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JURISPRUDÊNCIA
SEÇÃO DE DIREITO CRIMINAL
Julgados selecionados
pelos magistrados nas
sessões de julgamento
OUTUBRO/2021
REPERTÓRIO DE JURISPRUDÊNCIA
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ROUBO
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Ementa: Correição parcial. Recurso interposto diante de decisão que indeferiu o pedido de
remessa dos autos ao Exmo. Procurador Geral de Justiça, para fins do disposto no artigo 28 -
A, § 14, do CPP. Possibilidade de indeferimento do pedido apenas quando constatada, prima
facie, a ausência de requisitos objetivos para a celebração do acordo de não -persecução
penal. Hipótese em que a recusa manifestada pelo Promotor de Justiça se pautou na falta
de confissão formal e na insuficiência da medida para reprovação da conduta, situação a ser
melhor avaliada pelo órgão superior, no caso definido pelo legislador como “instância de
revisão ministerial”. Recurso provido. (Correição Parcial nº 2192959-32.2021.8.26.0000 ,
São Paulo, rel. Farto Salles, j. 07/10/2021).
ESTUPRO
Trechos do voto (não há ementa): Apelação criminal. “(...) apela o réu. Alega que as provas
coligidas não são suficientes para alicerçar a condenação que lhe foi imposta, razão pela
qual pede ser absolvido.” “Francamente comprometedoras foram as palavras das
testemunhas D. R. P., L. S. S., P. C. R. e V. S. R. S., que foram coerentes com os relatos da
vítima, sendo certo que os depoimentos de L. e de P. deixaram claro que L. desembarcou do
carro de L. em estado de pânico, e com as vestes parcialmente abertas.” “diante de tais
elementos de prova, de absolvição não era mesmo de se cogitar, estando plenamente
justificada a condenação imposta a L. por estupro.” “reprimenda aplicada a L., verifico que a
pena-base restou assentada metade acima do mínimo legal, e perfez 9 anos de reclusão, e
assim deve permanecer, porquanto o Juiz sentenciante explicitou as razões pelas quais
resolveu exasperá-la, em estrita obediência ao artigo 59 do Código Penal, ressaltando que a
conduta do réu é incompatível com a esperada de um integrante da gloriosa milícia de
Tobias de Aguiar.” “(...)por conta da agravante do artigo 61, inciso II, alínea c do Código
Penal, o Magistrado aumentou de 1/6 o castigo (...) tal aumento foi acertadamente aplicado,
dado que o réu usou de dissimulação ao oferecer carona, e empregou meios que
impossibilitaram a defesa da vítima, consistentes tanto no uso de arma de fogo, como na
ameaça de abandoná-la em local ermo. Por tais razões, mantenho esse acréscimo” "Negaram
provimento ao recurso. V. U. (Apelação Criminal nº 1500010-61.2020.8.26.0424 ,
Pariquera-Açu, rel. Ricardo Tucunduva, j. 07/10/2021).
Ementa: APELAÇÃO. CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO (art. 7º, IX, da Lei nº.
8.137/90). Prescrição da pretensão punitiva. Lapso prescricional de quatro anos. Período
ultrapassado entre a publicação da sentença condenatória e o julgamento do recurso, algo
verificado após a data de encaminhamento do feito à mesa pelo Revisor e antes da sessão
de julgamento telepresencial. Extinção da punibilidade reconhecida de ofício diante de
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Ementa: Apelação. Crime de posse ilegal de arma de fogo irregular. Preliminar de nulidade da
prisão em flagrante. Rejeição. Absolvição por insuficiência de provas. Não cabimento. Materialidade
e autoria demonstradas. Diminuição das penas. Não cabimento. Modificação do regime inicial para
outro de menor intensidade. Não cabimento. Não provimento ao recurso. (Apelação Criminal nº
1501810-30.2020.8.26.0229, Hortolândia, rel. Zorzi Rocha, j. 21/10/2021).
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de lesão corporal incontestes - Dolo inquestionável - Réu que agiu com vontade livre e
consciente de ofender a integridade física da vítima - Inviabilidade de desclassificação para a
modalidade culposa - Afastamento da incidência da Lei n. 11.340/06 - Réu e vítima que não
possuíam convivência comum, nem vínculo de subordinação e dependência - Agressão ocorrida
após discussão, nada relacionada a gênero - Desclassificação da conduta para a modalidade
simples da lesão corporal - Impossibilidade de extinção da punibilidade pela decadência do
direito de representação - Representação devidamente ofertada pela representante legal da
vítima, menor de 18 anos de idade, e dentro do prazo previsto em lei - Pena reformulada - Pena
base fixada no mínimo legal - Atenuante da menoridade relativa que não tem o condão de reduzir
a pena - Súmula 231 do STJ - Substituição da pena corporal operada na r. sentença mantida -
Regime prisional aberto, em caso de revogação do benefício - Parcial provimento. (Apelação
Criminal nº 1523837-46.2018.8.26.0562, Santos, rel. Fernando Simão, j. 27/10/2021).
