Você está na página 1de 29

Aviso legal: Este é um modelo inicial que deve ser adaptado ao caso concreto por profissional

habilitada. Verifique sempre a vigência das leis indicadas, a jurisprudência local e os riscos de
improcedência. Limitações de uso: Você NÃO PODE revender, divulgar, distribuir ou publicar o
conteúdo abaixo, mesmo que gratuitamente, exceto para fins diretamente ligados ao processo do seu
cliente final. Ao utilizar este documento você concorda com as regras do Treinamento.
REMOVA ESTE AVISO ANTES DO USO E COLOQUE SUA LOGO AQUI | Apague os itens em cor
mostarda | Izabel Barboza - Todos os direitos reservados.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _______


VARA DE EXECUÇÃO CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXXXXXXXXXXX- SP

PROCESSO Nº.: XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

NOME DO CLIENTE, devidamente qualificado nos autos em epígrafe, que lhe


move a Justiça Pública, através de sua advogada SEU NOME, brasileira, advogada
regularmente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de XXXXXXX, sob n.º
xxx.xxxx, e no CPF/MF sob n.º xxxxxxxxxxxxxxxxx, com endereço a Rua xxxxxxxxxxxxxxx,
nº xxxxxxx, Centro, CEP xxxxx-xxx, em Cidade/Estado, fone (XX) xxxxxxxxxxxxxx, e
endereço eletrônico contato@xxxxxxxxxxxxxxxx que este subscreve, vem, mui
respeitosamente, perante Vossa Excelência interpor

AGRAVO EM EXECUÇÃO,

com fulcro no artigo 197, da Lei 7.210/84, contra a decisão de fls. 168/169, que
reconheceu a falta disciplinar de natureza grave e determinou a regressão do
sentenciado ao regime fechado.

Requer-se seja o presente recurso recebido e processado e, caso Vossa Excelência


entenda que deva manter a respeitável decisão, que seja encaminhado, juntamente
com as razões anexas, indicando para traslado cópia integral dos autos, ao Egrégio
Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Termos em que,
Pede e aguarda deferimento.

Cidade, dia de abril de 2022.

Advogada

OAB/PE XXX.XXX

MINUTA DE RECURSO – AGRAVO EM EXECUÇÃO

AGRAVANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

AGRAVADO: JUSTIÇA PÚBLICA

PROCESSO Nº.: XXXXXXXXXXXXXXXXX

EGRÉGIO TRIBUNAL

COLENDA CÂMARA

INCLÍTICOS JULGADORES

Nobres julgadores, em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo juízo a quo, a
r. decisão de fls. 168/169 merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a
seguir elencados:

1. PRELIMINARMENTE

AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO

Na decisão atacada o d. Juiz a quo não expôs as razões de fato e de direito que
justificaram a homologação do procedimento disciplinar apuratório. Assim, deixou de
explicar a motivação de seu posicionamento, não evidenciando seu raciocínio lógico,
explicativo e convincente.
Dessa forma, o magistrado singular utilizou-se da motivação implícita, não
admitida pela dicção constitucional. De fato, o princípio da motivação das decisões
judiciais está expressamente previsto no artigo 93, inciso IX da Constituição Federal de
1988, segundo o qual:

“todos os julgados dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas


todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação.”

Nas palavras do ilustre jurista italiano Michele Taruffo, esse princípio decorre
do seguinte fato:

[...] o poder não é absoluto, e sobretudo não é oculto: ao contrário, vige o princípio da
transparência do exercício do poder, dado que a sua legitimação não é mais fundada
sobre o princípio da autoridade, mas sobre a legitimidade democrática. (TARUFFO,
Michele. Il significato costituzionale dell´obbligo di motivazione, 1988, p. 41).

Com efeito, note-se que a motivação legitima a decisão e permite às partes


conhecerem as razões e fundamentos tomados pelo juiz, possibilitando maior controle
e eventual impugnação.

Tal garantia deve ser respeitada em qualquer tipo de decisão, inclusive


naquelas proferidas em sede de execução penal. Visando assegurá-la, estabelece o
artigo 59 da LEP:

“Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua


apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa. Parágrafo único – A
decisão será motivada.”

Não obstante, na hipótese em análise, após procedimento administrativo


apuratório de falta disciplinar de natureza grave, o Juízo da Execução Criminal limitou-
se a corroborar o decidido na sindicância, sem indicar sequer um elemento de
convicção que o levou a entender pelo cometimento de falta grave.
Resta evidente o desrespeito ao princípio da motivação (Livre Convencimento
Motivado) e, por conseguinte, da ampla defesa, do contraditório e do devido processo
legal.

É certo que o reconhecimento judicial da prática de falta disciplinar de natureza


grave acarreta inúmeros prejuízos ao sentenciado. Observe-se que não se trata de
despacho de mero expediente.

Há carga decisória e, portanto, deve ser o procedimento administrativo


analisado com maior rigor. Por conseguinte, a sentença de homologação deve exibir o
nexo lógico, por via argumentativa, entre o convencimento judicial e o material fático
e probatório amealhado aos autos.

Sendo assim, considerando que o juízo monocrático proferiu decisão


desprovida de fundamentação, torna-se imperativa a decretação da sua nulidade.
Neste sentido:

(INCLUIR JURISPRUDÊNCIAS)

É oportuna, ainda, a transcrição dos seguintes julgados:

Resta evidente, portanto, a desobediência ao disposto no artigo 93, IX da


Constituição Federal e ao artigo 59 da LEP, de forma que a declaração da nulidade da
sentença guerreada é medida que se impõe.

1. BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Como cediço, em decorrência de r. sentença condenatória oriunda do processo


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, o sentenciado cumpre atualmente pena de 05 anos de
reclusão como incurso no artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06, estando preso desde
XXXXXXXX.
Em XXXXXXXX houve a progressão do regime para o semi aberto, passando o
agravante, a partir desta data, a cumprir pena Centro de Progressão Penitenciária II de
XXXXXXXXXXXXXUF.

Aqui se abre um parênteses: o agravante, em todo o período em que esteve e


está recluso, quer no regime fechado, quer no semiaberto, jamais praticou qualquer
falta ou ato que pudesse macular sua conduta, possuindo excelente comportamento
carcerário.

