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Prescrição
Decadência
CÓDIGO PENAL
Decadência do direito de queixa ou de representação
Perempção
A perempção se apresenta como uma sanção processual ao querelante que foi desi-
dioso, inerte, que teve uma conduta processual omissiva (ver artigo 60 do CPP).
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Pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada
Perdão do ofendido é um ato bilateral, descrito nos artigos 105 e 106 (indivisibili-
dade) do CP. Possui fundamento no princípio da disponibilidade, aplicável aos crimes
de ação privada. Pode ser oferecido desde o início da ação até o trânsito em julgado.
Depende da existência de um processo em curso.
Art. 105. O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante
queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
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Art. 106. O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
I – se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita;
II – se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros;
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A retratação significa retirar o que foi dito, de modo a extinguir a punibilidade, con-
forme a previsão legal.
Exemplo: artigo 143 do CP: O querelado que, antes da sentença, se retrata cabal-
mente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difa-
mação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar
o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Exemplo: §2º do artigo 342 do CP: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retratar ou declarar a verdade.
Vale ressaltar que a retratação (art.143) constitui uma causa extintiva da punibilidade,
prevista no artigo 107 VI do Código Penal. Somente os crimes contra a honra de calúnia
e difamação admitem a retratação. Portanto, não cabe retratação no crime de injúria. O
legislador excluiu tal possibilidade porquanto, na injúria, a retratação poderia constituir
uma nova ofensa e ter um efeito mais devastador do que a própria injúria inicial.
A retratação deve ocorrer até antes da sentença. Se ocorrer depois da sentença e
antes do exame do recurso pelo Tribunal, poderá, segundo interpreta Rogério Greco,
configurar a atenuante da alínea b, do inciso III, do artigo 65 do Código Penal. (GRECO,
12ª ed., 2018. p.470).
Ressalte-se a clara redação do parágrafo único do art.143, que exige retratação,
quando se tratar de calúnia ou difamação utilizando-se de meios de comunicação, a
retratação deverá ocorrer pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa.
Exemplo: uma calúnia praticada em um jornal impresso, por meio de uma rede social
ou mediante o uso de uma rede de TV, deverá ser retratada pelo mesmo meio no qual se
produziu a ofensa.
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Súmula 18 do STJ
Lei 12850
Art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de
direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguin-
tes resultados: [...]”.
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Obs.: �o STJ tem dado uma interpretação bastante restritiva em relação ao perdão
judicial do homicídio culposo. Este perdão vale também para o Código de Trânsito
Brasileiro. O perdão judicial na lesão culposa do Código Penal também é válido para
o Código de Trânsito Brasileiro. Embora não tenha a previsão de perdão judicial no
Código de Trânsito, ela é aplicada.
No crime de injúria
A lei prevê, no crime de injúria, duas hipóteses geradoras do perdão judicial. Nos
termos do § 1º do art.140, o juiz pode deixar de aplicar a pena:
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II – no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
Com relação ao perdão judicial na injúria, há divergência na doutrina. Uns entendem
que cuida da faculdade do julgador, um benefício ou favor concedido pelo juiz. Outros
defendem que se trata de um direito público subjetivo de liberdade do indivíduo. Na
verdade, se estiverem presentes os requisitos, o juiz deverá conceder o perdão. A liber-
dade do julgador diz respeito à interpretação, valoração da hipótese fática, de modo a
verificar a presença ou ausência dos requisitos que conduzem ao perdão judicial. Como
ensina Cezar Roberto Bitencourt: “Enfim, se, ao analisar o contexto probatório, o juiz
reconhecer que os requisitos exigidos estão preenchidos, não poderá deixar de conceder
o perdão judicial por mero capricho ou qualquer razão desvinculada do referido insti-
tuto”. (BITENCOURT, v.2, 16ª ed, 2016. p.387).
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Na retorsão imediata, há duas injúrias. Não há legítima defesa, porque a primeira
injúria se consuma e, somente depois, surge a segunda injúria. Há agressão passada,
findada, de modo que falta iminência e atualidade da agressão, por isso não há falar em
legítima defesa. Para Bitencourt, a natureza jurídica da retorsão imediata, descrita no
inciso I do § 1º do artigo 140, é de exercício regular de um direito (BITTENCOURT, v.2, 16ª
ed, 2016. p.390).
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PRESCRIÇÃO
A prescrição penal significa perda de poder punir o Estado. Logo, ela é diferente da pres-
crição cível, pois este termo no direito civil pode significar aquisição de direito. Além disso,
ela pode ter outros significados no direito civil. A Constituição afirma que alguns fatos não
prescrevem: racismo e ação de grupos armados contra o estado democrático de direito. Além
disso, o STF e o STJ reconhecem que o legislador pode ampliar casos de imprescritibilidade.
