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PROCESSO Nº TST-RR-958-49.2019.5.09.

0129

ACÓRDÃO
8ª Turma
ACV/csfg

AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEI 13.467/2017.


RITO SUMARÍSSIMO. INDEFERIMENTO DE
PROVA PERICIAL. PROTESTO EM AUDIÊNCIA.
DESNECESSIDADE DE RENOVAÇÃO EM
RAZÕES FINAIS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO
LEGAL PARA O PROCEDIMENTO. NÃO
CONFIGURADA PRECLUSÃO. CERCEAMENTO
DE DEFESA. TRANSCENDÊNCIA. Reconhecida
transcendência política da causa, deve ser
provido o agravo de instrumento para exame
da violação ao artigo 5º, LV, da Constituição
Federal e à jurisprudência reiterada deste
Tribunal Superior acerca da validade do
protesto antipreclusivo feito exclusivamente
em audiência. Agravo de instrumento provido.
RECURSO DE REVISTA. LEI Nº 13.467/2017.
PROTESTO ANTIPRECLUSIVO FEITO EM
AUDIÊNCIA. VALIDADE. AUSÊNCIA DE
EXIGÊNCIA DE RENOVAÇÃO EM RAZÕES
FINAIS. O artigo 795 da CLT determina que a
parte deve arguir a nulidade na primeira
oportunidade de falar, em audiência ou nos
autos. Tendo a parte protestado contra o
indeferimento de prova pericial em audiência,
logo depois da decisão judicial, despicienda a
renovação da insurgência em razões finais,
ante a inexistência de exigência legal nesse
sentido. Não há que se falar em preclusão
Precedentes do TST. Recurso de revista
conhecido e provido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista


n° TST-RR-958-49.2019.5.09.0129, em que é Recorrente MIGUEL LOPES DA SILVA e é
Recorrido TIL TRANSPORTES COLETIVOS S/A..

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto com o fim de


reformar o despacho que denegou seguimento ao Recurso de Revista interposto contra
decisão regional publicada em 20/11/2020, posteriormente à vigência da Lei
13.467/2017.
A contraminuta e as contrarrazões foram apresentadas.
Desnecessária a remessa dos autos ao d. Ministério Público do
Trabalho.
É o relatório.

VOTO
AGRAVO DE INSTRUMENTO
CONHECIMENTO
Conheço do agravo de instrumento, porque tempestivo e regular
a representação.

MÉRITO

O r. despacho agravado negou seguimento ao recurso de revista


sob o seguinte fundamento:

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Recurso tempestivo (decisão publicada em 20/11/2020 - Id 34e4441;
recurso apresentado em 02/12/2020 - Id 39fba9c).
Representação processual regular (Id 896ce51).
Preparo inexigível.
PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
TRANSCENDÊNCIA
Nos termos do artigo 896-A, § 6º, da Consolidação das Leis do Trabalho,
cabe ao Tribunal Superior do Trabalho analisar se a causa oferece
transcendência em relação aos reflexos gerais de natureza econômica,
política, social ou jurídica.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO (8826) / Atos Processuais


(8893) / Nulidade (8919) / Cerceamento de Defesa
Alegação(ões):
- violação do(s) inciso LV do artigo 5º da
Constituição Federal.
- violação da(o) artigo 795 da Consolidação das
Leis do Trabalho.
- divergência jurisprudencial.
A parte recorrente, em observância ao requisito previsto no inciso I, do
§1º-A, do art. 896, da CLT, indica os seguintes trechos da decisão recorrida,
alegando consubstanciar o prequestionamento da controvérsia objeto do
recurso de revista:
Acórdão (Id 719dd7c):
"(...) É entendimento desta d. 5ª Turma que, tendo sido consignados
protestos em audiência, estes devem ser devidamente fundamentados no
tocante à existência de eventual prejuízo (art. 794 da CLT), situação em que se
admitem razões finais remissivas.
De outro lado, não justificados os protestos, como é o presente caso ,
impõe-se arguição fundamentada em razões finais, pois, de acordo com o
princípio da preclusão atinente às nulidades processuais, deve a parte alegar a
nulidade relativa "à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos
autos" (art. 795 da CLT), sob pena de convalidação do ato.
No mesmo sentido, o art. 245 do CPC, que assim prescreve: "a nulidade
dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber falar nos
autos, sob pena de preclusão". Cite-se por oportuno, precedente desta Turma
nos autos 0000320-55-2014-5-09-0011, Relator Des. Archimedes Castro
Campos Junior, publicação em 18/06/2019, verbis:
"Cabe registrar que o Processo do Trabalho não contempla figura de
"protesto", em meio à resolução de eventual incidente processual, mormente
quando se apresenta desacompanhado de razões de insurgência. O art. 795
impõe que a parte se pronuncie no primeiro momento que "tiverem" de
falar nos autos, e não a qualquer momento, sob mero protesto, sem
possibilidade do Juiz-instrutor reconsiderar a decisão, a partir da análise
dos argumentos e fundamentos que a parte apresente. Incumbia à parte
arguir, fundamentadamente, em razões finais, a sua insurgência, o que não o
fez.
Destarte, não cumpriu suficientemente a parte autora a obrigação de
oportuna provocação da atividade jurisdicional, vez que deixou de declinar
quaisquer razões que fundamentariam sua arguição de nulidade, não
praticando a contento o necessário ato antipreclusivo na primeira
oportunidade que teve para se manifestar nos autos acerca do tema, não se
tratando de hipótese de nulidade evidente. Neste contexto, resta preclusa a
oportunidade de arguição de nulidade." - destacou-se.

