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EXMO. SR. DR.

JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL


DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO – SÃO PAULO/SP.

Processo TRT/SP nº. 1000382-85.2021.5.02.0445

LUIZ HENRIQUE NUNES DO


NASCIMENTO, por seu advogado que esta subscreve, ciente do V. Acórdão proferido
por essa E. Turma e, inconformado, vem, com fundamento no artigo 896 alínea "a", "b"

e "c" da CLT, interpor RECURSO DE REVISTA, conforme razões anexas,


requerendo sejam juntadas aos autos, para apreciação pelo Colendo Tribunal Superior
do Trabalho.

Nestes Termos,
E. Deferimento.
São Paulo, 14 de July de 2023.

ENZO SCIANNELLI TATIANA KISLAK JOSÉ ABÍLIO LOPES


OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682 OAB/SP 93.357
Processo TRT/SP nº. 1000382-85.2021.5.02.0445
10ª Turma – Rel. SANDRA CURI DE ALMEIDA
Recorrente: LUIZ HENRIQUE NUNES DO NASCIMENTO
Recorrida: ALPI DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS ALIMENTICIOS
LTDA

RAZÕES DE RECURSO DE
REVISTA

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA,

LUIZ HENRIQUE NUNES DO


NASCIMENTO, inconformado com o V. Acórdão prolatado pela 10ª Turma do
Colendo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, vem, através desta revista,
recorrer da parte que não lhe foi favorável, na forma assegurada pela Carta Maior e no
Diploma Consolidado, expondo suas razões conforme segue.

PRELIMINAR
I.1. Do Cabimento do Recurso

O presente apelo encontra respaldo no artigo 896,


alíneas “a” e “c”, da Consolidação das Leis do Trabalho, em face de notória afronta ao
que preconiza o estatuto adjetivo em apreço. Há que ressaltar que não se pretende a
revisão de provas posto que esta sede não se presta para se proceder ao reexame de
matéria fato probante.

Entretanto, em se tratando de matéria


exclusivamente de direito com base na exegese da legislação vigente, neste sentido o
processamento do presente recurso não há que encontrar óbice.

I.2. Pressupostos Extrínsecos de Admissibilidade

I.2.1. Regularidade de representação

A Recorrente está devidamente representada nos


autos, por seus procuradores regularmente constituídos através de procuração Id
903c0df.

I.2.2. Tempestividade

O v. Acórdão recorrido foi disponibilizado em


15/02/2022, publicado em 16/02/2022, sendo certo que, o prazo para interposição do
Recurso de Revista se encerra em 03/03/2022, de forma que o presente recurso foi
interposto dentro do prazo de 08 (oito) dias úteis, a contar da publicação do r. Acórdão,
o que comprova que o presente recurso é plenamente tempestivo.

I.2.3. Preparo

O reclamante reitera o pedido de isenção do


pagamento das custas processuais que fora formulado pelo recorrente desde a prefacial e
reiterado dentro do prazo recursal, nos termos preconizados através da Orientação
Jurisprudencial nº 269, da SDI –1 do C. TST, e atende aos requisitos previstos nas Leis
nº 7.115/83 e nº 1.060/50, podendo o juiz a qualquer tempo deferi-lo, nos moldes do §
3º do artigo 790 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 10.537/02, pelo que não há
razão que impeça o conhecimento. Ressalta-se que, a sentença deferiu ao reclamante os
benefícios da gratuidade.

II - Pressupostos intrínsecos de admissibilidade

O presente recurso merece ser conhecido, em face


do disposto na alínea “a” e “c” do art. 896 da CLT, por contrariedade ao entendimento
do TST, bem como por violação literal de disposição da Constituição Federal.

II. 1 - Ofensa literal da Constituição da República, de Leis Federais e


da Interpretação do TST

O RECURSO DE REVISTA VEM CALCADO EM VIOLAÇÃO DO ARTIGO 7º,


INCISO XXVIII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL;
DOS ARTIGOS 186, 927, 932, INCISO III E 950 DO CÓDIGO CIVIL

DA TRANSCENDÊNCIA

O art. 896-A da CLT estabelece que o TST


examinará previamente se a causa oferece transcendência.

No caso em apreço, destacamos que há


transcendência:

Art.896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista, examinará


previamente se a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica.
§ 1º. São indicadores de transcendência, entre outros:
I - econômica, o elevado valor da causa;
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista.

No caso em apreço, se utilizando das palavras da


Ministra Kátia Magalhães Arruda, “deve ser reconhecida a transcendência na forma
autorizada pelo art. 896-A, §1º, caput, parte final, da CLT (critério “e outros”) quando
se mostra aconselhável o exame mais detido da controvérsia devido às peculiaridades
do caso concreto”.

A questão em debate oferece transcendência social


e jurídica.

A transcendência social vem em razão de afronta à


Constituição Federal, eis que o acidente de trabalho é previsto constitucionalmente, eis
que se trata de matéria pertinente à saúde do trabalhador.

AGRAVO DE INSTRUMENTO RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI


13.467/17 TRANSCENDÊNCIA SOCIAL. O apelo interposto busca a defesa de
direitos sociais dos trabalhadores afetos à redução dos riscos inerentes ao trabalho,
por meio de normas de saúde, higiene e segurança, que goza de tutela constitucional,
circunstância apta a configurar o indicador de transcendência social. AGRAVO DE
INSTRUMENTO RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/17
DANO MORAL COLETIVO SEGURANÇA DO TRABALHO Confirmada a ordem
de obstaculização do recurso de revista, na medida em que o apelo não logrou
demonstrar a satisfação dos pressupostos de admissibilidade do art. 896 da CLT
Agravo de instrumento não provido (Processo nº AIRR 1713-72.2015.5.10.0004 - 6ª
Turma – Rel. Augusto César Leite de Carvalho - 10/05/2019).

A transcendência jurídica eis que existe


divergência entre as entre os Tribunais Regionais do Trabalho sobre o tema: horas
extras – intervalo intrajornada, havendo, assim, insegurança jurídica, eis que já existe
decisão consolidada do Tribunal Superior do Trabalho.
Da Determinação do Art. 896, §1º-A, incisos I a III

Do trecho da decisão que se pretende recorrer:

...
Da indenização por danos morais

Relata o reclamante que, em agosto de 2019, o caminhão da reclamada no qual


estavam ele e o motorista, realizando entregas, perdeu o freio na Serra de Maresias, e
outra alternativa não restou ao condutor senão colidir propositalmente com o veículo
da frente como forma de frear o caminhão. Afirma que, em razão do infortúnio,
sofreu algumas escoriações na perna e sentiu fortes dores nas costas. Acrescenta que
foi encaminhado ao hospital Ana Costa, medicado, e afastado de suas funções por três
dias. Postula em razão disso indenização por danos morais.

Impõe, de plano, salientar que a reparação por danos de ordem imaterial depende de
prova consistente da existência de ilícito praticado pela reclamada, que tenha
transcendido os limites da relação obrigacional estabelecida entre as partes, de modo
a causar ao trabalhador constrangimento, vexame ou violação a atributos de sua
personalidade.