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O STJ e o STF decidiram que os crimes de desumanidade e de guerra não são impres-
critíveis no Brasil, pois o Brasil não assinou essa convenção. No entanto, ele é signatário
do TPI, que também trata destes fatos. O STJ e o STF afirmaram que é necessário a cria-
ção de lei local para tratar destas imprescritibilidades.
Em janeiro de 2023 o legislador transportou a injúria racial do código penal (art. 140,
§3º) para o art. 2- A da Lei n. 7716. A injúria racial não prescreve, porque ela é uma
modalidade de racismo. Ela já não prescrevia por força de decisões do STF e STF. Agora
está na lei. A homofobia e a transfobia também não prescrevem, pois o STF considera
que são espécies de racismo social. Logo, elas fazem parte do contexto da Lei n. 7716.
Ainda existe o art. 140, § 3º, CP, que dispõe sobre injúria em razão de religião e de
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Estas prescrevem e tem ação
pública condicionada à representação.
Já os dispostos no art. 2- A da Lei n. 7716 não prescrevem, tem pena maior (2 a 5
anos) e a ação é pública incondicionada.
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No art. 20 e suas respectivas letras, o legislador afirma que estes crimes se perfazem
até em contextos chocantes. Logo, trazem interpretação nova, pois sempre foi afirmado
pela doutrina que os crimes de contravenção penal não se perfazem.
A prescrição penal consiste na perda do direito de punir o Estado pelo não exercício
em determinado lapso de tempo. Pode ser contada de duas maneiras: pela pena abs-
trata e pela pena concreta.
A prescrição penal constitui matéria de ordem pública, logo deve ser declarada de
ofício pelo julgador, em qualquer processo penal ou da execução penal. Constitui causa
extintiva da punibilidade regulada nos artigos 107 a 119 do CP e, ainda, em dispositivos
da Legislação Especial Penal.
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Já decidiu o STJ:
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Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto
no § 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei n. 12.234, de 2010).
I – em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
II – em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
III – em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
IV – em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
V – em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não
excede a dois;
VI – em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano.
Obs.: �este tempo é contado pela metade se o sujeito tem menos de 21 anos na data do
fato ou mais de 70 na data da sentença.
Casos de imprescritibilidade
Não há prescrição nos crimes de racismo e a ação de grupos armados, civis ou milita-
res, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (CF- art.5º, XLII e XLIV).
Obs.: se trata do princípio da continuidade normativo típica: ele já era crime e foi
transportado para Lei Especial com tratamento mais rigoroso. Este tratamento
só vale para os fatos praticados a partir da entrada da lei em vigor.
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O Brasil faz parte do TPI que trata dos crimes de guerra e de crimes contra a huma-
nidade (DECRETO N. 4.388, DE 25 DE SETEMBRO DE 2002), mas não assinou a convenção
de 1969 sobre a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
Alguns entendem que é imprescritível por conta do decreto do TPI. Dentro deste
decreto tem crimes de guerra e crimes lesa humanidade.
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a sua prescrição, porquanto (a) o Brasil não subscreveu a Convenção sobre a Impres-
critibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes contra a Humanidade, nem aderiu a
ela; e (b) apenas lei interna pode dispor sobre prescritibilidade ou imprescritibilidade
da pretensão estatal de punir (cf. ADPF 153, Relator(a): Min. EROS GRAU, voto do Min.
CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, Dje de 6.8.2010). 4. O indeferimento da extradição com
base nesses fundamentos não ofende o art. 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados (Decreto 7.030/2009), uma vez que não se trata, no presente caso, de invocação
de limitações de direito interno para justificar o inadimplemento do tratado de extradição
firmado entre o Brasil e a Argentina, mas sim de simples incidência de limitação veiculada
pelo próprio tratado, o qual veda a concessão da extradição “quando a ação ou a pena à
estiver prescrita, segundo as leis do Estado requerente ou requerido” (art. III, c). 5. Pedido
de extradição indeferido.
(Ext 1362, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: TEORI ZAVASCKI, Tri-
bunal Pleno, julgado em 09-11-2016, ACORDÃO ELETRÓNICO DJe-200 DIVULG 04-09-
2017 PURLIC 05.000017 REPURLICACAO• D.175 DIVULG 94.08-2018 PURLIC 97.08-2018)
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Espécies de prescrição
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Dermeval Farias.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.
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