Ocorre que, conforme fls. 93/120 da execução do mesmo, em XXXXXXXX,


cometeu ele, supostamente, falta de natureza disciplinar grave, consistente na
manutenção e hipotética posse de aparelho celular apreendido em sua cela.

Narra o comunicado de evento, que na presente data fora realizado


procedimento de revista na ala I, que após o fim da revista fora informado por
funcionários que encontraram um aparelho celular entre a parede e o colchão da cama
do reeducando, que de imediato negou a posse do referido objeto.

Perguntado se sabe a quem pertencia o referido aparelho, declarou que sim,


porém não desejava revelar por temer represarias, assim sendo foi lavrada a
comunicação do evento.

Ressalta-se também que nem mesmo estava presente no momento que foram
encontrado os aparelhos (03), sendo lhe imputado a posse de um deles,
erroneamente.

Todavia, não é devido, diante a situação em concreto, que não seja afastado o
conhecimento do temor existente no sistema carcerário sob as consequências e
circunstâncias que uma delação possa promover aos sentenciados, pois é de manifesto
percepção do sistema Penitenciário e da sociedade que delação em sistema carcerário
Brasileiro promove consequências irretratáveis, a nível de colocar perigo a própria
integridade física e/ou psicológica, ademais causar grande prejuízo na convivência para
com os demais reeducandos.

Nesse viés, o reeducando acusado erroneamente pelo suposto incidente, envolto


pelo receio das sequelas de uma delação, a vista de resguardar sua integridade física e
psíquica, para que então relatasse os fatos verídicos que engloba toda a acusação,
indicando por conseguinte o legítimo e exclusivo proprietário do objeto encontrado
próximo a sua cama.

Logo, não há prova da autoria a ensejar a punição do reeducando. O direito não


opera com conjecturas.

Uma punição sem um mínimo de lastro probatório, alicerçada apenas no


depoimento dos funcionários, não pode ser aceita.

Cumpre ressaltar, que o reeducando estava a 05 (cinco) dias de cumprir o lapso


para requerer o regime aberto, que de maneira alguma arriscaria a sua liberdade, logo
porque não haveria porque se prejudicar nesta fase de cumprimento de pena

Ocorre que, conforme já narrado e demonstrado nos autos, razão porque soa
inglório impingir ao paciente a imediata regressão prisional, antes de ao menos se
atestar a veracidade de tais dizeres.

Nesse passo, pueris soam os argumentos segundo os quais, a versão do agravante


está isolada nos autos, pois que:

a) No momento da entrada dos agentes na cela nem mesmo estava presente no


momento que foram encontrado os aparelhos, ou seja, sua cama estava livre para
qualquer um dos outros, detidos no local, dispensar qualquer objeto que pudesse
incriminá-los;

b) O reeducando sempre negou a posse dos bens encontrados;

c) O sentenciado possui atestado de comportamento carcerário ilibado, sem nada à


maculá-lo;

Outrossim, absolutamente descabida a r. decisão que, injusta e ilegalmente,


determinou a regressão do regime de inopino, sem a observância dos princípios
constitucionais alhures elencados e sem, do mesmo modo, considerar o histórico
prisional do paciente, razão porque o retorno do mesmo ao regime semi-aberto,
afigura-se imperativo.
Quanto mais não seja, muito embora o entendimento atualmente solidificado
na jurisprudência seja no sentido de ser desnecessária a realização de perícia no
aparelho encontrado supostamente na posse do apenado, revela-se a mesma
oportuna o caso em tela para se aferir, com a acuidade necessária, quem se utilizou do
aparelho, pois através da simples oitiva de sua memória, poderia se aferir qual
apenado o utilizou, pelo óbvio ululante.

Contudo, nem isto foi feito, de forma que se torna temerário privilegiar a
simples palavra dos agentes carcerários, absolutamente destoante de todo o conjunto
probatório alhures citado.

Logo, à míngua de comprovação, extreme de dúvidas, no sentido de que o


aparelho celular e demais petrechos encontrados sobre a cama do reeducando lhe
pertenciam, natural que se aplique em seu favor o sacrossanto princípio da presunção
de inocência, retornando-o ao regime semiaberto.

Nesse sentido, a jurisprudência:

(INCLUIR JURISPRUDÊNCIAS NO SENTIDO)

“AGRAVO DE EXECUÇÃO - RECURSO DA DEFESA - FALTA GRAVE - POSSE DE CELULAR -


AUSÊNCIA DE PROVAS - PROVIMENTO. Inexistindo provas seguras de que o preso
estava na posse do celular, não pode prevalecer a falta grave do art. 50, VII da Lei
7210/84 com definição de novo marco para contagem de benefícios”. (TJ-MG - AGEPN:
10079084121791002 MG, Relator: Alexandre Victor de Carvalho, Data de Julgamento:
15/01/2013, Câmaras Criminais Isoladas / 5ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
21/01/2013).

“AGRAVO EM EXECUÇÃO. Recurso defensivo. Falta grave. Preliminar. Prescrição.


Aplicação analógica do artigo 114, inciso I, do Código Penal. Lapso temporal inferior a
02 anos decorrido entre a prática da falta grave e a sua homologação judicial.
Prescrição não caracterizada. Mérito. Falta grave decorrente da apreensão de um
aparelho celular no interior da cela ocupada pelo agravante na unidade prisional.
Pleito de absolvição por atipicidade, em razão do aparelho celular não conter chip.
Impossibilidade. Mens legis de coibição da entrada de qualquer meio de comunicação
nos presídios, inclusive peças isoladas que, se acopladas, poderiam formar um meio útil
de comunicação. Absolvição viável devido a insuficiência probatória quanto à autoria.
Agravante que negou a propriedade do objeto quando ouvido no procedimento
administrativo. Cela ocupada por outros detentos. Ausência de provas suficientes para
comprovação da autoria da infração disciplinar. Absolvição que se impõe. Agravo
provido”. (TJ-SP 70019259120188260482 SP 7001925- 91.2018.8.26.0482, Relator:
Leme Garcia, Data de Julgamento: 12/06/2018, 16ª Câmara de Direito Criminal, Data
de Publicação: 15/06/2018).

Destarte, e o que se tem nestes autos, como se disse, é um precário conjunto


probatório incapaz de evidenciar a certeza necessária para a responsabilização do
agravante, nada desprestigiando os depoimentos dos agentes penitenciários aos quais
não se pode imprimir infalibilidade.

