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STF – TESE DE REPERCUSÃO GERAL – CPP

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E PRORROGAÇÕES SUCESSIVAS – STF – REPERCUSÃO GERAL


TESE: “São lícitas as sucessivas renovações de interceptação telefônica, desde que, verificados os requisitos do artigo
2º da Lei 9.296/1996 e demonstrada a necessidade da medida diante de elementos concretos e a complexidade da
investigação, a decisão judicial inicial e as prorrogações sejam devidamente motivadas, com justificativa legítima,
ainda que sucinta, a embasar a continuidade das investigações.
São ilegais as motivações padronizadas ou reproduções de modelos genéricos sem relação com o caso concreto.”

Resumo:
A interceptação telefônica pode ser renovada sucessivamente se a decisão judicial inicial e as prorrogações forem
fundamentadas, com justificativa legítima, mesmo que sucinta, a embasar a continuidade das investigações.

Para tanto, devem estar presentes os requisitos do art. 2º da Lei 9.296/1996 e ser demonstrada a necessidade
concreta da interceptação, bem assim a complexidade da investigação. Em qualquer hipótese — decisão inicial ou de
prorrogação —, a motivação deve ter relação com o caso concreto. No tocante às prorrogações, não precisa ser,
necessariamente, exauriente e trazer aspectos novos.
Cumpre observar que a ausência de resultado incriminatório obtido com eventual interceptação de comunicações
telefônicas não impede a continuidade da diligência.
Quanto à duração total de medida de interceptação telefônica, atualmente não se reconhece a existência de um
limite máximo de prazo global a ser abstratamente imposto. Por oportuno, o prazo máximo de duração do estado
defesa (CF, art. 136, § 2º) não é fundamento para limitar a viabilidade de renovações sucessivas.
INVESTIGAÇÃO PARA O PROSSEGUIMENTO DE INVESTIGAÇÕES CONTRA MAGISTRADOS – STF – REPERCUSÃO
GERAL
TESE: “É inconstitucional norma estadual de acordo com a qual compete a órgão colegiado do tribunal autorizar o
prosseguimento de investigações contra magistrados, por criar prerrogativa não prevista na Lei Orgânica da
Magistratura Nacional e não extensível a outras autoridades com foro por prerrogativa de função.”

Resumo:
É inconstitucional norma estadual que impõe a necessidade de prévia autorização do órgão colegiado do tribunal
competente para prosseguir com investigações que objetivam apurar suposta prática de crime cometido por
magistrado.

Atualmente, a disciplina das matérias institucionais da magistratura nacional decorre da Lei complementar 35/1979
(Lei Orgânica da Magistratura Nacional - LOMAN), segundo a qual não há qualquer previsão dessa condicionante
para a continuidade das investigações. Também não há se falar, na hipótese, em aplicação da ratio decidendi da ADI
7083.
Nesse contexto, a norma estadual impugnada, ao dispor de modo distinto à lei federal, promove indevida inovação,
afrontando o art. 93 da CF/1988. Ademais, ofende o princípio da isonomia, pois cria garantia mais extensa aos juízes
estaduais mineiros do que a prevista aos demais membros da magistratura nacional e demais autoridades com foro
por prerrogativa de função.
NULIDADES – STF – REPERCUSÃO GERAL
TESE: "Havendo pedido expresso da defesa no momento processual adequado (art. 403 do CPP e art. 11 da Lei
8.038/1990), os réus têm o direito de apresentar suas alegações finais após a manifestação das defesas dos
colaboradores, sob pena de nulidade."

Resumo:
O corréu delatado detém a prerrogativa de produzir suas alegações finais após a apresentação das defesas dos
corréus colaboradores, desde que o requeira expressamente e no momento adequado, ou seja, quando da
abertura dessa fase processual [CPP, art. 403; e Lei 8.038/1990, art. 11].

No exercício pleno da ampla defesa, está contido o direito do corréu delatado falar por último, ou seja, depois do
delator ou do colaborador premiado.
O indeferimento de prazo sucessivo ao réu delatado que expressamente o requer, no momento devido, equivale à
supressão do seu direito de defesa e configura nulidade processual.
Contudo, são absolutamente válidos os processos nos quais a defesa não tiver oportunamente solicitado a
observância da mencionada sequência de apresentação das alegações finais.
STF – ADI – CPP
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: AMPLIAÇÃO DO ROL DE AUTORIDADES NA ESFERA ESTADUAL - ADI
6511/RR

Resumo:
É inconstitucional, por violação ao princípio da simetria, norma de Constituição Estadual que confere foro por
prerrogativa de função a autoridades que não guardam semelhança com as que o detém na esfera federal.