Conquanto seja incontroverso o referido acidente, não há comprovação de que dele


tenham advindo danos de ordem moral ao reclamante, o que se impunha, não se
podendo presumir pela só circunstância dos fatos narrados.

De efeito, as fotografias carreadas pelo autor do caminhão no dia do incidente


retratam que se tratou de acidente leve e de pouca gravidade, tanto assim que o
reclamante fez registros fotográficos do momento. E isso se confirma pelo fato de o
sinistro ter ocorrido na descida da serra, onde as normas de trânsito e as
especificidades do local impõe o tráfego em baixa velocidade (id 9c8dc86 - Pág. 5).

De outro lado, o atestado médico de 27/08/2019 dispensou o reclamante do trabalho


por um dia em razão do exame oftalmológico (id d97e1f8 - Pág. 1). O atestado médico
do hospital Ana Costa, datado de 26/08/2019, dispensou o reclamante do trabalho
nesse mesmo dia, registrando o CID-10 R05, que classifica tosse (id d97e1f8 - Pág. 2).
E o outro atestado médico, dispensando o reclamante do trabalho por três dias, de
28/09/2019 a 30/09/2019, está parcialmente ilegível e não permite verificar o
estabelecimento que o emitiu, tampouco as razões do afastamento(id d97e1f8 - Pág. 3).
Logo, além de serem incertas as alegadas consequências físicas decorrentes do
acidente, que não restaram comprovadas, não se colhe que dele tenham resultado
outras contingências dotadas de potencial lesivo capaz de resvalar na dignidade do
trabalhador e provocar grave violação a seus atributos íntimos.

Houve, isso é inegável, dissabores pelo ocorrido, como o possível susto com a colisão, a
espera pelo guincho para remover o veículo do local e por outro meio de transporte
para que os empregados fossem de lá deslocados, o que, contudo, por si só, não
caracteriza dano moral.

Destarte, porque ausente comprovação de danos morais passíveis de reparação, na


forma dos artigos 186 e 927, do Código Civil, é mesmo improcedente a reparação
indenizatória perseguida pelo reclamante.

Nego provimento.
...

Decisão Paradigma - Decisão do Tribunal Regional do Trabalho da ****ª Região –


Do Acidente de Trabalho

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO


PROCESSO nº 0021084-62.2017.5.04.0701 (ROT)
RECORRENTE: RADIANTE ENGENHARIA DE TELECOMUNICACOES LTDA
RECORRIDO: IBANEZ BRITO
RELATOR: LAIS HELENA JAEGER NICOTTI
EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. É objetiva a responsabilidade
civil do empregador quando a atividade desenvolvida, por sua natureza, implicar
riscos para os direitos de outrem. Inteligência do parágrafo único do art. 927 do CC.
Sentença mantida, no particular.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
ACORDAM os Magistrados integrantes da 1ª Turma do Tribunal Regional do
Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO
ORDINÁRIO DA RECLAMADA, Radiante Engenharia de Telecomunicações Ltda.
Intime-se.
Porto Alegre, 18 de novembro de 2020 (quarta-feira).

RELATÓRIO
Inconformada com a sentença de parcial procedência (Id 21bb2be), proferida pelo
Juiz Gustavo Fontoura Vieira, a reclamada recorre.
Busca a reforma quanto à prescrição e à indenização por dano moral e estético
decorrentes de acidente de trabalho (Id 2e57e1e).
Com contrarrazões do reclamante (Id 7a19aaa), os autos são remetidos a este
Tribunal para julgamento.
É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

RECURSO DA RECLAMADA

1. PRESCRIÇÃO
O Juiz de primeiro grau afastou a prescrição quinquenal ventilada pela reclamada,
por entender que não houve consolidação das lesões à época do infortúnio ou no laudo
médico realizado em 2012.
A reclamada não se conforma. Alega que estão fulminadas pela prescrição as parcelas
exigíveis anteriores a 05.09.2012, inclusive aquelas relacionadas ao acidente de
trabalho sofrido no dia 25.02.2010. Invoca o art. 7º, XXIX, da CF. Sustenta que "o
pretenso direito do autor em relação aos danos ora postulados, nasceu no dia em que
ocorrido o acidente". Não sendo este o entendimento, aduz que "o Auto de Exame
Complementar de Lesões Corporais, elaborado no dia 16/03/2012 pelo Posto Médico
Legal de Uruguaiana, deixa claro que as lesões decorrentes do acidente de trabalho
estão consolidadas". Refere que "a alta previdenciária do Recorrido se deu em
fevereiro de 2012". Transcreve jurisprudência. Pede a reforma.
Analiso.
O reclamante foi admitido pela reclamada em 19.11.2009, na função de Cabista, e
despedido em 28.12.2016, conforme CTPS (Id eefa96e). Ele sofreu acidente de
trabalho típico em 25.02.2010, tendo sido emitida a CAT respectiva (Id 408fee2).
Quanto ao prazo prescricional aplicável a tais pretensões indenizatórias, entendo que
é definido pela natureza jurídica do direito material, de forma que a prescrição
aplicável ao caso não pode ser outra que não a trabalhista, prevista no art. 7º, XXIX,
da CF.
Neste sentido, inclusive, a Súmula nº 91 deste Tribunal Regional, in verbis:
PRESCRIÇÃO. ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA A ELE
EQUIPARADA. Aplica-se o prazo prescricional previsto no artigo 7º, XXIX, da
Constituição Federal à pretensão de pagamento de indenização por danos
patrimoniais e extrapatrimoniais decorrentes de acidente do trabalho ou de
doença a ele equiparada ocorridos após a edição da Emenda Constitucional nº
45/2004.

Quanto ao marco inicial do prazo prescricional aplicável às pretensões indenizatórias,


é certo que este somente tem início quando o titular do direito toma conhecimento
inequívoco do dano sofrido e seus efeitos, em sua completa extensão. Trata-se da
adoção, pelo ordenamento jurídico pátrio, da teoria da "actio nata" do direito
romano, cuja aplicação se mostra ainda mais pertinente quando se examinam relações
trabalhistas, que têm como centro protetivo a pessoa do trabalhador. Nesse mesmo
sentido orienta a Súmula 278 do STJ, in verbis: "O termo inicial do prazo
prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência
inequívoca da incapacidade laboral."
O reclamante sofreu acidente de trabalho típico em 25.02.2010 (CAT ao Id 408fee2),
retomando as suas atividades em 13.02.2012 (Id 6b69bc4), após o gozo de benefício
previdenciário de natureza acidentária (Id b66d6cb e seguintes).
Consta nos autos o auto de exame complementar de lesões corporais, datado de
16.03.2012 (Id 65f9b7d). Ao analisar esse documento, o perito médico registrou que
(Id 6c2e571 - Pág. 6):

