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CONCEITO
Essa é uma das espécies de ação penal pública, sendo que a representação é
condição de procedibilidade para a sua deflagração por parte do Ministério
Público.
Ela está prevista no Código de Processo Penal, em seu art. 24, caput.
A representação deve ser feita pelo ofendido ou por seu representante legal.
Todavia, caso o ofendido tenha falecido, a representação passará para
seus familiares, ou seja, cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, na
forma do art. 24, § 1º, CPP.
A representação possui uma importante consideração a ser feita, muito em
razão de ser questão recorrente em provas de concurso, que é atinente ao seu
prazo. Pela redação do art. 38, CPP, o prazo para o seu oferecimento é de
seis meses, a contar da data em que se souber quem é o autor da infração.
Neste prazo o ofendido pode se retratar, conforme interpretação do Art. 25. A
representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
A forma de ofertar a representação pode ser oral ou escrita, sendo que ela
deverá ser apresentada para o Ministério Público, Autoridade Policial ou Juiz,
sempre pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, tudo isso na
forma do art. 39, caput, CPP.
O conteúdo da representação refere-se a informações que possam servir à
apuração do fato e da autoria, na forma do art. 39, § 2º, CPP. Caso a
representação contenha elementos suficientes para a propositura da ação
penal, importante anotar que o Ministério Público dispensará o inquérito policial
e irá impetrar a denúncia no prazo de quinze dias, na forma do art. 39, § 5º,
CPP.
O querelante deve ficar atento para os casos que extinguem a ação penal
privada, pois estão todos previstos na lei e geram consequente extinção da
punibilidade.
Os casos legais são a decadência, renúncia, perdão do ofendido e perempção.
A decadência já foi estudada anteriormente e fulmina fatalmente o direito de
ação quando o autor não observa o prazo de 6 (seis) meses para ofertar a
queixa-crime. Tal prazo está previsto no art. 38, caput, CPP, contado do dia em
que veio a saber quem é o autor do crime. Uma vez transcorrido o prazo,
ocorre a extinção da punibilidade, na forma do já citado art. 107, IV, Código
Penal.
A renúncia ocorre quando o querelante de forma expressa ou tácita desiste de
processar o autor do fato. Também é forma de extinção da punibilidade, na
forma do art. 107, V, CP.
O perdão do ofendido é ato do querelante, mas que depende da aceitação
expressa do querelado, sem o qual não será válido.
Caso não seja aceito diretamente pelo querelante, será válido se for feito por
procurador deste com poderes especiais para tanto, na forma do art. 55, CPP.
A forma de aceitar o perdão judicial segue a linha da renúncia, devendo ser
aceito de forma expressa nos autos pelo querelado, dentro do prazo de três
dias. Caso tal prazo escoe sem que haja qualquer manifestação do querelado,
entende-se que houve a sua aceitação tácita. Se o perdão foi dado fora do
processo, o querelado deverá dizer expressamente se o aceita, podendo tal
manifestação ser dada por procurador com poderes especiais ou por seu
representante legal, na forma do art. 59, CPP.
Por fim, o perdão aceito também é causa de extinção da punibilidade, na forma
do art. 107, V, CP, bem como pelo art. 58, parágrafo único, CPP.
A derradeira forma de extinguir a ação penal é a perempção, conforme
disposto no art. 60, CPP, a seguir transcrito:
Essa forma extintiva da punibilidade somente pode ser aplicada para as ações
penais privadas, conforme caput do art. 60, CPP.
Todavia, é muito comum ser questionado se o referido instituto aplica-se aos
casos de ação penal privada subsidiária da pública, sendo a resposta não a
correta.
Isso porque se houver a desídia do querelante, nas formas dos incisos I a IV, o
Ministério Público retomará a ação penal, não havendo a sua extinção. Logo,
muito cuidado com essa observação.
Dentre as causas de perempção, deve ser lembrada a constante do inciso III,
parte final, em que o querelante deve expressamente fazer o pedido de
condenação por ocasião das alegações finais, que via de regra são feitas na
forma oral, salvo quando o Juiz concede prazo para a forma escrita. O pedido
de condenação deve ser expresso e claro.
Todas as causas extintivas da punibilidade trabalhadas acima podem ser
reconhecidas pelo Juiz de ofício, a qualquer tempo, pois são tidas como
matéria de ordem pública, na forma do art. 61, caput, CPP.
Por fim, uma última causa extintiva da punibilidade, mas que é aplicada para
qualquer tipo de ação penal, pública ou privada, é a morte, podendo ela ser
reconhecida pelo Juiz após a juntada de certidão de óbito e manifestação do
Ministério Público, conforme art. 62, CPP.
Cumpre ressaltar que tal espécie de ação penal já fora trabalhada acima,
todavia deve ser feita a observação de que ela somente pode ser proposta em
casos de inércia do Ministério Público, não sendo possível a sua propositura
quando o membro do Ministério Público requerer o arquivamento do feito, pois
nesse caso ele está sendo ativo, mas pedindo o encerramento do inquérito
policial.
Ela possui natureza jurídica de ação penal privada, devendo ser proposta pelo
querelante, mas, a qualquer tempo, o Ministério Público poderá retomar a ação
penal em caso de desídia do querelante, não se aplicando, como já foi dito
acima, os casos de perempção do art. 60, CPP.