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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIRIETO DA ___ VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE _________________-____.

Processo n°________________

_____, brasileiro, solteiro, empregado rural, inscrito no CPF


sob o n°____________, RG de n°_______________ SSP-UF, residente e
domiciliado na _____, Vila _____, na cidade de _____ -UF, por seu advogad
infra firmado, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, no prazo
legal, apresentar:

DEFESA PRELIMINAR

Apoiando-se, para tanto, face aos seguintes fatos e


fundamentos assim alinhavados:

DA DENÚNCIA

O Douto Promotor denunciou _____, sob a suposta pratica


delitiva do arts. 213, 163 e    129, todos do Estatuto Penal.

DA PRIMEIRA PRELIMINAR

DO CRIME DE LESÃO.

Conforme se vê dos autos, a vítima não ofertou representação,


sendo assim, uma vez que decorrido mais de seis meses da data do fato,
decaiu o direito da vítima.

Nos crimes de ação penal pública condicionada, o titular da


ação é o Ministério Público, mas para que ele possa agir é necessário uma
representação do ofendido, pois sem ela não pode praticar o ato inicial do
processo, ou seja, o Promotor de Justiça não pode oferecer denúncia.

 A representação é a manifestação do ofendido, seja


pessoalmente, seja por intermédio de procurador, ao Juiz, Ministério
Público ou ao Delegado de Polícia, dando-lhes ciência do crime ocorrido e
pedindo-lhe que se instaure a persecução penal.

A representação pode ser feita por dois tipos: 1ª) Por


advogado, conforme definido no artigo 39, do CPP. 2ª) Por escrito ou
oralmente, mas se for oral deve ser reduzida a tempo pela autoridade.

Do cotejo dos autos, verifica-se então que a representação não


foi feira oralmente, uma vez que o próprio escrivão informou-a de que tinha
o prazo de 06 (seis) meses para propor a representação, caso quisesse.

Ou seja, mesmo estando a vítima ciente na própria delegacia


(folhas 10), de que as investigações somente teriam seu prosseguimento
com seu requerimento criminal, ou mediante representação, a mesma,
porém não o fez.

Sendo assim, não se pode aceitar e, nem considerar válida a


declaração “REQUERER O PROSSEGUIMENTO DAS INVESTIGAÇÕES”, vez
que dar prosseguimento não é representar. Eis, o que diz a doutrina:

“Mas para que tal exigência legal estivesse sido cumprida em


sua íntegra, necessário se faria que a representação estivesse integrada ao
corpo do Auto de Prisão em Flagrante Delito” .
(Prática de Processo Penal - Fernando da Costa Tourinho Filho,
pág. 45) e não em ato diverso.

Pois, do cotejo dos autos, verifica-se que o delito previsto no


art. 129, “caput” do Estatuto Penal, só se procede mediante Representação.

Sendo assim, como não houve oferecimento de requerimento


na fase policial, muito menos representação contra o Acusado, ausente
está a condição de procedibilidade.

Percebe-se que não houve representação expressa ou sequer


clara manifestação implícita que a vítima efetivamente pretendia
representar contra o Acusado, faltando, pois, condição de procedibilidade
da ação, devendo ser extinta a punibilidade, por decadência do direito de
representação, eis que decorrido lapso temporal superior ao prazo de seis
meses para as vítimas representar contra o Acusado.

Neste sentido sabias as decisões a seguir, in verbis:

