Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONTRARRAZÕES
Termos em que,
CONTRARRAZÕES RECURSAIS.
2
Recorrente: Ministério Público do Estado de
Mato Grosso;
EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA CÂMARA
EMÉRITOS JULGADORES
3
candidatos, à época, Moacir Luiz Giacomelli – majoritária, e Edson Bormann – proporcional,
sendo que o Contrarrazoante haveria agido como coautor da suposta prática criminosa, dando-
lhes todos como incursos na prática descrita no art. 299 do Código Eleitoral.
4
Para tanto, frente à decisão emanada pelo juízo de piso, o
Ministério Público do Estado de Mato Grosso interpôs o Recurso em Sentido Estrito em tela,
buscando a reforma da respectiva decisão para o regular prosseguimento da Ação Penal,
alegando, em breve síntese, que:
5
2.1 DA INDEPENDÊNCIA ENTRE AS INSTÂNCIAS.
6
Nos respectivos termos, não há de se perder de vista que o
convencimento do julgador é livre e pode ser feito de maneira independente, desde que a
decisão revele-se devidamente motivada. Neste ponto, por intermédio do princípio do livre
convencimento, “Também conhecido como o princípio da livre convicção motivada, tem-se
que o magistrado forma o seu convencimento livremente (...)”3 , atendendo, por conseguinte, a
finalidade da legislação no seu todo, emitindo através do decisum a cognição inerente à causa
posta a seu crivo. É teor do art. 131, previsto no Diploma Processual Civil, in verbis:
PORTANOVA, Rui. Princípios do Processo Civil. 3 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999.
3
7
Veja que a decisão traduz precipuamente as provas constantes dos
autos, haja vista a inexistência, mesmo que superficial, da conduta narrada na peça
confeccionada pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
8
“RECURSO ELEITORAL - PRESTAÇÃO DE CONTAS DE
CAMPANHA - CONTAS DESAPROVADAS - ALEGAÇÃO DE NÃO
APRECIAÇÃO DAS JUSTIFICATIVAS PELO MAGISTRADO -
NÃO CARACTERIZAÇÃO - PRINCÍPIO DO
CONVENCIMENTO MOTIVADO - SENTENÇA SUCINTA MAS
SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA - PRELIMINAR
AFASTADA - OMISSÃO DA 1ª PARCIAL - 2ª PARCIAL E
PRESTAÇÃO FINAL DE CONTAS FORA DO PRAZO - ERRO
QUANTO À MARCA DO VEÍCULO NO INSTRUMENTO DE
CESSÃO DE USO - EQUÍVOCO JUSTIFICADO -
IRREGULARIDADE DO CPF DE DOADOR - PROVIDÊNCIAS A
CARGO DE TERCEIRO - ERRO FORMAL - NOVA
IMPROPRIEDADE APONTADA EM SEDE DE CONTRARRAZÕES
- INOVAÇÃO RECURSAL - AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA - RECURSO PROVIDO
PARCIALMENTE. 1. Não se exige do magistrado análise
minuciosa de todas as teses defensivas invocadas pela parte. 2. O
exercício da atividade jurisdicional encontra-se instruído pelo
princípio do livre convencimento motivado, pelo qual, a partir do
caso concreto que lhe é dado conhecer, e após a apresentação de
provas e argumentos dispostos pelas partes nos momentos
processuais respectivos, tem o juiz liberdade para decidir acerca de
seu conteúdo da forma que considerar mais adequada - conforme
seu convencimento - e dentro dos limites impostos pela lei,
fundamentando sua decisão nos elementos contidos nos autos que
lhe ensejam a convicção acerca do direito aplicável ao caso. 3.
