Você está na página 1de 13

Sumário

Utilizando os benefícios processuais ................................................................................................................. 2

Transação, Sursis processual ou ANPP?......................................................................................................... 2

1) Transação penal ..................................................................................................................................... 2

2) ANPP ...................................................................................................................................................... 3

3) Suspensão condicional do processo ...................................................................................................... 4

Conclusão ........................................................................................................................................................... 5

Esquema visual................................................................................................................................................... 5
UTILIZANDO OS BENEFÍCIOS PROCESSUAIS

Transação, Sursis processual ou ANPP?

Ao ser contratado para atuar na defesa do seu cliente, o advogado precisa buscar os limites da acusação que
está sendo imputada ao seu representado para poder atuar de forma preventiva à persecução penal.

Em muitas oportunidades, trabalhar pela absolvição de seu cliente pode deixar de ser a sua tese principal.

Temos hoje, em nosso ordenamento jurídico processual, institutos despenalizadores que relativizam a
obrigatoriedade da ação penal pública.

Ao ser questionado a respeito de sua estratégia profissional no caso concreto, como se posicionar
corretamente para responder aos questionamentos de quem lhe outorgou uma procuração?

O questionamento a ser feito será: "O que seria melhor no meu caso, Doutor, o sursis processual, o ANPP
ou a transação penal?"

Conhecer a ordem de cabimento desses benefícios que impedem o nosso cliente de ser processado
criminalmente, é fundamental porque, na prática, a utilização de um deles pode inviabilizar a possibilidade
de cabimento do outro.

Errar a respeito desse tema pode gerar preocupação e desconfiança em relação à sua atuação, algo muito
perigoso para a manutenção da confiança já construída ou em construção.

Em nosso curso "Prática penal: Advocacia criminal do zero" daremos todos os detalhes a respeito das
estratégias referentes à essa questão, além de outros 13 módulos de conteúdo 100% prático, baseado em
casos concretos e vitórias obtidas no decorrer de mais de 20 anos de advocacia criminal.

Voltando para a questão, como devemos nos posicionar?

A ordem correta da apresentação desses benefícios depende do seu cabimento no caso concreto.

Verifique a imputação feita pelo Delegado de Polícia ao seu cliente. De qual infração penal ele está sendo
investigado?

Se a resposta for - uma infração de menor potencial ofensivo, a melhor escolha será, sem dúvida, a transação
penal.

1) Transação penal

E quais são as infrações penais de menor potencial ofensivo?

A resposta está na própria Lei 9.099/95:

2
5
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta
Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2
(dois) anos, cumulada ou não com multa.

Todas as contravenções penais farão o delegado lavrar um TCO - Termo Circunstanciado de Ocorrência e
liberar imediatamente o seu cliente, independentemente do pagamento de fiança. Ele livra-se-á solto,
mediante simples aceite em comparecer ao JECRIM quando notificado para tanto.

Em seguida, será notificado pelo Juizado para a audiência preliminar e lá deverá receber do Ministério
Público uma proposta de transação penal, desde que preencha todos os requisitos do art. 76 da Lei 9.099/95:

Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública


incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a
metade.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem
como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação
do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz
aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo
registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta
Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de
antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá
efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

3º) Sursis processual

2) ANPP

Fora da competência do JECRIM, ou seja, quando não for cabível a transação penal, o advogado deve ficar
atento para o cabimento do Acordo de Não Persecução Penal - ANPP.

3
5
Tal instituto despenalizador, para ser proposto pelo Ministério Público, dependerá do preenchimento de
requisitos, dentre eles, a confissão do seu cliente. Por isso é preciso que esteja atento e já atuando na fase
pré-processual, caso tenha interesse no recebimento da proposta.

O art. 28-A do CPP deve ser muito bem conhecido pelo advogado para resolver questões importantes sobre
esse tema, além da experiência que a prática lhe impõe, como por exemplo, ir até a sede do Ministério
Público para negociar os termos de um ANPP diretamente com o representante do Parquet.

3) Suspensão condicional do processo

E como eu posso fazer para lembrar que a suspensão do processo vem por último, como terceira opção de
benefício processual?

Pelo simples fato de o próprio art. 28-A indicar que o sursis processual vem depois dele:

Art. 28-A. (...) § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o
eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) (Vigência)

Os requisitos para que o seu cliente possa receber uma proposta de suspensão do processo estão indicados
no art. 89 da Lei 9.099/95:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor
a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo
a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob
as seguintes condições:
I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II - proibição de frequentar determinados lugares;
III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar
suas atividades.
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde
que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado
por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do
prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.

