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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIRETO DA VARA

CRIMINAL DA DE ROLANDIA – REGIÃO METROPOLITANA DE LONDRINA


ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº XXXXXXXXXXX

TIAGO, já devidamente qualificado nos autos da AÇÃO PENAL em epígrafe, que lhe
move a JUSTIÇA PÚBLICA, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por
meio de seus advogados subscritos, com fundamento no artigo 593, inciso I do Código
de Processo Penal, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

contra a r. sentença, requerendo, desde já, seja o recurso


conhecido por este Juízo e, consequentemente remetido ao Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado do Paraná, para que seja conhecido e provido.

Requer, ainda, a concessão dos benefícios da Justiça gratuita,


tendo em vista ser o Apelante hipossuficiente monetariamente, não podendo
arcar com as custas processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua
família.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Datado e assinado conforme inclusão no sistema PROJUDI.

DARLENE PEDROSO
MEIRY ELLEN RADOMSKI
GUILHERME KLEINKE
RAFAEL VITORINO
VINICYUS ALENCAR
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

Colenda Turma
Ínclitos Julgadores

RAZÕES DA APELAÇÃO

1. PRELIMINARMENTE

1.1 DA ADMISSIBILIDADE

O presente recurso é cabível vez que investe contra sentença condenatória


prolatada pelo respeitável Juízo a quo nestes autos de ação criminal.

O presente recurso é tempestivo, vez que o prazo para Apelação, conforme a


legislação processual vigente, é de 5 (cinco) dias, contados a partir da data da
intimação da sentença que se deu somente no dia 24 de novembro de 2016. Sendo o
último dia de prazo do dia de 29 de novembro de 2016.

O Apelante requer a concessão dos benefícios da Justiça gratuita, tendo em


vista ser pobre no sentido legal, não podendo arcar com as custas processuais sem
prejuízo do seu sustento e de sua família.

2. SÍNTESE PROCESSUAL

Em 28 de Abril de 2016, o Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor do


apelante, atribuindo a ele a prática do crime disposto no artigo 306 da Lei n° 9.503/97
(com redação dada pela Lei n° 12.760, de 2012)

“Em data de 25 (vinte e cinco) de Abril de 2.016, por volta das 00h10min,
em via pública, na PR 170 KM 81, Zona Industrial, neste Foro Regional de
Rolância/PR, o Denunciado THIAGO DE TAL, ciente da ilicitude e
reprovabilidade de sua conduta, de livre e espontânea vontade, conduzia o
veículo Caminhão Trator Volvo FH, placas XXX-0000 na cor vermelha, o
semi reboque Guerra, Placas XXX-1111 também na cor vermelha de
propriedade à transportadora Estrela Ltda-ME, com a capacidade
psicomotora alterada em razão da influência de álcool e/ou de outra
substância psicoativa que determine dependência, conforme aferido pelos
Policiais Militares em Termo de Constatação de Sinais de Alteração de
Capacidade Psicomotora de fl. 16, que o apontou, no momento de sua
abordagem, com OLHOS VERMELHOS, SOLUÇO, DESORDEM NAS
VESTES, HÁLITO ALCOÓLICO, ARROGANTE, EXALTADO, IRÔNICO,
FALANTE DISPERSO, APRESENTANDO FALA ALTERADA E
DIFICULDADE DE EQUILÍBRIO, NÃO SE LEMBRAVA ONDE ESTAVA,
NÃO SABIA HORA E DATA, NÃO SE LEMBRAVA DOS ATOS
COMETIDOS, consta que o denunciado Thiago de Tal chegou a tombar o
caminhão no local supracitado.”

A denúncia foi recebida pelo Magistrado na data de 29 de abril de 2016.

O Órgão Ministerial ofertou a Suspensão Condicional do Processo na data de


13 de junho de 2016. Foi realizada audiência para que o réu manifestasse seu
interesse na suspensão, tendo este recusado cf. termo de audiência seq. 78.5.

A audiência de instrução e julgamento foi realizada em data de 18 de outubro


de 2016.

Em sede de alegações finais o Ministério Público pugnou pela pronúncia do


apelante baseando-se no conteúdo probatório dos autos, nos exatos termos em que
narrou a denúncia. O recorrente, por sua vez, requereu a sua absolvição.

O apelante foi condenado como incurso no artigo 306 do Código de Trânsito à


pena de 06 (oito) meses de detenção, pagamento de 10 dias multa e suspensão da
Carteira Nacional de Habilitação pelo prazo de 2 (dois) anos, a ser cumprido em
regime aberto.

Em que pese o conhecimento do Magistrado, é notório que não decidiu com


acerto, sendo assim necessária a reforma da r. sentença.