PENAL. APELAÇÃO CRIME. HOMICÍDIO CULPOSO EM


CONCURSO FORMAL COM LESÃO CORPORAL CULPOSA, TRÊS VÍTIMAS,
SENDO UMA FATAL. 1. PRELIMINAR. DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE
REPRESENTAÇÃO EM RELAÇÃO AOS DELITOS DE AÇÃO CONDICIONADA.
CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 1.1.
Inexiste manifestação das vítimas que foram lesionadas no sinistro, em ver
instaurada ação penal contra o acusado. Nas oportunidades em que foram
ouvidas, nada foi dito nesse sentido, tampouco foi inquirido pelo Promotor
Público que se manteve silente quando da instrução processual. Mesmo
considerando a possibilidade de ausência de formalismo para o ato, há de
se ter presente a manifestação, inequívoca, de vontade do vitimado em ver
apurado o ilícito contra si perpetrado. 2. MÉRITO. HOMICÍDIO CULPOSO.
CONSTATADO EM PERÍCIA QUE O VEÍCULO CONDUZIDO PELA ACUSADO
ESTAVA SEM FREIOS. CULPA CARACTERIZADA. CONDENAÇÃO. 3.
DOSIMETRIA DA PENA. RECONHECIMENTO DA EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE EM RELAÇÃO AOS DELITOS DE LESÃO CORPORAL
CULPOSA. RETIFICAÇÃO DA PENA APLICADA. EXPURGO DO ACRÉSCIMO
RESULTANTE DA APLICAÇÃO DA REGRA DO CONCURSO FORMAL. 4.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA
REFORMADA. (Apelação nº 1416455200580600000, 1ª Câmara Criminal do
TJCE, Rel. Haroldo Correia de Oliveira Maximo. j. 23.02.2010).

HABEAS CORPUS. CRIME DE CALÚNIA PRATICADO CONTRA


SERVIDOR PÚBLICO NO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES. LEGITIMIDADE
CONCORRENTE PARA A PROPOSITURA DE AÇÃO PENAL. QUEIXA OU
REPRESENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE RIGOR FORMAL NA REPRESENTAÇÃO.
PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DOS
OFENDIDOS NÃO VERIFICADA. AUSÊNCIA DE CONDIÇÃO DE
PROCEDIBILIDADE PARA O OFERECIMENTO DE DENÚNCIA.
ILEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA OFERECER AÇÃO PENAL.
TRANCAMENTO DA AÇÃO. NÃO AJUIZAMENTO DE QUEIXA-CRIME.
DECURSO DO PRAZO DECADENCIAL DE SEIS MESES. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE PELA DECADÊNCIA. ORDEM CONCEDIDA. 1. Nos crimes
praticados contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas
funções, a legitimidade para propositura da ação penal é concorrente entre o
ofendido - mediante queixa - e o Ministério Público - condicionada à
representação da vítima, consoante preconiza o Enunciado nº 714 da
Súmula do Supremo Tribunal Federal. 2. Consoante entendimento
jurisprudencial, a representação, condição de procedibilidade da ação penal
pública condicionada, não exige maiores formalidades, bastando que a
vítima manifeste a vontade de que o autor do fato seja processado, sendo
aceitável o registro de ocorrência policial na Delegacia como manifestação
desse interesse pelo início da persecução penal. 3. Na espécie, constata-se
uma situação peculiar, em que não se pode conceber que o registro da
ocorrência policial revele a manifestação inequívoca das vítimas de
representar contra o paciente. Isso porque as vítimas do suposto crime de
calúnia são os policiais militares responsáveis pela prisão em flagrante do
paciente, os quais tinham por dever legal a comunicação da ocorrência, por
serem os condutores do flagrante. 4. A simples declaração narrativa dos
fatos pelos policiais militares/vítimas não caracteriza a manifestação
inequívoca de vontade de promover a persecução penal. 5. Não havendo
representação dos ofendidos, imperioso reconhecer a ausência de
legitimidade do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios para
oferecer denúncia em desfavor do paciente quanto ao crime de calúnia, por
faltar-lhe condição de procedibilidade, devendo, portanto, ser trancada a
ação penal. 6. Diante da ausência de representação ou de queixa dentro do
prazo decadencial de 06 (seis) meses, há de ser reconhecida a perda do
direito de ação pelo decurso do tempo e, por conseguinte, ser declarada
extinta a punibilidade, com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal. 7.
Habeas corpus admitido e ordem concedida para trancar a ação penal
quanto ao crime de calúnia e para extinguir a punibilidade pela decadência,
com fulcro no artigo 107, inciso IV, do Código Penal, em relação ao mesmo
delito. (Processo nº 2011.00.2.003409-3 (495130), 2ª Turma Criminal do
TJDFT, Rel. Roberval Casemiro Belinati. unânime, DJe 11.04.2011).