Ementa: Crime contra a ordem tributária – valor do imposto estadual (ICMS) sonegado
inferior ao definido no art. 1º da Lei Estadual 14.272/2010 – incidência do entendimento dos
Tribunais Superiores acerca da insignificância penal da conduta no que tange a tributos
federais – montante para fins de identificação da bagatela restrito ao apurado originalmente
no procedimento de lançamento, livre de juros, multas e correção monetária - compreensão
do STJ – ordem concedida para trancamento da ação penal, carente de justa causa. (Habeas
Corpus nº 2193888-65.2021.8.26.0000 , Campinas, rel. Vico Mañas, j. 05/10/2021).
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REJEIÇÃO DE QUEIXA-CRIME
Trechos do voto (não há ementa): Queixa-crime. Rejeição com fundamento no artigo 395,
incisos II e III, do Código de Processo Penal. “(...) inexiste demonstração da falsidade do fato
imputado ao recorrente, como também falta demonstração de que haveria, nele, tipicidade
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e ilicitude. Não há elementos nestes autos para avaliar minimamente se as vantagens, cuja
postulação foi a ele atribuída, eram devidas ou indevidas.” “(...) a queixa vem
desacompanhada de mínima demonstração de que o querelado tenha atribuído a M . um
fato típico, antijurídico e falso. Ou de que o querelado tenha agido com o dolo que integra
o tipo da calúnia.” “Tampouco há falar-se, sequer em tese, de difamação.” “(...) não se deixa
de anotar que a matéria jornalística afirma que a entrevista configurou resposta do atual
Presidente da Odebrecht ao seu predecessor, que também o atacou pela imprensa: A
argumentação de S. é feita em contraposição ao discurso que M. adotou não apenas à
imprensa como também em documento encaminhado ontem ao MPF, como uma
autodeclaração dentro do processo que investiga o pagamento, pela controladora Braskem,
de R$ 50 milhões ao governo da ex-presidente Dilma Roussef (PT) em troca da Medida
Provisória No. 470, que beneficiou a empresa. Nítida, portanto, a ausência de elementos
mínimos que autorizem o desencadeamento da persecutio criminis in judicio.” "Negaram
provimento ao recurso. V. U.” (Recurso em Sentido Estrito nº 1004592-22.2020.8.26.0050 ,
São Paulo, rel. Hermann Herschander, j. 27/10/2021).
FALSIDADE IDEOLÓGICA
ABUSO DE AUTORIDADE E INCOMPETÊNCIA DA DELEGACIA DE POLÍCIA
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Poder Judiciário, no exercício da atividade jurisdicional, determinar qual órgão deve conduzi r
a investigação. No caso em testilha, não se entrevê alguma ilegalidade a justificar o
deslocamento do inquérito policial para outra unidade policial. 7. Não se afigura possível a
edição de um provimento jurisdicional que obste, por antecipação, a decreta ção da prisão
provisória do paciente ou garanta a intangibilidade dos sigilos bancário, fiscal ou telefônico.
Tal como deduzidos os pedidos, o que se está a postular representa um indevido
cerceamento dos poderes do juiz de direito no exercício da atividade jurisdicional, o que, no
final das contas, representa olvidar-se a independência funcional do magistrado, que, como
se sabe, é um dos alicerces do Estado Democrático de Direito. Ordem denegada. (Habeas
Corpus nº 2214542-73.2021.8.26.0000 , São Paulo, rel. Laerte Marrone, j. 27/10/2021).
Ementa: REEXAME NECESSÁRIO. Habeas corpus concedido pelo d. juízo a quo. Expedição
de salvo conduto para que o paciente realize o cultivo domiciliar de Cannabis para fins
medicinais. Paciente portador de Esclerose Lateral Amiotrófica. Necessidade de uso do óleo
de Cannabis devidamente comprovada pelo laudo médico juntado aos autos. Existência de
autorização da ANVISA para importação de remédio a base de Canabidiol de alto custo e
que impede o seu acesso pelo paciente. Omissão da ANVISA em regulamentar o plantio
domiciliar de cannabis para fins medicinais verificada. Excludente de culpabilidade da
inexigibilidade de conduta diversa reconhecida. Recurso improvido. (Reexame Necessário
nº 1000388-07.2021.8.26.0047 , Assis, rel. Leme Garcia, j. 19/10/2021).
