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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIO

Proc. 0725346-10.2018.8.07.0001

PLÁSTICA PRIME CLÍNICA MÉDICA LTDA, já qualificado nos autos em


epígrafe, por meio de seu representante legalmente constituído, vem à
presença de Vossa Excelência, interpor

RECURSO ESPECIAL

contra o acórdão em apelação prolatado nestes autos, com base na alínea “a”
do inciso III do art. 105 da Constituição Federal e arts. 1.029 e seguintes do
CPC, haja vista razões de fato e direito expostas, requerendo que o mesmo
seja admitido, na forma da Lei.

Após o regular processamento requer seja remetido o presente ao Superior


Tribunal de Justiça.

Nesses temos, pede deferimento.

Brasília, 07 de outubro de 2021

PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES


OAB/DF 19.336.

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF 36.086
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
COLENDA TURMA
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES MINISTROS DA TURMA
DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Autos nº 0725346-10.2018.8.07.0001
Recorrente: PLÁSTICA PRIME CLÍNICA MÉDICA LTDA
Recorrido: LUCIANA CAIXETA DE MELO BORGES

EXPOSIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS RELEVANTES

Trata-se de ação de indenização por danos materiais, morais e estéticos em


face da ora recorrente em que pretendeu: “- Seja recebida a presente Ação de
Indenização por Danos Morais, Materiais e Estéticos, com pedido de tutela de
urgência para exibição de documentos, bem como todas as peças que a instruem;- A
condenação dos réus a título de restituição de todo prejuízo material causado à
autora, sendo o valor das cirurgias realizadas atualizadas até a sentença; - A
condenação dos réus ao pagamento de novo procedimento cirúrgico reparador
estético em local de confiança da autora; - A condenação dos réus a indenizar a
autora a título de danos morais e estéticos no importe de 100 (cem) salários
mínimos. Caso não seja este o entendimento de V.Excia., requer seja arbitrado outro
valor desde que compatível com todos os danos sofridos pela autora e a capacidade
econômica do lesante, tudo conforme exposto em fundamentação ; - A inversão do
ônus da prova, na forma do art. 6º, VIII do CDC, ficando ao encargo do réu a
produção de todas as provas que se fizerem necessárias ao andamento do feito; -
Realização de perícia técnica para confirmar os fatos narrados na inicial e que
ocorreram com a autora; - Sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA.”.

A recorrente apresentou contestação em que apontou que a ora recorrente foi


responsável pelo assessoramento administrativo e indicou sua ilegitimidade passiva
a ausência de nexo de causalidade, adimplemento contratual, ausência de dano
estético e dano moral e danos materiais. No entanto para surpresa da recorrente o
pedido da autora foi julgado parcialmente procedente conforme dispositivo da
sentença abaixo transcrita:
Ante o exposto, julgo parcialmente procedentes os
pedidos formulados na inicial para impor às rés
Plástica Prime Clínica Médica Ltda e Marina Rabello
Jardim a obrigação de assumirem os custos
necessários à complementação/retoque/refinamento do
procedimento cirúrgico realizado pela terceira ré,
precisamente para simetrização do tamanho e da altura
da implantação das aréolas/mamilos daautora.
O procedimento em questão deverá ser realizado em
hospital ou clínica médica do porte da segunda ré, ou
superior, devendo a autora apresentar a descrição dos
procedimentos a serem realizados, acompanhado de
orçamento, no prazo de 60 (sessenta) dias, quando
então a segunda e a terceira ré efetivarão o pagamento
do valor orçado, de modo que o procedimento seja
realizado na época que melhor atenda às conveniências
da autora.
Tendo em vista a sucumbência recíproca, mas não
equivalente, ficam rateadas entre as partes, na
proporção de 70% (setenta por cento) para a autora e
30% (trinta por cento) para a segunda e
terceira rés, as despesas processuais e os honorários
advocatícios, que atento ao art. 85, § 2º, do Código de
Processo Civil, fixo em 10% (dez por cento) sobre o
proveito econômico obtido pela autora – consistente no
valor do procedimento cirúrgico a ser realizado,
apurado mediante apresentação de orçamento pela
autora.
Arcará a autora, ainda, com o pagamento de honorários
advocatícios em favor do primeiro réu, que atento ao
art. 85, § 8º, do Código de Processo Civil, arbitro em R$
2.000,00 (dois mil reais).
Sem embargo, suspendo a exigibilidade dos honorários
advocatícios e despesas processuais para a parte
autora, em observância ao quanto disposto no art. 98, §
3º, do Código de Processo Civil, mercê do benefício da
justiça gratuita anteriormente concedido.
Resolvo o mérito, nos termos do art. 487, inciso I, do
Código de Processo Civil.