PENAL - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - LESÃO CORPORAL DE


NATUREZA LEVE - REPRESENTAÇÃO DA OFENDIDA - CONDIÇÃO DE
PROCEDIBILIDADE DA AÇÃO PENAL - RETRATAÇÃO - PRAZO
DECADENCIAL - REJEIÇÃO DA DENÚNCIA E EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
PELA DECADÊNCIA. 1. O delito de lesões corporais leves, praticado no
âmbito doméstico e familiar, é de natureza pública condicionada à
representação, devendo a ofendida exercer o seu direito dentro do prazo de 6
(seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime,
tratando-se de condição de procedibilidade da ação, sob pena de decadência
(art. 103 do Código Penal). 2. O simples fato de a Lei 11.340/06 ter criado
normas diferenciadas com o intuito de garantir maior proteção às mulheres
que sofrem violência doméstica e familiar, em momento algum, tornou
incondicionada a ação na hipótese de crime de ameaça ou de lesão corporal
previsto no art. 129, § 9º, do Código Penal. 3. Recurso improvido. (Processo
nº 2008.01.1.044294-7 (395152), 1ª Turma Criminal do TJDFT, Rel. João
Egmont. unânime, DJe 21.01.2010).

PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. OCORRÊNCIA. A


prescrição, causa de extinção da punibilidade, é matéria de ordem pública e
deve ser reconhecida a qualquer tempo, de ofício, e em qualquer grau de
jurisdição. (Apelação nº 0046099-50.2007.8.22.0501, 1ª Câmara Criminal
do TJRO, Rel. Zelite Andrade Carneiro. j. 02.06.2011, unânime, DJe
06.06.2011).

Sobre o valor da manifestação da ofendida, MARIA LÚCIA


KARAM registrou, em seu artigo Violência de gênero: o paradoxal
entusiasmo pelo rigor penal (Boletim do IBCCRIM, n. 168, p. 6, nov. 2006):

“Quando se insiste em acusar da prática de um crime e


ameaçar com uma pena o parceiro da mulher, contra sua vontade, está se
subtraindo dela, formalmente, seu direito e anseio a livremente se relacionar
com aquele parceiro por ela escolhido. Isso significa negar-lhe o direito à
liberdade de que é titular, por tratá-la como se coisa fosse, submetida à
vontade de agentes do Estado que, inferiorizando-a e vitimizando-a,
pretendem saber o que seria melhor para ela, pretendendo punir o homem
com quem ela quer se relacionar – e sua escolha há de ser respeitada, pouco
importando se o escolhido é ou não um "agressor" – ou que, pelo menos, não
deseja que seja punido.”

Nesse contexto, deve Vossa Excelência, com todo respeito que


lhe devota julgar extinto a punibilidade do Acusado, ante a manifestação de
representação da vítima, pois, não havendo a vítima concretizado no prazo
legal, sua intenção de representar, mesmo sendo advertida na própria
delegacia (folhas 10), deve-se ser julgada extinta a punibilidade pela
decadência.

DA SEGUNDA PRELIMINAR

QUANTO AO CRIME DE DANO

Melhor razão não assiste ao crime de dano. Trata-se de crime


de dano, tipificado no art. 163, caput, do Código Penal. Porquanto é a
presente Ação Penal de Iniciativa Privada.

Considerando que o prazo decadencial é de natureza material,


pois se qualifica como instituto de direito penal, e não instrumental, sua
contagem se subordina ao regrado pelo artigo 10 do Código Penal e enseja
a consideração do dia em que se verifica seu termo inicial, consoante se
afere do expressamente regrado por este dispositivo ao dispor o seguinte:

“Art. 10 – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.


Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.”

Implementa a perda do direito de ação privada, se a vítima


não o exercita no interregno legalmente assinalado, que, de acordo com o
preconizado por este dispositivo, flui a partir do dia em que tem ciência de
quem fora o protagonista do ilícito penal que o afligira.