Auto de exame complementar de exame de corpo de delito, datado de 16/03/2012,


neste há o relato do perito das lesões fratura cominutiva do fêmur direito, fratura
do radio e ulna esquerdo, narra exames radiológicos de coluna lombar (sem
anormalidade ligadas a traumatismo), bacia (em anormalidades ligadas a
traumatismo) e escanometria dos membros inferiores (mostra encurtamento de
0,3 cm do fêmur direito). (sublinhei)

Ainda de acordo com o perito médico (Id 6c2e571 - Pág. 8):

O autor apresentou exames radiográficos antigos que mostraram fratura


cominutiva grave do fêmur direito e fratura distal do rádio esquerdo. Mostrou
além disso exame solicitado por este perito:
a. Radiografia escanometria dos membros inferiores, datado de 25/06/2018
mostrando encurtamento do membro inferior direito de 2,1 cm. (sublinhei)

Como observado pelo Juiz de primeiro grau:


Verifica-se, assim, expressiva diferença no encurtamento do membro inferior
direito. O encurtamento de 0,3 cm passa a 2,1 cm.
Essa constatação impede que se considerem consolidadas as lesões em 2012, a par
de o exame de escanometria realizado em 2018 (seis anos após o primeiro exame)
revelar que se agravou o encurtamento do membro inferior. De notar que é
expressiva essa diferença em relação àquele exame. E seria possível concluir que
o encurtamento de 0,3 cm não causa a mesma impressão (do ponto de vista
anatômico e/ou estético) quando ampliado para 2,1cm.
Por isso, eventual inércia do autor só poderia ser cogitada, desencadeando a
prescrição, acaso houvesse efetiva consolidação das lesões na época ou logo após
o infortúnio, sem qualquer alteração durante esses anos. Não é o que ocorreu, tal
como está claro no laudo médico. A radiografia escanometria realizada em
25.06.2018 mostra encurtamento do membro inferior ampliado para 2,1 cm,
conforme fl.313.
Enfim, a despeito de não gerar, propriamente, incapacidade para as atividades de
labor, o autor padece de alteração anatômica que, ao que consta do comparativo
entre os exames médicos realizados em 2012 e 2018, se agravou ao longo dos anos
e exige medidas de compensação. Não houve consolidação das lesões à época do
infortúnio ou no laudo médico realizado em 2012.

Do exposto, ao contrário do sustentado pela reclamada, não há como se considerar o


marco prescricional como sendo a data do acidente, em 25.02.2010, nem a data em que
o reclamante retomou as suas atividades, em 13.02.2012, tampouco a data do exame
complementar de corpo de delito, em 16.03.2012, tendo em vista que a lesão ainda não
estava consolidada nestas datas.
Nesse contexto, tal como o magistrado a quo, tenho que não há prescrição a ser
pronunciada.
Nego provimento.

2. ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL E ESTÉTICO


O Juiz de primeiro grau fixou indenização por dano moral e estético no importe total
de R$ 30.000,00, reconhecendo a responsabilidade objetiva da empregadora.
A reclamada não se conforma. Cita o boletim de ocorrência, observando que "o tempo
estava bom, a pista estava seca e o acidente ocorreu durante o dia, por volta das
16h20min, ou seja, as condições de tráfego e do veículo que o reclamante conduzia
estavam perfeitas". Assevera que "o acidente de trânsito ocorreu por culpa do
reclamante ou de terceiro". Alega que não se trata de responsabilidade objetiva, na
forma do art. 927, parágrafo único, do CC, porque "o risco existente no deslocamento
do reclamante não é maior do que o risco a que todas as pessoas que trafegam pelas
estradas brasileiras estão expostas". Sustenta que não concorreu "ativa ou
omissivamente, com dolo ou culpa, pelo acidente automobilístico sofrido pelo
empregado". Pede a reforma. Especificamente em relação aos danos morais, aduz que
não há prova nos autos "de abalo psíquico sofrido pelo Autor em decorrência do
acidente sofrido". Invoca o art. 818, I, da CLT. Alega que "a ocorrência de acidente, por
si só, não gera/causa dano moral". Especificamente em relação ao dano estético,
sustenta que é inexistente, ao argumento de que "todos os seres humanos são
assimétricos". Aduz que "a diminuição de membro inferior apresentada como sequela
está totalmente dentro de um parâmetro natural de assimetria". Por fim, assevera que
"os danos estéticos não são cumuláveis com os danos morais". Por cautela, postula a
redução do valor arbitrado, porque "completamente fora da realidade, incompatível
com a remuneração do autor e com a situação em si". Afirma que o dano, se ocorreu,
foi de natureza leve, nos termos do art. 223-G, § 1º, I, da CLT. Colaciona
jurisprudência.
Examino.
O Juiz a quo bem resumiu a versão da petição inicial:

Afirma o autor que, no curso do contrato de trabalho, sofreu sinistro com seu
automóvel, em 25.02.2010, quando em deslocamento para cidade de Uruguaiana.
Do acidente resultou falecimento de um colega de trabalho e o autor sofreu
fratura cominutiva do fêmur direito, desde então passou a sofrer com problemas
de dores em sua perna além de problemas psicológicos, resultantes desta tragédia.
Descreve as consequências do acidente: sinais de osteopenia na articulação do
joelho, fratura cominutiva da diáfise femoral proximal e média, presença de
material de osteossíntese (haste intramedular e parafusos metálicos) no colo do
fêmur e diáfise femoral, fratura da extremidade distal do rádio com colocação de
placa e parafusos, controle de osteossíntese cirúrgica com colocação de parafuso
intramedular no fêmur proximal. O trabalhador desempenhava a função de
Encarregado de Obra III, na época do acidente. O reclamante vem sofrendo
fortes dores na perna em virtude do acidente sofrido, convivendo até os dias de
hoje com esta forte dor. Cogita agravamento do quadro clínico. No caso dos
autos, resta incontroversa o liame concausal no que pese ao agravamento do
quadro de saúde do trabalhador, mais precisamente em razão das atividades
laborais desempenhadas ao longo do contrato. Postula indenização por dano
moral e material, no importe de R$ 60.000,00.

Na contestação, a reclamada teceu considerações semelhantes às do recurso.


Conforme narrativa da ocorrência constante no Boletim de Acidente de Trânsito (Id
259b8d7 - Pág. 1), sendo o reclamante o condutor do veículo denominado V2:
V1, F-1000 branca KDP-8021, tentou ultrapassar um caminhão, mas não
completou a ultrapassagem, freando bruscamente e rodando na pista atrás do
caminhão. V2, GM Ipanema branca IFK-0432, que seguia V1, não conseguiu
frear a tempo, desviando para a esquerda, invadindo a pista contrária, colidindo
frontalmente com o V3, Hyundai Tucson prata GYD 727, argentina. Isto infere-se
dos vestígios no local, além das declarações dos condutores de V2 e V3. O
condutor de V1 se ausentou sem se identificar.

