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1) Se o crime tiver pena máxima não superior a 2 anos – A competência será do Juizado Especial

Criminal, com a possibilidade de serem adotados os institutos despenalizadores da Lei 9099/95 (art. 61 da Lei

9099/95).

2) Se o crime tiver pena máxima não superior a 4 anos – Nesse caso aplica-se o previsto no art. 94 do

Estatuto do Idoso, ou seja, a competência para processar esse crime será do Juízo Comum, porém com o rito

sumaríssimo. Com isso, a resposta estatal a esse crime será dada de forma mais célere.

3) Se o crime tiver pena superior a 4 anos – A competência será do Juízo Comum, com adoção do rito

ordinário.
1) Se o crime tiver pena máxima não superior a 2 anos – A competência será do Juizado Especial

Criminal, com a possibilidade de serem adotados os institutos despenalizadores da Lei 9099/95 (art. 61 da Lei

9099/95).

2) Se o crime tiver pena máxima não superior a 4 anos – Nesse caso aplica-se o previsto no art. 94 do

Estatuto do Idoso, ou seja, a competência para processar esse crime será do Juízo Comum, porém com o rito

sumaríssimo. Com isso, a resposta estatal a esse crime será dada de forma mais célere.

3) Se o crime tiver pena superior a 4 anos – A competência será do Juízo Comum, com adoção do rito

ordinário.
Os artigos em tela foram modificados pela Lei nº. 11.313/06, que expõe a competência dos Juizados Especiais
Criminais sendo ditada pela natureza da infração penal, estabelecida em razão da matéria e, portanto, de
caráter absoluto, ainda mais porque tem base constitucional (art. 98, I da Constituição Federal).

Nesse sentido, Mirabete já ensina:

“A competência do Juizado Especial Criminal restringe-se às infrações penais de menor potencial ofensivo,
conforme a Carta Constitucional e a lei.

Como tal competência é conferida em razão da matéria, é ela absoluta, de modo que não é possível que sejam
julgadas no Juizado Especial Criminal outras infrações, sob pena de declaração de nulidade absoluta.”
A não observância desta competência constitucional acarreta a nulidade de todos os atos
processuais porventura praticados, não somente os decisórios, como também os probatórios.

A competência dos Juizados Especiais Criminais prevista no art. 63 da Lei nº 9.099, dispõe
que será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.

Na maioria dos casos, a ação ou omissão criminosa e o seu resultado ocorrem no mesmo
lugar. Contudo, tratando -se de crimes em que a ação se dar em um local e o resultado ocorre em
local diverso, nesse caso, fixa-se a competência pelo foro do local da consumação ou do resultado.
Apesar de inúmeras divergências sobre a competência, o melhor entendimento é no sentido da adoção da
teoria da ubiquidade, isto é, pelo lugar em que foram praticados um ou mais atos de execução ou em que
ocorreu o resultado total ou parcial.

Dessa forma, observa-se que, excetuada a regra geral estabelecida pelo art. 69 do Código de Processo Penal,
o art. 63 da Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais é melhor interpretado no
sentido da adoção da Teoria da Ubiquidade.
No que diz respeito às intimações, a Lei nº 9.099/95 adotou o princípio da informalidade, celeridade e economia
processual para livrar o procedimento sumaríssimo das formas cerimoniosas dos atos processuais.

Fundamenta-se, inclusive, no artigo 563 do Código de Processo penal que institui que “nenhum ato será
declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”.

Seguindo esta linha, atingido o fim esperado de um ato processual e não tendo ele causado prejuízo a nenhuma
das partes, este ato será considerado válido, isso acontece, por exemplo, nas intimações via o aplicativo
Whatsapp, que são realizadas por alguns juizados criminais.
FASE PRELIMINAR LEI 9099 – DA FASE PRELIMINAR art. 69 a 76
O procedimento extrajudicial, a partir do art. 69 da lei 9099 de 1995, explica como se realiza essa fase de persecução criminal
quando se tratar de delitos de menor potencial ofensivo.

Primeiramente, é importante destacar que não há que se falar em Inquérito Policial para apurar o crime e a autoria nos Juizados
Especiais Criminais.