Ao contrário, pairando um estado de mera probabilidade por indução ou


presunção, ainda que seja óbvio, não há conclusão segura para a condenação do
agravante.

Dessa forma, ausentes provas suficientes e hábeis a indicar a autoria da falta


disciplinar ao agravante, de rigor sua absolvição.

2. DO MÉRITO

DA AUSÊNCIA DE PROVA DA AUTORIA

Primeiramente, cabe consignar que o aparelho celular não foi encontrado na


posse deste.

Desta forma, o sentenciado deve ser absolvido da prática de falta disciplinar


por ausência de autoria, haja vista que o objeto apreendido não foi encontrado com
ele. Trata-se de conduta praticada por terceiro, o que isenta o sindicado de qualquer
culpa.

DA AUSÊNCIA DE OITIVA TESTEMUNHAL


A ausência de oitiva de testemunhas (os reeducandos que estavam presentes),
que pudessem comprovar o cometimento de falta grave fragiliza o conjunto probatório
colhido diante da ausência testemunhal, não havendo prova suficientes para manter o
reconhecimento.

Dessa forma, a conduta imputada, se considerada faltosa, se revela


absolutamente desproporcional.

DA AUSÊNCIA DE LAUDO PERICIAL NO APARELHO CELULAR

Após a apreensão do referido aparelho celular, relacionando a propriedade do


mesmo ao sentenciado e negado veementemente por este, sendo mister a perícia no
citado objeto a fim de dirimir a razoável dúvida quanto à propriedade, visto que lá
estavam na abordagem vários reclusos.

O laudo pericial, através da constatação de ligações, SMS's ou qualquer meio


de comunicação disponível no referido aparelho traria à baila, se tais contatos eram do
circulo de pessoas do apenado, ou não.

Nesse sentido, a ausência de tal laudo pericial, feriu os Princípios


Constitucionais do devido Processo Legal 5º da Carta Magna, tornando-o nulo.

DO PERFIL DO REEDUCANDO

Vislumbra-se, em uma analise mais acurada sobre o tempo de cumprimento de


pena do reeducando, que todo o imputado a ele, vai na contramão à sua conduta,
causando uma dúvida razoável sobre sua culpabilidade.

Não é explicável que 05 dias antes da obtenção do lapso temporal para ser
beneficiado com o regime aberto, o mesmo se insurgisse ao cometimento de falta
grave, que lhe ceifaria a liberdade.

DA ATIPICIDADE

Veja-se, de meritis, que o comportamento irrogado ao sentenciado se revela


atípico;

Deveras, reza a Lei n.º 7.210/84:


Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação
local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.

Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

Note-se que a Lei de Execução Penal confiou a tipificação das faltas


disciplinares de natureza leve e média à legislação local.

Reservou-se, entretanto, o estabelecimento do rol das infrações graves à


própria Lei n.º 7.210/84, haja vista a influência que a prática de falta disciplinar de
natureza grave tem sobre o cumprimento da pena;

A propósito, traz a Constituição da República:

Art. 5º Omissis.

[...]

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal; [...]

Outrossim, dispõe o Código Penal:

Anterioridade da Lei Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.

No presente caso, está sendo lhe imputado suposta falta de natureza grave,
visto que supostamente, estar na posse de aparelho celular e componentes, na data de
12 de julho de XXXXX, visto que na presente data fora realizado procedimento de
revista na ala I, que após o fim da revista fora informado por funcionários que
encontraram um aparelho celular entre a parede e o colchão da cama do reeducando,
que de imediato negou a posse do referido objeto;

Com efeito, o comportamento irrogado ao sentenciado não se subsume a


qualquer das faltas graves previstas nos arts. 50 a 52 da Lei de Execução Penal;

O que se encontra, no rol dos arts. 50 a 52 da Lei n.º 7.210/84, é a tipificação da


inobservância das condições do regime aberto (art. 50, V) e o descumprimento ou o
retardo do cumprimento da pena restritiva de direitos (art. 51, I) como infrações
disciplinares de natureza grave e não a inobservância das condições da saída
temporária;

A respeito, assim decidiu o C. Superior Tribunal de Justiça:

(JURISPRUDÊNCIA LOCAL)

Logo, não se verifica qualquer falta grave na espécie;

Caso o entendimento seja diverso, o que se admite apenas a título de


argumentação requer-se a conversão do julgamento em diligência para realização de
exame de corpo de delito a fim de se concluir pela eventual aptidão do objeto
apreendido em estabelecer comunicação com o meio externo, bem como atestar a sua
eventual eficiência e funcionamento.

Conforme entendimento jurisprudencial a infração somente se configura se o


aparelho celular ou componente for submetido à pericia e comprovada a sua
funcionalidade.

Nesse sentido:

TJSP, Agr. 990.08.044203-1;

HC 992.10.260599-0;

DA INEXISTÊNCIA DE FALTA GRAVE

Frise-se, o reeducando acusado erroneamente pelo suposto incidente, envolto


pelo receio das sequelas de uma delação, a vista de resguardar sua integridade física e
psíquica, para que então relatasse os fatos verídicos que engloba toda a acusação,
indicando por conseguinte o legítimo e exclusivo proprietário do objeto encontrado
próximo a sua cama.

Logo, não há prova da materialidade e autoria a ensejar a punição do


reeducando. O direito não opera com conjecturas.

Quanto a presunção de inocência, importante ressaltar que, mutatis mutandis:


"O acusado não tem o dever de provar sua inocência, cabe ao acusador comprovar a
sua culpa, sendo considerado inocente, até o trânsito em julgado de uma sentença
penal condenatória. Esta sentença deve decorrer de um processo judicial, dentro dos
moldes legais, o qual deve ser instruído pelo contraditório, pela proibição de provas
ilícitas e esteja arrimado em elementos sérios de convicção. Só depois desta, o suspeito
será considerado culpado"

Uma punição sem um mínimo de lastro probatório, alicerçada apenas no


depoimento dos funcionários, não pode ser aceita.

Cumpri ressaltar que o reeducando estava a 05 (cinco) dias de cumprir o lapso


para requerer o regime aberto, que de maneira alguma arriscaria a sua liberdade, logo
porque não haveria porque se prejudicar nesta fase de cumprimento de pena

Dessa forma, a conduta imputada, se considerada faltosa, se revela


absolutamente desproporcional.

A NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS E A


SUA IMPLICAÇÃO NA VIOLAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

Faz-se necessário aludir que os direitos fundamentais são inerentes à


motivação das decisões judiciais.

Ressaltando a ideia e o contexto de direitos fundamentais e sua função na


sociedade, para a partir dai fazer as devidas colocações no que diz respeito as
implicações quando não observados o princípio da motivação das decisões judiciais e
consequentemente sua violação nos direitos fundamentais.

O doutrinador Auad Lammêgo Bulos (2014, p.525) esclarece os direitos


fundamentais da seguinte forma:

Direitos fundamentais é o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e


institutos, inerentes à soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna,
livre e igualitária, independente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou
status social.
Nesse contexto, os direitos fundamentais são inerentes ao cidadão, pois sem os
mesmos, o cidadão não teria condições de viver em uma sociedade de maneira
saudável com todos os seus direitos que lhes são garantidos.

Sem os direitos fundamentais, o homem não vive, não convive, e, em alguns casos, não
sobrevive. (LAMMÊGO BULOS, 2014, p.525).

Ainda nessa linha de raciocínio, os direitos fundamentais são o respaldo de


direitos inerentes à pessoa humana consubstanciados na Carta magna desde a sua
existência.

(...) O juiz, enfim, não repete o discurso do legislador. Faz nele integrar os direitos
fundamentais, não só na interpretação da lei comum, como na sua aplicação ao
quadro fático, e, ainda, de maneira direta, faz atuar e prevalecer à supremacia da
Constituição. O devido processo legal, portanto, pressupõe não apenas a aplicação
adequada do direito positivo, já que lhe toca, antes de tudo, realizar a vontade
soberana das regras e dos princípios constitucionais. (THEODORO JUNIOR, 2014, p.78)

Destarte, levando em consideração que as partes trazem para o Estado-Juiz


conflitos de interesses que envolvam direitos inerentes ao homem para que àquele
solucione tal embate, é crível, portanto dizer que o magistrado ao inobservar o
princípio da obrigatoriedade de fundamentação amalgamado no Estado Democrático
de Direito bem como previsto na CF/88 estará maculando direitos e garantias
fundamentais tendo em vista que um processo justo está atrelado aos direitos
fundamentais.

Assevera o doutrinador Gilmar Mendes (2012, p.116)

Também indiscutível se afigura a vinculação da jurisdição aos direitos fundamentais.


Dessa vinculação resulta para o Judiciário não só o dever de guardar estrita obediência
aos chamados direitos fundamentais de caráter judicial, mas também o de assegurar a
efetiva aplicação do direito, especialmente dos direitos fundamentais, seja nas
relações entre os particulares e o Poder Público, seja nas relações tecidas
exclusivamente entre particulares.
Portanto, para uma sadia relação entre cidadão e Estado-juiz no que tange a
efetividade do processo, ou seja, a garantia de juízo que, de fato, faça prevalecer os
direitos consolidados na Constituição Federal de 1988 é imprescindível que o mesmo
respeite e assegure os direitos fundamentais ao cidadão, caso contrário estará
violando os ditames constitucionais trazendo imensuráveis prejuízos aos litigantes.

Da vinculação do Judiciário aos direitos fundamentais decorre, ainda, a necessidade de


se aferir a legitimidade das decisões judiciais, tendo em vista, sobretudo, a correta
aplicação desses direitos aos casos concretos. (MENDES, 2012, p.116)

O DEVIDO PROCESSO LEGAL: UTILIZAÇÃO E EFEITOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO


BRASILEIRO

O devido processo legal, deriva do termo due process of law, é o princípio


basilar do sistema processual, sendo inerente ao ordenamento jurídico brasileiro,
tendo em vista que é deste princípio que advêm os outros princípios atrelados ao
direito processual.

Garantir tal princípio é o mesmo que também garantir o direito da dignidade da


pessoa humana, pois conforme expressa a CF/88 em seu art. 5, LIV “ninguém será
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.

O magistrado e todos os órgãos judiciais e administrativos devem obedecer, de


fato, o princípio do devido processo legal, caso contrário, estaríamos diante de uma
violação dos direitos da pessoa humana, bem como um retrocesso no Estado
Democrático de Direito presente no art. 1º da CF/88.

O devido processo legal é utilizado para se evitar mazelas e desigualdades


processuais, pois conforme já dito, é princípio basilar no sistema processual brasileiro,
e propicia-lo, significa também dar as partes à garantia de um processo e uma
sentença justa onde se assegura a fundamentação das decisões judiciais; a publicidade
dos atos processuais; a ampla defesa e o contraditório e dentre outras garantias que
possibilitem um processo justo bem como o princípio fundamental, o qual se
denomina dignidade da pessoa humana.
A FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS: REQUISITO PARA A EFETIVAÇÃO DO
DIREITO DAS PARTES AO DEVIDO PROCESSO LEGAL

Conforme elucidações supramencionadas, a fundamentação das decisões


judiciais está atrelada ao devido processo legal, pois a rejeitando estaríamos diante de
uma violação do devido processo, que nada mais é um princípio basilar e geral o qual
possibilita as partes tramitarem pelas veredas da justiça com um processo justo, com
todas as garantias processuais que lhes são de direito.

O princípio do devido processo legal caracteriza pelo seu conjunto de princípios


consubstanciados em seu significado, isto é, é um princípio onde se garantindo estará
garantindo diversos outros princípios, e um desses princípios é o princípio da
obrigatoriedade de fundamentação.

Nessa linha raciocínio, elucida Nelson Nery Junior (2009, p.77):

Em nosso parecer, bastaria à norma constitucional haver adotado o princípio do due


processo of law para que daí decorressem todas as consequências processuais que
garantiriam aos litigantes o direito a um processo e a uma sentença justa. É, por assim
dizer, o gênero do qual todos os demais princípios e regras constitucionais são
espécies.

A fundamentação das decisões judiciais é pressuposto para o devido processo


legal, pois o magistrado ao fundamentar suas razões de direito com base nos fatos
arrolados no processo estará possibilitando as partes a exercer o contraditório e a
ampla defesa, pois daquela sentença a parte prejudicada exercerá o seu direito de
defesa de tal decisão, logo também estará tendo acesso ao devido processo legal, em
virtude da tramitação processual coerente.

