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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000159-58.2017.5.02.

0709

A C Ó R D Ã O
(3ª Turma)
GMAAB/tpn/

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO


EM RECURSO DE REVISTA. DESPACHO QUE
NEGA SEGUIMENTO A AGRAVO DE
INSTRUMENTO. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. MATÉRIA FÁTICA. ÓBICE
DA SÚMULA 126/TST. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO. Correta a decisão que negou
seguimento ao agravo de instrumento
patronal. O E. Regional negou
seguimento ao agravo de instrumento
da reclamada com fulcro na Súmula
126/TST, sob fundamento de que a
apreciação das matérias veiculadas no
recurso de revista da forma como
exposta nas razões recursais
implicaria, necessariamente, no
reexame do conjunto fático-probatório
dos autos, o que encontra óbice na
jurisprudência uniforme desta E.
Corte Superior. O E. TRT, após a
análise soberana da prova,
notadamente da prova técnica
produzida, entendeu pela existência
de periculosidade no ambiente de
trabalho (págs. 1149-1150). Diante desse
contexto, em que o E. Regional foi categórico quanto a
existência de ambiente perigoso, com base na prova
técnica dos autos, a alegação da reclamada de que o
reclamante não faz jus ao adicional de periculosidade
demandaria reexame e revalorização de provas,
pretensão que esbarra no óbice da Súmula 126/TST,
como bem observado pelo despacho agravado. Agravo
conhecido e desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000159-
58.2017.5.02.0709, em que é Agravante BANCO DO BRASIL S.A. e Agravado
PEDRO RICARDO PIZARRO DE CASTILHO.
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Por meio do r. despacho às págs. 1243-1245, foi negado seguimento ao


agravo de instrumento do reclamado, contra o qual interpôs o presente recurso de agravo (págs. 1247-
1261).
Concedido o prazo de 8 (oito) dias para
apresentação de contraminuta, nos termos do art. 1021, § 2º, do
CPC/2015, o reclamante se manifestou, às pág. 1268-1271.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Satisfeitos os pressupostos referentes à tempestividade e representação,


CONHEÇO.

2 - MÉRITO

Ao recurso de agravo de instrumento do reclamado foi denegado


seguimento, adotando-se como razões de decidir o respectivo despacho primeiro de admissibilidade
de seguinte teor (págs. 1202-1204)

“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tramitação na forma da Lei n.º 13.467/2017.
Tempestivo o recurso, considerando o disposto no Ato GP/CR nº
03/2018 e na Portaria GP nº 105/2017 (decisão publicada no DEJT em
21/05/2018 - Aba de Movimentações; recurso apresentado em 06/06/2018 -
id. 3707f26).
Regular a representação processual, id. ddd16e0 - Pág. 1 a 5.
Satisfeito o preparo (id(s). 468ce06 - Pág. 5, ae3433b - Pág. 1 e
d3e1fc2 - Pág. 1, 7e41ea3 - Pág. 1 e 6b001a3 - Pág. 1).
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Salário/Diferença
Salarial / Licença prêmio.
Alegação(ões):
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- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 132; nº 191 do colendo Tribunal


Superior do Trabalho.
- violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 193;
artigo 818; Código de Processo Civil de 2015, artigo 373.
Apesar de transcrever o trecho da decisão recorrida que entende
consubstanciar o prequestionamento da controvérsia, na tentativa de atender
ao art. 896, §1º-A, I, da CLT, a parte deixou de proceder ao cotejo analítico
entre esse trecho do v. Acórdão e os paradigmas trazidos e os dispositivos
que afirma terem sido violados, também não o fazendo em relação às
Súmulas nº 132 e 191 do TST, que afirma terem sido contrariadas, uma vez
que não se insurgiu contra a tese da ausência de impugnação do reclamado
em relação à alegação do reclamante de que as normas internas atribuíram
natureza salarial à licença prêmio, bem como a da falta de comprovação
que as normas internas excluíam o adicional de periculosidade da base de
cálculo da licença prêmio, o que não impulsiona o recurso de revista, nos
termos do art. 896, §1º-A, III, da CLT.
DENEGO seguimento quanto ao tema.
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional /
Adicional de Periculosidade / Armazenamento de Líquido Inflamável.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 364 do colendo Tribunal Superior
do Trabalho.
- contrariedade a Orientação Jurisprudencial: SBDI-I/TST, nº 385.
- violação do(s) artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal.
- violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 193;
artigo 195.
- divergência jurisprudencial.
Para se adotar entendimento diverso da decisão Regional, ter-se-ia
que proceder à revisão do conjunto fático-probatório, conduta incompatível
na atual fase do processo (Súmula nº 126 do C. Tribunal Superior do
Trabalho), o que também afasta, de plano, a possibilidade de cabimento do
recurso por divergência jurisprudencial ou por violação literal de disposição
de lei federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.
No mais, a decisão recorrida está de acordo com a atual
jurisprudência da Seção Especializada em Dissídios Individuais - I do C.
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Tribunal Superior do Trabalho (Orientação Jurisprudencial de nº 385), o


