as capacidades da oratória e da
retórica se valorizaram extremamente. Como o debate, o
diálogo público e a discussão eram as maneiras de se portar no
conselho, tornou-se comum que quem conseguisse se comunicar
mais persuasivamente alcançasse, com facilidade maior, os
objetivos almejados.
 Quem era eloquente e, ainda assim, bastante proativo acabava,
pela lábia, exercendo cargos políticos, mesmo sem precisar ser
eleito – caso, inclusive, de Péricles, citado anteriormente. Por
conta disso, alguns jovens atenienses endinheirados recorriam a
um grupo de professores chamados de sofistas (algo como
“sábios”) para que estes lhes ensinassem as manhas da fala em
público.

 Estavam mais preocupados diretamente com as questões morais
e políticas, isto é, os temas mais pragmáticos da vida pública.
Em vez de olhar para o alto e divagar, miravam o pequeno, o
próximo, aquilo em que podemos influir diretamente. Em vez
de tentar explicar o mundo de uma vez só, como os pré-
socráticos, esforçavam-se para dar conta, buscavam o melhor
jeito de influir na vida de sua própria sociedade. Ou seja, em
vez da abstração, pregava-se a materialidade.
 Os sofistas afirmavam que “o homem é a medida de todas as
coisas”, como famosamente disse Protágoras de Abdera, um
dos mais famosos sofistas. Tal frase – uma espécie de resumo
da filosofia sofista – já demostra que o diálogo sofista era mais
concreto.
 Há, ao menos, duas formas – uma quase antagônica à outra – de
interpretá-la, e ambas reforçam esse aspecto mais “pé no chão”.
 Em primeiro lugar, mostra a tentativa de se criar um conjunto
de regras pessoais (daí o homem ser a medida) para a tomada
de decisões, para fazer escolhas, para, enfim, viver.
SOFISMO:
 Etimologicamente, sofismo deriva do grego sophisma, em
que sophia ou sophos significam respectivamente
“sabedoria” e “sábio”. Esta palavra passou a denotar todo
tipo de conhecimento sobre os assuntos humanos gerais.
 Os sofistas da Grécia Antiga eram conhecidos por serem
importantes professores, que viajavam pelas cidades e
ensinavam aos seus alunos a arte da retórica, que era muito
importante para quem desejasse seguir na vida política.
 Os sofistas eram considerados mestres nas técnicas de
discurso, fazendo com que o interlocutor acreditasse
rapidamente naquilo que falava, sendo verdade ou não.
 O principal compromisso dos sofistas seria em fazer com
que o público acreditasse naquilo que diziam, e não com a
busca pela verdade ou em instigar este sentimento no
interlocutor.
 Sócrates foi um dos principais opositores ao pensamento sofista, que
além disso também detestava as elevadas taxas que os professores
sofistas cobravam de seus alunos.

 Platão e Aristóteles também foram importantes filósofos que


desafiaram o sofismo, que a partir de então passou a ter uma
conotação pejorativa como uma forma de desonestidade intelectual.
 Era comum que sofistas viajassem em grupos
pelas cidades gregas e romanas, para assim
poderem realizar elaborados discursos e
acalorados debates públicos, demonstrando suas
habilidades na expectativa de atrair estudantes
para suas escolas. Em particular, nobres, homens
de estado e jovens que pudessem pagar pelos
estudos. Os sofistas foram muito criticados por
Platão e Aristóteles por só ensinarem aos que
podiam pagar pela educação.
 A expressão "sofisma" existe hoje para identificar
uma argumentação rebuscada, porém sem
fundamentação sólida.
 O confronto entre a filosofia socrática e a retórica dos sofistas era
uma constante.
 Sócrates acusa os sofistas de serem amorais, sem se importar com
as necessidades de buscar o que seria o certo e evitar o errado, sem
se interessar em distinguir o que é nobre do que é vergonhoso.
 Os sofistas, por sua vez, dizem que a filosofia seria uma retórica
inferior, um brinquedo lógico. Na melhor das hipóteses, um jeito de
educar os jovens, jamais uma ferramenta decente para os adultos.
 Sócrates rebatia dizendo que a retórica, técnica oratória ensinada
pelos sofistas, era, no máximo, um truque para agradar as pessoas,
e que apenas a filosofia produzia uma verdadeira tékhnē que busca
a bondade nas almas. Seu objetivo seria, por fim, produzir bons
cidadãos.

