Você está na página 1de 13

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIO

Proc. 0729779-23.2019.8.07.0001

ACADEMIA ESPORTIVA STATUS EIRELI – Me, ENEIDA DE PAULA


MATHIAS e CESAR ROGERIO MATHIAS, já qualificados nos autos em epígrafe,
por meio de seu representante legalmente constituído, vem à presença de
Vossa Excelência, interpor

RECURSO ESPECIAL

contra o acórdão em apelação prolatado nestes autos, com base na alínea “a”
do inciso III do art. 105 da Constituição Federal e arts. 1.029 e seguintes do
CPC, haja vista razões de fato e direito expostas, requerendo que o mesmo
seja admitido, na forma da Lei.

Após o regular processamento requer seja remetido o presente ao Superior


Tribunal de Justiça.

Nesses temos, pede deferimento.

Brasília, 13 de outubro de 2022

PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES


OAB/DF 19.336.

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF 36.086
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
COLENDA TURMA
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DA TURMA
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

O presente recurso é tempestivo. Da decisão contida no acórdão da


apelação foram interpostos embargos de declaração que foram conhecidos e
no mérito desprovidos, cuja decisão foi disponibilizada em 21.09.2022,
publicado em 22.09.2022, dessa forma, o inicio do prazo para apresentação
do presente recurso se deu em 23.09.2022 e terminando em 14.10.2022.

Assim, em conformidade com o disposto no art. 219 do CPC, que


prevê a contagem dos prazos somente em dias úteis, tem-se que é
tempestivo o presente recurso especial.

EXPOSIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS RELEVANTES

Foi proposta ação de cobrança pela recorrida em que aduziu que após
apresentação de ação de despejo foi determinada a desocupação pela
primeira recorrente do imóvel objeto de locação no dia 11.02.2019 o que
ocorreu. No entanto a recorrente alega que o bem imóvel foi deixado fora de
condições de uso.

Alega que em 12.02.2019 tomou ciência da retirada da primeira


recorrente e que requereu a reintegração de posse e requereu que a
diligência fosse realizada por meio de oficial de justiça que atestasse as
condições do imóvel. Aponta que fez intervenções no imóvel e requereu
assim o pagamento do montante de R$ 76.803,00.

A recorrida falseou os contornos fáticos da relação dentre as partes


que busca se enriquecer ilicitamente em face dos recorrentes
Excelências, a primeira recorrente, nos autos da ação de despejo, na
petição de ID n. 46063707 (pág. 03 e ss.), de absoluta boa fé, noticiaram aos
autos que, por razões técnicas, foi necessário romper uma parede do
estabelecimento, além de outros danos, minuciosamente explicitados na
petição e nos anexos.

Diante disso, os recorrentes requereram dilação de prazo exatamente


para promover o reparo do que foi demolido, objetivando entregar o bem
imóvel na condição em que foi concedido. No entanto, a recorrida se recusou
a fornecer prazo adicional e concordou em receber o imóvel nas condições
em que se encontrava à época, em meio a obra de reconstrução já iniciada.

Trata-se, portanto, de remissão da dívida, cujo ressarcimento foi


renunciado pelo credor, que agora adota conduta contraditória ao pretender
a reparação dos supostos danos.

Nesse sentido, Excelência, nota-se que a recorrida não ignorava a


situação do imóvel à época, pelo contrário, sabia da extensão dos danos e
das tentativas dos manifestantes em reparar o estabelecimento com o
objetivo de entregar nas condições em que lhe foi entregue. No entanto,
recusou a oferta das partes de terminar os reparos e, assim, renunciou
tacitamente ao seu direito de ter o imóvel entregue nas condições anteriores,
vez que queria a sua reintegração na posse incondicionalmente. Assim, não
há nenhum debito devido.

Ocorre, Excelências, que para surpresa dos recorrente houve


julgamento procedente dos pedidos carreados na inicial:

III – Dispositivo

Ante o exposto, ao tempo em que resolvo o mérito da


lide, com lastro o art. 487, I, do CPC, ACOLHO
PARCIALMENTE A PRETENSÃO INICIAL para
condenar solidariamente os réus ao pagamento do valor
de R$ 68.204,50 (sessenta e oito mil duzentos e quatro
reais e cinquenta centavos), com correção monetária,
pelo INPC, da data da confecção do laudo, e juros
moratórios de 1% ao mês da citação.