Nas sábias palavras do doutrinador Humberto Theodoro Jr (2014, p.80).

O devido processo legal, no Estado Democrático de Direito, jamais poderá ser visto
como simples procedimento desenvolvido em juízo. Seu papel é o de atuar sobre os
mecanismos procedimentais de modo a preparar e proporcionar provimento
jurisdicional compatível com a supremacia da Constituição e a garantia de efetividade
dos direitos fundamentais.
Desta maneira, a obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais é
definitivamente, uma garantia processual onde assegura ao cidadão de direito a
efetivação de um processo équo.

Neste contexto, Elpídio Donizetti (2014, p. 89) ensina:

O devido processo legal substancial constitui verdadeira forma de se controlar o


conteúdo das decisões judiciais (o justo ao caso concreto) e das leis. Não basta, por
exemplo, que a sentença seja formalmente regular, mas injusta, incorreta. Da mesma
forma, violará a garantia ao devido processo legal substancial a lei formalmente
válida, mas que suprima o direito fundamental ao contraditório.

Os direitos do cidadão em ter um processo justo, estão estritamente ligada ao


princípio do due processo of law, isto é, uma tutela jurisdicional a qual dá aos cidadãos
os direitos fundamentais que estão atrelados ao processo.

O devido processo legal é corolário dos direitos fundamentais processuais e


dele derivam outros princípios inerentes ao processo, dentre eles, está o da
obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais.

Princípio inerente ao devido processo legal, encarregado de afastar da tutela


jurisdicional o subjetivismo ou até mesmo a “quase” inexistência de fundamentação,
garantindo assim, a prevalência do princípio basilar do Estado democrático de Direito,
assim como uma sentença justa, dentro dos parâmetros processuais legais de direito,
que devem ser respeitados para prevalecer os direitos dos cidadãos, direitos estes,
elencados na Constituição Federal, dentre eles, a garantia ao devido processo legal que
tem como corolário o contraditório e a ampla defesa.

OS EFEITOS POSITIVOS PELA OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO CONTIDO NO ART. 93, IX,


DA CF.

No que diz respeito aos efeitos positivos da observância do princípio da


obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, primeiramente tal princípio
garante as partes os motivos pelos quais se chegou a determinada decisão,
explicitando de forma cristalina os porquês daquela sentença, quer seja favorável ou
desfavorável, ambas, obrigatoriamente deverão ter seus motivos de direito saciadas,
ainda que tal sentença ou decisão seja concisa.

É o direito das partes terem noção do porque o magistrado proferiu tal


sentença, assegurando a estes a segurança jurídica bem como uma credibilidade do
Poder judiciário para com aqueles que recebem sua tutela jurisdicional.

Assim, acrescenta a doutrina:

Além da demonstração das razões de decidir, num contexto em que se permita


amplamente o direito das partes de interpor os recursos cabíveis, a fundamentação
também permite determinar com precisão o conteúdo da decisão, a fim de facilitar sua
interpretação e seu próprio cumprimento. (ZAVARIZE, 2004. P.53)

Sendo assim, a fundamentação tem como efeito positivo a exposição dos


motivos que levaram a procedência ou improcedência daquela sentença,
possibilitando, desta forma, que as partes tenham acesso ao conteúdo da sentença
proferida, facilitando, assim, o seu entendimento para o seu fiel cumprimento.

A fundamentação é importante não só para as partes, mas também para


sociedade, pois esta fundamentação alcança a sociedade.

Partindo da premissa de que todo Poder emana do povo e sendo o Poder


Judiciário integrante dos Poderes da república inerente ao povo, logo suas ações terão
que estar condizentes os ditames Constitucionais.

Sendo assim, a opinião pública tem importância no que tange a tutela


jurisdicional dada pelo Poder Judiciário, pois a opinião pública tem o condão de
fiscalizar a função jurisdicional, onde o Poder Judiciário deve propiciar a garantia de
um Poder que de fato preocupa-se em fomentar o ideário de justiça.

É bem possível permitir o direcionamento da fundamentação neste aspecto


extraprocessual, como forma de legitimar o próprio exercício da jurisdição, já que se
justifica como um dos Poderes da República, e todo poder emana do povo, sem
prejudicar o bom funcionamento da função. (ZAVARIZE, 2004. P.57)
Destarte, a fundamentação das decisões judiciais é de extrema importância,
pois conforme o discorrido assegura as partes ao devido processo legal, a publicidade
dos atos processuais, as razões de direito as quais deram motivos á aquela decisão
dando as partes o direito ao contraditório e a ampla defesa.

OS EFEITOS NEGATIVOS PELA INOBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO CONTIDO NO ART. 93,


IX DA CF/88.

Ressalta-se que a falta de fundamentação causa violação de outros princípios


constitucionais explícitos, quais sejam: a ampla defeso e contraditório, visto que, uma
decisão carecedora de justificativas dos motivos do julgado, ocasiona a outra parte
evidente transtornos, pois esta não terá argumentos e fundamentos para contestar a
sentença prolatada em seu desfavor, e, portanto, não poderá exercer o contraditório.

É visível a problemática da inconsistência de justificativas que amparam uma


decisão, observa-se que o corpo do órgão julgador atua, em grande parte, em
dissonância ao referido princípio, pois o que nota-se é um número significativo de
integrantes de uma lide interpondo recursos para sanar ou reparar tal desprezo à
fundamentação de decisões judiciais.

Nesse diapasão, corrobora o doutrinador:

“Realmente, se à parte é defeso valer-se de suas próprias forças para diretamente


solucionar o conflito em que se vê envolvida, deve o Estado, detentor único do poder-
dever de prestar a tutela necessária à resolução daquele, agir no processo, através de
seus órgãos, com absoluta isenção de propósitos, assim retribuindo à confiança que lhe
é depositada pelo destinatário final da atividade jurisdicional; e essa retribuição
pressupõe necessariamente que o Estado exija, daqueles que exercem a jurisdição em
seu nome, a condução imparcial do processo” (MARIQUITO, 2012 apud MARCATO,
2002)
Além disso, é necessário que o magistrado exteriorize o embasamento da
aplicabilidade de determinadas normas constitucionais ou infraconstitucionais, e não
apenas as cite como meros instrumentos demonstrativos.

