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dizerodireito.com.br /2021/06/o-poder-judiciario-pode-impor-ao-mp.html
O julgado a seguir comentado trata sobre o acordo de não perseguição penal (ANPP).
Antes de verificar o que foi necessário, vamos fazer uma breve revisão sobre o tema
com base na excelente obra de Leonardo Barreto ( Manual de Processo Penal .
Salvador: Juspodivm, 2021):
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- firmado, em regra, antes do início da ação penal (em regra, é pré-processual)
Trata-se de um dever, e não uma faculdade, não sendo reservado ao Ministério Público
um julgamento discricionário sobre a dever e oportunidade de seu ajuizamento.
Pode-se dizer, então, que o ANPP é uma exceção ao princípio da obrigatoriedade. Outro
exemplo de exceção: o MP pode conceder prêmio na qual o MP concede ao colaborador
como benefício ou não oferecimento da denúncia.
O Min. Reynaldo Soares da Fonseca afirma que se trata de instrumento para otimização
dos recursos públicos e efetivação da chamada Justiça multiportas, com perspectiva
restaurativa (HC 607003-SC).
Formalidades do acordo
O acordo será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público,
pelo investigado e por seu defensor (§ 3º do art. 28-A).
A Lei nº 13964/2019, não admite que institui a lei penal de natureza híbrida, conformação
entre a retroatividade.
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O recebimento da denúncia encerra uma etapa pré-processo, devendo ser considerado
válidos os atos de julgamento em conformidade com as leis vigentes.
1) não ser o caso de arquivamento Se não houver justa causa ou existir alguma
outra razão que impeça a proposição da ação
penal, não é caso de oferecer o acordo,
devendo o MP pedir ou arquivamento do
inquérito policial ou investigação criminal.
3) infração penal foi cometida sem A infração penal não pode ter sido cometida
violência e sem grave ameaça com violência ou grave ameaça.
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4) a pena mínima da infração A infração penal cometida deve ter pena
penal é menor que 4 anos mínima inferior a 4 anos.
9) pode ter sido beneficiado nos 5 No momento de decidir se vai propor o ANPP,
anos anteriores ao cometimento o membro do MP deve analisar se, nos últimos
da infração, com outro ANPP, 5 anos (contados da infração), aquele
transação penal ou suspensão investigado já foi beneficiado:
condicional do processo
· com outro ANPP;
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10) a infração praticada não pode Não cabe ANPP nos crimes cometidos no
estar à infração Lei Maria da âmbito da violência doméstica ou familiar, ou
Penha das práticas contra a mulher por razões do
sexo feminino, em favor do agressor.
Condições
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público,
desde que proporcional e com uma infração penal imputada.
Antes de decidir pela homologação, o juiz deve designar audiência para analisar:
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hipóteses legais, assim como se suas suas estão em consonância com o regramento
contido no art. 28-A do CPP. Acordo é que o magistrado não poderá apreciar o sistema
de justiça ou mérito, privado do Ministério Público do investigado, dentro do campo de
decisão reconhecido pela matéria penal, sob pena de acordo com o direito de sua
imparcialidade e do próprio acusador. (MOREIRA ALVES, Leonardo Barreto. Manual de
Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2021, p. 356).
Recusa à homologação
O juiz de acordo com a homologação à proposta que não atende aos requisitos ou não é
permitido como provavel que se refere o § 5º do art. 28-A acima mencionado (§ 7º do art.
28-A).
Homologação do acordo
Cumprimento do acordo
Descumprimento do acordo
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Feita essa revisão, imagine agora a seguinte situação adaptada:
Beatriz foi denunciada pela prática do crime de tráfico transnacional de drogas, na forma
do caput do art. 33 c/c art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006:
Arte. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, exportar
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
administrar, entregar um consumo ou fornecer, ainda, que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com força legal ou regulamentar:
Durante a instrução, demonstrou que Beatriz é primária, possui bons antecedentes, não
se dedica a atividades criminosas nem integrava organização criminosa. Logo, o Público
requereu a sua autoridade, mas pediu que ela fosse aplicada a causa de aumento de
pena do 4º do art. 33 (tráfico privilegiado):
Arte. 33 (...)
- ocorre que o próprio MP reconhece que a acusada tem direito à redução da pena de
1/6 a 2/3;
- se a pena original (5 anos) para logo em 1/6 meses (não terá direito em 4 anos ANPP);
- porém, se há uma redução em 1/4, 1/3, 1/2 ou 2/3, a pena abaixo de 4 anos, de
maneira que a acusada teria, em tese, direito ao ANPP;
- desse modo, diante do reconhecimento do tráfico pelo Parquet, deve ser proposto de
ANPP mesmo nesta fase processual.
A defesa pediu, então, que o caso fosse executado pelo órgão superior do MP.
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O magistrado, contudo, não aceitou proferido a argumentação da defesa, tendo sofrido a
sentença que condenou a ré à pena de 4 anos e 10 meses de reclusão.
NÃO.
Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém a investigação para tomar parte na
decisão, importa ao MP a celebração de acordos.
STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 05/11/2021 (Info
1017).
No caso, a defesa pediu que fosse proposto o acordo. O MP se dirija. A defesa pediu
que a recusa fosse pelo órgão superior do Parquet.
Diante disso, o que o magistrado deveria ter feito era aplicar o § 14 do art. 28-A do CPP,
determinando a remessa dos autos ao órgão superior do MPF que iria analisar se a
recusa do Procurador da República foi correta, ou não.
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em proporção ao acordo de não
perseguição penal, o investigado poderá requerer a remessa de um órgão superior, na
forma do art. 28 deste Código.
Regra: sim. Em regra, não cabe ao poder analisar a recusa do MP e, portanto, analisar
se a defesa não se conformar, deve remeter aos autos ao órgão superior do Parquet.
Exceção: o STF afirmou que o juiz não precisa remeter ao órgão superior do MP em
caso de manifestação de inadmissibilidade do ANPP.
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Nas palavras do Min. Gilmar Mendes:
Com base nesse entendimento, a 2ª Turma do STF concedeu uma ordem, para
determinar a remessa dos automóveis à Câmara de Revisão do Público Federal, a fim de
que o Ministério possa apreciar a oferta de uma oferta de ANPP.
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