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PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

➢ Lei 11.719/2008
Procedimento será ordinário quando a pena máxima em abstrato do crime
cometido for maior ou igual a 4 anos.
Este procedimento se inicia com a denúncia do réu (ação penal pública), ou
com a queixa-crime (ação penal privada).
Neste procedimento as partes poderão arrolar até 8 testemunhas (8 para
acusação e 8 para defesa).
Após oferecida a denúncia ou a queixa-crime, os autos irão para conclusão e
o juiz poderá tomar uma de duas decisões:
➔ Receber a denúncia/queixa-crime
● O recebimento da denúncia é imediato e ocorre nos termos do art. 396. Esse
é o marco interruptivo da prescrição e demarca o início do processo, que se
completa com a citação válida do réu (art. 363).
● Este recebimento se dará apenas se a peça inicial cumprir com os requisitos
do artigo 41, ou seja, houver indícios de autoria e materialidade do crime.
● Para esta decisão não cabe recurso, porém poderá haver eventual Habeas
Corpus; ou
➔ Rejeição (art. 395)
● O juiz rejeitará a peça inicial caso esta seja inepta, faltar condição ou
pressuposto processual ou haja falta de justa causa.
● Para esta decisão cabe Recurso em Sentido Estrito (RESE)

Desconsideremos a rejeição por hora. Recebida a denúncia/queixa, o réu


será citado no mesmo despacho em que o juiz realiza e comunica o recebimento.
Após citado, o réu irá dispor de 10 dias para apresentar a sua resposta à
acusação.
A resposta à acusação é uma "prima" da contestação do processo civil, é a
oportunidade que a defesa tem de apresentar todas as teses pertinentes à defesa
do acusado.
Na resposta à acusação o advogado poderá levantar três tipos de teses, que
levaram a três tipos diferentes de pedidos, quais sejam:
● preliminar – levantam-se questões de nulidade processual.
● mérito – tese que tentará convencer o juiz a conceder a absolvição sumária
do réu (art. 397 – julgamento antecipado da lide a favor do réu)
● tese subsidiária – Se, eventualmente, o juiz recusar as duas primeiras teses,
poderá o advogado, sem prejuízo, alegar circunstâncias que visem melhorar
a condição do réu caso este venha a ser condenado.

Como na denúncia/queixa o MP/querelante pode arrolar suas testemunhas,


este é o momento em que a defesa poderá realizar o arrolamento de suas
testemunhas.
O processo volta à conclusão para que o juiz aprecie os pedidos, podendo
ocorrer uma de três hipóteses diferentes:
● Diante de novo juízo de admissibilidade, com uma nova cognição poderá
rejeitar a denúncia (art. 395 do CPP);
● Determinar a absolvição sumária do réu (art. 397 do CPP); ou
● Designar a data de audiência de instrução e julgamento (art. 399 do CPP).

A audiência (instrução, debates e julgamentos) deverá ocorrer no prazo de 60


dias contados do ato sumário (art. 399) e, em regra, haverá uma única audiência.
Há exceções prescritas em lei:
● número de acusados for alto;
● causa complexa; ou
● deferida diligência complementar.

Não ocorrendo qualquer das hipóteses de exceções, o juiz ouvirá as


alegações finais de ambas as partes e então julgará o caso.
Atos da audiência:
1. Tomada das declarações do ofendido;
2. Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa;
3. Realização dos esclarecimentos a serem prestados pelo perito;
4. Acareações e reconhecimento de pessoas e coisas;
5. Interrogatório do acusado (fica por último em respeito ao contraditório
e à ampla defesa).
Após o interrogatório, iniciam-se os debates. Após os debates ou alegações
finais, é dada a sentença.

PROCEDIMENTO SUMÁRIO
➢ Lei 11.719/2008
O procedimento será sumário quando a pena em abstrato for superior a 2
anos e inferiores a 4.
Aqui podem ser arroladas até 5 testemunhas.
O procedimento sumário ocorrerá da mesma forma que o ordinário,
respeitando as mesmas regras processuais, com exceção do prazo para a
realização da audiência que deverá ocorrer em 30 dias, e não em 60, como no
ordinário.