4
5
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade.
§ 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em
seus ulteriores termos.

Só podemos pensar na suspensão do processo após o recebimento da denúncia pelo juiz competente. Ou
seja, esse benefício somente será cabível quando o suspeito de uma infração já estiver formalmente sendo
processado e já tiver mudado seu status para réu.

Por isso a suspensão do processo, dentre os benefícios processuais, será a última das opções.

CONCLUSÃO

• A transação penal e o ANPP impedem a instauração do processo. Impedem que o


seu cliente deixe de ser uma mero suspeito e se torne réu.
• o sursis processual suspende o trâmite de um processo já instaurado, ou seja, seu
cliente já estará sendo formalmente processado e já será réu em processo criminal.

Segue um ESQUEMA VISUAL sobre a ordem correta dos benefícios:

ESQUEMA VISUAL

TRANSAÇÃO SURSIS
ANPP PROCESSUAL
PENAL

Esperamos que essa dica de atuação prática lhe seja útil.


Aguardamos todos vocês em nosso Curso que terá início no dia 06.06.2022.
Forte abraço dos colegas...

IVANMARQUES*GABRIELAMARQUES*CRISTIANORODRIGUES

5
5
Queridos alunos!

Meu nome é Ana Júlia Brasi Pires Kachan, sou advogada com mais de 20 (vinte) anos de atuação na área
previdenciária, pós-graduada em direito processual civil e direito previdenciário, pós graduanda em direito
do trabalho e em Empresarial Previdenciário e Compliance, MBA em direito previdenciário. Atualmente
ocupo a Presidência do Segundo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/SP. Sou também palestrante,
professora de curso preparatórios para concursos públicos e pós-graduação.

Aproveito a oportunidade para apresentar nosso curso de Iniciação à Prática Previdenciária, uma das áreas
do direito que mais cresce no Brasil e com uma extensa gama de possibilidades de atuação.

Neste curso, traremos a prática do dia-a-dia da advocacia, discutindo a teoria e jurisprudência a partir de
casos concretos, com a visão de advogados especialistas, Magistrados e servidores do INSS.

O PRIMEIRO PASSO

A advocacia previdenciária começa com uma boa entrevista do cliente!

É por meio dela que será possível identificar quais os reais anseios do cliente, seu histórico de contribuições
para o sistema, se possui qualidade de segurado, carência, qual a sua atividade laborativa e eventual
incapacidade para o trabalho, enfim, é o primeiro passo do chamado “Planejamento Previdenciário”, tão
essencial nos dias de hoje.

Desta análise, pode-se verificar o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) do segurado e estudar a
necessidade de eventuais retificações, bem como confrontar os dados do sistema com os documentos
apresentados pelo segurado, para fins de análise das condições de elegibilidade para as aposentadorias
programadas, seja na regra anterior à reforma (EC 103/19), para fins de direito adquirido, na regra posterior
à reforma ou ainda nas regras de transição.

É possível, ainda, identificar qual o melhor benefício a ser concedido para o segurado, seja sob o aspecto
temporal ou sob o aspecto financeiro.

Os eventuais benefícios já concedidos ou indeferidos pelo INSS devem ser objeto de análise, para fins de
revisão do ato de concessão ou do ato de indeferimento, sempre observando o que dispõe o artigo 103 da
Lei 8.213/91 e a decisão proferida pelo C Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 6096.

Oportuno ressaltar, que a autarquia previdenciária, conforme dispõe a legislação em vigor, é um sistema
contributivo, de filiação obrigatória, que, em caso de preenchimento dos requisitos legais, presta aos
segurados e dependentes, serviços e benefícios.

Conforme previsão expressa do artigo 18 da Lei 8.213/91, o Regime Geral de Previdência Social compreende
as seguintes prestações:-

a) para os segurados:

a.1 aposentadoria por invalidez


a.2 aposentadoria por idade

a.3 aposentadoria por tempo de contribuição

a.4 aposentadoria especial

a.5 auxílio-doença

a.6 salário-família

a.7 salário maternidade

a.8 auxílio-acidente

b) para os dependentes

b.1 auxílio-reclusão

b.2 pensão por morte

c) para segurados e dependentes

c.1 serviço social

c.2 reabilitação profissional

É importante referir que, após a reforma da Previdência Social, trazida pela Emenda Constitucional nº
103/19, a nomenclatura de alguns benefícios foi alterada, assim como a aposentadoria por idade e a
aposentadoria por tempo de contribuição foram extintas, passando a existir um único benefício,
denominado aposentadoria programada, com previsão de idade mínima e tempo mínimo de contribuição.

