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ESTADO DO TOCANTINS

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESA. ÂNGELA PRUDENTE

APELAÇÃO Nº 0000294-98.2018.827.0000

REFERENTE: AÇÃO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS Nº


0003263-28.2015.827.2737 – JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DE PORTO NACIONAL-TO
APELANTE: ANA ELIZA APARECIDA DA SILVA FRANZONI
ADVOGADO: GUSTAVO CHAVES FERREIRA
APELADA: NOVAIS E GONÇALVES LTDA.
ADGOVADA: ANDRÉA DO NASCIMENTO SOUZA
RELATOR: Juiz GILSON COELHO VALADARES – em substituição

EMENTA: APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS E MATERIAIS. PEDIDO DE CONCESSÃO DA
GRATUIDADE DA JUSTIÇA. DESNECESSIDADE DE PREPARO
RECURSAL. CONHECIMENTO. HIPOSSUFICIÊNCIA
DEMONSTRADA. BENESSE CONCEDIDA. JULGAMENTO
ANTECIPADO DO FEITO. DESINTERESSE NA DILAÇÃO
PROBATÓRIA. CERCEAMENTO DE DEFESA INOCORRENTE.
APLICAÇÃO DOS EFEITOS DA REVELIA. AUSÊNCIA DE
ADVOGADO CONSTITUÍDO EM AUDIÊNCIA DE
CONCILIAÇÃO. DESCABIMENTO.
1. O caso em comento autoriza o recebimento do recurso
independentemente de preparo, tendo em vista que o mérito da
concessão ou não do benefício da assistência judiciária será objeto de
análise neste grau de jurisdição.
2. Presentes os indicativos de impossibilidade de pagamento das
custas processuais sem prejuízo do sustento próprio pela autora, aliada
à completa ausência de provas, ou mesmo indícios, em sentido
contrário, defiro a gratuidade da Justiça à autora.
3. Se a autora desistiu expressamente da produção de prova, não pode
alegar cerceamento de defesa, pois, não restou ao magistrado outro
caminho senão a decisão da causa, mormente, diante de sua livre
convicção motivada com respaldo no conjunto probatório existente.
4. O comparecimento na audiência de conciliação, sem advogado
constituído, não autoriza a decretação da revelia, ainda mais quando o
ofício que determinou a citação estabeleceu prazo para apresentação
da contestação a partir daquele ato processual. A sanção cabível pela
ausência injustificada na audiência de conciliação é a multa prevista
no art. 334, § 8º do CPC e não a revelia.
VÍCIO NO PRODUTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
TELHAS E CUMEEIRAS COM GOTEIRAS. ALEGAÇÃO DE
CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR. NÃO
COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO FORNECEDOR. DANOS
MATERIAIS. MONTANTE A SER CALCULADO SOBRE OS
PRODUTOS QUE EFETIVAMENTE APRESENTARAM O VÍCIO.
DANOS MORAIS VERIFICADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO

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FIXADO. RAZOABILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE


PROVIDO.
5. Narra a autora que adquiriu do requerido 140 m² de telhas e
cumeeiras. Entretanto, após algum tempo da instalação apresentaram
defeito consubstanciados em goteiras decorrentes da chuva.
6. Deflui-se do art. 18 do Código de Defesa do Consumidor que “Os
fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade
que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor [...]”.
7. Não obstante a inversão do ônus da prova não tenha sido deferida
nos autos, a partir do ponto em que o defeito é incontroverso e a
requerida aventou a hipótese de culpa exclusiva do consumidor, o
ônus da prova recai sobre aquele (demandado) na condição de
fornecedor do produto, por expressa disposição legal (art. 12, § 3º, do
CDC).
8. Conforme manifestado em réplica pela própria autora/apelante: “O
problema se deu, por enquanto, em algumas telhas [...]”, bem como
constatável pela análise das fotos, não foram todos os produtos que
apresentaram defeito, sendo defeso intentar a restituição integral do
valor pago pelos mesmos, sob pena de enriquecimento sem causa.
9. É evidente a frustração da expectativa da consumidora em adquirir
telhas e cumeeiras para cobertura de sua residencia e, após a
instalação de todo o material, é surpreendida com o vício do produto
que ocasiona goteiras advindas das águas da chuva.
10. Considerando as circunstâncias do caso, às condições das partes,
pautada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade,
entendo que a quantia de R$ 10.000,00 é apta a ressarcir o abalo
vivenciado pela parte autora.
11. Recurso conhecido e parcialmente provido, para reformar a
sentença da origem e condenar o requerido ao pagamento de
indenização material relativa às telhas defeituosas, que serão apuradas
em liquidação de sentença, bem como para condenar o requerido ao
pagamento de indenização moral de R$ 10.000,00, com correção
monetária pelo INPC desde o arbitramento (súmula 362/STJ) e juros
demora de 1% a.m. desde a citação (art. 405 do CC/02).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, sob a Presidência em exercício do Excelentíssimo Senhor Desembargador Ronaldo
Eurípedes de Souza, acordaram os componentes da 3ª Turma da 2ª Câmara Cível deste
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, por unanimidade de votos, em
CONHECER do apelo e DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO para reformar a sentença e
condenar a ré Novais e Gonçalves Ltda., ao pagamento de indenização material relativa às
telhas defeituosas, que serão apuradas em liquidação de sentença, condenando-a, ainda, ao

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pagamento de indenização a título de danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais),
com correção monetária pelo INPC desde o arbitramento (súmula 362/STJ) e juros de mora
de 1% a. m. desde a citação (artigo 85, § 11, do CPC), nos termos do voto do Relator.

Votaram acompanhando o Relator o Desembargador Ronaldo


Eurípedes de Souza e o Juiz Adonias Barbosa da Silva.

Representando o Ministério Público nesta Instância compareceu o


Promotor de Justiça Pedro Evandro de Vicente Rufato.

Palmas/TO, 05 de dezembro de 2018.

Juiz GILSON COELHO VALADARES


Relator em substituição

Assinado de forma digital por GILSON COELHO VALADARES


Data: 12/12/2018 15:02:27
DN: cn=gilson coelhoAp nº – 0000294-98.2018.827.0000
valadares:13380,ou=magistrado,ou=tribunal Página 3 de 3

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