O magistrado precisa demonstrar o porquê de utilizar desse instrumento para


satisfazer ou não satisfazer um direito das partes. É o que assevera o doutrinador
Nelson Nery Junior (2009, p.286), vejamos:

“Fundamentar significa o magistrado dar as razões, de fato e de direito, que o


convenceram a decidir a questão daquela maneira”

Nesta esteira de raciocínio corrobora o supracitado doutrinador no que diz


respeito à obrigatoriedade de fundamentação, bem como a demonstração de se
utilizar determinado fundamento:

A fundamentação tem implicação substancial e não meramente formal, donde é licito


concluir que o juiz deve analisar as questões postas a seu julgamento, exteriorizando a
base fundamental de sua decisão. Não se consideram “substancialmente”
fundamentadas as decisões que afirmam que, “segundo os documentos e testemunhas
ouvidas no processo, o autor tem razão, motivo por que julgou procedente o pedido”.
Essa decisão é nula porque lhe falta fundamentação.(NERY JUNIOR, 2009, p. 286)

Outrossim, o nobre doutrinador Fredie Didier (2013, p.330) elucida a


imprescindibilidade de fundamentação das decisões judiciais, vejamos:

Como já se disse, a motivação tem conteúdo substancial, e não meramente formal. É


bastante comum o operador do direito deparar-se, no diaadia, com decisões do tipo
“presentes os pressupostos legais, concedo a tutela antecipada”, ou simplesmente “
defiro o pedido do autor porque em conformidade com as provas produzidas nos
autos”, ou ainda “ indefiro o pedido, por falta de amparo legal”. Essas decisões não
atendem à exigência da motivação: trata-se de taulogias, que, exatamente por isso,
não servem como fundamentação. O magistrado tem necessariamente que dizer por
que entendeu presentes ou ausentes os pressupostos para a concessão ou denegação
da tutela antecipada, tem que dizer de que modo às provas confirmam os fatos
alegados pelo autor (e também, como já se viu, por que as provas produzidas pela
parte contrária não o convenceram).

Nesse diapasão, é o que prova a jurisprudência colacionada:

AGRAVO EM EXECUÇÃO - AUTORIZAÇÃO PARA TRABALHO EXTERNO - SAÍDAS


TEMPORÁRIAS - PEDIDOS REJEITADOS COM VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
OBRIGATORIEDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS - NULIDADE
DECRETADA. É nulo o decisum que, por não conter a exposição dos motivos que
formaram o convencimento do julgador, viola o princípio da obrigatoriedade de
fundamentação das decisões proferidas pelo Poder Judiciário (art. 93, IX, da CR/88).(TJ-
MG - AGEPN: 10148120000754001 MG, Relator: Fortuna Grion, Data de Julgamento:
22/03/2013, Câmaras Criminais / 3ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
03/05/2013) (grifou-se)

No Agravo em Execução Penal Nº 1.0148.12.000075-4/001, a 3ª câmara


criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, por unanimidade, decretou
de ofício a nulidade da decisão agravada, tendo em vista que o magistrado singular a
deduziu as razões de fato e de direito ao erroneamente ao acolher o parecer do
Ministério Público sem ao menos motivar as razões de direito do porque não autorizou
o condenado a exercer trabalhos externos e saídas temporárias, violando, portanto, o
dispositivo da Constituição Federalde 1988 (art. 93, IX).

A fundamentação dos atos decisórios qualifica-se como pressuposto constitucional de


validade e eficácia das decisões emanadas do Poder Judiciário. A inobservância do
dever imposto pelo art. 93, IX, da Carta Política, precisamente por traduzir grave
transgressão de natureza constitucional, afeta a legitimidade jurídica do ato decisório
e gera, de maneira irremissível, a conseqüente nulidade do pronunciamento judicial.
(STF - 1ª Turma - HC 74.351 - Rel. Min. Celso de Mello - j. 29.10.1996 - RTJ 163/1.059).

Diante dessas considerações, imperioso que tal princípio prevaleça no


ordenamento jurídico brasileiro, pois sua aplicabilidade reflete no Estado Democrático
de Direito, bem como, fortifica a existência de preceitos fundamentais inerentes à
Constituição.
Por esse motivo, obedecer ao art. 93 inciso IX da Constituição Federal, levando
em consideração a sua importância no ordenamento jurídico, é propiciar às partes
uma sentença justa, vez que se amolda ao princípio do devido processo legal.

O princípio supracitado, dá ao agravante o direito a um processo e a uma


decisão justa, isto é, assegura a estes, um juízo imparcial; o direito de ter uma defesa
oral, a oportunidade de apresentar provas ou até mesmo contraria-las, bem como o
direito de ter acesso à publicidade dos atos do seu processo.

No entanto, contemporaneamente o que se nota é a mazela incessante de tais


princípios, maculando direitos intrínsecos do cidadão, que muitas vezes passa
despercebido causando a estes inúmeras consequências.

TUTELA JURISDICIONAL E A FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICAIS: UM


PRIMEIRO PASSO A ALCANÇAR O DEVIDO PROCESSO LEGAL E A EFETIVAÇÃO, DE
FATO, DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

No presente trabalho, para bem ilustrar a devida matéria em comento, faz-se


necessário dispor a respeito da tutela jurisdicional presente nos ditames da carta
Magna em específico no art. 5º, XXXV.

Nesta perspectiva, o ordenamento jurídico brasileiro propicia ao sujeito de


direito a tutela de seus direitos, onde os mesmos poderão pleitear a proteção de seus
direitos, que se consolidará na prestação da tutela jurisdicional, tendo o juiz à
obrigatoriedade de reger essas relações com o escopo de atuar nos dizeres da lei.

Desta maneira, dispõe o doutrinador:

Assim, tutela jurisdicional tem o significado de proteção de um direito ou de uma


situação jurídica, pela via jurisdicional. Implica a prestação jurisdicional em favor do
titular de uma situação substancial amparada pela norma, caracterizando a atuação
do Direito em casos concretos trazidos à apreciação do Poder Judiciário (BEDAQUE,
2006, p.29)
Por esta razão, entende-se que a tutela jurisdicional está atrelada aos direitos
do cidadão, e por este motivo presume-se uma tutela justa com todos os direitos e
deveres previstos na lei constitucional e infraconstitucional.