Diante da causalidade e da sucumbência mínima da


parte autora, condeno a parte ré ao integral pagamento
das custas processuais, gastos com perícia e
honorários advocatícios, fixados em 10% da
condenação (CPC, art. 85, §2o).

Após o trânsito em julgado, satisfeita a obrigação e não


havendo outros requerimentos, dê-se baixa e arquivem-
se os autos, com as cautelas de estilo.

Sentença prolatada em atuação no Núcleo


Permanente de Gestão de Metas do Primeiro Grau –
NUPMETAS -1.

Sentença registrada nesta data. Publique-se. Intimem-


se.

Excelências, a referida sentença foi objeto de apelação que foi julgada


improcedente conforme ementa abaixo:

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. LOCAÇÃO DE


IMÓVEL COMERCIAL. INADIMPLEMENTO. PEDIDO DA
LOCADORA DE IMISSÃO NA POSSE DO IMÓVEL.
DEFERIMENTO. REMISSÃO TÁCITA NÃO
CONFIGURADA. PERIGO DE DANO OU INVASÃO. 1.
Mostra-se adequada a imissão na posse do bem, pelo
locador, se o imóvel locado está em total situação de
abandono, sendo passível, inclusive, de invasão por
terceiros. 2. Inexistindo nos autos elementos aptos a
demonstrar que a locadora teve a intenção de conceder
perdão do débito decorrente das avarias existentes no
imóvel, inviável o acolhimento da tese da locatária, de
que houve remissão tácita da dívida. 3. Recurso
conhecido e desprovido.

(Acórdão 1405822, 07297792320198070001, Relator:


SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO, 6ª Turma
Cível, data de julgamento: 16/3/2022, publicado no
DJE: 22/3/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Em face do referido acórdão foram manejados embargos de declaração


que foram conhecidos e desprovidos conforme ementa abaixo apontada:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSENTE.
ARTIGO 1.022 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
VÍCIO INEXISTENTE. LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ.
INOCORRÊNCIA. 1. Consoante artigo 1.022 do Código
de Processo Civil, os Embargos de Declaração não
destinam a submissão da matéria a reexame, mas ao
esclarecimento de questões obscuras ou contraditórias,
à correção de erro material, bem como para suprir
qualquer omissão sobre a qual deveria pronunciar-se o
juiz ou tribunal. 2. Não estando configurados os vícios
previstos no artigo 1.022 do Código de Processo Civil,
mostra-se impositiva a rejeição dos embargos. 3. Para a
condenação pela prática da litigância de má-fé, faz-se
necessária a prova inconteste de que a parte incorreu
em quaisquer das condutas descritas no artigo 80 do
CPC, além da existência de elementos atinentes ao ato
doloso e da ocorrência de prejuízo processual. 4.
Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

(Acórdão 1614690, 07297792320198070001, Relator:


SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO, 6ª Turma
Cível, data de julgamento: 8/9/2022, publicado no
DJE: 22/9/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Diante do esgotamento da jurisdição do Tribunal de Justiça do


Distrito Federal e dos Territórios e da incidência das normas dispostas no
artigo 105, III, a da Constituição Federal é que se interpõe o presente
recurso especial com vistas a ver a correta aplicação da lei federal, conforme
as razões a seguir demonstradas.

DO APONTAMENTO DE ERRO DE JULGAMENTO DA DECISÃO


RECORRIDA.
Excelências, a Turma julgadora decidiu em sob premissas que
violaram lei federal em evidente equívoco que deu azo a interposição de
recurso de embargos de declaração tendo em vista omissão quanto aos
fundamentos jurídicos que fundamentaram a pretensão do recorrente:
Houve remissão de qualquer debito após a devolução do bem pela recorrida
que busca enriquecer-se ilicitamente e a cobrança se mostra um
comportamento contraditório no caso em comento.

DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL


Conforme demonstrado nas razões abaixo, o presente Recurso
Especial é cabível pela alínea “a” do inciso III do art. 105 da Constituição
Federal em razão da violação do seguinte dispositivo de lei federal: artigos
113 e 422 do CPC.
Ademais, houve a violação dos arts. 1.022 do Código de Processo Civil
no momento em que o Tribunal de Origem deixou de analisar a omissão e a
contradição. Assim, houve negativa de vigência a este artigo.

Do prequestionamento dos artigos violados


Foi suscitada a questão referente a conduta da recorrida que perdoou
qualquer eventual debito e após cobra em juízo em conduta contraditória
que é rechaçada pelo ordenamento jurídico.
Em razão da decisão da Turma Cível do TJDFT de não enfrentar a
questão suscitada, foram opostos embargos de declaração
instrumentalizando prequestionamento da matéria, com o escopo de ter
enfrentada a questão controvertida.
O Tribunal conheceu dos embargos, mas negou-lhes provimento, nos
seguintes termos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. AUSENTE.


ARTIGO 1.022 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
VÍCIO INEXISTENTE. LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ.
INOCORRÊNCIA. 1. Consoante artigo 1.022 do Código
de Processo Civil, os Embargos de Declaração não
destinam a submissão da matéria a reexame, mas ao
esclarecimento de questões obscuras ou contraditórias,
à correção de erro material, bem como para suprir
qualquer omissão sobre a qual deveria pronunciar-se o
juiz ou tribunal. 2. Não estando configurados os vícios
previstos no artigo 1.022 do Código de Processo Civil,
mostra-se impositiva a rejeição dos embargos. 3. Para a
condenação pela prática da litigância de má-fé, faz-se
necessária a prova inconteste de que a parte incorreu
em quaisquer das condutas descritas no artigo 80 do
CPC, além da existência de elementos atinentes ao ato
doloso e da ocorrência de prejuízo processual. 4.
Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

(Acórdão 1614690, 07297792320198070001, Relator:


SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO, 6ª Turma
Cível, data de julgamento: 8/9/2022, publicado no
DJE: 22/9/2022. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Resta, então, devidamente prequestionada a matéria que habilita o


processamento deste pedido contido neste recurso.

DO FILTRO DE RELEVÂNCIA

Conforme instituído pela EC 125, o presente recurso atende o


presente filtro, uma vez que discute um tema de grande relevância de direito
federal infraconstitucional consubstanciado na vedação do comportamento
contraditório e consequentemente da violação da boa-fé objetiva que se trata
de comporta rechaçado pelo ordenamento jurídico, portanto, atende ao
estabelecido na EC 125.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA REFORMA DA DECISÃO

Da violação aos artigos 113 e 422 do CPC.

Excelências, conforme já suscitado em todas as peças até agora


apresentados nos autos os recorrentes, de absoluta boa fé, noticiaram aos
autos que, por razões técnicas, foi necessário romper uma parede do
estabelecimento, além de outros danos, minuciosamente explicitados na
petição e nos anexos.

Diante disso, requereu dilação de prazo exatamente para promover o


reparo do que foi demolido, objetivando entregar o bem imóvel na condição
em que foi concedido. No entanto, a recorrida se recusou a fornecer prazo
adicional e concordou em receber o imóvel nas condições em que se
encontrava à época, em meio a obra de reconstrução já iniciada.

Trata-se, portanto, de remissão da dívida, cujo ressarcimento foi


renunciado pelo credor, que agora adota conduta contraditória ao pretender
a reparação dos supostos danos diferente do indicado em sentença.

A decisão ora recorrida não abordou ponto relevante,


consubstanciado na não análise fundamentação ventilada acerca da
ocorrência de venire contra factum proprium suscitada pela recorrente.