O Juiz de primeiro grau entendeu que a exposição costumeira do reclamante ao


trânsito atrai a responsabilidade objetiva da reclamada, com fulcro no art. 927,
parágrafo único, do CC. Como bem fundamentado na sentença:

Ao que consta da prova colhida, a atividade de labor do autor implicava trafegar,


costumeiramente, pelas Estradas Estaduais e Federais, no exercício de sua
atividade de Cabista. Assim, a direção na estrada compunha o leque de
atribuições.
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo autor (direção na estrada) implicar, por
sua própria natureza, risco para os direitos de outrem.
No caso, são evidentes os riscos a que se expõem os trabalhadores, cuja lida
implica enfrentar estradas estaduais ou federais. A exposição costumeira ao
trânsito atrai responsabilidade objetiva, nos termos do Artigo 927, § único, do
Código Civil.
Vale lembrar que o risco da atividade econômica recai sobre o empregador, a teor
do Artigo 2º, 2º, da CLT. E a atividade de labor desenvolvida com necessário
percurso nas Estradas estaduais/federais certamente visa aos fins econômicos da
empresa, de modo que o empregado, quando acidentado na Rodovia, no
cumprimento da atividade de labor em favor da consecução dos fins econômicos,
é razoável que seja indenizado pelo dano que suportou no trágico infortúnio, que
o manteve por dois anos incapacitado para o trabalho, com alteração anatômica
nos membros inferiores, cuja origem é o acidente havido em 2010.
Vale lembrar, por fim, a justa expectativa do empregado em manter a
incolumidade física e psíquica no curso do contrato. Não espera, no
desenvolvimento de suas tarefas, ser vitimado em acidentes, com
comprometimento permanente de sua constituição física, tal como no caso dos
autos, cujo autor terá que conviver com diferença anatômica, que requer
compensação no calçado para resolver a assimetria entre a perna direita e
esquerda.
A conclusão é que, em se tratando de responsabilidade objetiva (Art. 927, § único,
do Código Civil), emerge o dever de indenizar no caso de se aferir dano moral,
material e/ou estético, como se verá a seguir.

No caso, não há como deixar de aplicar a responsabilidade objetiva à reclamada,


considerando que o reclamante estava realizando atividade de risco no momento do
infortúnio, pois estava dirigindo veículo da empresa no horário de trabalho em
rodovia, cujos riscos são evidentes, autorizando, portanto, a aplicação do parágrafo
único do art. 927 do CC.
Após entrevista com o autor, exame físico e avaliação dos exames complementares, o
perito médico concluiu que (Id 6c2e571 - Pág. 8):

O autor no momento trabalhando de forma informal como pintor e chapeador de


automóveis apresenta sequela de fratura do membro inferior direito. O
encurtamento de 2,1 cm é plenamente compensado com o uso de palmilha ou
calcanheira dentro do calçado fechado. De acordo com a tabela SUSEPE
encurtamento menor que 3 cm não tem direito a indenização. De acordo com a
Classificação Internacional de Funcionalidades vemos que o dano causado ao
autor, não o impede de locomover-se sem uso de aparelho e não causa
dependência para a vida cotidiana.

Perguntado "Consolidadas as lesões há danos estéticos? São irreversíveis? Especifique-


os.", o perito respondeu: "Há dano estético pelo encurtamento de 2,1 cm do membro
inferior direito pois o autor ao usar chinelo ou outro calçado aberto, tem que usar salto
especial no calçado e se andar descalço fica claudicante o que é notado socialmente." (Id
6c2e571 - Pág. 9).

Como observado pelo Juiz de primeiro grau:

As considerações do perito médico permitem antever que as dificuldades


enfrentadas pelo autor são permanentes, gerando dano estético. Há efetiva e
definitiva alteração anatômica.
[...]
Há dano estético a ser indenizado. Mas também há dano moral a ser considerado,
à vista da ofensa à integridade física do autor, que sofreu lesões descritas nos
laudos médicos da época, incapacitado por dois anos para o trabalho.
O montante indenizatório deve ponderar sobre o retorno de plena capacidade para
o labor - após passados dois anos - mas a manutenção de sequela anatômica que
altera a harmonia estética. Por outro lado, o encurtamento de um dos membros
inferiores é relativamente discreto, tanto que compensável com calçado que
corrija a diferença.
Não é possível traduzir em cifras o dano moral e dano estético, porque impõe fixar
montante para compensar valores subjetivos que tocam na honra e integridade
física/psíquica do indivíduo, os quais não têm parâmetro monetário. Assim, a
fixação de qualquer valor sempre transitará na inconformidade de uma ou de
ambas as partes.
Todavia, a questão não é satisfazer integralmente a expectativa monetária, mas
simplesmente não deixar à margem de resposta quando a higidez do trabalhador é
comprometida no exercício de atividades de labor, visando aos fins econômicos da
empresa e, por isso, a assunção de riscos por esta, nos termos do Artigo 2º, § 2º,
da CLT, que se impõe, pela Teoria do Risco, quando a atividade desenvolvida é
passível a levar àquele resultado: acidente de trânsito.
Também é ponderável o fato de que, sem prejuízo da configuração da atividade de
risco e da responsabilidade do empregador, a empresa é chamada a indenizar pelo
dever de manter a incolumidade física do trabalhador, por força de cláusula
implícita do contrato de trabalho.
Todavia, no caso em apreço, para fins do quantum indenizatório, é preciso
lembrar que a responsabilidade da reclamada está restrita à consequência da
atividade de risco. Nada consta sobre o infortúnio ser decorrência de falha
mecânica, de manutenção do veículo e/ou de outro fator imputável à empresa sob
enfoque de culpa subjetiva destacada. Tampouco há informação sobre jornada
extenuante. O acidente de trânsito, ao que tudo indica, foi decorrência de colisão
com terceiro que se atravessou na via percorrida pelo autor. Isso tem relevo aqui,
na fixação da indenização.
Em suma, a empresa é chamada a indenizar porque assume o risco da atividade
econômica, mas não é situação que revele negligência da empresa, até porque foi
terceiro que desencadeou o acidente de trânsito.
À vista do exposto, fixo indenização por dano moral e estético no importe total de
R$ 30.000,00.

Ponderando todas as variantes acerca do quantum indenizatório, o qual engloba tanto


o dano moral quanto o dano estético, aliadas aos parâmetros adotados por esta Turma
Julgadora para casos de lesões de semelhantes dimensões e consequências, mantenho o
valor da indenização arbitrada na origem, de R$ 30.000,00, cujo montante entendo
adequado e razoável às particularidades do caso, sem ensejar o enriquecimento sem
causa da parte lesada.
Registro, ainda, porque invocado pela reclamada recorrente a observância dos limites
do art. 223-G, § 1º, da CLT, que o Tribunal Pleno deste TRT, por unanimidade,
considerou inconstitucional a disposição do referido artigo, conforme ementa a seguir
transcrita:

DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. CRITÉRIOS


PARA A FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PARÁGRAFO
1º DO ARTIGO 223-G da CLT. É inconstitucional o parágrafo 1º do artigo 223-G
consolidado, inserido na CLT pela Lei nº 13.467/2017, já que ao preestabelecer o
valor da indenização de acordo com o patamar salarial do empregado, indicando
o salário contratual como único critério de arbitramento do valor da reparação,
caracteriza inegável discriminação e afronta o direito à igualdade ao tratar
desigualmente trabalhadores. Violação aos artigos 5º, caput, e 3º, IV, ambos da
Constituição Federal de 1988, que se tem por configurada. (TRT da 4ª Região,
Tribunal Pleno, 0021089-94.2016.5.04.0030 ROT, em 1º.7.2020, Desembargadora
Relatora Lais Helena Jaeger Nicotti)

Provimento negado.