PERÍODO HELENÍSTICO OU GRECO-
ROMANO
 Inicia no fim do século III a.C. e termina com a queda do
Império Romano e início da Idade Média (século VI da era
cristã). Nesse longo período, a filosofia se expande da Grécia
para outros centros como Roma e Alexandria e alcança o
pensamento dos primeiros padres da Igreja. Ocupa-se sobretudo
com as questões da ética, do conhecimento humano e das
relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus.
 O “helenismo” pode ser definido como o período que se estende
desde a morte de Alexandre, O Grande até
o momento em que a península grega foi anexada por Roma
 Os pensadores do período helenístico preocuparam-se
especialmente com a condução da vida humana e com a
busca pela tranquilidade espiritual (chamada de ataraxia), que
como consequência, proporcionaria a felicidade.
PRINCIPAIS ESCOLAS FILOSÓFICAS
HELENÍSTICAS :
 EPICURITAS. Associaram-se em um cerrado círculo de “amigos”
com o propósito de dar ao homem a certeza de que, ao morrer, sua
alma se dispersaria em átomos e nada teria que temer depois do
túmulo. Na vida, deve-se buscar um prazer inteligente, que não traga
prejuízos.
 O principal expoente desta escola Filosófica foi Epicuro de Samos.
Para o Filósofo, a busca pelos prazeres moderados é a chave para a
paz de espírito (ataraxia). Aquele que é sábio, portanto, deve evitar
certos tipos de prazeres que lhe podem ser prejudicais, e deve buscar
os prazeres corretos para encontrar a felicidade. Epicuro fundou uma
escola que se tornou conhecida como “Jardim”, e nesse local
reuniam-se amigos e seguidores.
 Defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.
 Epicuro defendia dois grandes grupos de prazeres. O primeiro
reúne os prazeres mais duradouros, que encantam o espírito,
como a boa conversação, a contemplação das artes, a audição da
música etc. O segundo inclui os prazeres mais imediatos, muitos
dos quais são movidos pela explosão das paixões e que, ao final,
podem resultar em dor e sofrimento.
 Para desfrutar dos prazeres do intelecto é necessário dominar os
prazeres exagerados da paixão.
 ESTOICISMO: Acreditavam numa Lei universal, superior à
sociedade e ensinavam que o homem deve seguir seus ditames.
Esta lei se manifesta nos deveres e obrigações que estão acima
de tudo. Seu fundador foi Zenão de Cítio e seu mais conhecido
filósofo: o Imperador romano Marco Aurélio.
 Os estóicos acreditavam que há um ordenamento cósmico que
rege a existência, e que o homem virtuoso deve aceitar
serenamente viver de acordo com esse fato. A estrutura do
pensamento estoicista fundamenta-se sobre a lógica, a física e a
ética.
 Defendiam uma atitude de completa austeridade física e moral,
baseada na resistência do homem ante os sofrimentos e os
males do mundo. Zenão propõe o dever, vinculado à
compreensão da ordem cósmica, como o melhor caminho para
a felicidade.
 CÍNICOS. Adotavam uma moralidade tão intransigente quanto os
estóicos. Procuravam alcançar a verdadeira liberdade ao estilo beatnik
ou existencialista dos nossos dias. Seu fundador Diógenes de Sinope ,
conhecido como “o cão”,andou com uma vela acesa, ao meio dia, em
Atenas, procurando um Homem honesto. Dormia num barril e durante
o dia ficava sentado ao sol. Viveu pelas ruas de Atenas levando uma
vida despojada, simples e sem se importar com qualquer tipo de
convenção social vigente. Recusava e combatia a fama, a posição
social, o dinheiro e o acúmulo de materiais, pois para ele, nenhum
destes elementos pode proporcionar felicidade. A palavra “cínico”
vem da palavra grega “kynicos” que significa “cão”.
