Você está na página 1de 24

Juizado Especial Criminal (JECrim)

Introdução

Prevê o art. 98, da Constituição Federal, a


criação pela União, no Distrito Federal e nos
Territórios, e pelos Estados, do Juizado
Especial Criminal, que será competente para
conciliação, processo, julgamento e execução
das infrações penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo.
São crimes de menor potencial ofensivo as
contravenções penais e os crimes com pena
máxima não superior a dois anos, cumulada
ou não com multa (art. 61 da Lei nº 9.099/95 ),
seja o crime de competência estadual ou
federal, independentemente do procedimento.

Porém, aos crimes praticados com violência


doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se
aplica a Lei nº. 9.099/95, conforme o art. 41 da
Lei Maria da Penha.
Competência

Estabelece o art. 63 da Lei dos Juizados Especiais


que "A competência do juizado será determinada
pelo lugar em que foi praticada a infração penal".

Acerca do tema em questão, Guilherme de Souza


Nucci ensina que "A infração penal deve ser
apurada no lugar onde se deu a ação ou omissão,
bem como no local onde ocorreu - ou deveria
ocorrer o resultado".

(Leis penais e processuais penais comentadas, 4ª ed., Editora


RT, 2009, página 782)
Citação
De acordo com o art. 66 da Lei dos Juizados Especiais, a
citação sempre será pessoal e, sempre que possível, feita
no próprio juizado, ou por mandado.

Não acontecendo qualquer dessas modalidades de citação,


os autos serão remetidos ao juízo comum. (rito sumario)

Caso o acusado não seja encontrado para ser citado, será


citado por edital (art. 366 do CPP) ou, caso haja suspeita de
que o acusado se oculta para não ser citado, será admitida a
citação com hora certa (art. 362 do CPP), sendo que se o
acusado não comparecer nem constituir advogado, ficarão
suspensos o processo e a prescrição (art. 366, "caput", do
CPP).
Termo circunstanciado
Após o conhecimento da ocorrência do delito, a autoridade policial deverá
lavrar o termo circunstanciado, substituindo o Inquérito Policial, que será
sucinto e objetivo, porém deverá conter todos os dados detalhados da
infração, tais como:

data e hora do fato e da comunicação, local e natureza da ocorrência,


nome e qualificação do condutor, indicação dos eventuais exames
periciais requisitados, entre outros elementos indispensáveis para
embasar a formação da convicção da acusação.

Um vez concluído o referido termo, os autos serão encaminhados ao


Juizado Especial, com a consequente notificação das partes para
comparecerem à audiência preliminar.
Audiência preliminar

A audiência preliminar está prevista no art. 72 da Lei nº


9.099/95 e tem por finalidade a composição de danos e a
aceitação da proposta de aplicação imediata da pena não
privativa de liberdade.

Nesta audiência, devem estar presentes o juiz ou conciliador, o


representante do Ministério Público, o autor da infração e seu
defensor (advogado), e a vítima.

Se não for possível que a audiência seja realizada de imediato,


ou se ausente algum dos envolvidos, esta será redesignada
para data próxima, saindo intimados os presentes.

Instalada a audiência, o procedimento seguirá de acordo com a


ação:
Instalada a audiência, o procedimento seguirá de acordo com a ação:

a)Ação pública incondicionada: o juiz esclarecerá sobre a possibilidade de


composição dos danos civis e a proposta de transação (aplicação de pena
alternativa, não privativa de liberdade).

Dará início à tentativa de conciliação, que sendo efetivada a composição civil e


homologada pelo magistrado, será reduzida a termo e valerá como título executivo
judicial.

O Ministério Público terá oportunidade de se manifestar, podendo requerer o


arquivamento ou propor a imediata aplicação da pena de multa ou restritiva de
direitos, caso presentes os seguintes requisitos:
I – Não ter o agente sido condenado em definitivo
pela prática de crime a pena privativa de liberdade;

II – Não ter o agente sido contemplado com outra


transação penal no prazo de 05 anos, contado até a
data da audiência preliminar;

III – Terem a personalidade, conduta social do agente,


os seus antecedentes, os motivos e as circunstâncias
do delito indicado que a medida é suficiente para a
repressão e prevenção do delito.

Se o Ministério Público não fizer a proposta, o juiz não


poderá fazê-la, uma vez que a titularidade da ação é
exclusiva do Ministério Público (art. 129, I, da CF).
- Da aceitação da Proposta do Ministério Público
pelo Autor da infração
Se o autor aceitar a proposta do Ministério Público,
será ela submetida à homologação do juiz, que não
poderá alterar o acordo das partes, exceto se for pena
de multa (art. 76, §1º, da Lei nº 9.099/95).