LAIS HELENA JAEGER NICOTTI


Relator

(https://pje.trt4.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/0021084-
62.2017.5.04.0701/2#75ec240)

DO MÉRITO

Assim decidiu a 10ª Turma do TRT 2ª Região:

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO


PROCESSO TRT/SP Nº 1000382-85.2021.5.02.0445 - 10ª TURMA
RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTES:
1) ALPI DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA.
2) LUIZ HENRIQUE NUNES DO NASCIMENTO
RECORRIDOS: OS MESMOS
ORIGEM: 5ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS
Inconformadas com a r. sentença (id 11e21c4), complementada pela decisão proferida
em embargos declaratórios (id f68376a), cujo relatório adoto, que julgou procedente
em parte a reclamação, recorrem, ordinariamente, as partes.
O reclamante (id 75a3278), insistindo na condenação da reclamada ao pagamento de
acréscimo salarial por acúmulo de funções e de indenização por danos morais.
Postula, ainda, a isenção dos honorários de sucumbência.
A reclamada (id 19aefce), discordando da condenação ao pagamento de horas extras,
inclusive pela supressão parcial do intervalo intrajornada, e reflexos.
Contrarrazões pela reclamada (id 08dd4b5) e pelo reclamante (id c8451fb).
Custas e depósito recursal regularmente recolhidos.

É o relatório.
VOTO

Conheço dos recursos, eis que presentes os pressupostos processuais de


admissibilidade.

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE

Do acréscimo salarial por acúmulo de funções


Sem razão.
O autor não comprovou, ônus que lhe incumbia, que, além da função contratual de
auxiliar de expedição, teria exercido de forma concomitante e habitual tarefas
distintas e sem conexão entre si, de forma a justificar o acréscimo salarial perseguido.
De efeito, não houve confirmação do exercício de funções extravagantes da função
contratual por qualquer elemento de prova, valendo destacar que a prova
testemunhal não versou sobre o tema.
Ainda que assim não fosse, as tarefas invocadas pelo reclamante, segundo o qual "na
empresa o depoente descarregava carreta, carregava, lavava caminhão, limpava o
pátio atividades que fazia quando não estava fazendo entregas; que tais tarefas
sempre foram desempenhadas desde o início do contrato" (id 41b9b3e - Pág. 2 -
grifamos), não evidenciam se tratar de atribuições desarmônicas e incompatíveis
capazes de justificar acréscimo salarial.
Além disso e conforme declarou o autor, eram tarefas que faziam parte de seu
habitual círculo de competências desde o início do contrato de trabalho, sinalizando
que estavam inseridas nas suas obrigações contratuais, que se mantiveram inalteradas
ao longo do período contratual, sem o acúmulo alegado superveniente.
Ademais, cumpre enfatizar que o pedido de adicional por acúmulo de funções não
conta com amparo legal, haja vista que o ordenamento jurídico pátrio não contempla
a duplicidade de salário para o trabalho executado por unidade de tempo dentro da
mesma jornada de trabalho e compatível com a função contratada, sobremodo porque
o empregado se obriga a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição
pessoal (artigo 456, parágrafo único, da CLT).
E também não beneficia o reclamante as normas coletivas trazidas com a inicial,
segundo as quais "o acúmulo de funções definidas no CBO assegura ao empregado o
acréscimo de 10% (dez por cento) do salário contratual" (por exemplo, cláusula 10ª
da CCT 2019/2020 - id 0aa9e5f - Pág. 4), porquanto o autor, repise-se, não comprovou
o exercício de funções distintas, tampouco suas respectivas definições na CBO.
Nada a reparar.

Da indenização por danos morais


Relata o reclamante que, em agosto de 2019, o caminhão da reclamada no qual
estavam ele e o motorista, realizando entregas, perdeu o freio na Serra de Maresias, e
outra alternativa não restou ao condutor senão colidir propositalmente com o veículo
da frente como forma de frear o caminhão. Afirma que, em razão do infortúnio,
sofreu algumas escoriações na perna e sentiu fortes dores nas costas. Acrescenta que
foi encaminhado ao hospital Ana Costa, medicado, e afastado de suas funções por três
dias. Postula em razão disso indenização por danos morais.
Impõe, de plano, salientar que a reparação por danos de ordem imaterial depende de
prova consistente da existência de ilícito praticado pela reclamada, que tenha
transcendido os limites da relação obrigacional estabelecida entre as partes, de modo
a causar ao trabalhador constrangimento, vexame ou violação a atributos de sua
personalidade.
Conquanto seja incontroverso o referido acidente, não há comprovação de que dele
tenham advindo danos de ordem moral ao reclamante, o que se impunha, não se
podendo presumir pela só circunstância dos fatos narrados.
De efeito, as fotografias carreadas pelo autor do caminhão no dia do incidente
retratam que se tratou de acidente leve e de pouca gravidade, tanto assim que o
reclamante fez registros fotográficos do momento. E isso se confirma pelo fato de o
sinistro ter ocorrido na descida da serra, onde as normas de trânsito e as
especificidades do local impõe o tráfego em baixa velocidade (id 9c8dc86 - Pág. 5).
De outro lado, o atestado médico de 27/08/2019 dispensou o reclamante do trabalho
por um dia em razão do exame oftalmológico (id d97e1f8 - Pág. 1). O atestado médico
do hospital Ana Costa, datado de 26/08/2019, dispensou o reclamante do trabalho
nesse mesmo dia, registrando o CID-10 R05, que classifica tosse (id d97e1f8 - Pág. 2).
E o outro atestado médico, dispensando o reclamante do trabalho por três dias, de
28/09/2019 a 30/09/2019, está parcialmente ilegível e não permite verificar o
estabelecimento que o emitiu, tampouco as razões do afastamento (id d97e1f8 - Pág.
3).
Logo, além de serem incertas as alegadas consequências físicas decorrentes do
acidente, que não restaram comprovadas, não se colhe que dele tenham resultado
outras contingências dotadas de potencial lesivo capaz de resvalar na dignidade do
trabalhador e provocar grave violação a seus atributos íntimos.
Houve, isso é inegável, dissabores pelo ocorrido, como o possível susto com a colisão, a
espera pelo guincho para remover o veículo do local e por outro meio de transporte
para que os empregados fossem de lá deslocados, o que, contudo, por si só, não
caracteriza dano moral.
Destarte, porque ausente comprovação de danos morais passíveis de reparação, na
forma dos artigos 186 e 927, do Código Civil, é mesmo improcedente a reparação
indenizatória perseguida pelo reclamante.
Nego provimento.

