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AO JUÍZO DA 3ª VARA DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA - ESTADO

DO CEARÁ.

Processo Principal: 2004949-81.2006.8.06.0001

Suplicante: Cicero Alves Pereira

Fundamentação Legal: Art. 197, da Lei de Execução Penal

CICERO ALVES PEREIRA, já devidamente qualificado nos


autos da AÇÂO EXECUTÓRIA PENAL, por seu advogado que a esta subscreve, vem,
com o devido respeito e tempestivamente, perante VOSSA EXCELÊNCIA,
inconformado com a decisão interlocutória do evento 306, que INDEFERIU o
livramento condicional, com fulcro no art. 197, da Lei de Execução Penal.

Em consonância com a Súmula 700 do Supremo Tribunal Federal,


bem como dos art. 588 e seguintes do Código Processo Penal, requer o agravante que
seja recebido e processado o presente agravo, já com a inclusas razões, para que possa
Vossa Excelência retratar-se, caso assim entenda.

Na eventualidade da manutenção de seu decisum, após a oitiva do


ilustre representante do Ministério Público, requer que seja encaminhado o presente
recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado Ceará.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Fortaleza/CE, 28 de dezembro de 2021.


EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

AGRAVANTE: CICERO ALVES PEREIRA

AGRAVADO: MINISTERIO PÚBLICO

PROCESSO PRINCIPAL: 2004949-81.2006.8.06.0001

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

COLENDA CÂMARA,

DOUTA PROCURADORIA,

DOS FATOS E DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

O Apenado encontra-se cumprindo pena em regime semiaberto,


beneficiado com trabalho externo bem como prisão domiciliar sob a fiscalização
indireta da tornozeleira eletrônica, com as condenações conforme o atestado de pena a
cumprir demonstra.

De acordo ainda com o proprium decisum, resta ao egresso cumprir


pena de um total de 12 anos, 03 meses e 13 dias.

Ainda, conforme a decisão, o benefício do livramento condicional


foi indeferido em decorrência:

- o apenado empreendeu fuga durante o cumprimento da pena,


em 23/03/2007;

- bem como possui diversas violações recentes ao serviço de


monitoramento eletrônico;

Assim, o juízo entendeu que o Sr. Cicero Alves Pereira não


demonstrou bom comportamento durante o cumprimento de sua pena.
A decisão interlocutória ora combatida, deve ser reformulada.

O EVENTO FUGA DE 2007

Até o presente momento consta uma informação de que o egresso foi


efetuou fuga na data de 23/03/2007, em algum momento foi devidamente registrado tal
situação.

Analisando, por mais uma vez os autos, é necessário informar que


nesta mesma data o réu compareceu a secretaria de vara para colher sua devida
assinatura, conforme a documentação acosta no presente agravo, bem como
localizado às fls. 115 (no sistema e-saj)

NÃO EXISTE A POSSIBILIDADE DO EGRESSO TER EMPREENDIDO FUGA.

Além disse, observa-se a decisão de fls. 595-597, dos autos do


processo ainda do sistema e-saj, que o ora agravante, não possuía nenhuma falta
grave, e observe, a referida decisão é de 22/11/2019, no entanto agora, em 2021, a
suposta falta grave vem a atrapalhar TODAS AS DECISÕES FAVORAVEIS AO
AGRAVANTE, E TODAS ELAS DEMONSTRANDO QUE O SR. CICERO
ALVES PEREIRA SEMPRE OSTENTOU EXECELENTE COMPORTAMENTO
CARCERÁRIO DURANTE O CUMPRIMENTO DE SUA PENA, E EM
QUALQUER REGIME PRISIONAL.

“... No caso em exame, o reeducando, em execução de pena, comprovou, por meio de


documentação de tempo de trabalho (506/509 e 567/576), que exerceu atividadedes de
de 2016(p. 288/289), perfazendo um total de 302 dias de trabalho e uma carga horária
de 40 horas semanais, com uma jornada mínima de seis horas diárias, reconhecidos
pela direção do estabelecimento penal. Em relação a remição pelo estudo, consta
documentação de p. 532/543 e 545/549, do Projeto Aprendizes da Liberdade (realizado
no período de outubro de 2018 à novembro de 2018, de fevereiro de 2019 à junho de
2019 e agosto de 2019) num total de 184h/aula. Por fim, destaco, ainda, que o apenado
é merecedor do benefício, pois não consta nos autos registro de falta grave ou de
qualquer ato outro que desabone a sua conduta, como pode ser verificado em certidão
carcerária expedida pela direção do presídio.