que inviabiliza a admissibilidade do presente apelo nos termos da Súmula
nº 333 do C. Tribunal Superior do Trabalho e §7º do artigo 896 da CLT.
A função uniformizadora do Tribunal Superior do Trabalho já foi
cumprida na pacificação da controvérsia, o que obsta o seguimento do
presente recurso, quer por divergência, quer por violação de preceito de lei
ou da Constituição Federal.
DENEGO seguimento quanto ao tema.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista”.

Inconformado, o reclamado se volta contra o


despacho supra, apenas quanto ao tema “adicional de periculosidade”,
sustentando que o todos os elementos fáticos probatórios necessários
ao correto enquadramento jurídico encontram-se nos autos, e
repisando a matéria de fundo quanto à inexistência de ambiente
insalubre.
Sem razão.
Como visto, negou-se seguimento ao agravo de instrumento da reclamada
com fulcro na Súmula 126/TST, sob fundamento de que a apreciação das matérias veiculadas no
recurso de revista da forma como exposta nas razões recursais implicaria, necessariamente, no
reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que encontra óbice na jurisprudência uniforme
desta E. Corte Superior.
Extrai-se do quadro fático delineado no v. acórdão regional que:

“Incontroverso que o reclamante laborava na parte administrativa do


quinto andar da edificação do banco reclamado.
O laudo pericial (ID 2b1864c) não só constatou a existência de um
tanque externo com capacidade para dez mil litros de óleo diesel,
abastecido por caminhão tanque em operação externa mas também a
existência de três grupos de moto geradores na edificação do reclamado,
cada qual com um reservatório, um deles com quinhentos litros e os outros
dois de mil litros de capacidade de armazenamento de óleo diesel, no piso
térreo do banco reclamado, além da "...falta de Bacia de contenção nos
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tanques de 1.000 litros instalados acima dos compressores." (ID. 2b1864c -


Pág. 18).
Assim é que consignou o Sr. Perito do Juízo que "... os recipientes
utilizados para o armazenamento de óleo diesel, instalado no interior da
edificação, ou seja, na projeção vertical da edificação onde o Reclamante
laborou, apresentou não conformidades nas letras (a, b, c, e, g, k) do item
20.17.2.1, bem como aos itens "m" e "s" do quadro 3 do anexo 2 da NR16,
e a falta de Bacia de contenção nos tanques de 1.000 litros instalados acima
dos compressores".
Em seus esclarecimentos reforçou que "... o Reclamante trabalhava
em área de risco, em exposição contínua e em local de proximidades aos
recipientes de combustível (instalados no interior da edificação onde o
Reclamante ativava suas funções administrativas), exposto, portanto, a
perigo real em caso de explosão - fator de risco efetivo do/no local" (ID
800d6e9). E que o reclamado "... não apresentou para a instalação do
tanque no interior do edifício administrativo onde o Reclamante laborou, o
Projeto e Análise Preliminar de Perigos/Riscos (APP/APR) ..."
Dessa forma, o risco não se restringia ao âmbito dos recintos dos
inflamáveis. Assim, não importando a alegação recursal de que o
reclamante não acessava o recinto fechado onde se encontra o gerador e o
tanque de combustível.
Em que pesem as razões do inconformismo recursal, bem como em
face da prevalência da prova técnica destes autos sobre a prova emprestada,
aplicável os termos da OJ 385 do C. TST:
"385. Adicional de periculosidade. Devido. Armazenamento de
líquido
inflamável no prédio. Construção vertical. (DeJT 09/06/2010) É
devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que
desenvolve suas atividades em edifício (construção vertical), seja em
pavimento igual ou distinto daquele onde estão instalados tanques para
armazenamento de líquido inflamável, em quantidade acima do limite legal,
considerando-se como área de risco toda a área interna da construção
vertical” (pág. 1149-1150).
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Diante desse contexto, em que o E. Regional foi categórico quanto a


existência de ambiente perigoso, notadamente se baseando na prova técnica produzida, a alegação da
reclamada de que o reclamante não faz jus ao adicional de periculosidade demandaria reexame e
revalorização de provas, pretensão que esbarra no óbice da Súmula 126/TST, como bem observado
pelo despacho agravado.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo.
Brasília, de de

ALEXANDRE AGRA BELMONTE


Ministro Relator

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