A jurisprudência desta Corte se firmou em torno de uma compreensão restritiva acerca da matéria, de modo que os
estados-membros devem observância ao modelo adotado na CF/1988. Assim, não pode o ente estadual, de forma
discricionária, estender o foro por prerrogativa de função à cargos diversos daqueles abarcados pelo legislador
federal, sob pena de violação às regras de reprodução automática.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, julgou procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade material das expressões "Reitores de Universidades Públicas" e "Diretores Presidentes das
entidades da Administração Estadual Indireta", previstas no art. 77, X, a e b, da Constituição do Estado de Roraima.
Além disso, por razões de segurança jurídica, o Tribunal modulou a decisão, a fim de conferir efeitos ex nunc à
declaração de inconstitucionalidade.
COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS PARA SUPERVISIONAR INVESTIGAÇÕES CONTRA AUTORIDADES COM FORO POR
PRERROGATIVA DE FUNÇÃO - ADI 7083/AP

Resumo:
É constitucional a norma de Regimento Interno de Tribunal de Justiça que condiciona a instauração de inquérito à
autorização do desembargador-relator nos feitos de competência originária daquele órgão.

Na hipótese, não há ofensa ao sistema acusatório, pois a previsão regimental decorre da normativa constitucional que
determina o foro específico, sujeitando investigações contra determinadas autoridades a maior controle judicial, pela
importância das funções que exercem.
Quanto à necessidade de supervisão judicial dos atos investigatórios, tem-se, pela interpretação sistemática da CF/88
e com fulcro na jurisprudência consolidada desta Corte, que o mesmo tratamento conferido às autoridades com foro
por prerrogativa de função no STF deve ser aplicado, por simetria, àquelas com foro em outros tribunais, em
observância ao princípio da isonomia, que garante o mesmo tratamento aos que estejam em situação igual.
Ademais, inexiste usurpação das funções institucionais conferidas constitucionalmente ao Ministério Público, pois o
órgão mantém a titularidade da ação penal e as prerrogativas investigatórias, devendo apenas submeter suas
atividades ao controle judicial.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por unanimidade, converteu a apreciação do requerimento de medida
cautelar em julgamento de mérito e julgou improcedente a ação direta para declarar a constitucionalidade do
dispositivo impugnado.
LEI MARIA DA PENHA E AFASTAMENTO DO AGRESSOR POR DELEGADOS E POLICIAIS - ADI 6138/DF

Resumo:
É válida a atuação supletiva e excepcional de delegados de polícia e de policiais a fim de afastar o agressor do lar,
domicílio ou local de convivência com a ofendida, quando constatado risco atual ou iminente à vida ou à
integridade da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, conforme o art. 12-C
inserido na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
A inclusão dos dispositivos questionados na Lei Maria da Penha — art. 12-C, II, III e § 1º — é razoável, proporcional e
adequada. Ela permite a retirada imediata do algoz, sem ordem judicial prévia, mediante a atuação de delegados de
polícia, quando o município não for sede de comarca, e de policiais, quando o município não for sede de comarca e
não houver delegado disponível no momento da denúncia. Em ambos os casos, o juiz deverá ser comunicado no prazo
máximo de 24 horas e decidirá sobre a manutenção ou revogação da medida protetiva de urgência. O afastamento
ocorre de forma excepcional, supletiva e ad referendum do magistrado. Esse importante mecanismo visa garantir a
efetividade da retirada do agressor e inibir a violência no âmbito das relações domésticas e familiares.
Ademais, a opção do legislador não contraria a cláusula da inviolabilidade de domicílio, tampouco ofende o devido
processo legal (CF, art. 5º, XI e LIV). As mudanças estão em consonância com o texto constitucional, que não exige
ordem judicial prévia para o afastamento, bem como determina a criação de mecanismos para coibir a violência no
âmbito das relações familiares (CF, art. 226, § 8º).
Além disso, a legislação está de acordo com o sistema internacional de proteção aos direitos humanos das mulheres e
de combate à violência contra a mulher, que evoluiu no sentido de recomendar a criação de mecanismos preventivos
e repressivos eficazes e, dentre outras considerações, a outorga de prioridade à segurança sobre os direitos de
propriedade.
PRISÃO PREVENTIVA: PRAZO NONAGESIMAL PARA A SUA REVISÃO E RESPECTIVA COMPETÊNCIA JURISDICIONAL -
ADI 6581/DF E ADI 6582/DF

Resumo:
O transcurso do prazo previsto no parágrafo único do art. 316 do Código de Processo Penal (CPP) não acarreta,
automaticamente, a revogação da prisão preventiva e, consequentemente, a concessão de liberdade provisória.

