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AGRAVO EM EXECUÇÃO,
com fulcro no artigo 197, da Lei 7.210/84, contra a decisão de fls. 168/169, que
reconheceu a falta disciplinar de natureza grave e determinou a regressão do
sentenciado ao regime fechado.
Termos em que,
Pede e aguarda deferimento.
Advogada
OAB/PE XXX.XXX
AGRAVANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA CÂMARA
INCLÍTICOS JULGADORES
Nobres julgadores, em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo juízo a quo, a
r. decisão de fls. 168/169 merece ser reformada pelos motivos de fato e direito a
seguir elencados:
1. PRELIMINARMENTE
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
Na decisão atacada o d. Juiz a quo não expôs as razões de fato e de direito que
justificaram a homologação do procedimento disciplinar apuratório. Assim, deixou de
explicar a motivação de seu posicionamento, não evidenciando seu raciocínio lógico,
explicativo e convincente.
Dessa forma, o magistrado singular utilizou-se da motivação implícita, não
admitida pela dicção constitucional. De fato, o princípio da motivação das decisões
judiciais está expressamente previsto no artigo 93, inciso IX da Constituição Federal de
1988, segundo o qual:
Nas palavras do ilustre jurista italiano Michele Taruffo, esse princípio decorre
do seguinte fato:
[...] o poder não é absoluto, e sobretudo não é oculto: ao contrário, vige o princípio da
transparência do exercício do poder, dado que a sua legitimação não é mais fundada
sobre o princípio da autoridade, mas sobre a legitimidade democrática. (TARUFFO,
Michele. Il significato costituzionale dell´obbligo di motivazione, 1988, p. 41).
(INCLUIR JURISPRUDÊNCIAS)
Ressalta-se também que nem mesmo estava presente no momento que foram
encontrado os aparelhos (03), sendo lhe imputado a posse de um deles,
erroneamente.
Todavia, não é devido, diante a situação em concreto, que não seja afastado o
conhecimento do temor existente no sistema carcerário sob as consequências e
circunstâncias que uma delação possa promover aos sentenciados, pois é de manifesto
percepção do sistema Penitenciário e da sociedade que delação em sistema carcerário
Brasileiro promove consequências irretratáveis, a nível de colocar perigo a própria
integridade física e/ou psicológica, ademais causar grande prejuízo na convivência para
com os demais reeducandos.
Ocorre que, conforme já narrado e demonstrado nos autos, razão porque soa
inglório impingir ao paciente a imediata regressão prisional, antes de ao menos se
atestar a veracidade de tais dizeres.
Contudo, nem isto foi feito, de forma que se torna temerário privilegiar a
simples palavra dos agentes carcerários, absolutamente destoante de todo o conjunto
probatório alhures citado.
2. DO MÉRITO
DO PERFIL DO REEDUCANDO
Não é explicável que 05 dias antes da obtenção do lapso temporal para ser
beneficiado com o regime aberto, o mesmo se insurgisse ao cometimento de falta
grave, que lhe ceifaria a liberdade.
DA ATIPICIDADE
Art. 5º Omissis.
[...]
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal; [...]
Anterioridade da Lei Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.
No presente caso, está sendo lhe imputado suposta falta de natureza grave,
visto que supostamente, estar na posse de aparelho celular e componentes, na data de
12 de julho de XXXXX, visto que na presente data fora realizado procedimento de
revista na ala I, que após o fim da revista fora informado por funcionários que
encontraram um aparelho celular entre a parede e o colchão da cama do reeducando,
que de imediato negou a posse do referido objeto;
(JURISPRUDÊNCIA LOCAL)
Nesse sentido:
HC 992.10.260599-0;
Sem os direitos fundamentais, o homem não vive, não convive, e, em alguns casos, não
sobrevive. (LAMMÊGO BULOS, 2014, p.525).
(...) O juiz, enfim, não repete o discurso do legislador. Faz nele integrar os direitos
fundamentais, não só na interpretação da lei comum, como na sua aplicação ao
quadro fático, e, ainda, de maneira direta, faz atuar e prevalecer à supremacia da
Constituição. O devido processo legal, portanto, pressupõe não apenas a aplicação
adequada do direito positivo, já que lhe toca, antes de tudo, realizar a vontade
soberana das regras e dos princípios constitucionais. (THEODORO JUNIOR, 2014, p.78)
O devido processo legal, no Estado Democrático de Direito, jamais poderá ser visto
como simples procedimento desenvolvido em juízo. Seu papel é o de atuar sobre os
mecanismos procedimentais de modo a preparar e proporcionar provimento
jurisdicional compatível com a supremacia da Constituição e a garantia de efetividade
dos direitos fundamentais.
Desta maneira, a obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais é
definitivamente, uma garantia processual onde assegura ao cidadão de direito a
efetivação de um processo équo.
Uma vez que, o princípio do devido processo legal é princípio basilar para
garantir eficácia do processo, pois é deste princípio que decorrem as demais garantias
constitucionais.
Assim, garantir o presente princípio é obedecer aos ditames da lei, pois a partir
daí formar-se-á um processo dentro dos parâmetros legais, dando aos litigantes suas
devidas garantias fundamentais, tendo em seu bojo princípios inerentes à tutela
jurisdicional, tais como: a ampla defesa e o contraditório; a publicidade do processo; a
garantia do juiz natural; a duração razoável do processo; e, por fim, o princípio da
motivação das decisões, presente no diploma constitucional.
Mais do que fundamentar uma decisão, é necessário justificar (exemplificar) o que foi
fundamentado. Fundamentar a fundamentação (justificação) da decisão, em face de
caráter não procedural da hermenêutica e em face da mediação entre o geral e o
particular (o todo e a parte e a parte e o todo) na tomada de decisões práticas (aqui
reside à questão da moral, porque a Constituição agasalha em seu texto princípios que
traduzem deontologicamente a promessa de uma vida boa, uma sociedade solidária, o
resgate das promessas da modernidade, etc), faz com que nela – na fundamentação
do compreendido – o intérprete (juiz) não possa impor um conteúdo moral atemporal
ou a histórico, porque o caso concreto representa a síntese do fenômeno-
interpretative.
DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa, não só a um específico mandamento
obrigatório mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa
insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais,
contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”.
ALEXY traçou uma importante distinção entre regras e princípios. Tal distinção
constituiu o marco de uma teoria normativo-material dos direitos fundamentais, um
ponto de partida para responder a pergunta acerca da possibilidade e limites de
racionalidade no âmbito dos direitos fundamentais.
O Princípio da Proporcionalidade é Constitucionalmente previsto, sendo
necessária a sua aplicação às matérias.
Esse Princípio é a regra fundamental a que devem obedecer tanto os que exercem
quanto os que padecem o poder.
O arbítrio viola tão importante Princípio e ocorre toda vez que os meios
destinados a realizar um fim não são por si mesmos apropriados e ou quando a
desproporção entre meios e fim é particularmente evidente, ou seja, manifesta.
Nota-se, em todas estas dimensões, que almeja-se evitar uma resposta penal
excessiva frente à infração penal considerada.
3. DOS PEDIDOS
Assim, o Agravante requer, espera e confia que essa E. Corte Bandeirante conheça
e dê provimento ao presente recurso, a fim de cassar a r. “decisum” de fls. 168/169,
ante a ausência de prova de autoria e ausência de fundamentação da sentença que
homologou a falta grave.
Termos em que,
OAB/UF XXX-XXX