Conforme se extrai da decisão, a respeitável decisão delimitou sua


análise fundada no fato de que a retomada do imóvel decorreu do estado do
bem, o que poderia dar ensejo à ocupação da loja por estranhos. Ocorre,
Excelências, a decisão recorrida não considerou o ponto alusivo ao fato de
que a recorrida se comportou de maneira contraditória, haja vista que:

1. Após desocupar o imóvel, a recorrente imediatamente iniciou as


reformas no imóvel;
2. Logo após vencer o prazo estabelecido para entrega do imóvel e
sem que a reforma tenha concluído, a recorrente, de absoluta boa-
fé objetiva, manifestou-se demonstrando o estado do imóvel por
meio de fotos e requerendo dilação do prazo a fim de entregar o
imóvel reformado;
3. Na referida manifestação, a recorrente informa de maneira clara e
objetiva que, ipsis litteris, “Informa-se que a obra de reconstrução
já está em andamento, e, caso a parte autora não queira a
conclusão da obras, mas sim que o imóvel seja entregue nas
condições atuais, há a possibilidade de que entre em contato com
o procurador da parte ré para que seja formalizada a entrega das
chaves.”;
4. E de tal maneira se comportou a recorrida, recusando conceder
prazo adicional e concordando em receber o imóvel nas
condições em que se encontrava à época, fato que interrompeu e
impediu o prosseguimento da reforma para entrega do imóvel na
condição em que recebeu;
5. Portanto, diante da proposta expressa na manifestação da
recorrente, a recorrida concordou em receber o imóvel imediata e
incondicionalmente nas condições em que se encontrava,
renunciando o direito de receber o imóvel reformado,
portanto, concordou com a entrega do bem imóvel sem
intervenções;
6. No entanto, a recorrida, aproveitando-se da situação, realizou toda
a reforma que queria, ultrapassando o que constava no termo de
vistoria, para que posteriormente cobrasse todo o valor da
recorrente, tal conduta é de flagrante oportunismo por parte da
recorrida.

Assim a recorrida se comportou de maneira contraditória, ao


recusar e interromper a reforma já em andamento do imóvel, exigindo
imissão imediata e incondicional para posteriormente exigir ressarcimento
dos gastos da reforma recusada outrora, caracterizando verine contra factum
proprium, conduta proibida no ordenamento jurídico brasileiro:

APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. COMPRA E VENDA


DE IMÓVEL. PEDIDO DE RESOLUÇÃO. PRELIMINAR.
JULGAMENTO ULTRA PETITA. INEXISTÊNCIA. MÉRITO.
COMISSÃO DE CORRETAGEM. REGRA GERAL. VALIDADE.
CASO CONCRETO. DEVER DE INFORMAÇÃO. VIOLAÇÃO.
TRANSFERÊNCIA DO ENCARGO. ABUSIVIDADE. RESP
1599511/SP. RECURSO REPETITIVO. REQUISITOS NÃO
OBSERVADOS. DEVOLUÇÃO EM DOBRO.
IMPOSSIBILIDADE. MÁ-FÉ NÃO DEMONSTRADA.
RESOLUÇÃO CONTRATUAL. CAUSA DE PEDIR. ATRASO NA
ENTREGA. MOTIVAÇÃO ANTERIOR. CONSTATAÇÃO.
AUSÊNCIA DE RECURSOS FINANCEIROS.
COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO. VEDAÇÃO. BOA-FÉ
OBJETIVA. MANUTENÇÃO. RETENÇÃO DE VALORES
POSSIBILIDADE. INVERSÃO DE MULTA CONTRATUAL.
TESE PREJUDICADA. 1. É vedado ao magistrado proferir
julgamento de mérito fora dos limites estabelecidos pela lide,
sendo inadmissível o julgamento citra, ultra ou extra petita,
conforme previsto nos artigos 141 e 492 do Código de
Processo Civil. 2. Verificando-se que a sentença objurgada
não determina a retenção de valores no percentual de 25%,
mas apenas reconhece a ausência de abusividade até tal
patamar, determinando, na sequência, a observância das
disposições contratuais, que preveem dedução de 20%, não
há que se falar em vício de julgamento ultra petita no
decisum. 3. Nos termos do que restou definido no âmbito do
julgamento do REsp 1599511/SP, submetido ao rito dos
recursos repetitivos, é valida a cláusula contratual que
transfere ao promitente-comprador a obrigação de pagar a
comissão de corretagem nos contratos de promessa de
compra e venda de unidade autônoma em regime de
incorporação imobiliária, desde que previamente informado o
preço total da aquisição da unidade autônoma, com o
destaque do valor da comissão de corretagem. Violado o
dever de informação nos termos fixados, há que se
reconhecer a abusividade na cobrança. 4. A devolução em
dobro de valores, nos termos do art. 42 do Código de Defesa
do Consumidor, exige, dentre outros requisitos, a
comprovação de má-fé, que não se confunde com falha na
prestação do serviço, de modo que, ausente a efetiva prova de
sua ocorrência, eventual condenação deve observar a forma
simples. 5. Evidenciada expressa manifestação de vontade
da promissária compradora no sentido de se resilir o
contrato de promessa de compra e venda de imóvel em
razão da ausência de recursos financeiros para
concretizar o financiamento imobiliário em momento
anterior ao ajuizamento da ação, que tem como causa de
pedir o atraso na entrega da obra, há que se preservar a
real motivação em atenção à boa-fé objetiva que rege os
contratos e à vedação ao comportamento contraditório
(venire contra factum proprium). 6. Apelação conhecida,
preliminar rejeitada e, no mérito, parcialmente provida.
(Acórdão 1278163, 00016072020168070001, Relator:
SIMONE LUCINDO, 1ª Turma Cível, data de julgamento:
2/9/2020, publicado no DJE: 9/9/2020. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

