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Processo nº 0060549-22.2010.8.13.0637
Termos em que
Após o detido exame dos autos, feito à luz da realidade dos fatos e da matéria
de direito aplicável à espécie, verifica-se, data vênia, que a r. sentença não deverá
prevalecer.
Pois bem!
Nesse sentido, Sérgio Sahione Fadel, "Código de Processo Civil Comentado", 5. ed.,
Rio de Janeiro, Forense, 1.984, v. 1, p. 50, comenta:
"O interesse processual é que põe o autor em condições de pleitear, no processo, do réu o
objetivo perseguido e formular um pedido contra aquele (...). Há mister de que a parte
autora, ao ingressar com uma petição em juízo, demonstre de plano ter interesse no
desfecho da demanda favoravelmente a si, isto é, interesse jurídico em que a ação seja
julgada procedente. Se o juiz não vislumbra, desde logo, esse interesse, o indeferimento
da inicial se impõe. Realmente, para se pretender acionar a máquina estatal de dirimir
conflitos, que é o Poder Judiciário, o autor deve apresentar de plano as provas de seu
interesse processual, porquanto, se não está em condições de reivindicá-lo, a justiça não
lhe abre as portas".
Somente para registro, vide o link1 do Banco Central do Brasil que ilustra ser o
Apelado o segundo maior Banco com reclamações entre o último semestre de 2014 e o
início deste ano.
As sanções trazidas pela lei que busca aplicação não se mostram suficientes,
exsurgindo a exortação de tutela inibitória.
Assim, com a máxima vênia, tem-se que a solução jurisdicional obtida reflete
manifesta declinação de jurisdição, digna de ser rotulada do indesejado non liquet.
Este próprio Tribunal vem acolhendo a tese subjacente, ao acentuar que, verbis:
“[...] Verifica-se que na ação de origem a autora, ora Agravada, ao pleitear a adequação dos
serviços disponibilizados pelo Agravante às disposições da legislação aplicável, tem o escopo
de proteger o princípio da dignidade da pessoa humana, bem como a norma insculpida no
Código de Defesa do Consumidor.
‘Compulsando os autos, nota-se a comprovação, pelos documentos acostados às fls. 42/43,
61, 69/74, 79/82 e 87, de descumprimento pelo Agravante da legislação aplicável,
implicando tal situação em imposição de sacrifícios físicos e morais aos clientes e usuários de
suas agências.
‘Assim, no caso dos autos, verifica-se que a tutela antecipada foi deferida ante a constatação
da verossimilhança das alegações da Agravada, bem como do perigo de dano traduzido na
violação de interesse social, em vista do descumprimento de Lei Municipal nº 2.712/05,
perpetrado pelo Agravante, razão pela qual há de ser mantida a douta decisão de primeiro
grau.
Não diverge a manifestação deste Tribunal:
'EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA - INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS - FILAS -
TEMPO DE ESPERA PARA ATENDIMENTO - LEGITIMIDADE ATIVA -
INTERESSE DE AGIR - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA - REQUISITOS - MULTA POR
DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. Incumbe ao Ministério Público, através
de ação civil pública, defender interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos,
quando indisponíveis. Por interesse de agir entende-se a necessidade e a utilidade da
intervenção dos órgãos estatais, a fim de se evitar um prejuízo que a parte sofreria caso não
intentasse a demanda. A antecipação de tutela, nos termos do art. 273, CPC, tem cabimento
quando o juiz, convencido da verossimilhança das alegações, diante da prova inequívoca dos
fatos, verifica a presença de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou o
abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu. A multa diária fixada
para o caso de descumprimento da ordem judicial tem o objetivo de forçar a parte a cumprir
a obrigação estipulada na decisão judicial, não tendo o objetivo de pagamento do seu valor.
Os ingleses dizem que os jurisdicionados não podem ser tratados “como cães,
que só descobrem que algo é proibido quando o bastão toca seus focinhos” (BENTHAM citado
por R. C. CAENEGEM, Judges, Legislators & Professors, p. 161). Portanto, vê-se que
não se busca pelo presente nenhuma aventura jurídica ou “absurda da situação” (fls.
573/574), mas o estancamento do descumprimento da lei pelo Apelado.
A-fortiori:
Não bastasse ser fato público e notório o descaso do BANCO em testilha. para
com legislação municipal em comento, diversas provas estão anexadas, demonstrando,
de forma inequívoca o descumprimento da “Lei da Fila”. Evidentemente que a
continuar o Apelado a descumprir a “Lei da Fila”, estará caracterizada a ocorrência de
danos irreparáveis aos consumidores em geral.
REQUER, ainda:
Nestes termos,