A queixa crime nos crimes de Ação Penal Privada é uma das


condições da ação, não se permitindo o oferecimento de denúncia pelo
Ministério Público, por carecer de legitimidade ad causam e ad processum.

“Pode o ofendido exercer a queixa pessoalmente, desde que


possua capacidade postulatória, do contrário deverá fazê-lo por meio de
procurador, dotado de poderes especiais.” (Recurso Criminal nº
2009.021573-2, 1ª Câmara Criminal do TJSC, Rel. Marli Mosimann Vargas.
unânime, DJe 21.08.2009).

Verificado que entre a data em que a vítima tomou


conhecimento de quem foi o autor do crime e do oferecimento da queixa já
decorreram mais de 6 meses, decreta-se a extinção da punibilidade por
decadência do direito de queixa (RT 780/697).

Outro não é o entendimento da doutrina, in verbis:

“Já no que diz respeito ao dano, quando praticado na forma


simples, prevista no caput do art. 163, ou na hipótese do inciso IV de seu
parágrafo, somente se procede mediante queixa.”

(GOMES, Luiz Flavio; CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal.


vol.3. São Paulo: RT, 2008, p. 148.)

Engordando a fila doutrinária, se abstrai que:

“No processo penal, a decadência é causa extintiva da


punibilidade consistente na perda do direito de ação privada ou de
representação em decorrência de não ter sido exercido no prazo previsto em
lei (arts. 103 e 107, IV do CP). Decorrido o prazo legal sem oferecimento da
queixa ou representação, automaticamente estará extinta a punibilidade,
constituindo a instauração ou o prosseguimento do inquérito policial ou da
ação penal constrangimento ilegal sanável pela via do habeas corpus”.
(MIRABETE, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal
Interpretado. 11ª Ed. São Paulo. Editora Atlas S.A. – 2003. Pág. 167).

No caso em tela, o Acusado foi denunciado pelo Agente


Parquetiano como incurso no crime de dano, previsto no artigo 163 do
Estatuto Penal. No entanto, é necessário reconhecer que a ação penal é de
iniciativa privada, nos termos da lei penal. Nesse sentido, a ação penal
somente poderia iniciar através de queixa do ofendido, O QUE NÃO
OCORREU NO CASO CONCRETO. Sendo assim, uma vez que o direito de
queixa não foi exercido dentro do prazo legal pela vítima, dar-se-á extinção
da punibilidade do Acusado.

DO DIREITO

Em que pese o brilho das razões elencadas pelo denodado


Agente Parquetiano Substituto que assume o comando da denuncia
estampada às folhas dos autos, tem-se, que a mesma não deverá vingar em
seu desiderato mor, pois, fácil verificar que o Acusado não praticou os
delitos que lhe são irrogados de forma graciosa pela peça Portal Acusatória.
Portanto, impõe-se a absolvição por falta de provas.

Conforme será demonstrado no desenrolar do processo, as


provas até então coligidas, em que pese depor de forma deliberada contra o
Acusado, no sentido de incriminá-lo, não possui força suficiente, em si e
por si, para referendar qualquer veredicto adverso.

A denúncia da pratica delitiva, não se configura quando a


afirmação é proferida no calor da discussão.

A doutrina se manifesta da seguinte forma:

“... Também tem lugar a absolvição quando o juiz reconhece


“não haver prova da existência do fato. Nessa hipótese, embora com indícios
da ocorrência do ilícito se tenha instaurado a ação penal, não ficou
comprovada cumpridamente sua materialidade...”.

(Mirabete, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal


Interpretado. 9ª edição. 2001. Editora Atlas. página 1002).

Nas palavras sempre seguras do Desembargador Rubens


Bergonzi Bossay, o qual sempre dizia em suas decisões: “é melhor um
acusado solto, do que um inocente preso.”