Isso porque não houve, por parte da lei, a previsão de automaticidade. O parágrafo único do art. 316 do CPP não
dispõe que a prisão preventiva passa a ter 90 dias de duração. Estabelece, tão somente, a necessidade de uma
reanálise, que pressupõe a reavaliação da subsistência, ou não, dos requisitos que fundamentaram o decreto
prisional.
A exigência da revisão nonagesimal quanto à necessidade e adequação da prisão preventiva aplica-se até o final dos
processos de conhecimento.
O art. 316, parágrafo único, do CPP incide até o final dos processos de conhecimento, onde há o encerramento da
cognição plena pelo Tribunal de segundo grau, não se aplicando às prisões cautelares decorrentes de sentença
condenatória de segunda instância ainda não transitada em julgado. O dispositivo legal aplica-se, igualmente, aos
processos em que houver previsão de prerrogativa de foro.
FIXAÇÃO DE CONDIÇÕES OBRIGATÓRIAS E CUMULATIVAS PARA A DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA - ADI
3360/DF E ADI 4109/DF

Resumo:
A decretação de prisão temporária somente é cabível quando (i) for imprescindível para as investigações do
inquérito policial; (ii) houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado; (iii) for justificada em fatos
novos ou contemporâneos; (iv) for adequada à gravidade concreta do crime, às circunstâncias do fato e às
condições pessoais do indiciado; e (v) não for suficiente a imposição de medidas cautelares diversas.

A prisão temporária não pode ser utilizada como meio de prisão para averiguação ou em violação ao direito à não
autoincriminação, pois caracteriza abuso de autoridade, na medida em que representa instrumento utilizado como
forma manifesta de constrangimento, impondo, por vias transversas, a submissão da pessoa em prestar depoimento
na fase inquisitorial; ou quando fundada tão somente porque o representado não possui residência fixa, o que vai de
encontro ao princípio constitucional da igualdade em sua dimensão material, já que essa circunstância pode revelar-se
como uma situação de vulnerabilidade econômico-social.
Além disso, o rol do inciso III do artigo 1º da Lei 7.960/1989 é taxativo e representa opção do Poder Legislativo, que,
dentro de sua competência constitucional precípua, conferiu especial atenção a determinados crimes, de modo
compatível com a Constituição Federal de 1988 (CF/1988).
Por fim, não é incompatível com o texto constitucional: (i) a expressão “será” (art. 2º, caput, da Lei 7.960/1989), já
que a decretação da prisão temporária não se revela como medida compulsória, devendo ser obrigatoriamente
fundamentada (§ 2º do art. 2º da Lei 7.960/1989 e art. 93, IX, da CF/1988) (3); e (ii) o prazo de 24 horas previsto no
art. 2º, § 2º, da Lei 7.960/1989, porque, além de impróprio, justifica-se pela urgência na análise do pedido pelo
magistrado visando à eficiência das investigações.
MANIFESTA E GRAVE ILEGALIDADE NA AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA - HC 202579
AGR/ES E HC 202700 AGR/SP

Resumo:
A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento não torna superada a alegação de ausência
de audiência de custódia.

A audiência de custódia tem finalidades sistêmicas totalmente distintas daquelas desempenhadas pela audiência de
instrução e julgamento.
A audiência de custódia possui limitações, pois não se pode antecipar o julgamento de mérito do processo com
aprofundamento instrutório. Contudo, tendo-se em vista que no ato há um contato da defesa com um juiz, deve-se
dar primazia ao exercício do contraditório de modo oral e com imediação, para controle da legalidade da prisão e
especial atenção à revisão de ilegalidades manifestas.
Ainda que eventualmente questões sobre a prisão ou eventuais abusos possam ser levantadas pelas partes na
audiência de instrução, deve-se perceber que tais questões seriam objeto de análise incidental, e não o tema central
da audiência a ser submetido ao contraditório. A depender da inércia das partes, esses pontos podem nem mesmo
ser abordados.
Além disso, aceitar a superação da necessidade de realização da audiência de custódia pelo transcurso do prazo e a
ocorrência da audiência de instrução findaria por transmitir uma mensagem distorcida aos operadores do sistema
criminal, no sentido da desnecessidade da medida.
MANIFESTA E GRAVE ILEGALIDADE NA AUSÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA - HC 202579 AGR/ES
E HC 202700 AGR/SP

Resumo:
A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento não torna superada a alegação de ausência
de audiência de custódia.