Dos honorários advocatícios de sucumbência


A reclamação foi ajuizada em 17/05/2021, posteriormente, portanto, às alterações
conferidas pela Lei 13.467/2017, com vigência a partir de 11/11/2017, sendo, pois,
aplicável, no caso concreto, o artigo alusivo aos honorários sucumbenciais, de modo
que o ônus recai sobre a parte sucumbente.
Entrementes, o §4º, do artigo 791-A, da CLT, que prevê que "Vencido o beneficiário da
justiça gratuita - como no caso -, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em
outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de
recursos que justificou a concessão da gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo,
tais obrigações do beneficiário", foi declarado inconstitucional em recente decisão
proferida pelo E. Supremo Tribunal Federal.
De efeito, em 20/10/2021, ultimou-se o julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade ADI 5766 ajuizada junto ao E. STF, sendo que, conforme
certidão de julgamento (www.portalstf.jus.br), "O Tribunal, por maioria, julgou
parcialmente procedente o pedido formulado na ação direta, para declarar
inconstitucionais os arts. 790-B, caput e § 4º, e 791-A, § 4º, da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), vencidos, em parte, os Ministros Roberto Barroso (Relator), Luiz Fux
(Presidente), Nunes Marques e Gilmar Mendes. Por maioria, julgou improcedente a
ação no tocante ao art. 844, § 2º, da CLT, declarando-o constitucional, vencidos os
Ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Redigirá o acórdão o
Ministro Alexandre de Moraes. Plenário, 20.10.2021 (Sessão realizada por
videoconferência - Resolução 672/2020/STF)" (grifamos).
Destarte, embora parcialmente sucumbente na presente reclamação, fica isento o
reclamante do pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência, por ser
beneficiário da Justiça gratuita.
Modifico nesses termos.

RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA

Das horas extras e reflexos


Tem parcial razão a reclamada.
De pronto, não prosperam as alegações da reclamada acerca da inépcia do pedido de
horas extras por ausência de expresso pedido de nulidade do banco de horas. Isso
porque o pedido é o de horas extras e a nulidade do banco de horas, uma de suas
causas de pedir, sendo impróprio tomar um pelo outro.
Ademais, o reclamante aponta com clareza na fundamentação as razões por que
inquina de nulidade o sistema de compensação por banco de horas (id 16b974b - Pág.
8), sendo o quanto basta para se ter atendida as exigências do artigo 840, § 1º, da
CLT.
De outra parte, ao contrário do que sustenta a reclamada, o reclamante demonstrou,
por amostragem, em réplica, que as horas extras praticadas, que não eram pagas, mas
destinadas à compensação, ultrapassavam habitualmente o limite diário de duas horas
(id e4846a7), em desacordo com o estabelecido nas normas coletivas (por exemplo,
cláusula 31ª, da CCT 2019/2020 - id 0aa9e5f - Pág. 6), bem como o limite de dez horas
diárias, desrespeitando, também, o artigo 59, § 2º, da CLT.
Cite-se, por exemplo, os dias 3, 5, 10, 16 e 22, todos de abril de 2019, e nos quais o
autor entrou às 6h00, e saiu, respectivamente, às 20h20, 20h03, 23h37, 21h30 e 21h30
(id fa67964 - Pág. 4), o que totaliza, mesmo em se considerando de duas horas o
intervalo intrajornada, no mínimo doze horas diárias de trabalho.
Além disso, na mesma oportunidade, o autor denunciou de forma específica e
detalhada o cômputo de débito e crédito do banco de horas em quantidade de horas
exorbitante e desconectada da jornada que havia sido empreendida, indicando
inconsistência no referido sistema de compensação que depõe mesmo contra sua
validade.
Nulo o sistema de compensação por banco de horas, faz mesmo jus o reclamante às
horas extras corretamente anotadas nos controles de ponto, mas não quitadas, assim
consideradas as excedentes da oitava diária ou quadragésima quarta semanal, não
havendo o que reparar, no particular.
No que toca ao intervalo intrajornada, o autor declarou em depoimento pessoal que
"possuía 30 minutos de intervalo (...) que cerca de 01 ou 02 vezes na semana ficava
interno; que quando estava trabalhando externo não tinha fiscalização da jornada" (id
41b9b3e - Pág. 2 - grifamos).
A testemunha indicada pelo reclamante afirmou não ter trabalhado com ele, expondo
sua inaptidão para depor sobre os fatos controvertidos. Já a testemunha trazida pela
reclamada, motorista, afirmou "que trabalhou com o reclamante, as vezes na mesma
equipe, as vezes em equipe distinta; que faziam as paradas para a alimentação, o que
poderia ser de 15 minutos, 10 minutos meia hora, 01 hora, a depender do dia; que o
depoente quando estava interno fazia 02 horas de almoço; que acredita que com o
reclamante fosse assim" (id 41b9b3e - Pág. 2 - destacamos).
Nesse contexto, nada obstante os controles de ponto consignem a pré-anotação de duas
horas de intervalo, forçoso considerar que somente retratam os dias de trabalho
interno, sendo outra a realidade quando o autor prestava serviços externamente, nos
quais a testemunha trazida por ele convence, mesmo diante da declarada ausência de
fiscalização, que o proveito médio era de trinta minutos de intervalo nesses dias.
Está em consonância com a prova dos autos, portanto, a sentença que considerou que
o autor tinha o proveito de duas horas de intervalo, quando trabalhava internamente,
e de trinta minutos, nos demais dias, resultando daí as horas extras pela supressão da
pausa, na forma do artigo 71, § 4º, da CLT e da súmula 437, do TST.
No entanto, em razão da redação do citado dispositivo dada pela Lei 13.467/2017, cuja
aplicação de impõe a partir da sua vigência, a sentença comporta parcial modificação,
para que a condenação ao pagamento de uma hora extra diária pela supressão parcial
do intervalo intrajornada, com respectivos reflexos, seja limitada até 10/11/2017, a
partir de quando deverão ser quitadas como horas extras apenas o período suprimido
(30 minutos), e sem reflexos nas demais parcelas, consoante atual redação do artigo
71, § 4º, da CLT.
Provejo em parte.

Acórdão

ACORDAM os Magistrados da 10ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª


Região em: CONHECER dos recursos e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO
ao apelo do reclamante para isentá-lo do pagamento dos honorários advocatícios de
sucumbência, por ser beneficiário da Justiça gratuita, nos termos da fundamentação
do voto da relatora; DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso da reclamada, para
limitar a condenação ao pagamento de uma hora extra diária pela supressão parcial
do intervalo intrajornada, com respectivos reflexos, até 10/11/2017, a partir de quando
deverão ser quitadas como horas extras apenas o período suprimido (30 minutos), e
sem reflexos nas demais parcelas. No mais, fica mantida a r. sentença, inclusive
quanto aos valores dados à condenação e às custas.
Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador ARMANDO
AUGUSTO PINHEIRO PIRES.
Tomaram parte no julgamento: SANDRA CURI DE ALMEIDA, KYONG MI LEE e
ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES.
Votação: Unânime.
São Paulo, 09 de Fevereiro de 2022.