Isso ocorre porque a autoridade policial deverá lavrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência imediatamente, quando o fato lhe
for noticiado.

A partir daí serão ouvidos autor do fato e vítima, requisitados os exames técnicos de pouca complexidade necessários a
demonstrar a existência do fato criminoso, encaminhando-se ao final o procedimento simplificado ao Juizado Especial Criminal.

A intenção da Lei nº 9099/1995, art. 69, era fazer o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao Juizado Especial Criminal.

O termo circunstanciado traduz a simplicidade e concentração de informações em uma só peça. O fato não deve ser submetido a
exames periciais complexos.
Por sua vez, o art.77, §1º, da Lei 9099/1995, determina que o oferecimento de denúncia deve estar orientado com base no
termo circunstanciado de ocorrência, dispensado o inquérito policial.
É nesta fase preliminar que podemos observar bem a atuação dos Princípios da Simplicidade e da Economia
Processual, os quais exteriorizam que os Juizados Especiais funcionam para processar causas de baixa
complexidade.

Outro dado importante ainda no §1º, do art.77 da Lei nº 9.099/1995, é a afirmação de que o exame de corpo delito
é dispensável quando a materialidade do fato resta aferida por boletim médico ou outra prova equivalente.

A transação penal pressupõe a proposição pelo Ministério Público, de aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multa, devendo o imputado se manifestar sobre sua aceitação.

Nesta proposta de transação penal, caso aceite o autor do fato, o juiz fará aplicar imediatamente a proposta de
pena alternativa a qual ficará registrada para fins da aplicação do §1º, do art.76 da Lei dos Juizados Especiais
Criminais.

A anotação da transação penal não tem a natureza jurídica da reincidência e somente deverá servir como registro
para o fim exclusivo de impedir que o mesmo benefício gere vantagens ao imputado que tenha cometido
novamente delito de menor potencial ofensivo.
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO – Art. 77 a 83
A persecução criminal é desenvolvida mediante o rito sumaríssimo, conforme disciplina do art. 77 e seguintes da
Lei 9099.

O processo é iniciado com proposta de ação penal privada ou pública, queixa ou denúncia.

É importante ler com cautela o teor do art. 77, §3º, já que o oferecimento da queixa oral, em audiência, deverá, da
mesma forma, respeitar aquele prazo decadencial.

O art. 78 da Lei 9099/1995 define no seu caput a possibilidade de citação do denunciado que estiver presente em
audiência, enquanto o §1º, define a citação para o caso do acusado ausente.

O acusado presente ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de
instrução e julgamento.

Caso o acusado não esteja presente, situação da segunda hipótese, a citação ocorrerá por mandado, conforme
orienta o art.66 e seguintes da Lei do Juizados Especiais.

O §1º, do art. 78 da Lei define que, uma vez citado o acusado, ele ficará ciente da data da audiência de instrução e
julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para intimá-las.
Importa destacar que no caso de o acusado ser citado por mandado, ocorrerão os efeitos do art. 396-A, do CPP.

Por isso, este deverá dentro de dez dias apresentar resposta escrita àquela acusação onde arguir preliminares e
alegar tudo o que interessa à defesa, apresenta documentos e propõe provas.
As testemunhas arroladas serão de no máximo cinco, as quais serão qualificadas, requerendo-se a intimação destas,
se necessário.
Um destaque importante a se fazer sobre o art. 81 da Lei dos Juizados Especiais Criminais, trata-se da inovação que
colocou o interrogatório como último ato do rito antes das alegações finais.

Significa dizer que o legislador reconheceu que o interrogatório tem natureza jurídica de defesa, não mais devendo ser
considerado exclusivamente como um meio de prova.

O §1º do mesmo artigo define que todas as provas serão produzidas na audiência de instrução, todavia, em havendo
diligência indispensável a ser realizada, a audiência pode ser encerrada sem as alegações finais.

De acordo com o que determina o art. 81, §3º, da Lei dos Juizados Especiais, a sentença tem a peculiaridade de
dispensar o relatório.

