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FACULDADE DE DIREITO
PROCESSO PENAL II (noite) 2021.1
PROF. SÉRGIO REBOUÇAS
QUESTIONAMENTOS:
Já a mutatio libelli pode ser utilizada pelo juiz quando ele verifica que os fatos
provados na instrução probatória não correspondem aos fatos narrados na inicial. Neste
caso, o juiz deverá remeter ao Ministério Público para aditar a peça inicial.
Podemos verificar a mutatio libelli no Art 384, do CPP:
Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de
elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em
crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito
oralmente.
4. Discorra sobre a teoria da serendipidade (encontro fortuito de provas) na busca e
apreensão, referindo as posições na jurisprudência.
RESPOSTA: A serendipidade é o encontro de provas, de forma inesperada, de
crimes não relacionados àquele que está sendo investigado. Tal fato pode ocorrer em
interceptações de comunicações, busca e apreensão e em outros procedimentos de
obtenção de provas.
Existem duas posições sobre essa teoria:
A primeira chama-se serendipidade de primeiro grau, e exige que a prova tenha
nexo causal com o crime que está sendo investigado originariamente. Essa posição
argumenta ser inadmissível a violação da garantia constitucional de privacidade sem
autorização judicial. Argumenta ainda, que no caso de busca e apreensão, o juiz delimita
o âmbito de abrangência da investigação ao fato a ser provado, de modo que qualquer
prova obtida, diversa do objeto investigado, estaria sem respaldo legal.
A segunda chama-se serendipidade de segundo grau não exige nexo de causalidade
entre a prova fortuita e o fato a ser investigado. Essa é a jurisprudência é consolidada
pelo STF desde 2016.
Argumenta-se, que a exigência de nexo causal supracitado viola o princípio da
proporcionalidade por exigir da autoridade investigante um conhecimento prévio que
ela não tem condições de possuir. Além disso, a busca e apreensão são medidas
autorizadas judicialmente, portanto estariam sob a proteç ão legal e ignorar a
descoberta de novo crime seria abraçar injustificadamente a impunidade.
5. Discorra sobre a ação civil ex delicto, seu objetivo, suas formas e os efeitos de
uma sentença penal absolutória sobre ela.
RESPOSTA: a ação civil ex delicto tem por objetivo reparar um dano causado por um
fato criminoso, nos termos do Art 63 do Código de Processo Penal. Ou seja, transitada
em julgado a ação penal condenatória, o ofendido poderá promover uma ação cível de
reparação do dano causado.
A execução desta reparação poderá ser fixada nos termos do inciso IV do caput do
Art 387 do CPP, tornando a sentença condenatória criminal obrigação certa, exigível e
líquida.
Ao mesmo tempo, a sentença absolutória não impede a propositura da ação civil ex
delicto, como prevê os Art 66 e inciso III do Art 67 do CPP. Neste caso, o juiz da ação
cível poderá aplicar o Art 315 do Código de Processo Civil, suspendendo o processo da
seguinte forma:
Art. 315. Se o conhecimento do mérito depender de verificação da
existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do
processo até que se pronuncie a justiça criminal.