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No caso, como se observa, constou genericamente da Ata de audiência


"Protestos da parte autora" (fl. 298), sendo que as razões finais foram
remissivas (fl. 298).
O simples registro de "protestos" em audiência, sem renovação de
modo fundamentado em razões finais, é insuficiente para eximir a parte
interessada do dever legal de arguir a nulidade, de forma precisa e expressa
no momento oportuno, operando-se, assim, a preclusão quanto à matéria.
Nada a prover."
Decisão de embargos de declaração (Id 64e0825):
"(...) Verifica-se que as insurgências deduzidas pelo Embargante
demonstram, em verdade, inconformismo com a decisão prolatada, pois
pretende a reanálise da fundamentação, incabível pela via processual eleita.
Cumpre ressaltar que a adoção de tese explícita a respeito das questões
invocadas implica, por questão de lógica, a rejeição de teses contrárias, bem
como a inaplicabilidade dos dispositivos legais a elas vinculados.
A matéria devolvida à apreciação do Juízo, por certo, foi analisada
consoante as disposições legais aplicáveis à espécie, sendo desnecessária a
expressa indicação de artigos de lei para que se entenda a matéria como
prequestionada (OJ 118 SDI-1 do C. TST).
Ademais, se o Embargante entende que ocorreu erro in judicando, cabe
reforma do julgado, a qual não pode ser obtida por meio da via recursal eleita,
à luz dos arts. 1.022 do CPC, c/c o art. 897-A da CLT.
Portanto, rejeitam-se."
De acordo com o artigo 896, § 9°, da CLT e da Súmula n.º 442 do
Tribunal Superior do Trabalho, "nas causas sujeitas ao procedimento
sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por contrariedade a
súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a
súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da
Constituição Federal.".
Inviável o processamento do recurso, portanto, com fundamento na
violação a dispositivo de lei federal e em divergência jurisprudencial.
Ademais, o posicionamento adotado no acórdão recorrido reflete a
interpretação dada pelo Colegiado aos preceitos legais que regem a matéria.
A ofensa ao dispositivo da Constituição Federal apontado, ainda que fosse
possível admiti-la, seria meramente reflexa, insuficiente, portanto, para
autorizar o trânsito regular do recurso de revista.
CONCLUSÃO
Denego seguimento.

Nas razões de agravo de instrumento, a parte sustenta que o


objeto do recurso de revista, qual seja, a exigência de renovação, nas razões finais, de
protesto ao indeferimento de prova técnica, caracteriza cerceamento de defesa e,
portanto, violação direta ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal, e não meramente
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reflexa. Aponta que não pretendeu demonstrar divergência jurisprudencial, aduzindo


que os arestos colacionados nas razões de seu apelo têm por escopo a comprovação do
entendimento dominante nesta Corte Superior quando ao tema.
Eis os trechos transcritos nas razões de recurso de revista,
referentes aos acórdãos que decidiram o recurso ordinário e os embargos de
declaração, respectivamente (grifos no original):