Por outro lado, é de fácil observação a absoluta lealdade, probidade


e boa-fé ao cumprimento de seus deveres contratuais por parte da
recorrente que, mesmo em difícil condição financeira à época, esforçava-se
para entregar no prazo legal o imóvel reformado na condição em que
recebeu.

Dessa forma, compreende-se que um ponto relevante dessa questão


foi omitido na decisão exarada por Vossa Excelência, porquanto a ocorrência
de comportamento contraditório, visto que evidenciada a expressa
manifestação de vontade da recorrida no sentido de recusar a realização da
reforma do imóvel em momento anterior ao ajuizamento da ação que tem
como causa de pedir dano material em decorrência da reforma não
realizada. Trata-se de manifesta remissão da dívida, pensar de forma
contrária viola os dispositivos que prevê a boa-fé objetiva previsto no Código
Civil nos artigos 113 e 422 do CC

Dessa forma, deve ser reformado o acórdão recorrido sob pena de


violação ao art. 113 e 422 do CC.

Da violação do artigo 1.022 do Código de Processo Civil


Conforme referido, em que pese a apresentação dos Embargos de
Declaração prequestionadores, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios entendeu que não havia contradição ou omissão no acórdão
recorrido, apontando que o acórdão foi devidamente fundamentado.
É a redação do art. 1.022 do Código Processual Civil.
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra
qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual
devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em incidente de
assunção de competência aplicável ao caso sob
julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art.
489, § 1o.

Neste ponto o Tribunal negou vigência do artigo 1.022 por não sanar
as contradições apontadas. O acórdão deixou de apreciar questões
relevantes trazidas na argumentação do recorrente e que não foram
abordadas no respeitável voto do eminente Relator e que são determinantes
para a solução da controvérsia consubstanciadas no comportamento
contraditório da recorrida.
Responder e fundamentar tais argumentos constitui requisito de
validade da decisão judicial e, com todo o respeito, isso não se materializou
na decisão que foi objeto de embargos.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a. o conhecimento do presente recurso em razão da violação direta da
Lei Federal, hipótese prevista na alínea “a” do inciso III do art. 105 da
Constituição Federal, e seu provimento para declarar a violação dos
seguintes dispositivos de lei federal: artigos 113 e 422 do CC e art.
1.022 do CPC;
b. Em se declarando a incidência da aplicação supra, que se reforme o
acórdão de origem a fim de que seja julgado improcedente os pedidos
da recorrida;
c. A condenação da ré em custas e horários recursais, nos termos do
art. 85 do Código Civil.
Nesses Termos, Pede Deferimento.
Brasília, 14 de outubro de 2020
PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES
OAB/DF 19.336.

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF 36.086

Você também pode gostar