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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DA 40ª VARA CÍVEL DE CURITIBA –

PARANÁ

LEONARDO, já qualificado nos autos da ação que lhe move GUSTAVO, por
meio do advogado infra-assinado vem, com fundamento no art. 1009 do CPC, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

Em face de GUSTAVO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da


identidade sob n°, inscrito no Cadastro de Pessoa Física sob o nº, tendo endereço
eletrônico, residente e domiciliado na rua __, nº __, bairro __, CEP __, Curitiba – PR.

Com base nos artigos 1009 e seguintes do CPC/15, requerendo, na


oportunidade, que os recorridos sejam intimados para, caso queiram, ofereçam as
contrarrazões e, continuamente, que os autos, com as razões anexas, sejam remetidos
ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para os fins de mister.

Termos em que,

Pede o deferimento.

Curitiba, data

Advogado

OAB/UF
Apelante: Leonardo

Apelado: Gustavo

Origem: 40ª Vara Civil – Comarca de Curitiba

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

Eméritos Desembargadores,

I – Preliminarmente

Sentença extra petita;

Nulidade Processual.

Nobres julgadores, a sentença, ora apelada, proferida pelo a quo, trouxe à baila
matéria não trazida pela parte apelada ferindo o preceito da restrição da sentença aos
limites do pedindo, trazidos pelo CPC/15 nos artigos 141 e 492 conforme seguem:

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes,
sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito
à lei exige iniciativa da parte.

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da


pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em
objeto diverso do que lhe foi demandado.

Este é o entendimento do TRT da 3ª Região:


PROCESSO CIVIL. SENTENÇA EXTRA PETITA. NULIDADE
PROCESSUAL. CONFIGURAÇÃO. ARTS. ART. 141 E 492, NCPC
(ART. 128 E 460 DO CPC DE 1973. APELAÇÃO PROVIDA -O juiz deve
decidir a lide nos limites em que foi proposta, não podendo proferir
sentença de natureza diversa da pedida. - A sentença extra petita é
nula, porque soluciona causa diversa da que foi proposta em juízo.
-Precedentes dessa Corte. -Apelação provida.

(TRF-3 - AMS: 00043581320054036111 SP, Relator:


DESEMBARGADORA FEDERAL MÔNICA NOBRE, Data de
Julgamento: 06/09/2017, QUARTA TURMA, Data de Publicação: e-
DJF3 Judicial 1 DATA:21/09/2017)

II – BREVE HISTÓRICO

Gustavo ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de


indenização por dano material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão pastor
alemão de propriedade do vizinho. Segundo relato do autor, o animal que estava
desamarrado dentro do quintal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo
na face.

Em consequência do ocorrido, Gustavo alegou ter gastado R$3 mil em


atendimento hospitalar e R$2 mil em medicamentos. Gastos hospitalares foram
comprovados por meio de notas fiscais emitidos pelo hospital em que Gustavo fora
atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos
com medicamentos, alegando ter-se aquecido de pegá-los na farmácia. Leonardo,
devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por
provocação de Gustavo, que jogava pedras no cachorro.

Alegou, ainda, que ante a falta de comprovantes, não poderia ser computada na
indenização o valor gasto com medicamentos. Houve audiência de instrução e
julgamento na qual as testemunhas ou vidas declaram que a mureta da casa de
Leonardo media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, Gustavo atirava
pedras no animal antes do evento lesivo.

O juiz da 40º vara cível de Curitiba proferiu sentença condenado Leonardo a


indenizar Gustavo pelos danos materiais no valor de R$5 mil, sob o argumento de que
o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a
quantia que o autor alegara ter gastado com medicamentos. Pelos danos morais
decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leonardo foi condenado a
pagar indenização no valor de R$6 mil. A sentença foi publicada e após uma semana,
Leonardo, não se conformado com a sentença, procurou advogado.

III – RAZÕES DA REFORMA

Fez-se provada através de testemunhas, em fazer de instrução, o nexo de


causalidade entre a conduta do agente e o ocorrido. Onde pesa contra este o fato de
estar atirando pedras no animal, fazendo-se, assim, comprovando a culpa do apelado
conforme dita o artigo 936 do Código Civil:

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por


este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

O apelado em inicial pede ressarcimento da importância de R$2000,00 (Dois mil


reais) por questão dos gastos com remédios, não comprovados no curso do processo.
Dano material não se presume, se incumbe quem alegou prová-lo conforme artigo 373
Código de Processo Civil:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - Ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;

Assim entende o TJRJ:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS. CONTRATO DE TRANSPORTE. ALEGAÇÃO
DE VÍCIO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO NÃO CONFIGURADA.
DANOS MATERIAIS NÃO COMPROVADOS. DANOS MORAIS
INOCORRENTES. SENTENÇA MANTIDA. A parte autora pede
provimento ao recurso, para reformar a sentença que julgou
improcedente a presente ação indenizatória. Hipótese em que não
comprovada falha na prestação do serviço, em razão da inexistência de
prova de que um dos volumes da mercadoria transportada não foi
entregue. Artigo 333, inciso I do CPC. Ausência de prova fatos
constitutivos do direito do autor. Danos materiais não comprovados.
Danos morais inocorrentes. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº
71005537832, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais,
Relator: José Ricardo de Bem Sanhudo, Julgado em 29/10/2015).

(TJ-RS - Recurso Cível: 71005537832 RS, Relator: José Ricardo de


Bem Sanhudo, Data de Julgamento: 29/10/2015, Primeira Turma
Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia
03/11/2015.

IV – DOS PEDIDOS

a) Requer deferimento da nulidade da sentença extra petita, prolatada pelo


juízo ad quo;

b) O conhecimento e o provimento do presente recurso para reforma da


sentença para afastamento da responsabilidade civil do apelante;

c) Na remota hipótese de não afastamento da responsabilidade civil do apelante,


a condenação somente dos danos hospitalares comprovados.

Termos em que,

Pede o deferimento.

Curitiba, data

Advogado

OAB/UF

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