É entendimento desta d. 5ª Turma que, tendo sido consignados


protestos em audiência, estes devem ser devidamente fundamentados
no tocante à existência de eventual prejuízo (art. 794 da CLT), situação
em que se admitem razões finais remissivas. De outro lado, não
justificados os protestos, como é o presente caso, impõe-se arguição
fundamentada em razões finais, pois, de acordo com o princípio da
preclusão atinente às nulidades processuais, deve a parte alegar a
nulidade relativa "à primeira vez em que tiverem de falar em audiência
ou nos autos" (art. 795 da CLT), sob pena de convalidação do ato. No
mesmo sentido, o art. 245 do CPC, que assim prescreve: "a nulidade dos atos
deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber falar nos autos,
sob pena de preclusão". Cite-se por oportuno, precedente desta Turma nos
autos 0000320-55-2014-5-09-0011, Relator Des. Archimedes Castro Campos
Junior, publicação em 18/06/2019, verbis: "Cabe registrar que o Processo do
Trabalho não contempla figura de "protesto", em meio à resolução de
eventual incidente processual, mormente quando se apresenta
desacompanhado de razões de insurgência. O art. 795 impõe que a parte se
pronuncie no primeiro momento que "tiverem" de falar nos autos, e não a
qualquer momento, sob mero protesto, sem possibilidade do Juiz instrutor
reconsiderar a decisão, a partir da análise dos argumentos e fundamentos
que a parte apresente. Incumbia à parte arguir, fundamentadamente, em
razões finais, a sua insurgência, o que não o fez. Destarte, não cumpriu
suficientemente a parte autora a obrigação de oportuna provocação da
atividade jurisdicional, vez que deixou de declinar quaisquer razões que
fundamentariam sua arguição de nulidade, não praticando a contento o
necessário ato antipreclusivo na primeira oportunidade que teve para se
manifestar nos autos acerca do tema, não se tratando de hipótese de
nulidade evidente. Neste contexto, resta preclusa a oportunidade de arguição
de nulidade." - destacou-se. No caso, como se observa, constou
genericamente da Ata de audiência "Protestos da parte autora" (fl. 298),
sendo que as razões finais foram remissivas (fl. 298). O simples registro
de "protestos" em audiência, sem renovação de modo fundamentado em
razões finais, é insuficiente para eximir a parte interessada do dever
legal de arguir a nulidade, de forma precisa e expressa no momento

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oportuno, operando-se, assim, a preclusão quanto à matéria. Nada a


prover.

Verifica-se que as insurgências deduzidas pelo Embargante


demonstram, em verdade, inconformismo com a decisão prolatada, pois
pretende a reanálise da fundamentação, incabível pela via processual
eleita. Cumpre ressaltar que a adoção de tese explícita a respeito das
questões invocadas implica, por questão de lógica, a rejeição de teses
contrárias, bem como a inaplicabilidade dos dispositivos legais a elas
vinculados. A matéria devolvida à apreciação do Juízo, por certo, foi
analisada consoante as disposições legais aplicáveis à espécie, sendo
desnecessária a expressa indicação de artigos de lei para que se entenda
a matéria como prequestionada (OJ 118 SDI-1 do C. TST). Ademais, se o
Embargante entende que ocorreu erro in judicando, cabe reforma do
julgado, a qual não pode ser obtida por meio da via recursal eleita, à luz
dos arts. 1.022 do CPC, c/c o art. 897-A da CLT. Portanto, rejeitam-se.

Cumpridos os pressupostos do agravo de instrumento, procede-


se previamente ao exame da transcendência, nos termos do art. 896-A, §1º, incisos I a
IV, da CLT.
Nos termos do art. 896-A da CLT "O Tribunal Superior do Trabalho,
no recurso de revista, examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação
aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica".
O objetivo da norma é de que os temas a serem alçados à
análise em instância extraordinária detenham os indicadores de transcendência, que
justifiquem o julgamento do recurso de revista interposto, em respeito aos princípios
constitucionais que informam a razoável duração do processo, viabilizando que a Corte
Superior se manifeste apenas em causas distintas, que detenham repercussão.
A causa diz respeito à validade do protesto antipreclusivo feito
exclusivamente em audiência, contra decisão que indeferiu a realização de prova
pericial, sem a renovação do pedido em razões finais e, por conseguinte, a existência de
cerceamento de defesa no acórdão regional que reconheceu a preclusão.
O Tribunal Regional entendeu estar preclusa a arguição do
reclamante de cerceamento de defesa pelo indeferimento da referida prova técnica,
pois não foi observado o prazo constante no art. 795 da CLT, uma vez que não foi