APOSENTADORIA POR IDADE ATUAL APOSENTADORIA PROGRAMADA (IDADE MÍNIMA


E TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO

APOSENTADORIA POR TEMPO ATUAL APOSENTADORIA PROGRAMADA (IDADE MÍNIMA


E TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO

2
6
AP. POR INVALIDEZ ATUAL APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE

AUXÍLIO- DOENÇA ATUAL AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA

Portanto, a correta identificação dos anseios do segurado é essencial para que se passe a trabalhar o
preenchimento dos requisitos específicos do benefício pretendido ou para que se estude a revisão de uma
prestação concedida em desconformidade com os critérios legais.

Para isso é importante ouvir o cliente com atenção, estudar todo seu histórico previdenciário (patrimônio
previdenciário) e analisar toda a documentação apresentada, bem como solicitar documentos adicionais ou
retificação daqueles com incorreção, como por exemplo um PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário),
necessário à concessão de uma aposentadoria especial ou à conversão de tempo especial em comum para
períodos anteriores à EC 103/19.

Pensando nisso, elaborei um roteiro básico, com perguntas que auxiliarão na correta identificação da
pretensão do cliente, sem afastar, naturalmente, a necessidade de aprofundamento na documentação
específica do benefício pretendido.

Segue, assim, um roteiro básico de atendimento ao cliente previdenciário, com indicação das informações
mais importantes, como forma de contribuir para seu desenvolvimento e crescimento profissional.

Roteiro de atendimento ao cliente previdenciário

Indicação:

Data do atendimento: __/__/____

DADOS DO CLIENTE

Nome completo:

Endereço completo:

Profissão:

Data de nascimento:

RG:

CPF:

Nome dos pais:

3
6
Grau de escolaridade:

Telefone:

E-mail:

Estado Civil:

NIT:

CTPS: SÉRIE:

NB:

CADSENHA (Senha para acesso ao portal MEU INSS/ solicitar declaração com autorização para acesso ao
sistema, de acordo com a LGPD):

ENTREVISTA

1. Descrição dos Fatos (motivo pelo qual procurou o Advogado/Escritório):

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

2. Mantem vínculo empregatício no momento ou está fazendo contribuições ao INSS em outra categoria?

_______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

3. Recebe algum benefício do INSS no momento?

( ) Aposentadoria

( ) Pensão por Morte

( ) Auxílio por Incapacidade Temporária

( ) Auxílio Acidente

4
6
( ) BPC/LOAS

( ) Nenhum

4. Listar os benefícios já recebidos ou já requeridos:-

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

5. Tem ação contra o INSS em andamento ou já teve ação? (Colher dados e em caso de benefício por
incapacidade colher declaração para fins da Lei 14331/22)

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

6. Exerceu atividade rural/ segurado especial? (Descrever a atividade, o período e quais documentos
probatórios)

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

7. Exerceu atividade especial? (ruido, calor, poeira, eletricidade, produtos químicos etc)? Descrever a
atividade e verificar se há documentação comprobatória suficiente

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

8. Já sofreu acidente do trabalho ou foi vitimado por doença ocupacional? (descrever detalhadamente)

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

9. Prestou serviço militar? Quando?

_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

10. Estudou em escola técnica (SENAI/SENAC) como aluno-aprendiz? (Pedir certidão).

11. Análise de tempo de contribuição (pedir CNIS, conferir CTPS, carnes e contribuições como facultativo e
contribuinte individual, verificar se teve ação trabalhista contra algum ex-empregador). Descrever
detalhadamente e extrair cópia da documentação.

5
6
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

12. Dados de testemunhas (se o caso)

Declaro serem verdadeiras as informações prestadas e estar de acordo com os fatos descritos na presente
entrevista (colher assinatura do cliente)

Data: ____/____/___

CONCLUSÃO

Espero que este breve roteiro contribua para sua atuação profissional.

Nos vemos no curso!

Um grande abraço,

Ana Júlia Kachan

6
6

Você também pode gostar