3. Do Mérito

3.1 Da Insuficiência probatória

Nobres Desembargadores, a devida análise dos presentes autos nos leva à


inarredável conclusão de que a sentença monocrática deve ser reformada e o
apelante absolvido.
É de conhecimento jurídico que o crime de embriaguez ao volante, necessita
de conteúdo probatório acerca do estado etílico do acusado, podendo este ser
constituído de dois modos: (1) Teste Etilométrico, devendo constar, o estágio alcoólico
do examinado, a data da calibragem do equipamento e a taxa de erro do aparelho,
que deve ser certificado perante o IMETRO, ou (2) formulário preenchido pela
autoridade policial no qual devem constar os requisitos mínimos exigidos na
Resolução nº 432 do CONTRAN, conhecido também como Laudo de Sinais.

Entretanto, no caso em tela, não foram juntadas quaisquer provas neste


sentido, não tendo teste do etilométrico. Nesta mesma seara, em que pese citado
pelas autoridades policiais, também não há quaisquer laudos de sinais.

Sem estes conteúdos vinculados ao processo, a resolução do CONTRAN


encontra-se descumprida, motivo pelo qual a absolvição é a medida que se impõe.

APELAÇÃO CRIME. CRIME DE EMBRIAGUEZ AO


VOLANTE (ARTIGO 306 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO).
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA SOB O FUNDAMENTO DE QUE A
CAPACIDADE PSICOMOTORA ALTERADA NÃO É MEDIDA
APENAS PELA CONSTATAÇÃO DO ESTADO DE EMBRIAGUEZ,
DEVENDO O SUJEITO CONDUZIR O VEÍCULO AUTOMOTOR DE
FORMA ANORMAL. RECURSO MINISTERIAL. 1) DELITO
PRATICADO SOB A ÉGIDE DA LEI 12.760/2012, A QUAL NÃO
EXIGE A PRODUÇÃO DE PERIGO CONCRETO. ARTIGO 306 DA
LEI 12.760/2012 QUE É CRIME DE PERIGO ABSTRATO.
DESNECESSIDADE DE CONSTATAÇÃO DE EFETIVA PRODUÇÃO
DE PERIGO. 2) EXTRATO DE TESTE DE ETILÔMETRO QUE NÃO
APRESENTA DATA DE VERIFICAÇÃO ANUAL PELO INMETRO.
PROVA OBJETIVA QUE DEVE SEGUIR OS REQUISITOS
DISPOSTOS NO ARTIGO 4º, DA RESOLUÇÃO N.º 432 DO
CONTRAN. DELITO DE TRÂNSITO COMETIDO SOBRE A ÉGIDE
DA LEI 12.760/2012. POSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO DE SINAIS
DE ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA POR PROVA
SUBJETIVA, REGULADA PELO ARTIGO 5º E ANEXO II DA
RESOLUÇÃO N.º 432 DO CONTRAN. INEXISTÊNCIA NOS AUTOS
DE TERMO DE CONSTATAÇÃO OU DE AUTO DE CONSTATAÇÃO
CONTENDO AS INFORMAÇÕES MÍNIMAS EXIGIDAS PELO
ANEXO II DA RESOLUÇÃO N.º 432 DO CONTRAN. AUSÊNCIA DE
PROVAS HÁBEIS DE MATERIALIDADE. MANUTENÇÃO DA
ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE, CONTUDO POR OUTROS
FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJPR – 2° C. Criminal – AC – 1457075-9 – Ponta Grossa – Rl.: José
Carlos Dalacqua – Unânim - - J. 03.03.2016).

3.2 – In Dubio Pro Reo

Como já afirmado por estes defensores, o conteúdo probatório que envolve a r.


sentença que condenou o réu baseia-se unicamente em provas testemunhais colhidas
das autoridades que atenderam ao caso.
Tais entendimentos, são passíveis de vício uma vez que são frutos do
raciocínio de seres humanos, que tendem a errar e falhar em muitas vezes. Note-se
Nobres Desembargadores, são se trata de prova que se possa auferir sua
confiabilidade, pois não se trata de instrumento exato, feito unicamente para medir tal
situação.

Caso entendimento em contrário, estaríamos fadados a lidar com o


entendimento de um instrumento totalmente suscetível ao meio que está envolto.
Teríamos então provas que poderiam variar conforme o contexto social, humor, clima
e até mesmo a saciedade. Gerando assim uma insegurança jurídica quanto ao
tratamento dado para situações semelhantes.

Por estes motivos, a fundamentação exclusiva nos depoimentos policiais gera


uma dúvida razoável quanto à sua compreensão dos fatos.

Deste modo, conforme princípio basilar do processo penal, em virtude desta


dúvida, deve-se utilizar o princípio do In dubio pro reo, para afastar a condenação
exarada pelo Magistrado.

Ante o exposto, tendo em vista a total falta de elementos aptos a demonstrar a


materialidade do delito em questão e a fragilidade das declarações usadas para
fundamentar a condenação, requer-se que, seja o apelante absolvido, nos termos do
artigo 386, incisos II e VII, do Código de Processo Penal.

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