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alegada a nulidade em suas razões finais, não se prestando a elidir a preclusão o


protesto apresentado em audiência, uma vez que não foi devidamente fundamentado.
Há transcendência política da causa, nos termos do art. 896-A,
§1°, II, da CLT, uma vez que a v. decisão regional, está em dissonância com a
jurisprudência desta c. Corte Superior que, em casos como o dos autos, entende que a
ausência de alegação da nulidade nas razões finais não configura preclusão, como se
extrai dos arestos abaixo relacionados:

A) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMADA. ACÓRDÃO REGIONAL


PUBLICADO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. 1. NULIDADE
PROCESSUAL POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO
DE PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. PROTESTOS EM AUDIÊNCIA.
AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE RAZÕES FINAIS. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO.
CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. O Tribunal Regional reconheceu a
preclusão para arguir nulidade processual por cerceamento do direito de
defesa, sob o argumento de que, muito embora tenha registrado protestos
contra a decisão que indeferiu a oitiva de sua testemunha, a Reclamada não
apresentou razões finais a fim de se insurgir contra a referida decisão. II. Esta
Corte Superior tem se manifestado no sentido de que a ausência de
renovação de protestos em razões finais não acarreta preclusão do
direito de a parte arguir a nulidade, no recurso ordinário, uma vez que
tal exigência não encontra respaldo legal. Ademais, a apresentação de
razões finais é uma faculdade da parte, de maneira que essa peça
processual não se trata de requisito essencial para o reconhecimento da
nulidade processual. Dessa forma, não prejudica o exame da nulidade o
fato de a Reclamada não ter apresentado razões finais, deixando para
suscitar a questão apenas no recurso ordinário. Isso porque já havia
registrado seu inconformismo com o indeferimento da produção de prova
testemunhal por meio dos protestos efetuados na audiência de instrução.
Precedentes. III. Assim, não houve preclusão da arguição de nulidade
processual por cerceamento do direito de defesa, pois consignado no acórdão
regional que a Reclamada se insurgiu na primeira oportunidade, conforme
determina o art. 795, caput, da CLT, por meio de protestos arguidos em
audiência, contra o indeferimento do pedido de oitiva da sua testemunha e de
depoimento pessoal do Reclamante. IV. Recurso de revista de que se conhece,
por violação do art. 795, caput, da CLT, e a que se dá provimento. (...). (RR -
146100-65.2009.5.02.0441 , Relator Ministro: Alexandre Luiz Ramos, Data de
Julgamento: 22/05/2019, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 24/05/2019 –
grifou-se)

(...) CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITA DE TESTEMUNHA.


PROTESTOS REGISTRADOS. RATIFICAÇÃO EM RAZÕES FINAIS. NECESSIDADE.
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Identificada possível violação do artigo 795 da CLT, deve-se dar provimento ao


agravo de instrumento para melhor exame da controvérsia. Agravo de
instrumento conhecido e provido, no tema. III - RECURSO DE REVISTA DO
RECLAMADO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. CONTRADITA DE
TESTEMUNHA. PROTESTOS REGISTRADOS. RATIFICAÇÃO EM RAZÕES FINAIS.
NECESSIDADE. Esta Corte Superior possui o entendimento de que não há
preclusão da arguição de cerceamento do direito de defesa resultante do
indeferimento de oitiva de testemunha quando a parte, havendo
protestado em audiência contra aquela decisão, nada menciona a
respeito nas razões finais que se seguiram. Uma vez reconhecido o
prejuízo do reclamado, que foi condenado ao pagamento de
determinadas parcelas tendo em vista unicamente a prova testemunhal
produzida, há de se determinar o retorno dos autos ao eg. Tribunal
Regional, para que prossiga no exame da matéria, afastada a preclusão
declarada. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 795 da CLT e
provido. (ARR - 1468-67.2014.5.02.0441 , Relator Ministro: Alexandre de Souza
Agra Belmonte, Data de Julgamento: 08/05/2019, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 10/05/2019 – grifou-se)

RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. RECURSO ANTERIOR À LEI Nº