O art. 83, disciplina o recurso de embargos de declaração, o qual funciona para atacar sentença ou acórdão que
contenham obscuridade, contradição, omissão ou dúvida, sendo opostos os embargos em cinco dias, contados da
ciência daquele julgado.
DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO Art. 88 e 89
O art. 88 trata da SURSIS processual, que ocorre nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, o Ministério Público ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão condicional do processo, por dois a
quatro anos.
Tal hipótese ocorre, inclusive, se o delito for de maior potencial ofensivo, isto é, embora tenha pena mínima inferior a
um ano, o delito tenha pena máxima superior a dois anos.
É o caso, por exemplo, do crime de furto em que a pena mínima corresponde a um ano e a máxima corresponde a
quatro anos de privação de liberdade.
No entanto, para ter direito ao benefício o acusado não pode ter sido condenado pelo cometimento de outro crime,
bem como, o condenado não poderá ser reincidente, deve ter favoráveis as circunstâncias judiciais, não sendo
cabível a substituição de pena de prisão por restritiva de direitos.
Já no §7, do art.89 da Lei 9099/1995 específica que, se o acusado não aceitar a proposta prevista em tal dispositivo
legal, o processo prosseguirá normalmente em seus termos.
A suspensão do processo poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso de tal prazo, por outro
crime ou contravenção, não efetuar, sem motivo justificável, a reparação do dano, ou descumpra qualquer das
condições impostas.
Superado o período de prova, o prazo da suspensão processual, bem como cumpridas as condições e não operada
a revogação do benefício, considera-se extinta a punibilidade, sendo que, durante tal período, não correrá a
prescrição.
Questão 1
Vitor foi encaminhado para a Delegacia, onde foi lavrado termo circunstanciado, porque teria praticado um crime de ameaça (Pena:
1 a 6 meses de detenção, ou multa) contra João, delito esse de ação penal pública condicionada à representação. Ao analisar o
procedimento, o promotor de justiça verificou que Vitor era tecnicamente primário e de bons antecedentes, mas que havia sido
beneficiado com proposta de transação penal no ano anterior.
Considerando apenas as informações expostas, com base nas previsões da Lei nº 9.099/95, é correto afirmar que:
A) não poderá ser oferecida denúncia oral a ser reduzida a termo em caso de não aceitação pelo suposto autor do fato de
quaisquer dos institutos despenalizadores, devendo a denúncia ser apresentada por escrito;
B) não poderá ser oferecida proposta de transação penal, em razão do benefício anteriormente concedido, mas caberá proposta
de suspensão condicional do processo;
C) poderá ser oferecida composição civil dos danos, que não importará renúncia ao direito de representação em caso de
aceitação;
D) não poderá ser oferecida composição civil dos danos, que somente é cabível nas ações penais de natureza privada;
E) poderá ser oferecida proposta de transação penal, já que o suposto autor do fato é tecnicamente primário.
Resposta: Letra B
A) INCORRETA: o artigo 77, caput, da lei 9.099/95 traz expressamente a possibilidade de a denúncia ser oferecida de forma oral,
vejamos:
“Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não
ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver
necessidade de diligências imprescindíveis.”

B) CORRETA: não cabe a proposta de transação pelo fato de que o investigado havia sido beneficiado com tal instituto em um prazo
inferior a 5 (cinco) anos, artigo 76, §2º, II da lei 9.099/95. Mas há a possibilidade de ser oferecida ao denunciado a suspensão condicional
do processo, visto que se trata de infração penal com pena mínima inferior a 1 (um) ano e o denunciado não foi condenado por outro
crime e possui bons antecedentes, artigo 89 da lei 9.099/95 c/c artigo 77 do Código Penal:
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos
deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser
necessária e suficiente a adoção da medida.”
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público,
ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal).”
Resposta: Letra B
“Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a
concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.
§ 2 o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o
condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.”
C) INCORRETA: a homologação do acordo de composição civil dos danos importa em renúncia ao direito de representação ou de queixa,
artigo 74, parágrafo único da lei 9.099/95:
“Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de
título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o
acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.”
D) INCORRETA: A composição civil dos danos é cabível na ação penal pública incondicionada; na ação penal pública condicionada e na
ação penal privada, sendo que nestas duas últimas ocorre a extinção da punibilidade, artigo 74, parágrafo único, da lei 9.099/95 (descrito
no comentário da alternativa “c”) e artigo 107, V, do Código Penal:
“Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(...)
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;”
E) INCORRETA: O artigo 76, §2º, II da lei 9.099/95 (descrito no comentário da alternativa “b”) veda a proposta de transação penal a quem
tenha sido beneficiado por esta no prazo de 5 (cinco) anos.
Questão 2
A Lei nº 9.099/1995 dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, próprios para o julgamento dos delitos de
menor potencial ofensivo, prevendo regramento e institutos próprios. De acordo com a referida legislação e outras
subsequentes:

A)os crimes de menor potencial ofensivo sempre serão julgados no Juizado Especial Criminal;
B) caberá recurso de apelação contra a decisão que rejeitar a denúncia;
C) não será possível a suspensão condicional do processo quando não oferecida ou aceita a transação
penal;
D) a sentença deverá, obrigatoriamente, conter relatório, fundamentação e parte dispositiva;
E) consideram-se infrações de menor potencial ofensivo aquelas em que apena máxima não é superior a
dois anos e não possuem a elementar violência ou grave ameaça à pessoa.
Resposta: Letra B
A) INCORRETA: Se os crimes ou os fatos forem complexos poderá ocorrer a remessa a Justiça Comum, artigo 77, §2º e 66 da lei 9.099/95 e enunciado 52 do FONAJE:
“Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta
Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
(...)
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das
peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei."
“Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei."
“ENUNCIADO 52 – A remessa dos autos ao juízo comum, na hipótese do art. 77, parágrafo 2º, da Lei 9099/95 (ENUNCIADO 18), exaure a competência do Juizado
Especial Criminal, que não se restabelecerá ainda que afastada a complexidade."

B) CORRETA: a APELAÇÃO será cabível da decisão de rejeição da denúncia ou da queixa e da sentença, artigo 82 da lei 9.099/95.

C) INCORRETA: quando aceita a transação penal e cumpridas as cláusulas desta não será possível a suspensão condicional do processo. Já quando não oferecida a transação
penal por ausência de alguns dos requisitos legais (artigo 76 da lei 9.099/95), poderá, desde que presentes as condições do artigo 89 da lei 9.099/95, ser oferecida a suspensão
condicional do processo.

D) INCORRETA: A dispensa do relatório na sentença está expressa no artigo 81, §3º, da lei 9.099/95:
“Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento,
serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da
sentença.
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do Juiz."

E) INCORRETA: São consideradas infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos, cumulada o não com pena de multa, artigo 61, caput, da lei 9.099/95.
Questão 3

O processo, no âmbito dos Juizados Especiais Criminais, é regido pelos princípios:

A) da integralidade e da consumação;
B) da oralidade e da consumação;
C) da oralidade e da integralidade;
D) da oralidade e da economia processual;
E) da informalidade e da integralidade.
Resposta: Letra D
A) da integralidade e da consumação;
Incorreta. Esses princípios não estão entre os previstos no art. 2° da Lei n. 9.099/95.

B) da oralidade e da consumação;
Incorreta. Em que pese o princípio da oralidade reger os processos no âmbito dos Juizados Especiais Criminais, o mesmo não se
pode falar do princípio da consumação, que não está previsto no art. 2° da Lei n. 9.099/95.

C) da oralidade e da integralidade;
Incorreta. Em que pese o princípio da oralidade reger os processos no âmbito dos Juizados Especiais Criminais, o mesmo não se
pode falar do princípio da integralidade, que não está previsto no art. 2° da Lei n. 9.099/95.

D) da oralidade e da economia processual;


Correta. Ambos princípios estão previstos no art. 2° da Lei n. 9.099/95.

E) da informalidade e da integralidade.
Incorreta. Em que pese o princípio da informalidade reger os processos no âmbito dos Juizados Especiais Criminais, o mesmo não
se pode falar do princípio da integralidade, que não está previsto no art. 2° da Lei n. 9.099/95.