Caso não homologue o acordo, por entender que não


cabe transação, o juiz deverá encaminhar os autos ao
procurador-geral, podendo este concordar com o juiz
e determinar o oferecimento da denúncia ou insistir na
proposta, sendo, neste caso, o juiz obrigado a
homologá-la (art. 28 do Código de Processo Penal –
por analogia).
- Da recusa da Proposta do Ministério Público
pelo Autor da infração

Caberá ao Ministério Público oferecer a


denúnica na forma oral, que prosseguirá de
acordo com o rito sumaríssimo (arts. 77 e ss.
da Lei 9.099/95), nas seguintes hipóteses:

caso o autor do fato não compareça à


audiência preliminar, não estiverem presentes
os requisitos para transação, e se o autor do
fato recusar a proposta.
b) Ação pública condicionada à representação:
Haverá a tentativa de composição civil que, se
obtida, será homologada pelo juiz e,
automaticamente acarretará a renúncia ao
direito de representação, com extinção da
punibilidade do agente (art. 74, parágrafo
único, da lei em questão).

É a homologação do acordo que extingue a


punibilidade, assim, se o autor não honrar o
acordo, nada poderá mais ser feito na esfera
criminal, restando à vítima executá-lo no Juízo
cível competente (art. 74, "caput", da Lei).
Dispõe o art. 75, da Lei em comento, que
"Não obtida a composição dos danos
civis, será dada imediatamente ao
ofendido a oportunidade de exercer o
direito de representação verbal, que será
reduzido a termo". Porém, mesmo que
não exercida nesta ocasião, poderá o
ofendido fazê-la posteriormente dentro do
prazo decadencial.
Oferecida a representação, o Ministério Público deverá analisar
o termo circunstanciado, sendo que não havendo indícios
suficientes sobre a autoria, deverá requerer o arquivamento do
termo, ao passo que havendo indícios, o Ministério Público,
antes de oferecer a denúncia, deverá analisar a possibilidade
de oferecer proposta de imediata aplicação de pena de multa
ou restritiva de direitos (transação).

Quando feita a proposta, aceita pelo autor e homologada pelo


juiz, extingue-se a punibilidade.

Caso o autor dos fatos não preencha os requisitos para a


proposta da transação, ou se não comparecer à audiência
preliminar, ou, ainda, se não aceitar a transação, o Ministério
Público oferecerá denúncia oral, prosseguindo-se com o rito
sumaríssimo.
c) Ação penal privada: Haverá tentativa de
composição civil, que se alcançada será homologada
pelo juiz, acarretando consequentemente a renúncia
ao direito de queixa, com extinção da punibilidade do
agente (art. 74, parágrafo único, da Lei).

Caso não seja feita a composição dos danos


civis, a queixa poderá ser oferecida, oralmente, na
própria audiência ou, por escrito, no prazo
decadencial de seis meses, prosseguindo-se com
o procedimento sumaríssimo.

Procedimento sumaríssimo (previsto nos artigos 77


a 81 da Lei n.º 9.099/95) 
Procedimento sumaríssimo (previsto nos artigos
77 a 81 da Lei n.º 9.099/95)
1. Oferecimento da Denúncia ou Queixa

O Ministério Público oferecerá denúncia oral de imediato, na


ação penal de iniciativa pública, quando não houver
transação, seja em razão da ausência do autor do fato à
audiência preliminar, seja porque não foi aceita pelas partes,
exceto se houver novas diligências a serem realizadas.

Se a complexidade ou circunstância do caso não permitirem a


formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer
ao juiz que os autos sejam remetidos ao juízo comum.

Se a ação for privada, a vítima poderá optar pela queixa oral


ou escrita (art. 77, §3º, da Lei em tela).
2. Citação

Oferecida a denúncia ou queixa, que serão


reduzidas a termo na própria audiência
preliminar, o autor da infração receberá uma
cópia da mesma e estará citado.

Também sairão cientes da data da audiência


de instrução e julgamento o Ministério Público,
o ofendido, o responsável civil e seus
advogados (art. 78 da Lei)
3. Audiência de Instrução e Julgamento

Primeiramente, o juiz deverá tentar conciliar as


partes, caso não tenha tentado anteriormente.

Caso não haja a transação penal, estabelece o art.


81, da Lei, que será dada a palavra ao defensor para
responder à acusação e, em seguida, o juiz irá
receber ou rejeitar a denúncia ou queixa.

Da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa caberá


apelação.
- Debates Orais e Sentença

Após a inquirição acima descrita, serão realizados


debates orais de 20 minutos (para acusação e para
defesa), prorrogáveis por mais 10, para cada parte.

Em seguida, o juiz prolatará a sentença, contra a qual


caberá apelação, que deverá ser interposta no prazo
de dez dias contados da ciência da sentença pelo
Ministério Público, pelo réu e seu defensor.
- Recebimento da Denúncia ou Queixa

Recebida a denúncia ou queixa, o juiz, caso o MP


tenha feito na denúncia a proposta de suspensão
condicional do processo, fará esta proposta ao réu.

Não sendo oferecida a proposta de suspensão


condicional do processo pelo MP ou caso o réu não
a aceite, o juiz ouvirá primeiro a vítima e depois as
testemunhas de acusação e de defesa, nesta
ordem, interrogando o réu em seguida, se presente.
Referência Bibliográfica

SANTOS, Marisa Ferreira e CHIMENTI, Ricardo


Cunha. Juizados Especiais Cíveis e Criminais
Federais e Estaduais - Sinopses Jurídicas. 4ª ed.
Editora Saraiva, 2006.

NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e


processuais penais comentadas. 4ª ed. Editora
Revista dos Tribunais, 2009.

Você também pode gostar