Não acolhimento da preliminar suscitada. 4. A ausência de
prestação de contas parciais, por si só, não tem o condão de ensejar
a reprovação das contas do candidato. 5. A entrega de prestação de
contas parcial e final fora do prazo não é capaz de macular as
contas. Trata-se de falhas meramente formais. 6. O equívoco na
descrição da marca de veículo próprio usado na campanha eleitoral
não constitui vício insanável e grave, se consta dos autos de
prestação de contas, desde o início, o respectivo termo de cessão de
uso, com valor atribuído à operação condizente com valores de
mercado, tendo o candidato comprovado posteriormente a
propriedade de veículo com mesma placa e ano de fabricação já
informados no aludido instrumento de cessão de uso. 7. A
regularização perante o Cadastro de Pessoa Física (CPF) de doador
de campanha elide falha anteriormente atribuível ao candidato,
relativa à licitude e transparência da origem dos recursos
arrecadados. 8. Falhas não graves e de pouca monta no processo
de prestação de contas, constitutivas de erros meramente formais,
9
que não comprometem a análise da lisura, da transparência e da
confiabilidade da origem e aplicação dos recursos aplicados na
campanha, não ensejam a reprovação das contas, sendo de se dar
provimento parcial ao recurso, para o fim de aprová-las com
ressalvas.4
Denota-se por todo o conjunto probatório existente nos autos que não
ficou demonstrado sequer indícios de autoria e materialidade dos denunciados para com a
conduta delineada na peça acusatória, perfazendo, pois, na impossibilidade do recebimento da
denúncia.
10
entendendo que o denunciado Tiago de Oliveira Gomes haveria confessado a prática delineada
na denúncia, bem como que existem arquivos de áudio que corroboram suas alegações.
11
de maneira diversa daquela já exarada, mormente no caso em tela, em que sequer há indícios
de autoria e materialidade como sustentáculo da Ação Penal.
12
houve o acompanhamento do patrono da Coligação adversária na confecção da
declaração prestada por Tiago de Oliveira Gomes.
MIRABETE, Júlio Fabrini. Juizados Especiais Criminais. São Paulo: Atlas, p. 95.
6
13
Por conseguinte, não há como concluir pela existência da conduta
que tenta imputar o Ministério Público ao ora Contrarrazoante, haja vista tratar-se o conjunto
probatório preexistente dos autos plenamente frágil e vacilante, não se podendo sequer aferir
acerca da materialidade do suposto ilícito.
Por sua vez, no que tange à gravação trazida aos autos, conforme bem
exposto na perícia realizada em sede de Inquérito Policial, sequer é possível delimitar quem
são seus interlocutores.
Ademais, bem como por via reflexa, não existe qualquer trecho que
comprove a suposta prática delineada no art. 299, do Código Eleitoral, haja vista que tratar-se
de mera conversa isolada, sendo, pois, evidente a ausência da necessária justa causa para a
instauração da Ação Penal.
14
Desta forma, reconhecida a ausência de provas constantes dos autos,
eis que não evidenciam a prática do ato ilícito, tampouco a participação do Contrarrazoante,
não há que se falar em justa causa fundamentadora da Ação Penal.
7
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003
15
justa causa, é possível a reconsideração do recebimento da
denúncia pelo próprio juiz.8
8
BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Mato Grosso. Recurso Eleitoral n.º 804, Acordão 14488 de
07.08.2003. Rel. Juracy Persiani. DJE, 19.08.2003.
9
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, ed. 47, Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.
473.
16
Desta feita, diante das normas constitucionalmente asseguradas,
temos que a nossa Carta Magna de 1988 é clara e taxativa quanto à vedação da utilização de
provas obtidas por meio ilícito, impondo-se sua nulidade.
17
A gravação ambiental colacionada aos autos revela-se totalmente
ilícita, tendo em vista que nenhum dos interlocutores possuía ciência de que estavam sendo
gravados.
E ainda:
18
Assim, diante da impossibilidade da identificação do autor da
gravação ambiental realizada, considerando ainda a ausência de qualquer prova nos autos da
autoria, não se pode olvidar a ilicitude da prova acostada aos autos.
Termos em que,
pede e espera deferimento.
19
JOYCE C. M. A. HEEMANN JIANCARLO LEOBET
Advogada OAB/MT 8.726 Advogado OAB/MT 10.718
20