13.015/2014. CONEXÃO E CONTINÊNCIA. INDEFERIMENTO. PROTESTO EM
AUDIÊNCIA NÃO RENOVADO EM RAZÕES FINAIS. PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA.
1. O TRT reconheceu que, após o indeferimento de seu pedido de reunião de
processos por conexão e continência, o reclamante protestou em audiência.
Não obstante, entendeu que a questão relativa à conexão e continência
estava preclusa porque, além de não ter havido a arguição expressa de
nulidade processual em audiência, nas razões finais, apresentadas pela
reclamante por memoriais, igualmente não houve menção à ocorrência de
cerceamento de defesa. 2. À luz da jurisprudência desta Corte, o registro
de protestos em audiência mostra-se suficiente para afastar a preclusão,
sendo desnecessária a renovação da insurgência em razões finais.
Precedentes. 3. Nesse contexto, as exigências impostas no acórdão recorrido,
relativas à arguição expressa de nulidade em audiência e de sua renovação
em razões finais, quando já registrados os protestos naquela oportunidade,
acarreta formalismo exacerbado e caracteriza má aplicação do art. 795 da CLT.
Recurso de revista conhecido e provido. (RR - 1112-62.2012.5.09.0016 , Relator
Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 21/11/2018, 1ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 23/11/2018 – grifou-se).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. LEI Nº


13.467/2017PRELIMINAR DE NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE
DEFESA. INDEFERIMENTO DA PROVA TESTEMUNHAL. TESTEMUNHAS
RECÍPROCAS. TROCA DE FAVORES NÃO COMPROVADA. PROTESTO EM

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AUDIÊNCIA. MOMENTO OPORTUNO. DESNECESSIDADE DE RENOVAÇÃO EM


RAZÕES FINAIS. PRECLUSÃO NÃO CONFIGURADA1. O TRT, no exercício do
primeiro juízo de admissibilidade, negou seguimento ao recurso de revista do
reclamante, com fundamento no art. 896, § 1º-A, III, da CLT.2 - Diversamente
do que constou no despacho agravado, entende-se que o recurso de revista
observa, suficientemente, às exigências do art. 896, § 1º-A, da CLT.3 -
Prosseguindo no exame dos demais pressupostos de admissibilidade do
recurso de revista (OJ nº 282 da SBDI-1 do TST), verifica-se que há
transcendência política, pois se constata em exame preliminar o desrespeito
da instância recorrida à jurisprudência majoritária, predominante ou
prevalecente no TST.4 - Aconselhável o processamento do recurso de revista, a
fim de prevenir eventual ofensa ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal.5 -
Agravo de instrumento a que se dá provimento.II - RECURSO DE REVISTA.
RECLAMANTE. LEI Nº 13.467/2017PRELIMINAR DE NULIDADE POR
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DA PROVA
TESTEMUNHAL. TESTEMUNHAS RECÍPROCAS. TROCA DE FAVORES NÃO
COMPROVADA. PROTESTO EM AUDIÊNCIA. MOMENTO OPORTUNO.
DESNECESSIDADE DE RENOVAÇÃO EM RAZÕES FINAIS. PRECLUSÃO NÃO
CONFIGURADA1 - O Tribunal Regional negou provimento ao recurso ordinário
do reclamante quanto à preliminar de nulidade da sentença por cerceamento
de defesa. A Turma julgadora considerou que "afora a comprovação
inequívoca da troca de favores, porquanto a testemunha confirma que o autor
foi sua testemunha em ação ajuizada contra a empresa, o protesto feito pelo
procurador do autor, presente na audiência, não foi renovado em razões
finais [...]. Trata-se, portanto, de matéria absolutamente preclusa".2 – O
entendimento já pacificado no âmbito desta Corte Superior é de que "não
torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou de ter
litigado contra o mesmo empregador" (Súmula nº 357 do TST) e que a troca de
favores apta a tornar a testemunha suspeita deve ser efetivamente
comprovada (julgados). Isso, porque no contexto de uma empresa não é
incomum que a lesão a determinados direitos trabalhistas alcance uma
quantidade considerável de trabalhadores que, por terem vivenciado o
problema no mesmo ambiente e no mesmo período, serão naturalmente as
testemunhas umas das outras. No caso concreto, o que se verifica é a mera
presunção de que houve troca de favores, em razão da circunstância de a
testemunha e o reclamante serem testemunhas recíprocas.3 - Também se
extrai da delimitação do acórdão recorrido que o reclamante cuidou de
apresentar os devidos protestos em audiência quando do indeferimento da
produção de prova testemunhal. 4- O artigo 795 da CLT prevê que as
nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes,
as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em
audiência ou nos autos. Mencionado dispositivo não estabelece
quaisquer requisitos ou formas especiais de apresentação da
insurgência. É de se observar que não há sequer exigência legal no

