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FACULDADE DE DIREITO
Juiz de Fora
15 de julho de 2023
1- "SENTENÇA CONDENATÓRIA"
Sentença condenatória é aquela proferida por Juiz de Direito, que impõe ao agente
uma reprimenda a ser cumprida, depois de reconhecida a autoria e materialidade do(s)
crime(s) que lhe foi imputado pela acusação - Ministério Público, aplicando-lhe, então, a lei
penal. Imprescindível para essa condenação é o juízo de certeza, isto é, a necessidade de
provas robustas da autoria e materialidade do delito. Não pode o agente ser condenado
baseado em mera conjecturas, em provas frágeis, isto leva à absolvição (CPP, art. 386). A
verdade sobre os fatos é necessária e exigida para fundamentar uma condenação, dúvidas
geram a absolvição do réu, à luz do princípio in dubio pro reo.
Ao proferir a sentença, o Magistrado fará, então, o exame das provas produzidas sob
o crivo do contraditório e ampla defesa, e das demais produzidas até tal momento
processual, e chegará ao veredito, que deve ser devidamente fundamentado, sob pena de
nulidade, à luz do que está no art. 93, inc. IX, da CF/88. Deverá, também, obedecer, além
dos requisitos formais do art. 381 do CPP, os que estão no art. 387 do mesmo codex, ou
seja, (i) mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal
e cuja existência reconhecer; (ii) mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o
mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena; (iii) aplicará as penas de acordo
com essas conclusões; (iv) fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (v) atenderá, quanto à aplicação
provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título XI do CP
(“Da Aplicação Provisória de Interdições de Direitos e Medidas de Segurança”); e (iv)
determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o
jornal em que será feita a publicação.
Mais do que isso, deverá observar o que está no art. 68 do CP, quer dizer, para
aplicar a pena, realizará a dosimetria, que é dividida em três fases, para, assim, alcançar a
pena-definitiva. Na primeira, a pena-base é fixada dentre as cominadas do crime,
observando o que consta do art. 59 do CP, ou seja, será fixada após exame da
culpabilidade; antecedentes; conduta social; personalidade do agente; motivos;
circunstâncias e conseqüências do crime, e, por fim, do comportamento da vítima. Na
segunda fase, passa o Magistrado à aplicação das atenuantes e agravantes de pena (CP,
arts. 61 a 66), se presentes, fixando, aí, a pena-provisória. Por fim, passa-se à terceira fase,
na qual são aplicadas, também se presentes, as causas de aumento e diminuição. Está aí,
então, o efeito penal primário da sentença, ou seja, a aplicação da pena.
Depois disso, passa-se à fixação do regime inicial para o cumprimento de pena,
atendendo o que prevê o art. 33 do CP, e se estiver o agente preso, o que está no art. 387, §
2º, do CPP. Em seguida, se presentes os requisitos do art. 44 do CP, substitui-se a pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos. Pode, também, ser suspensa, se presentes
os pressupostos do art. 77 do CP.
Feito isso, passa-se à análise da concessão do direito do agente de recorrer em
liberdade, mantendo-se, ou não, a prisão preventiva decretada no curso do processo (CPP,
art. 312), pode, ainda, se presentes os requisitos e pressupostos, ser ela decretada, à
necessidade do caso. Se preso o agente, é determinada a expedição da guia de
recolhimento provisória, se solto, por óbvio, necessidade não há. Por fim, analisa-se as
considerações finais, isto é, a condenação nas custas processuais (CPP, arts. 804 e 805),
destinação de eventuais materiais apreendidos e reparação de danos causados pela
infração ao ofendido (CPP, art. 387, inc. IV).
Consequente ao efeito penal primário, é o secundário, quer dizer, o efeito que terá
essa condenação penal no agente, tanto no âmbito penal, como, por exemplo, a
reincidência, quanto no âmbito extrapenal. Os efeitos extrapenais, divididos em genéricos
e específicos, estão elencados nos arts. 91 e 92 do CP.
Os genéricos, que estão no art. 91 do CP, advém da sentença de forma direta e são
automáticos, e dizem respeito a (i) tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
pelo crime, vinculado à esfera cível e perfazendo título executivo judicial, e (ii) a perda em
favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé, dos instrumentos do
crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção
constitua fato ilícito; e/ou do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua
proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso, trata-se, portanto, do confisco.
Os específicos, por sua vez, estão no art. 92 do CP, e devem ser declarados,
motivadamente, pelo Magistrado no momento da prolação da sentença, à necessidade e
adequação ao caso concreto, e são subdivididos em três: (i) a perda de cargo, função
pública ou mandato eletivo, desde que presentes os requisitos elencados nas alíneas ‘a’ e
‘b’ do inciso; (ii) a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela
nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular
do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou
curatelado, e (iii) a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a
prática de crime doloso. Eles estão previstos, também, em legislação penal extravagante e
na CF/88 - suspensão dos direitos políticos.
2- "NULIDADE RELATIVA"