O autor ainda ressalta o conceito de tutela jurisdicional, vejamos:

tutela jurisdicional, portanto, é o conjunto de medidas estabelecidas pelo legislador


processual, a fim de conferir efetividade a uma situação da vida amparada pelo direito
substancial. (BEDAQUE, 2006, p.36)

Outrossim, a tutela jurisdicional prevista no ordenamento jurídico brasileiro, é


aquela que se preocupa em oferecer às partes a satisfação total ou parcial de seus
direitos legalmente postulados, pois tal ação caracteriza de fato a promessa estatal de
proteção aos direitos daqueles que os pleiteiam.

Possibilitar a efetividade da tutela jurisdicional é dar a garantia constitucional


do devido processo legal, princípio inerente à obrigatoriedade de fundamentação nas
decisões judiciais.

Uma vez que, o princípio do devido processo legal é princípio basilar para
garantir eficácia do processo, pois é deste princípio que decorrem as demais garantias
constitucionais.

Assim, garantir o presente princípio é obedecer aos ditames da lei, pois a partir
daí formar-se-á um processo dentro dos parâmetros legais, dando aos litigantes suas
devidas garantias fundamentais, tendo em seu bojo princípios inerentes à tutela
jurisdicional, tais como: a ampla defesa e o contraditório; a publicidade do processo; a
garantia do juiz natural; a duração razoável do processo; e, por fim, o princípio da
motivação das decisões, presente no diploma constitucional.

No tocante aos princípios supracitados, entende-se que tais princípios revelam-


se de suma importância para se estabelecer uma relação justa entre as partes, o
processo e o juiz, pois conforme exaustivamente demonstrado, postergá-los significa
prejuízos às partes, uma vez que afronta preceitos constitucionais.
Assim, é possível afirmar que fundamentar uma decisão de maneira justa
dentro dos critérios normativos é garantir o devido processo legal.

Tendo em vista ser o direito um saber prático, a tarefa de qualquer teoria


jurídica é procurar condições que deem ensejo à concretização de direitos, uma vez
que a Constituição ainda os constitui. Do mesmo modo, é necessário evitar
decisionismos, arbitrariedade e discricionariedades interpretativas. (STRECK, 2009).

Destarte, a decisão deve estar em consonância com as normas, assim como


com outras fontes do Direito, desde que afaste de si toda e qualquer discrepância
entre o texto e o sentido do texto, tornando-as desprovidas de compreensão
hermenêutica.

Nesse contexto, no tocante à observância de uma fundamentação


compreensível e cristalina, ensina Lenio Luiz Streck (2009, p.405):

Mais do que fundamentar uma decisão, é necessário justificar (exemplificar) o que foi
fundamentado. Fundamentar a fundamentação (justificação) da decisão, em face de
caráter não procedural da hermenêutica e em face da mediação entre o geral e o
particular (o todo e a parte e a parte e o todo) na tomada de decisões práticas (aqui
reside à questão da moral, porque a Constituição agasalha em seu texto princípios que
traduzem deontologicamente a promessa de uma vida boa, uma sociedade solidária, o
resgate das promessas da modernidade, etc), faz com que nela – na fundamentação
do compreendido – o intérprete (juiz) não possa impor um conteúdo moral atemporal
ou a histórico, porque o caso concreto representa a síntese do fenômeno-
interpretative.

A compreensão da decisão demonstra-se de grande valia, vez que, é a partir


desta que se possibilita à parte a possibilidade de exercer o contraditório.

Zavarize (2004, p.170) fortalece o que fora dito, vejamos:

Diante do princípio do contraditório, as partes não podem se surpreender com decisão


que considere fato relevante sem que sobre ele tenha sido possível a elas produzir
defesa. Não se vislumbra possibilidade de formação do juízo de direito, para definição
da lide – que vem expressa na fundamentação da sentença – sem a efetiva garantia do
contraditório, ainda que providências no campo probatório que se mostra relevante.

Neste enfoque, vislumbra-se que a fundamentação judicial é a garantia de que


as partes possam ter o conhecimento das razões pelas quais o juiz a quo adotou
determinada tese para julgar o caso, obtendo esse conhecimento a parte poderá
manejar sem interrupção o direito ao recurso contemplado no princípio do
contraditório.

Outro ponto relevante para se contemplar, diz respeito à imparcialidade do juiz


na execução de suas sentenças. A imparcialidade do juiz é requisito indispensável ao
adequado funcionamento das atividades do Poder Judiciário e da correta prestação
jurisdicional stricto sensu, pois não se viabiliza e não se alcança a justiça se o julgador
for parcial. (ZAVARIZE, 2004, p.175).

A imparcialidade do juiz está atrelada a obrigatoriedade de fundamentação


judicial, em virtude de que se o magistrado prolata uma sentença com base em juízo
de valor quando se tem leis a sua disposição estaria caracterizando uma supressão de
fundamentação.

A fundamentação revela-se inerente ao devido processo legal, bem como às


garantias constitucionais.

Por esta razão, demonstra-se de imensurável importância para as partes


compreender que a averiguação do Estado-juiz para julgar determinado caso fez-se
com base nos fatos arrolados nos autos do processo, e segundo as normas aplicáveis
ao caso concreto, demonstrando à parte da pretensão e à parte resistida não somente
os porquês da execução daquela sentença, mas também que a sentença observou as
normas vigentes no ordenamento jurídico.

Nesse diapasão, frisa o doutrinador:

Esta preocupação com o convencimento dos destinatários da fundamentação deve ser


comedida. É importante convencer que os elementos argumentativos e probatórios
foram apreciados e se chegou a uma decisão transparente e imparcial. É um
convencimento no aspecto formal, mostrando do que há uma fundamentação
adequada, porque, no plano de fundo, ou seja, na questão do acerto da decisão,
alcançar tal convencimento é a tarefa mais árdua. (ZAVARIZE, 2004, p.55)

Destarte, conforme podemos ver, no que tange à obrigatoriedade de


fundamentação, o que se entende, é a relação com o princípio do devido processo
legal, os quais são garantias constitucionais inerentes aos sujeitos de direitos e
garantias, estas derivadas do Estado Democrático de Direito, que tem extrema
significância para validade e eficiência dos atos executados pelos que prestam a tutela
jurisdicional. (ZAVARIZE, 2004, p.61).

DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

Incontestável que o Princípio da Proporcionalidade é considerado hoje um dos


princípios mais importantes de todo o direito, e, em particular, do direito penal.

O Princípio da Proporcionalidade integra uma exigência ínsita ao Estado


Democrático de Direito enquanto tal, que impõe a proteção do indivíduo contra
intervenções estatais desnecessárias ou excessivas, que causem aos cidadãos danos
mais graves que o indispensável para a proteção dos interesses públicos.

Para entender o campo em que atua o Princípio da Proporcionalidade, deve-se


partir do pressuposto de que os direitos fundamentais se tornariam meras afirmações
programáticas caso não fosse possível à jurisdição Constitucional, com seu poder de
controlar a constitucionalidade das leis.

O papel a ser desenvolvido pelo Princípio da Proporcionalidade na esfera penal


é de suma importância, vez que ele é imanente à essência dos direitos fundamentais,
que, enquanto expressão da pretensão à liberdade do cidadão perante o Estado,
podem ser limitados somente na medida em que sejam comprovadamente
indispensáveis à defesa dos interesses públicos.

E esta é a grande questão dos dias atuais: encontrar o verdadeiro limite de


restrição de direitos, sem impor ao indivíduo uma restrição desproporcional a um
direito fundamental.
Nesse sentido, pode-se afirmar que, no âmbito do direito penal, o Princípio da
Proporcionalidade implica que este não deve ser utilizado como mero instrumento de
poder. Há de estar sempre a serviço dos valores comunitários e individuais. Significa,
ainda, que deve ser guardada, em todo e qualquer caso, a proporção entre a sanção
penal e a gravidade do fato, como exigência indeclinável da justiça e da dignidade da
pessoa humana.

Os princípios, dado o seu caráter de norma superior às demais normas


existentes no ordenamento jurídico, servem de garantia a todos os cidadãos em um
Estado Constitucional Democrático. Segundo GRECO, são os princípios “o escudo
protetor de todo o cidadão contra os ataques do Estado”. Todas as normas lhe devem
obediência, sob pena de serem declaradas inválidas.

Importante lição é a do ilustríssimo Celso Antônio Bandeira de Mello:

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa, não só a um específico mandamento
obrigatório mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa
insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais,
contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”.

Assim, pode-se afirmar que os princípios, em uma escala hierárquica, ocupam


um lugar de maior destaque e importância, refletindo, obrigatoriamente, sobre todo o
ordenamento jurídico.

Segundo ALEXY, os princípios são normas, e as normas compreendem as regras


e os princípios. Assim sendo, a diferença entre princípios e regras é, portanto, uma
diferença entre duas espécies de normas.

ALEXY traçou uma importante distinção entre regras e princípios. Tal distinção
constituiu o marco de uma teoria normativo-material dos direitos fundamentais, um
ponto de partida para responder a pergunta acerca da possibilidade e limites de
racionalidade no âmbito dos direitos fundamentais.
O Princípio da Proporcionalidade é Constitucionalmente previsto, sendo
necessária a sua aplicação às matérias.

Esse Princípio é a regra fundamental a que devem obedecer tanto os que exercem
quanto os que padecem o poder.

O arbítrio viola tão importante Princípio e ocorre toda vez que os meios
destinados a realizar um fim não são por si mesmos apropriados e ou quando a
desproporção entre meios e fim é particularmente evidente, ou seja, manifesta.

Desta forma, o Princípio da Proporcionalidade funciona como limite não apenas


à atividade judicial de interpretação/aplicação das normas penais, mas também à
própria atividade legislativa de criação/conformação dos tipos legais incriminadores, o
que possibilita o exercício da fiscalização, por parte da Jurisdição Constitucional, da
constitucionalidade das leis em material penal.

O princípio da proporcionalidade apresenta três dimensões:

1. Adequação da pena: a pena criminal é um meio adequado (entre outros) para


realizar o fim de proteger um bem jurídico?
2. Necessidade da pena: a pena criminal (meio adequado entre outros) é, também,
meio necessário (outros meios podem ser adequados, mas não seriam
necessários) para realizar o fim de proteger um bem jurídico?
3. Proporcionalidade em sentido estrito: a pena criminal cominada e/ou aplicada
(considerada meio adequado e necessário) é proporcional à natureza e extensão
da lesão abstrata e/ou concreta do bem jurídico?

Nota-se, em todas estas dimensões, que almeja-se evitar uma resposta penal
excessiva frente à infração penal considerada.

Por isso que a utilização do princípio da proporcionalidade (ou da proibição de


excesso) envolve a apreciação da necessidade e da adequação da resposta penal.

Aplicando-se no caso em comento, mesmo que entenda que de fato houve


tentativa de burlar a vigilância, não houve consumação da prática, logo, demonstra-se
excessiva eventual condenação por falta disciplinar de natureza GRAVE, haja vista a
inexistência de lesão concreta à administração pública ou a qualquer outro detento.
Dessa forma o indiciado deve ser punido nas proporções de seus atos, caso seja
condenado.

Trata-se, portanto, de uma imputação excessiva. O Poder Judiciário não deve


condescender com tamanha imoderação, não deve assentir com uma condenação
desproporcional, condenação esta que influenciará de maneira muito danosa o
reeducando.

Sendo assim, nessas hipóteses é importante que o Judiciário atue de maneira a


retificar injustiças e excessos administrativos, tutelando pelos reais valores
estampados na Carta Magna, inibindo que injustiças, como in casu, ocorram.

3. DOS PEDIDOS

Assim, o Agravante requer, espera e confia que essa E. Corte Bandeirante conheça
e dê provimento ao presente recurso, a fim de cassar a r. “decisum” de fls. 168/169,
ante a ausência de prova de autoria e ausência de fundamentação da sentença que
homologou a falta grave.

Subsidiariamente, requer-se a absolvição, nos moldes acima descritos, mantendo o


agravante definitivamente no regime semiaberto, atendendo-se, destarte, aos
reclamos da mais pura e cristalina, por ser medida lídima e de pleno direito, é o que
requer a Vossa Excelência, observado, especialmente, a função social da legislação
penal, elevando ainda, os votos de estima e distinta consideração por este E. Juízo.

Termos em que,

Pede e aguarda deferimento.

Cidade, dia, mês e ano


ADVOGADA

OAB/UF XXX-XXX

Você também pode gostar