DO COMPORTAMENTO CARCERÁRIO NO CURSO DO CUMPRIMENTO


DA PENA

Diversos vídeos, diversos documentos, e diversas declarações consta


no processo do Sr. Cicero Alves Pereira, demonstrando que este Egresso já é
ressocializado, então para que motivos teria para ser feito o Exame Criminológico?
Porque não devolver o status de Egresso ao apenado aqui em destaque?

Já foram feitos diversos ponderamentos acerca da evolução processual


de Cicero Alves Pereira, a busca do direito latente e objetivo foi considerado que “a
defesa não ficou satisfeita com a decisão”, não Excelência, o que foi feito foi a busca da
verdade real.

Foi mostrado ainda que se for para ser recolhido para o sistema
prisional, o apenado em destaque não teria problemas, foi este quer cumprir suas
obrigações, porque acredita na justiça, então porque a Justiça também não pode ser
aplicada a ele.

Cicero Alves Pereira demonstrou em todos os momentos sua


integração com o sistema prisional, intramuros e extramuros.

No que tange ao cumprimento da tornozeleira eletrônico demonstrou


que a saída do perímetro se fez necessário, para tanto POR DIVERSAS VEZES E
SEM RESPOSTA, tentava entrar em contato com o sistema de monitoração
eletrônica, mas nunca logrou êxito.
Fora o evento, sempre tentou solicitar audiência junto ao juízo da
Execução Penal e tão pouco logrou êxito, mesmo hoje as audiências funcionarem
na modalidade de video conferência.

Foi contemplando com seus direitos da execução penal, desde o


cumprimento extramuros de seus benefícios, sempre se demonstrou cumpridor das
normas.

Em todos os momentos foi beneficiado com a remição de pena


POR SUAS ATIVIDADES LABORAIS, POR SEUS ESTUDOS E ATÉ MESMO
REALIZANDO A PROVA DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO.

Necessário ainda informa que outrora em recurso de agravo em


execução anterior, o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará decidiu em acordão
que:

“... Processo: 2004949-81.2006.8.06.0001 - Agravo de Execução


Penal Agravante: Cícero Alves Pereira Agravado: Ministério Público do Estado do
Ceará Custos Legis: Ministério Público Estadual EMENTA: PENAL. EXECUÇÃO
PENAL. AGRAVO EM EXECUÇÃO. PEDIDO DETRABALHO EXTERNO. NEGATIVA
PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO PENAL.CRITÉRIOS SUBJETIVOS PREENCHIDOS.
NECESSIDADE DE REFORMA.1. Da decisão de págs. 12/15, extrai-se que o
magistrado a quo indeferiu o pedido de concessão de trabalho externo sob o argumento
de que não havia comprovação do preenchimento dos requisitos subjetivos para tanto,
principalmente considerando “o exíguo tempo” no regime semiaberto e “a inexistência
de experiência do preso em processos de readaptação social, que impossibilitam a
análise de mais garantias sobre a adaptação à realidade externa ao presídio”. Porém,
após compulsar os autos do processo de origem, constata-se que razão assiste ao
agravante.2. Diz-se isto porque em análise ao feito quando ainda tramitava por meio
do sistema SAJPG, vê-se que o apenado iniciou sua execução de pena em julho de 2006
(págs. 05/06), tendo progredido para o regime semiaberto e depois sido beneficiado
com trabalho externo em24/02/2016, conforme págs. 288/289.3. Durante o curso da
execução, foi beneficiado com remições de pena, quer seja pelo trabalho, quer seja
pelo estudo (742 dias no total), consoante registros no sistema SEEU, na aba de
incidentes concedidos. Contudo, em 18/05/2020, foi juntada aos autos da execuçãonova
guia de recolhimento definitiva (evento 31 - SEEU), decorrente de condenação por
crime cometido em 02/05/2005, com trânsito em julgado em 06/12/2019. Essa nova
guia fois omada às anteriores e ensejou a regressão do regime para o fechado em
decisão de 02/06/2020 (evento 36 – SEEU), ficando a situação do apenado
incompatível com o trabalho externo antes gozado.4. A execução continuou seu curso e
em 14/01/2021 o condenado foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto,
tendo o magistrado frisado na decisão que o diretor do estabelecimento prisional
atestou o bom comportamento carcerário (evento 191 – SEEU). Porém, em decisão
prolatada catorze dias depois, não houve o deferimento do trabalho externo pelas
circunstâncias já relatadas anteriormente. 5. Ocorre que ainda que se esteja diante de
exíguo tempo no regime semiaberto, tem-se que o fato de o apenado ter gozado de
trabalho externo do ano de 2016 até 2019, tendo cumprido-ode forma satisfatória
(tanto que não houve revogação no seu curso), demonstra sua experiência em
processos de readaptação social, principalmente considerando que o que ensejou a
regressão para o regime fechado não foi um ato por ele praticado no curso do
benefício e sim a juntada de guia de recolhimento definitiva por fato praticado no
ano de 2005, ou seja, em momento anterior ao início da execução da pena.6. Não há
lógica em impedir que o condenado volte a usufruir da benesse que alcançou sem que
haja nada nos autos que demonstre que não se encontra mais adaptado ao convívio
social, estando o benefício em compatibilidade com os objetivos da pena. Diferente
seria se estivéssemos diante da primeira progressão para o regime semiaberto ou se a
regressão de regime e a consequente revogação do trabalho tivesse acontecido por
fato praticado pelo réu no curso da execução penal, mais precisamente no curso do
trabalho externo antes exercido. Contudo, uma vez que o ato ensejador da regressão
foi praticado antes do início da execução, não há como presumir que todo o caminho
galgado pelo apenado para fins de ressocialização deve ser apagado.7. Importante
frisar que houve a devida averiguação da proposta de emprego por meio de oficial de
justiça (evento 201 – SEEU), tendo ainda a empregadora comprometido-se, mediante
assinatura de termo, a fiscalizar o cumprimento do trabalho pelo apenado e a enviara
devida frequência ao juízo a quo. Desta feita, preenchidos os requisitos objetos e
subjetivos, entendo cabível a concessão do trabalho externo, devendo o juízo da
execução fixar as condições a serem por ele cumpridas no curso do benefício.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO (marcação nossa)

Após todas as considerações, bem como os documento em anexo,


provasse que a evolução do cumprimento de pena do Sr. Cicero Alves Pereira é
impecável.
JURISPRUDÊNCIA DO MESMO JUÍZO

Por derradeiro, em uma situação igual, não, por uma situação


“pior” o juízo da Vara de Execução concedeu o livramento condicional por bem
menos no processo nº 0055291-28.2009.8.06.0001 (decisão em anexo):

“... Assim, no caso em exame, verifico, ao analisar o relatório da situação


carcerária, que o apenado cumpriu o tempo necessário previsto na LEP para o deferimento do
livramento condicional e que, conforme certidão carcerária, expedida pelo Diretor do
Estabelecimento Prisional, ostenta bom comportamento carcerário, bem como a última falta
grave registrada pelo apenado foi no dia 18/07/2007(fuga) e novo flagrante em 09/02/2008.
portanto, em razão do bom comportamento e do lapso temporal sem cometivo de falta
grave(mais de 13 anos), o pedido merece prosperar. Por estes fundamentos, presentes os
requisitos do art. 83 do Código Penal, tendo o apenado já cumprido mais de um terço (1/3) de
suas penas, acolhendo parecer Ministerial, CONCEDO o livramento condicional requerido em
favor do apenado supracitado, uma vez que o mesmo satisfez as condições legais pertinentes à
espécie, ficando este subordinado às seguintes condições, além das condições legais antevistas
nos artigos 86 e 87 do Código Penal Brasileiro...”

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente


RECURSO, concedendo ao agravante o JUÍZO DE RETRATAÇÃO para assim
conceder o BENEFÍCIO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL, uma vez
cumprindo os requisitos do art. 83, do Código Penal Brasileiro, bem como pelo art.
131, da Lei de Execução Penal, em caso de manutenção que seja dado continuidade ao
presente agravo em execução, nos termos do art. 197, da Lei de Execução Penal.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Fortaleza/CE, 28 de dezembro de 2021.

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