Em face da referida sentença foi interposto recurso de apelação, foi


conhecida e desprovida, cujo ementa do acórdão foi a seguinte:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAL,
MORAL E ESTÉTICO. I - RECURSO INTERPOSTO PELA
AUTORA. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO
SUSCITADA EM CONTRARRAZÕES. VIOLAÇÃO AO
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. FUNDAMENTOS DA
SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. AUSÊNCIA.
PRELIMINAR ACOLHIDA. II - RECURSO DA MÉDICA
REQUERIDA. PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE REDUÇÃO DE
VALORES. INEXISTÊNCIA DE CONDENAÇÃO A
PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA NA SENTENÇA.
AUSÊNCIA DE INTERESSE. QUESTÃO NÃO CONHECIDA. III
- SENTENÇA. PRELIMINAR DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
CONGRUÊNCIA. OBSERVÂNCIA. VÍCIO AUSENTE. IV -
CIRURGIA ESTÉTICA. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO.
CORREÇÃO. NECESSIDADE. CONDENAÇÃO AO CUSTEIO
DE PROCEDIMENTO REPARADOR. CLÍNICA ESTÉTICA.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA RECONHECIDA NO CASO
CONCRETO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O recurso interposto
pela autora se dissociou, em essência, dos fundamentos da
sentença, que indeferiu a pretensão indenizatória,
basicamente, em razão da ausência de ato ilícito imputável
aos réus, conquanto tenha reconhecido a necessidade de
submissão da paciente a novo procedimento cirúrgico para
correções/retoques, que farão com que seja alcançado o
resultado esperado. Não houve impugnação específica ao
pronunciamento atacado em atendimento à necessária
dialeticidade a permear o recurso e o ato judicial atacado.
Supreendentemente, não sofreu mínimo ataque o
fundamento da sentença relativo à ausência de erro médico
ou à inocorrência de prática ilícita pelos réus, assim
certificado em prova técnica. Violação caracterizada ao
princípio da dialeticidade. Preliminar de não conhecimento
do recurso acolhida. 2. Profissional da medicina que recorre
formulando pedido subsidiário para redução do valor
arbitrado a título de condenação ao pagamento de quantia
certa, embora provimento judicial nesse sentido não esteja
consubstanciado na sentença recorrida. Ausência manifesta
de interesse recursal. Insurgência, nesse ponto, não
conhecida. 3. Não extrapola o pedido inicial o cuidado do
juízo ao detalhar a obrigação a ser adimplida de assunção
dos custos necessários à
complementação/retoque/refinamento do procedimento
cirúrgico realizado pela terceira ré ao intento de simetrizar o
tamanho e a altura do implante a ser feito. Explicitação que
não fere o princípio dispositivo ou da adstrição, extraído dos
arts. 141 c/c 492 do CPC, segundo o qual a tutela
jurisdicional deve guardar congruência com a causa de pedir
e o pedido deduzido na inicial, não podendo, dessa maneira,
o órgão jurisdicional, salvo exceções autorizadas por lei,
julgar, aquém, além ou fora dos limites estabelecidos na
demanda. 4. A simples ausência de erro médico, pela não
caracterização de culpa profissional na produção do
resultado danoso, conquanto possa afastar a pretensão
indenizatória por falta de demonstração de nexo causal, não
afasta a circunstância de que a cirurgia estética consiste em
obrigação de resultado porque o médico assumiu o
compromisso com a paciente de alcançar um resultado
específico. Se o resultado almejado não é razoavelmente
atendido, mesmo que decorrente de natural dificuldade
técnica da cirurgia secundária corretiva, impõe-se ao
profissional médico a obrigação do custeio das correções
necessárias. 5. No caso, a clínica médica responde pelo
inadimplemento da obrigação de resultado, contraída
mediante a participação ostensiva da parte, restando
inequívoca a confiança que lhe foi depositada, não pela
assunção de responsabilidade por eventual ilícito praticado
pelo médico-cirurgião, mas no que concerne à satisfação da
prestação relativamente ao resultado cirúrgico obtido. Por
essa perspectiva, a responsabilidade pela entrega do
resultado atinente à cirurgia plástica decorre do
descumprimento do dever anexo da confiança, haja vista a
expectativa de comportamento legitimamente provocada pela
clínica, no sentido de viabilizar o ato cirúrgico de forma
exitosa. 6. Preliminar de não conhecimento do recurso
interposto pela autora acolhida. Preliminar de nulidade da
sentença por violação ao princípio da congruência rejeitada.
Recurso da ré M. R. J. conhecido em parte e, na extensão
conhecida, desprovido. Recurso da ré P. P. C. M. Ltda.
conhecido e desprovido.
(Acórdão 1336484, 07253461020188070001, Relator: DIVA
LUCY DE FARIA PEREIRA, 1ª Turma Cível, data de
julgamento: 5/5/2021, publicado no DJE: 12/5/2021. Pág.:
Sem Página Cadastrada.)]