Ementa: Apelação. Roubo majorado pelo emprego de faca. Recurso da Defesa. Preliminares:
Nulidade da instrução por inobservância do procedimento desenhado pelo art. 212 do
Código de Processo Penal. Inquirição inaugurada pelo juiz. Comprometimento da
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arrolada pela acusação, convidou-a a fazer uma breve exposição sobre os fatos que se
recordava. Após o breve relato, deu-se oportunidade às partes para a inquirição direta da
testemunha. Conduta legal e perspicaz da autoridade judiciária. De um lado, buscou
estimular a testemunha à evocação espontânea de sua memória. Cuida-se de importante
técnica que minimiza os riscos das falsas memórias. De outro, buscou assegurar a
observância dos limites dados pelo thema probandum. Subtração da atuação probatória
reservada ao órgão acusador não evidenciada. Violação do sistema acusatório não
caracterizada. Não comprometimento da imparcialidade objetiva. 7. Nova redação do art.
212 do Código de Processo Penal que incorpora dinâmica própria do processo adversarial,
no qual reserva-se às partes o protagonismo na gestão do processo e, especialmente, na
produção da prova. Interesse das partes na exploração dos meios de prova como forma de
fixar, na mente do julgador, a sua visão sobre os fatos e os termos da imputação. 8. Hipótese
em que a antecipação do juiz não representou uma inquirição antecipada ou mesmo
subtração do movimento das partes, mas sim um estímulo à evocação voluntária dos traços
da memória da testemunha. Não identificação de prejuízo que sequer foi especificado pel a
defesa em sede de recurso. Defensor que nada perguntou à testemunha dando -se por
satisfeito com as respostas que haviam sido dadas à acusação. Nulidade não configurada. 9.
Alegação de nulidade na oitiva da vítima. Audiência realizada em ambiente virtual. Pedido
da ofendida para depor sem a presença do acusado. Retirada do réu da sala de audiência
virtual, com fundamento no art. 217 do Código de Processo Penal. Oportuna insurgência
defensiva pleiteando que o acusado acompanhasse a audiência em sua integra, inabilitando
a sua imagem de modo que a vítima não pudesse enxergá-lo durante a colheita de suas
declarações. Indeferimento. 10. A nova redação dada ao artigo 217 do Código de Processo
Penal pela Lei 11.690/2008 buscou conferir efetividade ao exercício da autodefesa,
manifestada pelo direito de presença. Restrição ao exercício do direito que ficou jungida ao
plano da excepcionalidade. Critérios de ponderação indicados pelo legislador. Temor,
humilhação ou sério constrangimento que justificam a ruptura do quadro assecuratório da
autodefesa. Retirada do réu da sala de audiência que se expressa, no plano normativo, como
última providência, caso inviabilizada a tomada das declarações por vídeoconferência. 11.
Dispositivo que não foi elaborado para uma realidade de proeminência das audiências
virtuais. Imersão das atividades judiciárias no modo telepresencial que se tornou
compulsória diante das medidas de isolamento impostas para o enfrentamento da pandemia
da Covid-19. 12. Delimitação de novo padrão de aproximação e de concretização das
relações humanas que, muito embora antevisto em face do curso normal dos avanços
tecnológicos, foi sensivelmente acelerado nos últimos dois anos. Distanciamentos físicos que
foram reaproximados pelo campo virtual. Estabelecimento de novos padrões de relações e
de inter-relações que ganharam contornos de normalidade. O compartilhamento de imagem
e de som encurta distâncias, tornando a experiência bastante real, como de fato o é.
Assunção coletiva e individual de um novo padrão de normalidade. 13. Sensibilidade do
julgador para as situações-limite em que o temor, a humilhação e o grave constrangimento
não serão totalmente afastados pelo fato de se realizar audiência telepresencial. Cita -se, a
título exemplificativo a vítima de abuso sexual que, compreensivelmente, poderá se sentir
constrangida a prestar declarações, sabedora que o pretenso autor está a ouvi -la. Situação
que também pode se verificar na oitiva da vítima de atos extremamente violentos como
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