PORTANTO, SE NÃO HÁ PROVAS DA EXISTÊNCIA DO DELITO,


SIGNIFICA QUE O ACUSADO NÃO COMETEU CRIME ALGUM.
FALAR E NÃO PROVAR É O MESMO QUE NÃO FALAR.
ORA, DENÚNCIAS GRAVES NÃO PODEM SER JOGADAS AO
VENTO.(1)

Em verdade, em verdade, a única voz    dissonante nos autos,


e que inculpa o Acusado pela prática do estupro, constitui-se na própria
vítima do tipo penal, a qual pelo artifício da simulação, intenta, de forma
insensata e desatinada incriminar o Acusado.
Entrementes, tem-se que o escopo da sedizente vítima, não
deverá vingar, visto que não conseguiu arregimentar uma única voz, isenta
e confiável - no caminhar do feito - a socorrer-lhe em sua absurda e leviana
acusação.

Se for expurgada a palavra da vítima, notoriamente parcial e


tendenciosa, nada mais resta a delatar a autoria do fato, tributado
aleatoriamente ao denunciado.

Outrossim, sabido e consabido que a palavra da vítima, deve


ser recebida com extrema reserva, de sorte que possui em mira, incriminar
o Acusado (ora seu antigo cunhado e cônjuge), mesmo que para tanto deva
criar uma realidade fictícia, logo inexistente agindo por vingança no calor
do desentendimento.

No mesmo quadrante é o magistério de HÉLIO TORNAGHI,


citado pelo Desembargador ÁLVARO MAYRINK DA COSTA, no acórdão
derivado da Apelação Criminal nº 1.151/94, 2ª Câmara Criminal do TJRJ,
cuja transcrição parcial afigura-se obrigatória, no sentido de colorir e
emprestar consistência as presentes razões:

"Tornaghi bem ressalta que o ofendido mede o fato por um


padrão puramente subjetivo, distorcido pela emoção e paixão. Nessa direção,
poder-se-ia afirmar que ainda que pretendesse ser isento e honesto, estaria
psicologicamente diante do drama que processualmente o envolve, propenso
a falsear a verdade, embora de boa-fé..."
(in, JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL: PRÁTICA FORENSE:
ACÓRDÃOS E VOTOS, Rio de Janeiro, 1999, Lumen Juris, página 19).

Fartando-se da doutrina, engorda a fila de entendimentos


jurisprudenciais, in verbis:

As declarações da vítima devem ser recebidas com cuidado,


considerando-se que sua atenção expectante pode ser transformadora da
realidade, viciando-se pelo desejo de reconhecer e ocasionando erros
judiciários (JUTACRIM, 71:306).
ROUBO. MAJORADO. EMPREGO DE ARMA E CONCURSO DE
AGENTES. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. ABSOLVIÇÃO. A palavra da vítima
depende de apoio no demais da prova. Reconhecimento policial precário e
dúbio. PROVA INCONSISTENTE. Conjunto probatório insuficiente a amparar
a condenação dos apelantes. In dubio pro reo. Absolvição que se impõe, com
base no art. 386, IV, do Código de Processo Penal. RECURSO PROVIDO.
(Apelação Crime nº 70040421489, 5ª Câmara Criminal do TJRS, Rel. Aramis
Nassif. j. 09.02.2011, DJ 16.03.2011).
[...] a palavra da vítima não é absoluta, cedendo espaço,
quando isolada, no conjunto probatório, diante dos princípios da presunção
de inocência e do in dubio pro reo. É o caso dos autos. [...] (Apelação nº
21154-7/2009, 1ª Câmara Criminal do TJBA, Rel. Lourival Almeida
Trindade. j. 01.09.2009).
APELAÇÃO CRIMINAL - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - RECURSO
DO MP PRETENDENDO A CONDENAÇÃO DO RÉU - ATENTADO VIOLENTO
AO PUDOR E ESTUPRO INADMISSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE
TESTEMUNHAS PRESENCIAS DO FATO. Palavras da vítima que não
encontram amparo nas provas produzidas, porquanto isoladas - É cediço que
nos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, a palavra da vítima é de
grande relevância, porque tais crimes quase sempre são praticados na
clandestinidade - Por tal fato, exige-se que as declarações prestadas sejam
firmes, seguras e coerentes, o que não ocorreu na espécie - Princípio basilar
do processo penal - Busca da verdade real - Não comprovada
satisfatoriamente a autoria delitiva imputada ao acusado, de rigor a
prolação de um decreto absolutório, por insuficiência de provas, aplicando-se
o princípio do in dubio pro reo - Apelo ministerial não provido mantendo-se a
r. sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos. (Apelação nº
9092768-74.2009.8.26.0000, 16ª Câmara de Direito Criminal do TJSP, Rel.
Borges Pereira. j. 04.10.2011, DJe 18.10.2011).