Aprofundando!: Destaca-se que o princípio foi inserido no art. 2° da Lei n. 9.099/95 apenas em 9 de janeiro de 2018 pela Lei nº
13.603, de 9 de janeiro de 2018, que alterou a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, para incluir a simplicidade como critério
orientador do processo perante os Juizados Especiais Criminais.
Questão 4
Promotor de Justiça ofereceu denúncia em face de Luiz, imputando-lhe a prática do crime de estelionato (Pena: reclusão, de 01 a 05 anos, e multa).
Em que pese a pena mínima de um ano, deixou de oferecer proposta de suspensão condicional do processo, sob o fundamento de que deveriam
ser observados os requisitos da suspensão condicional da pena e que Luiz responderia a três outras ações penais pela suposta prática de crimes
contra o patrimônio. No momento de avaliar o recebimento da denúncia, o magistrado competente não concordou com o não oferecimento de
proposta de suspensão condicional do processo.
Considerando as informações narradas, com base na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o promotor de justiça, ao não oferecer o
benefício despenalizador, está:
A) equivocado, já que somente o réu reincidente não faz jus ao benefício da suspensão condicional do processo, apesar de os requisitos
da suspensão condicional da pena realmente terem de ser observados;
B) equivocado, pois os requisitos da suspensão condicional da pena não se confundem com os da suspensão condicional do processo e
somente o réu tecnicamente reincidente não faz jus ao benefício;
C) correto, mas, discordando o magistrado, deverá este submeter a questão ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se, por analogia,
as previsões do art. 28 do CPP;
D) correto, mas, diante da discordância, o magistrado poderá oferecer diretamente a proposta de suspensão condicional do processo, já
que se trata de direito subjetivo do réu;
E) correto e, ainda que o magistrado discorde, nada poderá ser feito, tendo em vista que o Ministério Público é o titular da iniciativa das
ações penais públicas.
Resposta: Letra C
A) Incorreta. A assertiva considera que o promotor está equivocado, pois apenas o réu reincidente não faz jus ao benefício da
suspensão condicional do processo, apesar de os requisitos da suspensão condicional da pena realmente terem de ser observados.
Contudo, como vimos, de acordo com o art. 89 da Lei nº 9.099/95, só fará jus ao benefício aquele que não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, o que não é o caso de Luiz.

B) Incorreta. A assertiva entende que o promotor está equivocado, pois os requisitos da suspensão condicional da pena não se
confundem com os da suspensão condicional do processo e somente o réu tecnicamente reincidente não faz jus ao benefício. No
entanto, o próprio art. 89 da Lei nº 9.099/95 estabelece que, para a concessão do benefício de suspensão condicional do processo,
devem ser observados os requisitos da suspensão condicional da pena.

C) Correta. O promotor agiu corretamente, uma vez que não estão presentes os requisitos para concessão do benefício de
suspensão condicional do processo e, nesta oportunidade, discordando o magistrado, deverá este submeter a questão ao
Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se, por analogia, as previsões do art. 28 do CPP, de acordo com a Súmula 696 do STF.

D) Incorreta. A assertiva se mostra equivocada, pois não há possibilidade de o magistrado oferecer diretamente o benefício da
suspensão condicional do processo, esse ato se reserva ao membro do Ministério Público, segundo o art. 89 da Lei nº 9.099/95 “o
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo".

E) Incorreta. A assertiva se mostra equivocada ao inferir que, ainda que o magistrado discorde, nada poderá ser feito, pois, como
vimos na assertiva C, o magistrado poderia buscar a aplicação do art. 28 por analogia.
Questão 5
Antônio, funcionário público, está sendo investigado pela suposta prática do crime de prevaricação ocorrido em abril de 2018 (Art. 319 do
CP. Pena: 3 meses a 1 ano de detenção e multa). Recebido o procedimento em agosto de 2018, o Ministério Público verifica que na Folha
de Antecedentes Criminais de Antônio consta uma anotação, por fatos datados de 2014, referente ao crime de ameaça, tendo o funcionário
se beneficiado de transação penal naquela ocasião, sendo devidamente cumpridas as medidas restritivas de direitos aplicadas, e extinta a
punibilidade.
Considerando as informações narradas, o advogado de Antônio deverá esclarecer que, sob o ponto de vista técnico,
A) não poderá ser oferecido o benefício da transação penal, pois, em razão do benefício, Antônio não mais é considerado
tecnicamente primário;
B) não poderá ser oferecido o benefício da transação penal em razão do benefício anteriormente oferecido e aceito;
C) não poderá ser oferecido o benefício da transação penal, que não é admitido aos crimes próprios praticados por funcionário
público;
D) poderá ser oferecido o benefício da transação penal, já que o agente é tecnicamente primário, e, descumpridas as condições,
poderão as mesmas ser executados, mas não é possível oferecimento de denúncia.
E) poderá ser oferecido o benefício da transação penal, já que o agente é tecnicamente primário, mas, descumpridas as condições,
é possível oferecimento de denúncia.
Resposta: Letra B
A) ERRADA. Antônio é considerado primário, pois a transação não importa em reincidência, apenas impede que o mesmo benefício
seja concedido no prazo de cinco anos, de acordo com o art. 76, §4º da Lei 9.099.