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
➢ Lei 9.099/1995

Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos


critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.

- Oralidade: procedimento sumaríssimo será oral;


- Informalidade: existem menos atos a serem cumpridos e menos regras;
- Economia processual: derivada da oralidade e da informalidade; haverá o
máximo de efetividade processual com a realização do mínimo de atos;
- Celeridade processual: processo mais rápido que o procedimento comum;
- Reparação dos danos sofridos pela vítima: quebra do paradigma da
aplicação da justiça penal consensual; passou-se a admitir a realização de acordos
para evitar a existência do processo penal;
- Aplicação de pena não privativa de liberdade: no procedimento do JECRIM,
será evitada a aplicação de pena privativa de liberdade.
Este é o procedimento adotado para o julgamento de infrações penais de
menor potencial ofensivo, ou seja, quaisquer contravenções penais ou crimes cujas
penas máximas em abstrato não ultrapassem 2 anos e a competência para o
julgamento destes é do Juizado Especial Criminal (JECRIM).
Suas diferenças com os outros procedimentos desde antes do surgimento da
ação penal, pois se o sujeito for preso em flagrante será lavrado um termo
circunstanciado, ou se logo após o crime comparecer imediatamente ao juizado e
assinar termo de compromisso informando que irá comparecer em audiência em
data e local marcados, a este não será imposta prisão nem se exigirá fiança.
Nesta primeira audiência haverá, primeiramente, uma tentativa de conciliação
que poderá ser de duas formas:
● Composição Civil: acordo entre vítima e acusado com a finalidade de se
alcançar a reparação do dano causado.
● Transação Penal (art. 76 e 77, Lei 9.099): proposta de acordo entre o
acusado e o MP onde se estabelece alguma pena alternativa e, se o acusado
cumprir o acordo, o MP deixará de propor ação penal. Porém, caso o
acusado não venha a cumprir o acordo, a situação inicial retornará e o MP irá
dar início a ação penal.

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação


penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de
direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz
poderá reduzi-la até a metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à
pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco
anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser
necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será
submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da
infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não
importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação
referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos
no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
propor ação cabível no juízo cível.

Quanto à natureza jurídica da transação penal: há quem diga que a


transação penal é um direito público subjetivo do réu, ou seja, presente os requisitos
suficientes à realização da TP, deverá o membro do MP propor a transação penal.
Contudo, há quem diga que a realização da TP é um poder/dever do MP, ou seja,
este faz a proposta quando achar conveniente.
Poderá haver suspensão condicional do processo nas hipóteses de pena
mínima de até um ano. A suspensão do processo será de 2 a 4 anos. De acordo
com o caput do artigo 89, o oferecimento da suspensão se dará pelo membro do
MP. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este,
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a
período de prova (sob condições do §1º do art. 89).
Caso seja infrutífera a conciliação será oferecida a denúncia, aqui feita de
forma oral. Neste procedimento o número de testemunhas não está estipulado em
lei, sendo adotado de modo geral até 5 testemunhas e em casos mais complexos
pode vir a ser aceito até 8 testemunhas, há ainda correntes que dizem que por este
ser um procedimento mais célere o número máximo deve ser 3 testemunhas.
Oferecida a denúncia será designada audiência de instrução e julgamento,
nesta audiência una a defesa oferecerá sua defesa prévia, neste mesmo momento o
juiz apreciará a defesa, caso rejeite cabe recurso de apelação em 10 dias, se aceita,
haverá a oitiva das testemunhas, interrogatório, debates orais (20 minutos
prorrogáveis por mais 10), neste procedimento não há previsão legal para
substituição dos debates por memoriais.
Dada a audiência o juiz proferirá sentença, recorrível através de recurso de
apelação, prazo de 10 dias, ou poderão ser oferecidos embargos de declaração no
prazo de 5 dias.

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