 Levavam ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve
procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais.
 CETICISMO: A escola mais antiga do Ceticismo inicia-se com
o Filósofo Pirro. Para os céticos pirrônicos, o homem seria
incapaz de formular certezas a respeito da natureza, e por isso,
deveria optar pela suspensão
do juízo que lhe ajudaria a combater a ansiedade. Houve outra
vertente desta mesma escola, chamada Ceticismo Acadêmico,
que acreditava que os sentidos são falhos e incapazes de
proporcionar um tipo de conhecimento seguro.
 Defendia a ideia de que tudo é incerto, nenhum conhecimento é
seguro, qualquer argumento pode ser contestado.
 Desse modo, aceitando que das coisas só se podem conhecer as
aparências e desfrutando o imediato captado pelos sentidos, as
pessoas viveriam felizes e em paz
SITUAÇÃO PROBLEMA
 Entre os anos de 2013 e 2016, o Brasil conheceu as maiores
manifestações populares de sua história. Desde a década de 1980,
não se via tantos brasileiros irem às ruas por questões políticas,
sociais e econômicas. Ao longo da história a divergência de
percepções, projetos e expectativas é comum aos grupos políticos
e aos movimentos da sociedade civil.
 Na atualidade, essas diferenças chegaram a tal nível que a
somatória de demandas individuais acabou sufocando os projetos
efetivamente coletivos, tornando difícil qualquer generalização os
mesmos problemas?
 Com todos os problemas, uma sociedade que admite a
diferença e a pluralidade é sempre preferível a uma sociedade
guiada por um único projeto ou ideia de salvação. O fato de a
nossa sociedade ser caracterizada pela multiplicidade de
propostas pode ser um ganho ou não é possível encontrar várias
respostas para os mesmos problemas?
 A narrativa do Anel de Giges provoca muitas reflexões sobre a
moralidade de nossas ações e o Filósofo Platão utiliza o mito
antigo para refletir sobre uma ética das virtudes, também
conhecida como uma ética dos antigos.
 Com base nesse célebre mito narrado por Platão, responda às
provocações abaixo: Considerando o texto O mito do anel de
Giges abaixo indicado, responda sobre que advertência Platão
nos informa com essa narrativa do Anel de Giges.
 Luciene Felix - Platão - O mito do anel de Giges Disponível
http://www.cartaforense.com.br/conteudo/colunas/platao---o-
mito-do-anelde-giges/13766
ESTUDO DE CASO:
 A Meritocracia Em relação aos sistemas de estratificação
anteriores ao capitalismo, quando a possibilidade de mobilidade
social era rara, a ideia de justiça meritocrática é certamente um
avanço, uma vez que pressupõem uma igualdade formal perante
o mercado e as leis. Entretanto, para que a corrida da
meritocracia seja minimamente justa, supõem -se que todos os
indivíduos partam do mesmo ponto e enfrentem os mesmos
obstáculos sociais.
 Obviamente, sabemos que um jovem criado em uma família de
estrutura financeira estável, que teve acesso a uma boa educação
formal, provavelmente terá um desempenho escolar melhor que
outros sujeitos que não tiveram as mesmas vantagens. Os críticos
a uma interpretação pura da meritocracia apontam para o fato de
que a corrida não pode ser considerada justa quando não
partimos de pontos semelhantes.
(https://www.infoescola.com/politica/meritocracia/)
 Elabore em cinco linhas, no mínimo, argumentos filosóficos
que apresentem o conceito da Meritocracia na
contemporaneidade.
TODOS TÊM OS MESMOS DIREITOS. PARA
ALCANÇAR O SUCESSO, É NECESSÁRIO O
ESFORÇO. QUEM NADA CONSEGUE É PORQUE
NADA QUER! SERÁ???

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