B) CORRETA. Como o benefício foi concedido em 2014, em 2018 ainda não se passaram os cinco anos, razão pela qual não pode
ser concedido o mesmo benefício novamente, apenas se já tivesse passado cinco anos, de acordo com o art. 76, §4º da Lei 9.099.

C) ERRADA. As hipóteses em que não se admitirá a proposta será quando ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado,
pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva, ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de
cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo, não indicarem os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida, de acordo com
o art. 76, §2º e incisos da Lei 9.099.

D) ERRADA. Não poderá ser oferecido o benefício, pois como vimos, o agente não poderá ter sido beneficiado anteriormente, no
prazo de cinco anos com a transação penal; mesmo assim é o autor considerado primário.

E) ERRADA. Não é possível oferecer o benefício da transação penal mesmo sendo primário, pois só pode ser concedido novamente
depois de cinco anos, de acordo com o art. 7º, §2º, II e §4º do referido diploma legal. Além disso, o STF na súmula vinculante 35
afirmou que descumpridas as cláusulas da transação penal, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
Questão 6
Após investigação, foi identificado que Arthur era autor de um crime de falsidade ideológica de documento particular (pena: 1 a 3
anos de reclusão e multa), figurando como vítima Zeca. Juntada a folha de antecedentes criminais, verificou-se que Arthur nunca
respondeu a qualquer outra ação penal.
Considerando o crime de falsidade ideológica de documento particular, com base nas previsões da Lei nº 9.099/95 (Lei dos
Juizados Especiais), a infração:

A) não é de menor potencial ofensivo, de modo que não cabe suspensão condicional do processo, transação penal e
nem composição civil dos danos;
B) não é de menor potencial ofensivo, mas cabe proposta de suspensão condicional do processo;
C) é de menor potencial ofensivo, cabendo proposta de suspensão condicional do processo;
D) é de menor potencial ofensivo, mas não cabe proposta de transação penal;
E) é de menor potencial ofensivo, cabendo composição civil dos danos.
Resposta: Letra B
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena
Questão 7
Lucas propôs queixa-crime, através de advogado particular com procuração com poderes especiais, em face de Gomes, pela
prática do crime de injúria simples perante o juízo competente, qual seja, o Juizado Especial Criminal. O magistrado, porém,
rejeitou a queixa por entender que não existia justa causa para prosseguimento do feito. Dessa decisão, havendo interesse,
caberá à defesa técnica de Lucas interpor:

A) apelação, no prazo de 10 dias;


B) recurso em sentido estrito, no prazo de 10 dias;
C) apelação, no prazo de 05 dias;
D) recurso em sentido estrito, no prazo de 05 dias;
E) apelação, no prazo de 15 dias
Resposta: Letra A
O CPP, em seu art. 581, I, atribui ao RESE a hipótese aparentemente narrada na questão (caberá recurso no sentido estrito da
decisão que não receber a denúncia ou a queixa). Dentro do prazo de 5 dias.

Todavia, é na Lei 9.099/95, em seu art. 82, caput e § 1º, que consta taxativamente a previsão da Apelação (da decisão de
rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação), no prazo de 10 dias, conforme §1º.

Perceba que a questão visa confundir os prazos, além do recurso em si. Por isso:

- Apelação na L. 9099: 10 dias;


- Apelação no CPP: 5 dias (interposição).

Dica: há 'precedentes' de que o recebimento é irrecorrível. Por vezes, há controvérsias, mas a presente banca, bem como a FCC,
têm histórico de apontar dessa forma.

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