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AULA 13 – AÇÃO PENAL

1 – Conceito: é o direito do Estado-acusação ou da vítima de ingressar em juízo,


solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito
penal ao caso concreto.
2 – Condições da ação:
A) Condições genéricas: interesse de agir, possibilidade jurídica do pedido e legitimidade
das partes.
B) Condições específicas: Representação, requisição do Ministro da Justiça e outras.

2.1 – Condições genéricas:


a) Possibilidade jurídica do pedido: exige-se que o dono da ação penal faça um pedido de
condenação com respaldo legal, ou seja, o fato a ser narrado tem que se constituir crime no
CP, sob pena da ação ser rejeitada de início.
b) Interesse de agir: ocorrerá interesse de agir, quando houver o trinômio necessidade,
adequação e utilidade ao autor.
- Necessidade: A pretensão do autor não puder ser satisfeita de outra forma. Como em
processo penal vige o princípio nulla poena sine judicio, sempre será necessário recorrer ao
processo para que se exerça a pretensão punitiva;
- Adequação: é saber se a via processual eleita pelo autor da ação é adequada para dar
solução à pretensão ajuizada, ou seja, dizer quando se ajuizar a ação correta.
Súmula 693 do STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a
única cominada.
- Utilidade: só existe utilidade se houver esperança, mesmo que remota, da realização do
jus puniendi estatal, com aplicação da sanção penal adequada. Se a punição não é mais
possível, a ação passa a ser absolutamente inútil.
c) Legitimidade: diz respeito a legitimidade para figurar no pólo ativo ou passivo da ação
penal.
c.1 – Legitimidade ativa: Será parte legítima no processo penal o MP, na ação penal
pública e o ofendido, na ação penal privada (art. 43, III, do CPP);
Observação: Estando a pessoa jurídica no pólo ativo da relação (crime de difamação), a
representação será feita por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem, e no
silencio deste pelos sócios-administradores (artigo 37 do CPP).
c.2 – Legitimidade passiva: Pessoa física maior de 18 anos e pessoa jurídica.
Observação: Na responsabilização criminal da pessoa jurídica, tem sido aplicada a teoria da
dupla imputação, e a ação deve ser manejada não só em face da pessoa jurídica infratora,
mas também contra a pessoa física responsável por sua administração.
d) Justa causa: a ação só poderá ser movida caso a parte autora inicie a peça com o
mínimo de provas de autoria e materialidade.
2.2 – Condições específicas:
a) Condições de prosseguibilidade: a ação só poderá caminhar se preenchidos algumas
condições. (Exemplo: Representação da vítima ou do Ministro da Justiça).
3 – Classificação das ações.
Públicas: Têm como titular da ação o MP. Podem ser incondicionadas e públicas
condicionadas.
Privadas: têm por titular da ação a vítima ou seus representantes. Podem ser: exclusivas,
personalíssimas e privada subsidiária da públicas.
4 – Ação penal pública Incondicionada:
4.1 - Conceito e titularidade: é aquela titularizada pelo MP e que não necessita da
manifestação de vontade da vítima ou de terceiros. É a regra em nosso ordenamento.
Exemplos: artigo 100 do CP e 24 do CPP.
Exemplo 2: Artigo 24, § 2º do CPP:§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em
detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será
pública. (INCISO IMPORTANTE).
4.2 – Princípios informadores.
a) Obrigatoriedade: CPP, 24: O Ministério Público tem o dever de ajuizar ação penal
sempre que presentes prova de materialidade e indícios suficientes de autoria. O princípio
da obrigatoriedade é decorrência do fato de que as infrações penais não podem ficar
impunes, há um interesse público indisponível na apuração da autoria das infrações penais
(nec delicta maneant impunita)
Exceção: Lei 9.099/95, arts. 74 e 76. – o instituto da transação penal – evita-se ofertar a
denúncia e impõe-se um acordo entre a vítima e o MP. Este aplica ao réu algumas
condições, que se cumpridas extingue-se o processo.
b) Indisponibilidade: É conseqüência da obrigatoriedade. Se o Ministério Público é
obrigado a ajuizar a ação penal, não pode dela desistir (CPP, art. 42 e 576).
Exceção: art. 89 da Lei 9.099/95 – Suspensão condicional do processo.
c) Oficialidade: Os órgãos incumbidos de atuar na persecução penal na ação penal pública
dever ser um órgão público.
d)Da autoritariedade: o Promotor é a autoridade pública do órgão encarregado de ajuizar
ação penal.
e) Da oficiosidade: a ação penal pública não carece de qualquer autorização para ser
instaurada.
f) Indivisibilidade: Também aplicável à ação penal privada. O MP deve processar todos
os co-autores e partícipes da infração penal.
Atenção: Alguns doutrinadores e O STF E O STJ dizem que na ação penal pública
incondicionada vige o princípio da divisibilidade, pois o MP pode optar por processar