A audiência de custódia tem finalidades sistêmicas totalmente distintas daquelas desempenhadas pela audiência de
instrução e julgamento.
A audiência de custódia possui limitações, pois não se pode antecipar o julgamento de mérito do processo com
aprofundamento instrutório. Contudo, tendo-se em vista que no ato há um contato da defesa com um juiz, deve-se
dar primazia ao exercício do contraditório de modo oral e com imediação, para controle da legalidade da prisão e
especial atenção à revisão de ilegalidades manifestas.
Ainda que eventualmente questões sobre a prisão ou eventuais abusos possam ser levantadas pelas partes na
audiência de instrução, deve-se perceber que tais questões seriam objeto de análise incidental, e não o tema central
da audiência a ser submetido ao contraditório. A depender da inércia das partes, esses pontos podem nem mesmo
ser abordados.
Além disso, aceitar a superação da necessidade de realização da audiência de custódia pelo transcurso do prazo e a
ocorrência da audiência de instrução findaria por transmitir uma mensagem distorcida aos operadores do sistema
criminal, no sentido da desnecessidade da medida.
RECLAMAÇÃO: LEGITIMIDADE DE CONSELHO SECCIONAL DA OAB, “HABEAS CORPUS” DE OFÍCIO, INCOMPETÊN-CIA
DA JUSTIÇA FEDERAL E BUSCA E APREENSÃO - RCL 43479/RJ

Resumo:
Os conselhos seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) possuem legitimidade para ingressar com
reclamação perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa dos interesses concretos e das prerrogativas de
seus associados, nos termos da expressa previsão legal.
A Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia) confere ampla legitimidade à OAB para atuar em defesa da ordem jurídica,
do Estado Democrático de Direito e de todos os advogados integrantes dos seus quadros, conforme se observa do art.
44, I e II, do art. 49, parágrafo único, e do art. 54, II e III, c/c o art. 57. Essas normas estão em consonância com a
qualificação de função essencial à justiça atribuída à advocacia pelo art. 133 da Constituição Federal (CF), bem assim
com o papel da OAB, com ampla capacidade postulatória, conforme reconhecido pela jurisprudência do STF.
Diante de flagrante ilegalidade, é possível a concessão de “habeas corpus” de ofício em sede de reclamação
constitucional, nos termos do art. 193, II, do Regimento Interno do STF (RISTF) e do art. 654, § 2º, do Código de
Processo Penal (CPP).
Impende registrar a relevância do tema em discussão — notadamente por se relacionar às funções e prerrogativas da
advocacia no âmbito do sistema de justiça criminal e do Estado Democrático de Direito — e a necessidade de se
promover o devido controle de todas as ilegalidades praticadas, no caso concreto, pelo magistrado da Vara Federal,
ora reclamado. Apesar de não ter sido demonstrada, pelos conselhos reclamantes, a usurpação de competência do
STF, foram constatadas ilegalidades flagrantes concernentes à competência do juízo reclamado e à decretação de
medidas de busca e apreensão em desfavor de advogados.
Além de violar prerrogativas da advocacia, a deflagração de amplas, inespecíficas e desarrazoadas medidas de
busca e apreensão em desfavor de advogados pode evidenciar a prática de “fishing expedition”.
A jurisprudência do STF confere interpretação estrita e rígida às normas que possibilitam a realização de busca e
apreensão, em especial quando direcionadas a advogados no exercício de sua profissão. Na situação em apreço, não
foram observados os requisitos legais nem as prerrogativas da advocacia, com ampla deflagração de medidas que
objetivaram “pescar” provas contra os advogados denunciados e possíveis novos investigados. Ressalta-se que, ao
deferir a busca e apreensão, a autoridade reclamada não demonstrou a imprescindibilidade em concreto da medida
para o processamento dos fatos.
Extrai-se do art. 394 e seguintes do CPP que a produção probatória após o oferecimento da denúncia deve ocorrer
em juízo, com as garantias do contraditório e da ampla defesa.
Na espécie, a medida de investigação prévia foi executada depois de ser formalizada a denúncia contra os advogados,
em evidente inversão processual. Com efeito, a ampla realização de medidas de busca e apreensão depois da
formalização da denúncia, que pressupõe a colheita de um lastro probatório mínimo e o encerramento da fase

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