Do referido acórdão foi interposto o recurso de embargos de


declaração em virtude de vício identificado quanto a contradição e omissão
na decisão. O acórdão em sede de embargos de declaração restou assim
ementado:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CÍVEL.
CONTRADIÇÃO. VÍCIO ELENCADO NO ART. 1.022 DO CPC.
INEXISTÊNCIA. INCONFORMISMO. REEXAME DA MATÉRIA.
NÃO CABIMENTO. PREQUESTIONAMENTO. ART. 1.025 DO
CPC. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONHECIDOS E
REJEITADOS.
1. É possível a oposição de embargos de declaração contra
qualquer decisão judicial para esclarecer obscuridade ou
eliminar contradição, suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz, de ofício ou a
requerimento, e corrigir erro material eventualmente
verificado no decisum (art. 1.022 do CPC).
2. Inexiste o vício apontado nos embargos de declaração pela
simples adoção de entendimento contrário à pretensão
recursal, porquanto a contradição que autoriza a oposição
dos declaratórios deve ser interna, isto é, aferida a partir da
análise sistemática dos elementos que compõem a estrutura
do pronunciamento judicial atacado.
3. Embargos de declaração conhecidos e rejeitados.

Diante do esgotamento da jurisdição do Tribunal de Justiça do


Distrito Federal e dos Territórios e da incidência das normas dispostas no
artigo 105, III, a da Constituição Federal é que se interpõe o presente
recurso especial com vistas a ver a correta aplicação da lei federal, conforme
as razões a seguir demonstradas.

DO APONTAMENTO DE ERRO DE JULGAMENTO DA DECISÃO


RECORRIDA.
Excelências, a Turma julgadora decidiu em sob premissas que
violaram lei federal em evidente equívoco que deu azo a interposição de
recurso de embargos de declaração tendo em vista omissão quanto aos
fundamentos jurídicos que fundamentaram a pretensão do recorrente: A
ilegitimidade da parte recorrente e a ausência de nexo causal entre alegado
dano e a conduta da recorrente.

DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL


Conforme demonstrado nas razões abaixo, o presente Recurso
Especial é cabível pela alínea “a” do inciso III do art. 105 da Constituição
Federal em razão da violação do seguinte dispositivo de lei federal: art. 17 do
CPC, 1022 do CPC e art. 14, §3º, I, do CDC. Assim, houve negativa de
vigência a dos referidos artigos artigo.

Do prequestionamento dos artigos violados


Foi suscitada a questão referente a defeito no recurso de apelação
pelo recorrente, substanciado na ilegitimidade passiva da recorrente bem
como ausência de nexo causal entre a conduta da recorrente e o alegado
dano.
Em razão da decisão da Turma Cível do TJDFT de não enfrentar a
questão suscitada, foram opostos embargos de declaração
instrumentalizando prequestionamento da matéria, com o escopo de ter
enfrentada a questão controvertida.
O Tribunal conheceu dos embargos, mas negou-lhes provimento.
Resta, então, devidamente prequestionada a matéria que habilita o
processamento deste pedido contido neste recurso.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS PARA REFORMA DA DECISÃO

Da violação do art. 17 do Código de Processo Civil

Na forma do art. 17 do CPC “para postular em juízo é necessário ter


interesse e legitimidade” devendo haver a concorrência das condições da
ação, sob pena de indeferimento da petição inicial.
No caso em comento, a requerente inclui no polo passivo da demanda
pessoa jurídica totalmente ilegítima e estranha ao nexo de causalidade dos
supostos danos que teriam ocorrido. A empresa recorrente em nenhum
momento agiu ou deixou de agir para que desse causa à insatisfação da
requerente com as cirurgias plásticas realizadas. Muito pelo contrário, agiu
de maneira a satisfazer e otimizar a difícil cicatrização da pele da requerente.
Cumpriu devidamente suas exclusivas obrigações contratuais de
prestadora de assessoramento administrativo, viabilizando uma cirurgia
segura, em local adequado e regulamentado, com aparelhagem necessária e
com redução de custos, conforme previsão contratual.
Após a requerente ter decidido juntamente com os médicos pelos
procedimentos estéticos a serem realizados, tanto na primeira como na
segunda cirurgia, esta requerida atuou efetivamente para a contratação dos
serviços hospitalares especializados, para execução dos atos de internação,
contratação de médico anestesista, coordenação das agendas e pagamentos,
tudo de forma a viabilizar o ato cirúrgico de forma mais eficiente, simples e
menos onerosa possível para a requerente, como expressamente previsto no
contrato
Como se sabe, o dever de indenizar pelo defeito do serviço,
devidamente comprovado, é exclusivo daquele que tenha dado causa ao
suposto dano experimentado, seja ele material ou moral. E como se viu, esta
recorrente apenas atuou para que a mastopexia com prótese de mama
contratada pela requerente ocorresse com o menor custo e com menos
entraves e burocracias possíveis. Posteriormente, constatada a insatisfação
da requerente, atuou ainda para que houvesse os atendimentos médicos
imediatos, bem como agiu providenciando nova cirurgia reparadora com
custo mínimo.
Importante ainda o esclarecimento de que nenhum dos médicos
atuantes são funcionários da requerida, atuam autonomamente. Esta
requerida opera somente no assessoramento administrativo, portanto, não
pode ser responsabilizada por atos praticados por terceiros. Logo, no caso
em estudo percebe-se que a recorrente é parte ilegítima no bojo da ação,
devendo ser excluída da lide em face da sua ilegitimidade passiva sob pena
de violação ao disposto no art. 17 do CPC .

