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DISPOSIÇÕES

GERAIS ACERCA
DA APLICAÇÃO
DA LEI PENAL
SUMÁRIO

DISPOSIÇÕES GERAIS ACERCA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL�������������������������������������� 3


1. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO��������������������������������������������������������������������������������������������� 3
2. EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA��������������������������������������������������������������������������������������� 3
3. CONTAGEM DE PRAZO���������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 4
4. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA���������������������������������������������������������������������������������������� 4
DISPOSIÇÕES GERAIS ACERCA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 3

DISPOSIÇÕES GERAIS ACERCA DA APLICAÇÃO DA LEI


PENAL
1. PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
O regramento contido neste dispositivo tem relação com as hipóteses de extraterritorialidade
incondicionada da Lei Penal Brasileira. Nesta toada, se o indivíduo cumpriu pena por um determi-
nado fato no estrangeiro, e caso seja hipótese de aplicação da nossa lei, a pena por ele cumprida
no estrangeiro deve atenuar ou ser computada na pena imposta no Brasil.

2. EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA


Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II – sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único. A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
Segundo o art. 9º do CP, a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na
espécie as mesmas consequências – dupla tipicidade –, pode ser homologada para: (1) obrigar o con-
denado à reparação do dano, restituição da coisa ou a outros efeitos civis; e (2) sujeitá-lo à medida
de segurança, no caso de inimputável ou semi-imputável que necessite de especial tratamento.
Não obstante, o parágrafo único do art. 9º do CP estabelece os requisitos para a homologação
da sentença penal estrangeira, sendo certo que a competência para tanto é do Superior Tribunal de
Justiça, conforme o art. 105, I, “i”, da CF/1988, com a redação da Emenda Constitucional nº 45/2004.
CUIDADO! Antes da referida emenda a competência era do STF.
Extrai-se desse dispositivo que não é possível a homologação da sentença penal estrangeira
para que no Brasil venha surtir a imposição de pena. Como visto, admitia-se a homologação tão
somente para efeitos secundários e – acresça-se – de difícil verificação na prática, não sendo pos-
sível a incidência de um dos principais mecanismos de cooperação penal internacional, a teor do
art. 9º do CP.
Não obstante, com a edição da Lei nº 13.445/2017 (Lei de Migração), houve parcial revogação
do art. 9º do CP (derrogação). Como dito, a Lei de Migração adotou o instituto da homologação da
sentença penal estrangeira, sob a denominação de “transferência de execução de pena”.
Segundo o art. 100 da Lei de Migração, nas hipóteses em que couber solicitação de extradição
executória, a autoridade competente poderá solicitar ou autorizar a transferência de execução da
pena, desde que observado o princípio do non bis in idem. Conforme o parágrafo único daquele
dispositivo, sem prejuízo do disposto no Código Penal – vale dizer, sem prejuízo da homologação da
sentença estrangeira para os efeitos secundários acima apontados –, a transferência de execução de
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pena será possível quando: 1) o condenado em território estrangeiro for nacional ou tiver residência
habitual ou vínculo pessoal no Brasil; 2) a sentença tiver transitado em julgado; 3) a duração da con-
denação a cumprir ou que restar para cumprir for de, pelo menos, um ano, na data de apresentação
do pedido ao Estado da condenação; 4) o fato que originou a condenação constituir infração penal
perante a lei de ambas as partes; e 5) houver tratado ou promessa de reciprocidade de tratamento.
Ademais, o pedido passivo de transferência da execução da pena formulado por Estado estran-
geiro deve ser encaminhado pela via diplomática ou por via de autoridades centrais, se houver
tratado nessa matéria, sendo certo que, após o recebimento pela autoridade responsável do Poder
Executivo, ele deve ser encaminhado ao STJ para decisão quanto à sua homologação (art. 105, inc.
I, “i”, da CF/1988, c/c art. 101 e §§, da Lei nº 13.445/2017). Caso o STJ decida pelo preenchimento
dos pressupostos legais para a homologação, deve a sentença estrangeira ser encaminhada para
a respectiva vara de execução penal da Justiça Federal do local onde se encontra a pessoa que irá
cumprir a pena (art. 102 da Lei nº 13.445/2017).

3. CONTAGEM DE PRAZO
Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os
anos pelo calendário comum.
Este dispositivo, embora pareça simples e não tenha a devida importância, deve ser enfatizado,
na medida em que permite a aplicação de uma série de benefícios ao acusado. Além disso, a própria
Cespe já cobrou questão nesse sentido, senão vejamos:
(CESPE – 2006)
Acerca da ação penal nos crimes contra os costumes, julgue o item a seguir.
O dia do começo inclui-se na contagem do prazo penal e tem relevância para as hipóteses de cálculo de duração
da pena, do livramento condicional e da prescrição. Em todos esses casos, a contagem dos dias, meses e anos é
feita pelo calendário gregoriano.
A assertiva está correta, tendo em vista que a hipótese se correlaciona com um prazo penal,
que é aquele utilizado para a contagem dos institutos penais, tais como a prescrição, decadência,
livramento condicional, dias de prisão etc.
Não se pode confundir o prazo de natureza penal com o prazo de natureza processual: este
possui previsão no art. 798, § 1º do CPP e, para ele, não se computará no prazo o dia do começo,
incluindo-se, porém, o do vencimento.

4. FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA


Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as
frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
No ato do cálculo da pena, se, ao final, o magistrado não obter um número inteiro, deve o
mesmo desprezar as frações de dia nas penas privativas de liberdade e restritiva de direitos e, na
pena de multa, desprezar as frações de real.

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