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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 5º VARA

CRIMINAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ.

Processo nº: XXXXXX-XX

CAIO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG sob o nº XXXX, e domiciliado


na rua XXX, no nº XX, do bairro XXX, na cidade de XXX, por intermédio de seu procurador
devidamente constituído, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro
nos artigos 396 e 396 do Código de Processo Penal, apresentar a presente

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

pelos motivos de fato e direitos a seguir expostos.

Dos fatos

Ocorre que o acusado, é conhecido da vítima, José, que pretendia abrir um restaurante e
para tanto, encontrando-se sem dinheiro para realizar seu desejo, pediu para o acusado lhe
emprestasse os valores necessários para abrir o restaurante.
O acusado aceitou emprestar o valor, contanto que fosse feito uma nota promissória como
garantia, o que foi aceito pela vítima, firmando-se assim, ambas as partes, uma nota
promissória no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), com as devidas assinaturas feitas, fez
o acusado o empréstimo com o vencimento da nota para o dia 15 de maio de 2022.
Contudo ao chegar na data aludida, a vítima deixou de realizar o pagamento, levando o
acusado a ligar para a vítima para verificar o que havia acontecido, e tendo como resposta
que o valor seria pago dentro de uma semana, durante toda a ligação o acusado manteve a
calma e a cortesia, aceitando o recebimento para a próxima semana.
Deu-se o prazo de uma semana, e novamente sem o pagamento dos valores, o acusado liga
para a vítima, que lhe diz que o restaurante, motivo do empréstimo, não estava dando lucro, o
que estava impossibilitando o pagamento dos valores.Indignado, no dia de 04 de julho
comparece ao restaurante o acusado para receber os valores devidos, armado, e cobra a dívida
do empréstimo para a vítima que aterrorizada corre e chama a polícia.
Quando a polícia chegou já não estava mais o acusado no local, e instalou-se o inquérito
policial, posteriormente o acusado vai até a polícia e confirma os acontecimentos ocorridos.
O MP ao fim do inquérito instaurado denúncia o acusado pela prática de extorsão
qualificada pelo emprego de arma de fogo.
Sendo recebida a denúncia na data de 14 de Março de 2022, e devidamente citado o
acusado.
Sendo estes os fatos expostos.

Do mérito

A denúncia feita pelo MP tipificou a conduta do acusado com o crime previsto no art. 158,
o crime de estelionato, que é a conduta do agente que constrange alguém, mediante grave
ameaça ou violência, buscando obter vantagem econômica indevida.
Caracterizado o tipo, e com os fatos expostos, infere-se que não houve em momento
algum a ocorrência do crime de estelionato posto que não se verifica no presente caso, o
elemento de vantagem econômica indevida, posto que o valor cobrado pelo acusado era
devido e legítimo.
Houve de fato o empréstimo, comprovado pelos fatos, atestado pela existência da nota
promissória e de testemunhas que ouviram a cobrança da dívida feita pelo acusado. Havendo
a relação negocial, e o justo crédito do acusado não pode haver a configuração do crime de
estelionato, pois haveria falta de um elemento da conduta impossibilitando a tipificação do
crime.
Ocorreu, entretanto, a conduta prevista no artigo 345 do Código Penal, que é o exercício
arbitrário das próprias razões, posto que o acusado pretendia satisfazer sua pretensão
legítima.

Preliminar

Acolhida a mudança do tipo penal por verificar o enquadramento correto da conduta do


acusado no art. 345 e não no do art.158, alteram-se algumas questões relativas a legitimidade
para a propositura da ação, tratando-se de uma ação em que deve o ofendido proceder a
respectiva queixa e não o MP.
Manifesta-se então uma matéria que deve ser conhecida de ofício pelo juízo, podendo ser
alegada em qualquer tempo, por se tratar de matéria de ordem pública, posto que ocorreu a
decadência para a propositura da queixa por parte da vítima.
Havendo a decadência ocorre a extinção da punibilidade do agente nos termos do art. 107,
inciso IV do Código Penal.
Tendo ocorrido os fatos na data de 04 de junho de 2022 e como até o presente momento
não houve a queixa já ocorreu a decadência para a vítima.
Seguindo-se o julgado dos tribunais, conforme jurisprudência (grifos meus):

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES CONTRA A HONRA.


CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA (ARTS. 138, 139 E 140 DO CÓDIGO
PENAL). DECISÃO QUE REJEITOU A QUEIXA-CRIME.
1. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. JUSTIÇA GRATUITA. PLEITO DE
ISENÇÃO DAS CUSTAS PROCESSUAIS. COMPETÊNCIA AFETA AO
JUÍZO DA CONDENAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO NO PONTO.
2. IMPOSSIBILIDADE DA TRAMITAÇÃO EM SEGREDO DE
JUSTIÇA. REGRA CONSTITUCIONAL DE PUBLICIDADE DOS
PROCESSOS JUDICIAIS. AUSÊNCIA DE EXCEPCIONALIDADE.
3. PREJUDICIAL DE MÉRITO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA DECADÊNCIA. LAPSO
TEMPORAL SUPERIOR A SEIS MESES ENTRE A CIÊNCIA DA
AUTORIA DELITIVA ATÉ O OFERECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO.
EXEGESE DO ART. 103 DO CÓDIGO PENAL. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE DO AGENTE (ART. 107, INCISO IV, DO CÓDIGO
PENAL). ANÁLISE DO MÉRITO RECURSAL PREJUDICADA.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO. PRESCRIÇÃO DA
PRETENSÃO PUNITIVA RECONHECIDA.
(TJSC, Recurso em Sentido Estrito n. 5112788-85.2022.8.24.0023, do
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt
Schaefer, Quinta Câmara Criminal, j. 16-02-2023).

Dos pedidos

Pelos motivos e fatos expostos, pede-se que:

I) A absolvição sumária do acusado nos termos do art. 397, III do CPP.


II) O reconhecimento de ofício da incidência da decadência extinguindo-se a punibilidade
do acusado nos termos do art. 397, IV do CPP.
C) Requer também a produção de prova testemunhal para um melhor entendimento dos
fatos, chamando-se Joaquim e Manoel para a oitiva.

Nestes termos que


pede deferimento.
Rio de Janeiro, 16/03/2023

Lucas Vinicius da Costa Antonio


OAB/XXXXX

Testemunhas arroladas
Joaquim
Manoel

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