Da violação ao ART. 14, §3º, I, do CDC

O dever de indenizar pelo defeito do serviço, previsto pelo artigo 14 do


CDC, surge da comprovação do dano efetivamente experimentado.
Entretanto, o dano deve ter relação direta e ser consequência daquele
serviço especificamente contratado.
No caso em tela, a requerente se dirigiu às dependências da
recorrente e solicitou o assessoramento para realização de procedimento
cirúrgico para “reduzir e levantar” suas mamas. Recebida pelo profissional
médico, fora prévia e devidamente informada dos riscos da cirúrgica e das
manifestações colaterais que lhe são inerentes, firmando termo de
consentimento informado com esse conteúdo optando conscientemente por
sua realização.
Contratado o serviço, todas as condutas de assessoramento
administrativo devidas pela recorrente foram adotadas. Entretanto, no caso
em tela ocorreu fato imprevisível na cicatrização da mama da requerente.
Houve formação de deiscência cirúrgica durante o processo de cicatrização,
processo natural da pele e fator subjetivo.
Não houve imprudência, negligência nem imperícia por parte de
nenhum profissional que atuou no caso. Muito pelo contrário, a má
cicatrização da requerente é caso fortuito que foi mitigado justamente pela
conduta da requerida e dos médicos envolvidos. A segunda cirurgia
reparadora reduziu mais a proporção de pele, alterou mais uma vez a
posição das mamas, tudo conforme solicitação da requerente. Mas a
resposta de recuperação da própria pele ao procedimento não foi totalmente
satisfatória, acarretando em cicatrizes. Tais marcas na pele decorreram
exclusivamente de reação inesperada do corpo da requerente ao processo de
cicatrização.

Cumpre apontar que a responsabilidade civil na área da saúde não


possui regulamentação própria no ordenamento jurídico brasileiro, com
exceção daquelas que tratam das condições de promoção, proteção e
recuperação da saúde, da organização e do funcionamento dos serviços, na
Lei nº 8.080/90, e da legislação atinente aos planos e seguros de assistência
privada à saúde, Lei nº 9.656/98.

Assim, a responsabilidade civil decorrente da prestação de serviço


médico, do que tratam os presentes autos, é tutelado pela regra geral do
Código Civil, pelo Código de Defesa do Consumidor, e pelo Código de Ética
Médica (Resolução 1931/2009, do Conselho Federal de Medicina, sempre
levando em consideração as particularidades da área médica.

A relação hospital-paciente, Excelência, decorre de relação contratual


expressa, porém diversa da relação médico-paciente, visto que o hospital,
embora aparelhado com recursos médicos e cirúrgicos, não realiza o ato
médico. Em verdade, a atividade hospitalar, ao lado da atividade médica,
tem a tarefa de preservar a saúde de seus pacientes, mesmo não detendo
mesma técnica-procedimental.

Com fundamento da legislação civil e consumerista brasileira,


entende-se que as instituições hospitalares somente responderão pelos atos
dos médicos quando for possível constatar relação de emprego ou preposição
na relação hospital-médico, o que não é o caso dos autos.

O médico não é funcionário das requeridas e atua autonomamente.


Assim, a 2ª e 3ª requeridas operam somente no assessoramento
administrativo e oferecimento do estabelecimento hospitalar apto e
especializado e, portanto, não podem ser responsabilizadas por supostos
atos praticados por terceiros.

A recorrente cumpriu estritamente suas exclusivas obrigações de


prestadora de assessoramento administrativo e centro cirúrgico
especializado e apartamento. Após a requerente ter decidido juntamente com
o médico pelos procedimentos estéticos a serem realizados, a recorrente
atuou na prestação de equipamentos e serviços hospitalares para execução
dos atos de internação, indicação de médico anestesista, coordenação das
agendas e pagamentos, tudo de forma a viabilizar o ato cirúrgico de forma
mais eficiente, simples e menos onerosa possível para a requerente.