SANDRA CURI DE ALMEIDA


Desembargadora Relatora

O v. Acórdão recorrido foi proferido em flagrante


afronta aos dispositivos legais, inclusive da nossa Carta Magna, e divergência
jurisprudencial, hipóteses que autorizam o cabimento da revista.

Mostra-se absolutamente cabível a Revista in casu,


pelo que se requer o reexame da matéria por esse C. TST, sendo oportuno ressaltar, a
título de extrema cautela, que o verdadeiro objetivo da peça recursal não se atém ao
reexame dos fatos.

A admissibilidade do apelo extremo, nessa


hipótese, tem sido reiteradamente proclamada, a exemplo do que se destaca:

“Para efeito do cabimento do recurso especial, é necessário discernir entre a


apreciação da prova e os critérios legais de sua valoração. No primeiro caso há pura
operação mental de conta, peso e medida, à qual é imune o recurso. O segundo
envolve a teoria do valor ou conhecimento, em operação em que apura se houve ou
não a infração de algum princípio probatório.” (RTJ - 56/67; RSTJ-11/341).

Desta forma, para melhor desenvolvimento da


exposição, oferece o recorrente suas razões de modo articulado, apontando em cada
tópico os fundamentos da revista, sendo certo que cada um deles basta, por si só, para o
seguimento da impugnação, nos exatos termos da Súmula 285, do Tribunal Superior do
Trabalho. É certo que a falta de regulamentação pelo C. TST, demonstra a
transcendência da presente revista, tendo em conta a sua evidente configuração nesse
caso, haja vista que a matéria discutida é a violação frontal do texto Constitucional e de
Lei Federal, bem como divergências jurisprudenciais, cuja uniformização é imperativo
de segurança jurídica, razão pela qual podemos apontar que a presente revista é
juridicamente transcendente.

Com efeito, persistindo a presente situação, a


insegurança do jurisdicionado será manifesta, uma vez que a duplicidade de
interpretações de casos idênticos gera desorientação e incertezas, atritando-se com a
função principal do direito que é eliminar as antinomias. Nesse sentido podemos
colacionar o seguinte entendimento:

“Há de se considerar que o Direito do Trabalho é fator de integração social e solução


dos conflitos. Mas o Direito deve ser justo, sem o que pode comprometer a sua função.
Logo, o justo não é um fim do Direito. É condição de legitimidade de todo
ordenamento jurídico para que tenha condições de cumprir suas formalidades. É a
legitimação do poder, fator indispensável para a manutenção do Direito como
mecanismo de controle social, entendendo-se por legitimação a existência de razões
para sustentar o poder em padrões aceitáveis de justiça e eqüidade, valores que são
suporte de apoio para a sua manutenção. O Direito é, portanto, instrumento de
controle dos conflitos sociais. Nesse sentido é que se fala em segurança jurídica como
função do Direito”.

DA MATÉRIA

Do Acidente de Trabalho – Do Dano Moral

Em que pese o saber jurídico da E. 10ª Turma do


TRT 2ª Região, o v. acórdão proferido não merece prosperar à toda evidência, devendo
ser anulada para melhor aplicação do Direito ao caso em tela, como se verá.

Uma relação de emprego entre empregado e


empregador gera um vínculo que cria direitos e deveres recíprocos, e dentre os deveres
do empregador está o de dar garantia a um ambiente de trabalho seguro e saudável,
fornecendo todos os meios e instrumentos para uma boa relação.

A atividade normalmente desenvolvida pelo


reclamante era de risco acentuado (art. 927, parágrafo único, do Código Civil), uma vez
que, como auxiliar, estava sujeito aos riscos do ambiente de trabalho em que
desenvolvia a sua função – realizando viagens como ajudante/auxiliar do motorista, na
entrega de mercadorias.

Cumpre ressaltar que o risco do negócio é das


empresas e não pode ser transferido ao trabalhador, a teor do disposto no caput art. 2º da
CLT, que preceitua: “Art. 2º Considera-se empregador a empresa individual ou
coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviços.”

Também na seara da responsabilidade civil o art. 2º


da CLT deve ser aplicado, sopesando-se os requisitos da responsabilidade civil com os
fundamentos e princípios do Direito do Trabalho, notadamente o de que o risco do
negócio (também o dos acidentes ocorridos em decorrência do negócio) é da empresa,
sob pena de se transferir ao trabalhador os riscos do empreendimento.

Tais riscos não são apenas relacionados a salários,


horas extras e férias, mas englobam também a infortunística, os acidentes e doenças
decorrentes do trabalho.

Caso se passe a transferir o risco de acidentes e


doenças relacionadas ao trabalho aos empregados, visualizando-se a responsabilidade
civil apenas e tão somente sob a antiga ótica civilista estar-se-á terceirizando a
infortunística ao obreiro e os lucros ficarão somente com o empresário, o que a ordem
jurídica não admite.

A República Federativa do Brasil adotou como


fundamento a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), que compreende de forma
indissociável a dignidade do trabalhador (art. 1º, III e 7º), a valorização do trabalho
humano e a justiça social (art. 170), a busca do pleno emprego (170, VIII), os valores
sociais do trabalho (art. 1º, IV), o primado do trabalho (art. 193), assegurando, por
consequência, a higidez da saúde física e mental do trabalhador (art. 7º, XXII),
garantindo-lhe um digno convívio social e familiar. O dano de índole moral decorre da
ação ou omissão que ofenda os direitos da personalidade humana, como a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem, valores esses protegidos no contexto social (art. 5, V
e X da Constituição Federal e art. 11 do Código Civil).

Assim, independentemente de culpa, a empresa


deve ser responsabilizada pelo acidente ocorrido.

A teoria do risco em matéria infortunística foi


escolhida em benefício do trabalhador e não do empregador. Objetivou trancar outra via
para não impor, àquele a que a lei considera mais fraco, a obrigação de provar. Esse
raciocínio não pode levar à afirmação de que, em nenhuma hipótese, o lesado terá outra
via que não a acidentaria.

Incontroverso nos autos que o trabalhador sofreu


acidente de trabalho típico durante o horário de expediente e enquanto atuava em
viagem de entrega de produtos da reclamada, de exclusiva responsabilidade da mesma.

O art. 7º da Constituição Federal assegura o direito


fundamental social dos trabalhadores urbanos e rurais à redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (inciso XXII), ressaltando,
ainda, que o empregador estará obrigado à reparação civil por acidente de trabalho
quando incorrer em dolo ou culpa, independentemente da cobertura prestada pela
Previdência Social (inciso XXVIII).

Provado o acidente do trabalho, fica evidente o


direito do reclamante à indenização.

Desta forma, a responsabilidade da Empresa-


Demandada exsurge do dano causado ao trabalhador a partir do momento em que não
lhe proporcionou meios de segurança capazes de evitar o sinistro.