Desta forma, é de se concluir que não houve o delito de


estupro, pois o relacionamento que a vítima e o acusado mantiveram
sempre foi com o consentimento de ambas as partes.

NÃO PODE O JUDICIÁRIO FICAR DISTANTE DA REALIDADE


SOCIAL.

Barbosa Moreira, com a autoridade que se lhe reconhece,


preleciona que:

"...o processualista deve deixar de lado a lupa com que


perscruta os refolhos de seus pergaminhos e lançar à sua volta um olhar
desanuviado. O que se passa cá fora, na vida da comunidade, importa
incomparavelmente mais do que aquilo que lhe pode proporcionar a visão
especialista. E, afinal de contas, todo o labor realizado no gabinete, por
profundo que seja, pouco valerá de nenhuma repercussão externa vier a ter...
O processo existe para a sociedade e não a sociedade para o processo."
(Moreira, Barbosa. O juiz e a cultura. p. 12.)

Ademais, a condenação na arena penal exige certeza plena e


inabalável quanto a autoria do fato. Existindo dúvida, ainda que ínfima,
deve o julgador optar pela absolvição do réu. Nesta alheta é a mais
abalizada e lúcida jurisprudência, digna de decalque face sua extrema
pertinência ao caso submetido a desate:
“Embora verdadeiro o argumento de que a palavra da vítima,
em crimes sexuais, tem relevância especial, não deve, contudo, ser recebida
sem reservas, quando outros elementos probatórios se apresentam em
conflito com suas declarações. Assim, existindo dúvida, ainda que ínfima, no
espírito do julgador, deve, naturalmente, ser resolvida em favor do réu". (RT
681/330).
[...] a palavra da vítima não é absoluta, cedendo espaço,
quando isolada, no conjunto probatório, diante dos princípios da presunção
de inocência e do in dubio pro reo. É o caso dos autos. [...] (Apelação nº
21154-7/2009, 1ª Câmara Criminal do TJBA, Rel. Lourival Almeida
Trindade. j. 01.09.2009).
[...] Apesar de a palavra da vítima ter especial relevância nos
crimes praticados no âmbito de violência doméstica e familiar, estando o
depoimento da ofendida isolado nos autos e a versão do acusado compatível
com outras provas produzidas em juízo, de modo que a autoria reste
duvidosa, impõe-se a absolvição do agente, aplicando-se o princípio in dubio
pro reo. 3. Preliminar rejeitada. Apelo provido. (Processo nº
2008.09.1.010785-3 (466987), 2ª Turma Criminal do TJDFT, Rel. Arnoldo
Camanho de Assis. unânime, DJe 01.12.2010).
APELAÇÃO CRIMINAL - SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - RECURSO
DO MP PRETENDENDO A CONDENAÇÃO DO RÉU - ATENTADO VIOLENTO
AO PUDOR E ESTUPRO INADMISSIBILIDADE - INEXISTÊNCIA DE
TESTEMUNHAS PRESENCIAS DO FATO. Palavras da vítima que não
encontram amparo nas provas produzidas, porquanto isoladas - É cediço que
nos delitos de estupro e atentado violento ao pudor, a palavra da vítima é de
grande relevância, porque tais crimes quase sempre são praticados na
clandestinidade - Por tal fato, exige-se que as declarações prestadas sejam
firmes, seguras e coerentes, o que não ocorreu na espécie - Princípio basilar
do processo penal - Busca da verdade real - Não comprovada
satisfatoriamente a autoria delitiva imputada ao acusado, de rigor a
prolação de um decreto absolutório, por insuficiência de provas, aplicando-se
o princípio do in dubio pro reo - Apelo ministerial não provido mantendo-se a
r. sentença por seus próprios e jurídicos fundamentos. (Apelação nº
9092768-74.2009.8.26.0000, 16ª Câmara de Direito Criminal do TJSP, Rel.
Borges Pereira. j. 04.10.2011, DJe 18.10.2011).
APELAÇÃO CRIMINAL. ESTUPRO. ATENTADO VIOLENTO AO
PUDOR. RÉU ABSOLVIDO. IRRESIGNAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
VÍTIMA. DECLARAÇÕES DESPIDAS DE FIRMEZA SUFICIENTE AO AMPARO
DE DECRETO CONDENATÓRIO. MATERIALIDADE NÃO COMPROVADA. (...)
Situação presente nos autos, onde os dizeres da ofendida não oferecem a
segurança necessária à vinda de edito condenatório. Não tendo a vítima sido
submetida a exame clínico, em delito que deixa vestígios, prejudicada fica a
demonstração da materialidade do delito. Recurso não provido. (Apelação
Criminal nº 1.0024.06.150137-5/001(1), 2ª Câmara Criminal do TJMG, Rel.
Beatriz Pinheiro Caires. j. 07.08.2008, unânime, Publ. 27.08.2008).
CRIME CONTRA OS COSTUMES - ESTUPRO - AUSÊNCIA DE
PROVAS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE - PALAVRA DA VÍTIMA
CONTRADITÓRIA - ABSOLVIÇÃO - NECESSIDADE - SENTENÇA
REFORMADA. Estando a negativa de autoria corroborada pelas demais
provas dos autos, não havendo, lado outro, nenhum elemento probatório
capaz de comprovar a prática delitiva, impõe-se a absolvição do acusado.
(Apelação Criminal nº 1.0554.04.006011-9/001(1), 5ª Câmara Criminal do
TJMG, Rel. Maria Celeste Porto. j. 14.07.2009, unânime, Publ. 27.07.2009).