Por outro lado, Excelência, mesmo se constatada relação de


preposição ou de emprego entre médico e Hospital, este somente responderá
pelos danos causados pelo ato médico quando comprovada a culpa dos
profissionais responsáveis pelo atendimento.

Urge mencionar que o laudo médico apresentado por perito médico


judicial, afirma de maneira categórica a inexistência de qualquer ato de
negligência, imperícia ou imprudência por parte da apelante.
Desta forma, verificado nos autos que não houvera falha ou defeito
nos serviços hospitalares - sala cirúrgica, equipamento cirúrgico, curativos,
equipe médica, etc; e sim a ocorrência de caso fortuito que afasta o nexo de
causalidade, não há de se falar em ocorrência do dever de indenizar, sob
pena de violação do art. 14, §3º, I, do CDC .

Dessa forma, é possível extrair da lei e da jurisprudência que a


responsabilidade do recorrentepelo eventual erro médico é indireta e
vinculada ao fato do serviço praticado pelo profissional liberal. É o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


ERRO MÉDICO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA
CULPA. SÚMULA 7/STJ. RESPONSABILIDADE DO
HOSPITAL. SUBJETIVA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. O eg. Tribunal de origem concluiu que a autora não
conseguiu demonstrar que o corpo estranho encontrado em
seu abdômen foi deixado pelo preposto médico do hospital
ora agravado, no procedimento cirúrgico de 1993, pois teria
realizado outra cirurgia anteriormente. Modificar tal
entendimento demandaria análise do acervo fático-probatório
dos autos, o que é vedado pela Súmula 7/STJ. =
2. No julgamento do REsp 258.389/SP, da relatoria do
eminente Ministro FERNANDO GONÇALVES (DJ de
16.6.2005), este Pretório já decidiu que "a responsabilidade
dos hospitais, no que tange à atuação técnico-profissional
dos médicos que neles atuam ou a eles sejam ligados por
convênio, é subjetiva, ou seja, dependente da comprovação
de culpa dos prepostos, presumindo-se a dos preponentes.
Nesse sentido são as normas dos arts. 159, 1521, III, e 1545
do Código Civil de 1916 e, atualmente, as dos arts. 186 e 951
do novo Código Civil, bem com a súmula 341 - STF (É
presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo
do empregado ou preposto", de modo que não comporta
guarida a assertiva de que a responsabilidade do hospital
seria objetiva na hipótese.
3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no Ag
1261145/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 13/08/2013, DJe 03/09/2013)

No mesmo sentido já decidiu o Tribunal de Justiça do Distrito Federal


e dos Territórios:

DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
MIOMECTOMIA PROCEDIMENTO. EFEITOS.
INTERCORRÊNCIAS. ERRO MÉDICO. RESPONSABILIDADE
CIVIL SUBJETIVA DOS MÉDICOS. TRÂNSITO EM
JULGADO. DANO MORAL. RECONHECIMENTO.
RESPONSABILIZAÇÃO DA CLÍNICA NA QUAL REALIZADO O
PROCEDIMENTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TEORIA
DO RISCO DA ATIVIDADE. DEFEITO NOS SERVIÇOS.
EXCLUDENTE. DEMONSTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA. DEVER
DE SEGURANÇA, CONTRAPONTO DO RISCO.
CONDENAÇÃO. AFASTADA. AGRAVO RETIDO.
REITERAÇÃO NO APELO. INEXISTÊNCIA. NÃO
CONHECIMENTO. RECURSO. PROTOCOLO DA SERVENTIA
AUSÊNCIA TEMPESTIVIDADE. AFERIÇÃO. OUTROS MEIOS.
INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. IMPERATIVO.
(...)
3. Afastada a responsabilidade dos médicos que realizaram o
procedimento médico ao qual se submetera a consumidora e
que, segundo sua ótica, teria sido permeado por
intercorrência decorrência de culpa dos profissionais,
sobejando que fora elidido o erro imputado aos profissionais,
o silêncio da paciente consumidora determina o
aperfeiçoamento da coisa julgada, ressoando como fato
intangível a ausência de falha médica no procedimento ao
qual se submetera.
4. A responsabilidade da pessoa jurídica fornecedora de
serviços médicohospitalares ostenta natureza objetiva sob a
modalidade do risco da atividade, não sendo pautada pela
teoria do risco integral, emergindo dessa modulação que,
aferido que não houvera defeito na prestação dos serviços
que fomentara de forma especificada, não se aperfeiçoara o
nexo de causalidade passível de enlaçar os atos praticados
por seus prepostos ao resultado danoso experimentado pela
consumidora, rompendo o liame indispensável à germinação
da obrigação indenizatória (CDC, art. 14).
5. Elida a culpa dos profissionais na realização do
procedimento cirúrgico, cuja responsabilidade é apurada sob
o critério subjetivo, não se afigura respaldado se
responsabilizar a clínica na qual o procedimento fora
consumado pelo resultado não esperado sob a premissa de
que sua responsabilidade é de natureza objetiva se não
houvera falha ou defeito nos serviços que fomentara
diretamente - sala cirúrgica, equipamento cirúrgico,
acessórios de monitoramento etc -, sob pena de se
transmudar, por via oblíqua, a responsabilidade do médico
em objetiva e em obrigação de resultado à margem da sua
natureza jurídica e da legislação positivada. 6. Apelação
conhecida. Agravo retido não conhecido. Apelo provido.
Maioria. (Acórdão n.693572, 20130110359137APC, Relator
Designado: TEOFILO CAETANO, DJE: 18/07/2013. Pág.: 67)

