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SUMÁRIO
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL .................................................................... 2
Conceito ..............................................................................................................................2
Requisitos .............................................................................................................................3
Introdução .......................................................................................................................3
Infração com Pena Mínima Inferior a 04 Anos...........................................................4
Infração sem Violência ou Grave Ameaça ...............................................................4
Vedações ............................................................................................................................5
Introdução .......................................................................................................................5
Cabimento de Transação Penal ..................................................................................5
Reincidência ou Habitualidade ...................................................................................5
Celebração Anterior de Instituto Despenalizador ....................................................5
Violência Doméstica ou Familiar contra a Mulher ....................................................5
Condições do Acordo ......................................................................................................6
Introdução .......................................................................................................................6
Controle Judicial ................................................................................................................6
Cumprimento / Descumprimento ...................................................................................7

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ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL


CONCEITO
Com o advento da Lei nº 13.964/19 (Pacote Anticrime), o acordo de não persecução
penal foi introduzido no processo penal, conforme art. 28-A do CPP.

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o


investigado confessado formal e circunstancialmente a prática
de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário
e suficiente para reprovação e prevenção do crime (...)

Trata-se de negócio jurídico dependente de homologação judicial, firmado entre


Ministério Público e o infrator, acompanhado de advogado, em que este confessa, formal
e circunstanciadamente, a prática do delito e se submete ao cumprimento de
determinadas medidas não privativas de liberdade.

Em contrapartida, o Ministério Público se compromete a não oferecer denúncia


contra o agente, que tem declarada a extinção de punibilidade caso o acordo seja
devidamente cumprido.

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O acordo de não persecução penal deve ser celebrado durante a investigação


criminal, tendo como limite temporal o oferecimento da denúncia.

O motivo é simples, se o interesse do investigado é exatamente evitar a ação penal,


não faz sentido o acordo ser realizado após o oferecimento da peça inicial.

A resposta é NÃO.

De acordo com a doutrina, o acordo de não persecução penal deve ser celebrado
por meio de consenso entre Ministério Público e o investigado. Dessa forma, não seria
possível a concessão do benefício despenalizador, de ofício, pelo juiz.

Aliás, o §14º, do art. 28-A, do CPP prevê a remessa dos autos ao órgão superior, em
caso de recusa do Ministério Público em celebrar o acordo.

Art. 28-A, § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério


Público, em propor o acordo de não persecução penal, o
investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão
superior, na forma do art. 28 deste Código.

REQUISITOS
INTRODUÇÃO
O art. 28-A do CPP apresenta os requisitos para a celebração do acordo de não
persecução penal:

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o


investigado confessado formal e circunstancialmente a prática
de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário
e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante
as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente:
(...)

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INFRAÇÃO COM PENA MÍNIMA INFERIOR A 04 ANOS


Segundo o art. 28-A, caput, do CPP, o acordo de não persecução penal só pode ser
aplicado às infrações penais cuja pena mínima seja inferior a 04 anos.

É importante ressaltar que a aferição desse limite deve levar em consideração as


eventuais causas de aumento e diminuição de pena, conforme art. 28-A, §1º, do CPP.

Art. 28-A, § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito


a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as
causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.

Para comparar os requisitos dos principais institutos despenalizadores do processo


penal.

INFRAÇÃO SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA


Mesmo que a infração tenha pena mínima inferior a 04 anos, não será possível
celebrar o acordo de não persecução penal, caso o crime tenha sido cometido com
violência ou grave ameaça.

Com base na doutrina 1 , a violência tem que ser dolosa. Assim, em tese, seria
admissível a celebração do acordo de não persecução penal se a violência decorre de
conduta culposa.

De forma esquematizada:

1
Lima, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal: vol. Único. 8ª edição. Ed. JusPodivm, 2020. Pág. 280

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VEDAÇÕES
INTRODUÇÃO
As vedações à celebração do acordo de não persecução penal estão previstas no
art. 28-A, §2º, do CPP.

Art. 28-A, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas


seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados
Especiais Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada
ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores
ao cometimento da infração, em acordo de não persecução
penal, transação penal ou suspensão condicional do processo;
e
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino, em favor do agressor.

CABIMENTO DE TRANSAÇÃO PENAL


O inciso I afirma que não será possível o acordo de não persecução penal se for
cabível a transação penal prevista na Lei nº 9.099/95 (Lei do JECRIM).

O motivo é simples, pois a transação penal é um instituto despenalizador mais


benéfico do que o acordo de não persecução penal, possuindo, portanto, precedência.

REINCIDÊNCIA OU HABITUALIDADE
De acordo com o inciso II, a reincidência, assim como a habitualidade, afasta a
celebração do acordo de não persecução penal.

Excepcionalmente, será possível o acordo desde que as condutas reiteradas


anteriores sejam insignificantes.

CELEBRAÇÃO ANTERIOR DE INSTITUTO DESPENALIZADOR


O inciso III afirma que não será possível celebrar o acordo de não persecução penal
caso o investigado tenha sido beneficiado nos 05 anos anteriores por outro instituto
despenalizador: acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA OU FAMILIAR CONTRA A MULHER


Por expressa previsão do inciso IV, é vedada a celebração de acordo de não
persecução penal nas infrações penais que envolvam violência doméstica ou familiar
contra a mulher.

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CONDIÇÕES DO ACORDO
INTRODUÇÃO
As condições à celebração do acordo de não persecução penal estão previstas no
art. 28-A do CPP.

Art. 28-A. (...) mediante as seguintes condições ajustadas


cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na
impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do
crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por
período correspondente à pena mínima cominada ao delito
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo
da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos
do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser
indicada pelo juízo da execução, que tenha,
preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada
pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível
com a infração penal imputada.

CONTROLE JUDICIAL
O acordo de não persecução penal exige homologação judicial, conforme art. 28-
A, §4º, do CPP.

Art. 28-A, § 4º Para a homologação do acordo de não


persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz
deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do
investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.
(...)
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução
penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que
inicie sua execução perante o juízo de execução penal.

Aliás, o juiz poderá determinar a reformulação da proposta de acordo:

Art. 28-A, § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou


abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução
penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja
reformulada a proposta de acordo, com concordância do
investigado e seu defensor.

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Inclusive, recusar a proposta:

Art. 28-A, § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta


que não atender aos requisitos legais ou quando não for
realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.

§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao


Ministério Público para a análise da necessidade de
complementação das investigações ou o oferecimento da
denúncia.

CUMPRIMENTO / DESCUMPRIMENTO
Inicialmente, é importante destacar que a execução do acordo de não persecução
penal será perante o juízo de execução penal.

Art. 28-A, § 6º Homologado judicialmente o acordo de não


persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público
para que inicie sua execução perante o juízo de execução
penal.

Em caso de descumprimento.

Art. 28-A, § 10. Descumpridas quaisquer das condições


estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério
Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e
posterior oferecimento de denúncia.

§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal


pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério
Público como justificativa para o eventual não oferecimento de
suspensão condicional do processo.

Dessa forma, o descumprimento enseja a rescisão do acordo e consequente oferecimento


de denúncia.

Por outro lado, cumprido o ajuste.

Art. 28-A, § 13. Cumprido integralmente o acordo de não


persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de
punibilidade.

De forma esquematizada:

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Por fim, o acordo de não persecução penal não constará da certidão de antecedentes
criminais, exceto para impedir outro instituto despenalizador no prazo de 05 anos.

Art. 28-A, § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de


não persecução penal não constarão de certidão de
antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III
do § 2º deste artigo.

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