Demais, é sabido e consabido que cumpre ao órgão reitor da


denúncia, provar pormenorizadamente tudo quanto proclamou na peça
pórtica. Fracassando em tal missão - é a hipótese dos autos - a obra prima
pelo mesmo esculpida (denúncia), marcha, de forma inexorável à morte.

Destarte, todos os caminhos conduzem, a absolvição do


Acusado, frente ao conjunto probatório domiciliado à demanda, em si
sofrível e altamente defectível, para operar e autorizar um juízo de censura
e condenação contra o Acusado.

DO PEDIDO

Pelo fio do exposto, diante destas considerações, esperando a


prevalência do justo descortino e da afinada sensibilidade de Vossa
Excelência, requer:

1º - Que se digne em acolher as preliminares arguidas, para o


fim de extinguir as praticas delitivos estampados no artigo 163 e 129,
“caput” ambos do Estatuto Penal, declarando a extinção da punibilidade,
com o arquivamento do processo, sem julgamento do mérito;

2º - Outrossim, em relação à prática delitiva referente ao art.


213, provará o Acusado no caminhar dos autos sua inocência, por todos os
meios de provas em direito admitidos, sua inocência, mormente, pugna
pela juntada de documentos, perícias, oitiva das testemunhas da denúncia,
bem como, as arroladas a seguir:

1º - _____: Rua _____, nº _____ em _____ – telefone: _____;


2º - _____: Rua _____ (esquina), com a Rua _____ s/nº em
_____ - telefone: _____;
3º - _____: Rua _____, nº ___, em _____ – telefone _____.

Nestes termos, estando os autos com as peças e documentos


que o acompanham e, para que tudo se processe em forma legal, aguarda
absolvição do Acusado.
____________, ___ de __________ de 20__.

____________
OAB-UF/

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