Assim, Excelência, aplicar a responsabilidade objetiva, nos termos


gerais do Código de Defesa do Consumidor, total e irrestritamente, à
conduta do recorrente, pode levar a equívocos e graves erros, visto que é
necessário compreender o nexo de imputação para que se aplique
corretamente a teoria do risco, assim como foi feito no caso acima citado.

O risco da atividade médico-hospitalar não é integral e tampouco se


iguala a ideia do risco criado, visto que o hospital não cria o risco de doença
ou morte, já que estes são inerentes à vida humana. O que o recorrente
oferece é um conjunto de instalações viáveis para o cuidado do paciente.

Assim, o risco é restrito à adequação desses serviços aos padrões


normativos e científicos vigentes, sempre respeitando as limitações inerentes
à espécie de serviço prestado. Logo, é possível extrair que a responsabilidade
da recorrente não se dá mediante simples verificação de dano ou insucesso
do tratamento, mas exclusivamente a partir do nexo entre o dano e algum
defeito específico do serviço prestado pela equipe e prepostos, ou por
inadequação de suas instalações.

À luz da jurisprudência do STJ, no caso de erro médico, o hospital


somente deve ser responsabilizado se demonstrado o vínculo com o
profissional ou quando evidenciada falha na prestação do serviço de
atribuição do hospital. (Acórdão 1167540, 00018602420158070007,
Relator: FÁBIO EDUARDO MARQUES, 7ª Turma Cível, data de julgamento:
24/4/2019, publicado no DJE: 10/5/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

Portanto, Excelência, o nexo de imputação ao recorrente depende


essencialmente da possibilidade de responsabilização do profissional de
saúde. Nesse sentido, verifica-se que a relação médico-paciente, como se
sabe, também se enquadra como relação de consumo. Por ser o médico
profissional liberal, o Código de Defesa do Consumidor define como critério
de valoração de sua responsabilidade o subjetivo, conforme art. 14, §4º.

Conquanto o relacionamento do médico com o paciente, implicando a


prestação de serviços a destinatário final, encarte relação de consumo,
encerra, em regra, obrigação de meio, e não de resultado, onde a
responsabilidade do profissional por eventuais intercorrências havidas na
execução dos serviços fomentados é aferida sob critério subjetivo, emergindo
dessas circunstâncias que, apurado que na execução dos serviços médicos
incorrera o profissional em imperícia, negligência ou imprudência, a
apreensão qualifica a germinação da gênese da obrigação indenizatória
(CDC, art. 14, § 4º; CC, art. 186).

Ainda assim, Excelência, a natureza da obrigação não modifica o


critério de valoração da responsabilidade do profissional liberal. Então,
dessa forma, impõe-se a verificação da existência de culpa tanto na
obrigação de meio como na de resultado. Isso porque, tanto o Código Civil,
quanto o Código de Defesa do Consumidor ainda determinam a culpa como
premissa para a verificação da responsabilidade do profissional liberal.

Mesmo que se considere, no caso de cirurgias estéticas, como


obrigação de resultado, a obrigação assumida pelo recorrente ainda é de
meio, porque o estabelecimento hospitalar não promete sucesso do
tratamento, pois não está envolvido e não pratica (mesma ou igual) técnica
médica.

O hospital não pode ser obrigado por conduta de terceiro, no caso, o


médico, visto que somente este é especialista e possui a expertise de técnica
médica.

Por esta razão a relação hospital-paciente veicula uma obrigação de


meio, vez que compete ao hospital a prestação de seus serviços
diligentemente, de acordo com os manuais e protocolos médicos, regras
sanitárias, mas não tem o dever de alcançar o ideal estético perseguido pela
paciente, visto que é somente isso, um ideal, que sofrerá diversas influências
externas a atividade médica, especialmente ligadas às condições pessoais de
cada pessoa.
E mais, com amparo no arsenal jurídico já exposto acima, e fixando
que a obrigação do hospital é de meio e não de resultado, a obrigação
inerente ao hospital é a de por em prática todos os meios possíveis para que
sejam atenuadas ao máximo as possibilidades de infecção, não havendo
obrigação de garantir índice zero de infecção em suas dependências, porque
sabidamente impossível.