alguns dos agentes e optar por colher maiores provas com relação aos demais
(MIRABETE).
g) Intranscendência: A ação penal só pode ser proposta contra os sujeitos ativos da infração
penal, e nunca contra seus sucessores.
5 – Ação penal pública condicionada.
5.1 – Titularidade: também tem por titular o MP, entretanto, torna-se condicionada a uma
representação da vítima ou representante legal ou do Ministro da Justiça (crimes contra a
honra do presidente da República).
5.2 – Representação: é uma autorização escrita ou oral da vítima que demonstre o
interesse da vítima ou de seus representantes legais (CADI).
5.3 – Prazo: a representação deve ser oferecida, como regra, no prazo de 6 meses do
conhecimento da autoria da infração penal, isto é, quando a vítima toma ciência de quem
foi o responsável pelo delito. O prazo é contado segundo regra do artigo 10 do CP, logo,
não se interrompe, não se suspende ou se prorroga.
5.4: o MENOR DE 18 ANOS: Este deve ser representado, segundo súmula 594 do STF:
Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo
ofendido ou por seu representante legal. Observação: O menor emancipado não pode
oferecer representação.
5.5 - Retratação: enquanto não oferecida a denúncia, a vítima pode retratar-se da
representação, inibindo o processo. Só é possível até a apresentação da inicial acusatória na
Secretaria da vara criminal ou na distribuição, pois após isso, torna-se irretratável, segundo
artigo 25 do CPP:
Art. 25 DO CPP. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
5.6 – Entendimento do STF: se a vítima só representar contra um dos agentes, o
Ministério público pode processar ambos, em razão do princípio da indivisibilidade.
Observação: Admite-se a retratação da retratação (renovação da representação
abandonada).
6 – Requisição do Ministro da Justiça.
a)Destinatário: a requisição será endereçada ao Ministério Público, na figura do
procurador geral.
B) Prazo para oferecimento: pode ser ofertada a qualquer tempo, enquanto a infração não
estiver prescrita ou extinta por qualquer outra causa.
C) Retratação: Não é admissível.
d) Ausência de vinculação. (a representação não vincula a denúncia do MP)
e) Eficácia objetiva (se representar contra um ofendido e o MP encontrar outros, não
necessitará de outra representação).
7 – Denúncia:
A) CONCEITO: É a petição inicial no processo penal instaurado para apuração de crime
de ação penal pública condicionada ou incondicionada;
B) Condições: artigo 41 do CPP.
C) Prazo para oferecimento: Réu preso: 5 dias/ Réu solto: 15 dias.
8- Ação penal privada.
A) CONCEITO: É a ação penal cuja titularidade é conferida por lei ao ofendido ou ao seu
representante legal. (Peça: queixa-crime/ querelante (Autor da demanda); querelado (réu)
B) Titularidade:
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação
privada.
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o
direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.
C) Espécies: privada exclusiva (ofendidos ou CADI); Personalíssima (Só ofendido);
subsidiária da pública.
D) Queixa crime: nome da inicial acusatória das ações penais privadas. Devendo ser
elaborada por um advogado que detém a capacidade postulatória.
E) Prazo: 6 meses a contar da data do conhecimento do fato de quem é o criminoso.
G) Princípios norteadores da ações penais Privadas:
G.1) Da oportunidade e da conveniência: é facultado a vítima decidir entre ofertar ou não
a ação, pois a mesma é a titular do direito.
G.2 ) Disponibilidade: Da disponibilidade: uma vez ajuizada a ação penal privada, poderá
o autor dela desistir antes do trânsito em julgado. (Exemplo: Perdão e perempção).
G.3) Da indivisibilidade: Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará
ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
- Possibilidade do MP aditar a queixa-crime: Art. 45. A queixa, ainda quando a ação
penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá
intervir em todos os termos subseqüentes do processo.(Zelo do MP pelo princípio da
intranscedência).
G.4) Intranscedência: A ação penal só pode ser proposta contra quem cometeu o delito.

Observações:
1 - Dupla titularidade: Crimes contra a honra do funcionário Público: Permite tanto a
denúncia quanto a queixa crime. Depende da escolha da vítima.
2 - Ação penal no crime complexo (artigo 101 do CP): prevalece o que for de ação
penal pública (furto com rompimento de obstáculos: Furto: Pública incondicionada/ dano
simples: mediante queixa). Se processa então pelo MP.
3 - Poderes do MP nas ações privadas subsidiárias da pública:
- Repudiar a queixa oferecendo denúncia substitutiva
-aditar a queixa-crime.
- fornecer elementos de prova.
- interpor recursos.
- Reassumir a ação no caso de negligência do querelante.

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