Uma vez consagrada, em nosso direito pátrio, a


culpa subjetiva do empregador nos casos de acidentes do trabalho, muitas foram e ainda
continuam sendo as injustiças cometidas pelas decisões judiciais, que tratam das ações
reparatórias civis referentes aos prejuízos originados por eventos sinistros no ambiente
laboral, ante a ausência de provas nos autos processuais.

Ora, é conhecida a hipossuficiência e


vulnerabilidade dos operários frente o poderio sócio-econômico dos seus empregadores.
Tanto é que um dos princípios que orientam o direito do trabalho é o princípio protetor,
que visa igualar juridicamente, empregadores e trabalhadores.

Assim, na ocorrência de acidente do trabalho,


presume-se a culpa do empregador, sobretudo se a atividade empreendida por ele é de
natureza perigosa, isto é, oferece riscos para incolumidade física e psíquica de seus
trabalhadores. Inverte-se, pois, o ônus da prova.

O empregador é responsável a menos que


comprove que tomou realmente todas as medidas de segurança necessárias ou a
existência de uma causa excludente da responsabilidade: caso fortuito, força maior ou
culpa exclusiva da vítima ou de terceiros. Ao autor da ação basta provar o dano
acidentário e o nexo causal, o que ocorreu no caso em questão.

Dispõe Cláudio Brandão: “Atividade de risco


consiste na situação em que há probabilidade mais ou menos previsíveis de perigo;
envolvendo toda a atividade humana que exponha alguém a perigo, ainda que exercida
normalmente”. Para Marcelo Junqueira Calixto, ao expor sobre a teoria do risco,
afirma que aquele que, com sua atividade, gera risco para os direitos de outrem, deve
responder pelo dano conexo a esta mesma atividade. Como mesmo ensina Sebastião
Geraldo de Oliveira, na teoria do risco ou objetiva, basta apenas o autor demonstrar o
dano e a relação de causalidade, para o deferimento da indenização. Os riscos da
atividade devem ser suportados por quem dela se beneficia. Para Sérgio Cavallieri
Filho “risco é perigo, é probabilidade de dano, importando isso, dizer que aquele que
exerce uma atividade perigosa deve assumir os riscos e reparar o dano dela
decorrente”. É, igualmente, a definição dada pelo Enunciado n° 38 do CEJ (Centros de
Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal): “A responsabilidade fundada no
risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do
Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da
coletividade”.

A teoria do risco profissional, criada


especificamente para fundamentar os casos de acidente do trabalho, sem culpa do
empregador, compreende o dever de indenizar a partir do prejuízo ocasionado no
desempenho de atividade laborativa ou profissão. Sobre o risco profissional assim
posicionou-se Sérgio Cavalieri Filho: “[...] a desigualdade econômica, a força de
pressão do empregador, a dificuldade do empregado de produzir provas, sem se falar
nos casos em que o acidente decorria das próprias condições físicas do trabalhador,
quer pela sua exaustão, quer pela monotonia da atividade, tudo isso acabava por dar
lugar a um grande número de acidentes não indenizados, de sorte que a teoria do risco
profissional veio para afastar esses inconvenientes”.

Nas hipóteses de acidente de trabalho, o sofrimento


moral suportado pelo empregado é presumido (in re ipsa), não requer a demonstração
do sofrimento experimentado pela vítima através de provas, como tem entendido a
jurisprudência (TST - RR 1492-85.2011.5.08.0004 - Rel. Min. Alberto Luiz Bresciani
de Fontan Pereira - DJe 26.10.2012 - p. 771).

Esse sentimento experimentado pela vítima é


suficiente para caracterizar a existência de um dano moral a ser indenizável por quem
lhe deu causa.

O dano moral é aquele que afeta a paz interior de


cada um. Atinge o sentimento da pessoa, o decoro, o ego, a honra, enfim, os nominados
direitos da personalidade. É, pois, a dor psicológica sentida pelo indivíduo em
decorrência de uma lesão a um bem jurídico extrapatrimonial.

Dalmartello, em sua obra “Danni Morali


Contratuali”, (“in” “Rivista Di Diritto Civile”, 1933, p.55), define o dano moral como
“a privação ou diminuição daqueles bens que tem um valor precípuo na vida do homem
e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade
física, a honra, e os demais sagrados afetos, classificando-os em dano que afeta
a parte social do patrimônio moral (honra, reputação, etc.); Dano que molesta a
parte efetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc.); Dano moral que
provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformidade, etc.), e
dano moral puro (dor, tristeza, etc.)”.

Portanto, não há que se discutir a obrigação por


parte da reclamada de arcar com os danos advindos do acidente sofrido pelo autor.

Em igual sentido:

ENGIE BRASIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ACIDENTE DO TRABALHO


TÍPICO. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. O acidente de trânsito que
resultou em lesões físicas não permanentes no trabalhador teve origem em ato
acidente do trabalho típico, para o qual a culpa do empregador é presumida, posto
que o condutor do veículo também era empregado, incidindo na espécie a regra do
artigo 932 do Código Civil. Recurso da reclamada a que se nega provimento. (TRT-4 -
RO: 00212780720155040451, Data de Julgamento: 15/06/2018, 1ª Turma)
(https://trt-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/590380748/recurso-ordinario-ro-
212780720155040451)

ACIDENTE DE TRÂNSITO EM TRABALHO EXTERNO. CARACTERIZADO O


ACIDENTE DO TRABALHO TÍPICO. Sofrendo o reclamante acidente de trânsito
ao prestar serviços externos, em benefício da empregadora, durante a jornada de
trabalho, caracteriza acidente do trabalho típico, fazendo jus à indenização por dano
moral concedida. (TRT-4 - RO: 00207590420155040331, Data de Julgamento:
23/11/2016, 3ª Turma)
(https://trt-4.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/430983060/recurso-ordinario-ro-
207590420155040331)

ACIDENTE DO TRABALHO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MOTORISTA.


RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Sendo incontroversa a ocorrência do acidente de
trabalho e excluída a hipótese de culpa exclusiva da vítima, cabível a
responsabilização da ré independentemente de aferição de culpa do empregador, já
que a atividade de motorista coloca o trabalhador em constante risco de acidentes,
sendo suficiente para o deferimento de indenizações decorrentes de tal fato a
constatação do dano e do nexo causal entre ele e o evento. (TRT-12 - RO:
00032451920145120018 SC 0003245-19.2014.5.12.0018, Relator: HELIO BASTIDA
LOPES, SECRETARIA DA 1A TURMA, Data de Publicação: 27/04/2018)
(https://trt-12.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/636222897/recurso-ordinario-
trabalhista-ro-32451920145120018-sc-0003245-1920145120018)

Por todo o exposto, o recorrente espera que sejam


acolhidas e providas as presentes Razões da Revista para que, ao final, seja reformada o
V. Acórdão, na forma da fundamentação, como medida da mais pura J U S T I Ç
A!!!

Nestes termos.
E. deferimento.
São Paulo, 14 de July de 2023.

ENZO SCIANNELLI TATIANA KISLAK JOSÉ ABÍLIO LOPES


OAB/SP 98.327 OAB/SP 175.682 OAB/SP 93.357

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