Ainda sobre a responsabilidade do médico, a mera existência de um


evento danoso ocorrido durante um procedimento médico ou mesmo
consequências geradas pelo ato médico, ainda que se trate do evento morte,
não pode ser considerado erro médico para o Direito sem que se constate a
falha inescusável do agente, observadas as práticas e prescrições técnicas
vigentes. Assim decide o e. TJDFT, senão veja-se:

INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - ERRO MÉDICO -


IATROGENIA – ERRO ESCUSÁVEL - RESPONSABILIDADE
DO MÉDICO E DO HOSPITAL AFASTADA -
PREQUESTIONAMENTO - CUMPRIMENTO DA EXIGÊNCIA.
SENTENÇA REFORMADA.
1) - Por ser a medicina uma ciência de meios e não de
resultados, não há que se falar em erro médico quando há
simplesmente escolha inadequada entre os tratamentos
possíveis ao caso, caracterizando hipótese de iatrogenia.
2) - Se a responsabilidade do médico é afastada, deve ser
afastada também a responsabilidade do hospital, já que os
serviços da casa de saúde foram executados em
conformidade com o resultado e os riscos que razoavelmente
se esperam da atividade médica. (Acórdão n.590494,
20060110420726APC, Relator: LUCIANO MOREIRA
VASCONCELLOS, Revisor: ESDRAS NEVES, 5ª Turma Cível,
DJE: 01/06/2012)
Tendo em mente todas essas considerações, verifica-se que o serviço
médico prestado pela recorrente, inclusive as decisões médicas consignadas
no bojo dos prontuários da paciente, relativamente aos tratamentos e
técnicas necessários ao caso em concreto, obedeceram a todos os
parâmetros técnico-normativos aplicáveis o que foi atestado por meio de
pericia técnica.

Tem-se para o senso comum que o médico cirurgião, nos casos de


cirurgia plástica estética, possui obrigação de resultado perante o paciente.
No entanto, Excelência, essa não é a melhor interpretação para o caso dos
autos. Isto porque, nenhum médico, por mais competente que seja,
assume a obrigação de alcançar resultado estético pré-determinado.
A ciência médica, inclusive em relação à estética, apesar de todo o seu
desenvolvimento, tem inúmeras limitações, que só os poderes divinos
poderão suprir, visto que cada corpo humano tem suas particularidades e
reagirá de maneira diversa e o médico cirurgião trabalha dentro de uma
margem de previsibilidade de possíveis resultados.

A obrigação que o médico assume, a toda evidência, é de proporcionar


ao paciente todos os cuidados conscienciosos e atentos, de acordo com as
aquisições da ciência, não para atingir um resultado determinado, mas para
prestar os seus serviços de acordo com as regras e os métodos da profissão,
cumprindo com seu dever de informação, buscando, assim, o
embelezamento da paciente e a melhora estética.

Ainda que assim não fosse, as reações desfavoráveis do corpo da


paciente ao tratamento ministrado, bem como a especificidade do caso
concreto não podem ser atribuídos ao ora requerido, sendo certo que o
Superior Tribunal de Justiça já reconheceu se tratar de caso fortuito,
quando eventual anomalia se dá por uma reação orgânica do próprio
paciente, e, por isso, imprevisível e inevitável, descabe o dever de indenizar,
conforme se destaca do acórdão para o REsp 1.180.815/MG, de Relatoria da
Ministra NANCY ANDRIGHI, DJe 26/08/2010:

(...)
Esta Corte já se pronunciou com relação à matéria, de modo
a admitir a excludente de caso fortuito. Veja-se, a propósito,
o posicionamento da 3ª Turma:
O fato de o art. 14, § 3º do Código de Defesa do Consumidor
não se referir ao caso fortuito e à força maior, ao arrolar as
causas de isenção de responsabilidade do fornecedor de
serviços, não significa que, no sistema por ele instituído, não
possam ser invocadas. Aplicação do art. 1.058 do Código
Civil. (REsp 120.647/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Eduardo
Ribeiro, DJ de 15/5/2000)
Na espécie dos autos, tem-se que o aparecimento das
cicatrizes salientes e escaras no local do corpo da
recorrente no qual foi realizado o corte cirúrgico não está
relacionado com a atividade do profissional recorrido. O
acórdão recorrido, com fundamento no laudo pericial, foi
inequívoco ao afastar o nexo de causalidade entre a
conduta do recorrido e ao dano sofrido pela recorrida, já
que o profissional na saúde não poderia prever ou evitar
as intercorrências registradas no processo de
cicatrização da recorrente. Assim, conquanto seja
perfeitamente compreensível a contrariedade da recorrente,
não é possível pretender imputar ao recorrido a
responsabilidade pelo surgimento de um evento
absolutamente casual, para o qual não contribuiu. Após
análise do conjunto probatório dos autos, o TJ/MG concluiu
pela ausência de culpa do recorrido no que concerne aos
danos estéticos da recorrente, afirmando que “analisando o
caderno processual, não se nega que o primeiro apelante
tenha observado todos os procedimentos e técnicas cabíveis
na realização da cirurgia da autora e segunda apelante” (e-
STJ fl. 457). A formação do chamado “quelóide”, portanto,
decorreu de característica pessoal da recorrente, e não da
má-atuação do recorrido. Ausente o nexo causal – mesmo
considerada a obrigação de resultado do cirurgião plástico e
a responsabilidade objetiva dela porventura decorrente – a
única alternativa é isentar o recorrido do dever de indenizar,
em que pese toda a frustração da recorrente e as
consequências psicológicas que possam ser causadas por seu
suposto defeito estético. Nesse sentido, o acórdão recorrido
externou posicionamento que não destoa da doutrina:
Se o insucesso parcial ou total da intervenção ocorrer em
razão de peculiar característica inerente ao próprio
paciente e se essa circunstância não for possível de ser
detectada antes da operação, estar-se-á diante de
verdadeira escusa absolutória ou causa excludente de
responsabilidade. (Stoco, Rui. Responsabilidade Civil e sua
interpretação jurisprudencial. 1ª Ed. São Paulo: Ed. Revista
dos Tribunais, 1994, p. 162) Logo, para a configuração da
responsabilidade civil extracontratual do recorrido, seria
necessário que de seus atos omissivos ou comissivos
decorressem o dano experimentado pela recorrente.
Conforme registra o acórdão recorrido, “há excludentes de
responsabilidade civil, o que afasta o dever de indenizar,
diante da situação de imprevisibilidade dos resultados de
cicatrização e outros fatores genéticos” (e-STJ fl. 449). Da
análise dos fatos, como considerados pelo acórdão recorrido,
tem-se que inexiste essa relação de causalidade, pois ocorreu
um caso fortuito – a irregular cicatrização dos cortes
cirúrgicos realizados na recorrente.
Mais recentemente, o STJ reafirmou tal entendimento nos autos do
Recurso Especial nº 1.269.832 – RS, o que se destaca:

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO


MÉDICO. OBRIGAÇÃO DE MEIO. NATUREZA ESTÉTICA.
REEXAMEFÁTICOPROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. CASO
FORTUITO. EXCLUSÃO DARESPONSABILIDADE.
(...)
3. Demonstrado o caso fortuito, afasta-se o dever de
indenizar na medida em que se elimina o nexo causal entre o
pretenso prejuízo e o serviço desempenhado pelo médico.
Precedente: REsp 1.180.815/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi,
DJe 26.08.10.
4. Recurso especial não conhecido. (AgRg no Ag 1269116/RJ,
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado
em 06/04/2010, DJe 14/04/2010)
No caso, todos os procedimentos adotados com a paciente obedeceram
aos critérios médicos atuais, respeitando as diretrizes científicas pertinentes,
bem como foram marcados pela busca diligente de melhorar a estética da
paciente, cujas melhorias se deram em função do tratamento recebido
durante a internação no hospital.

É certo que a expectativa criada em torno do resultado por quem se


submete a cirurgia plástica, com o fim de melhoria da estética, por vezes não
é satisfeita. No entanto, uma vez demonstrado que o profissional responsável
utilizou o procedimento e técnica adequados, buscando atingir o melhor
resultado, diante da ausência de comprovação que agiu de forma culposa ou
dolosa, não há como lhe imputar o dever de indenizar os alegados danos
materiais, moral ou estético.

Não é possível fixar qualquer ato ilícito nas condutas individuais do


médico e/ou do Hospital. Essa circunstância impede a caracterização do fato
do serviço e/ou nexo causal, por consequência, deve ser afastada a
responsabilidade do recorrente sob pena de violação do art. 14, §3º, I, do
CDC.

DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a. o conhecimento do presente recurso em razão da violação direta da
Lei Federal, hipótese prevista na alínea “a” do inciso III do art. 105 da
Constituição Federal, e seu provimento para declarar a violação dos
seguintes dispositivos de lei federal: art. 17 do CPC e art. 14, §3º, I, do
CDC.;
b. Em se declarando a incidência da aplicação supra, que se reforme o
acórdão de origem a fim de que seja afastada a condenação do
recorrente ao custeio de procedimento de reparação;
c. A condenação da ré em custas e horários recursais, nos termos do
art. 85 do Código Civil.
Nesses Termos, Pede Deferimento.
Brasília, 07 de outubro de 2021
PAULO HENRIQUE FRANCO PALHARES
OAB/DF 19.336.

RENATA LELIS RUFINO DOS SANTOS


OAB/DF 36.086

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