Firmado por assinatura digital em 24/08/2022 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP 2.200-2/2001, que
instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-958-49.2019.5.09.0129

sentido de que o protesto contendo a arguição de nulidade seja renovado


quando do oferecimento das razões finais. A determinação contida na
norma celetista diz respeito à provocação do juízo, pela parte
prejudicada, no primeiro momento em que puder se manifestar nos
autos, exatamente como fez o reclamante. Assim, o recorrente cumpriu
satisfatoriamente a exigência legal, de modo que a alegação de nulidade por
cerceamento de defesa não se encontra preclusa, conforme entendeu o TRT.5
– Recurso de revista a que se dá provimento" (RR-0020029-03.2018.5.04.0811,
6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 19/04/2022 – grifou-
se).

"I. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. REGIDO PELAS


LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. 1. PRESSUPOSTO RECURSAL. INDICAÇÃO DO
TRECHO DA DECISÃO RECORRIDA QUE COMPROVA O PREQUESTIONAMENTO
DA CONTROVÉRSIA. REQUISITO INSCRITO NO ART. 896, § 1º-A, I, DA CLT, COM
A REDAÇÃO CONFERIDA PELA LEI 13.015/2014. O Tribunal Regional denegou
seguimento ao recurso de revista da Reclamante com base no artigo 896, § 1º-
A, I, da CLT. No entanto, nas razões do recurso de revista, a Reclamante
indicou o trecho do acórdão regional que comprova o prequestionamento da
controvérsia. Afastado o óbice ao processamento da revista, passa-se ao
exame dos pressupostos intrínsecos, com fulcro na OJ 282 da SBDI-1 do TST.
2. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE
TESTEMUNHAS. PROTESTOS. RAZÕES FINAIS REMISSIVAS. PRECLUSÃO NÃO
CONFIGURADA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CARACTERIZADA. De acordo
com o art. 896-A da CLT, o Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de
revista, deve examinar previamente se a causa oferece transcendência
com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social
ou jurídica. No caso presente, a Reclamada pretendeu a oitiva de
testemunha para comprovar o pagamento de salário e comissões "por
fora". Conforme delineado no acórdão regional, formulou protesto na
audiência e, sob o fundamento de que o protesto não foi renovado nas
razões finais, o Tribunal Regional concluiu ter ocorrido a preclusão. Em
situações como a dos autos, esta Corte tem jurisprudência no sentido de
que a ausência de renovação explícita do protesto nas razões finais não
configura preclusão. Encontrando-se a decisão regional em flagrante
dissonância com a jurisprudência pacífica e reiterada desta Corte, resta
divisada a transcendência política do debate proposto. Possível violação do
artigo 5º, LV, da Constituição Federal. Agravo de instrumento conhecido e
provido. II. RECURSO DE REVISTA. REGIDO PELAS LEIS 13.015/2014 E
13.467/2017. CERCEAMENTO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE
TESTEMUNHAS. PROTESTOS. RAZÕES FINAIS REMISSIVAS. PRECLUSÃO NÃO
CONFIGURADA. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CARACTERIZADA. Discute-se na
espécie se há preclusão quando a parte, apesar de formular protesto em

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PROCESSO Nº TST-RR-958-49.2019.5.09.0129

audiência pelo deferimento da oitiva de testemunhas, apresenta razões finais


sem renová-lo. O TRT consignou expressamente que, " embora a recorrente,
na audiência de fls. 207/208, tenha consignado "protestos" em relação ao
indeferimento das provas que pretendia produzir, concordou com o
encerramento da instrução processual, tendo sido suas razões finais
remissivas, sem qualquer fundamentação da nulidade suscitada. ". No
entanto, o comando do art. 795 da CLT é o de que a parte deve arguir a
nulidade na primeira vez em que tiver de falar, em audiência ou nos autos.
Não há determinação para que, após insurgir-se em momento oportuno, a
parte ratifique seu ato posteriormente. Desse modo, o Tribunal Regional, ao
concluir pela configuração da preclusão, contrariou a atual, iterativa e notória
jurisprudência do TST, restando caracterizada a transcendência política do
debate proposto e, consequentemente, violação do artigo 5º, LV, da
Constituição Federal. Transcendência política evidenciada. Recurso de revista
conhecido e provido" (RR-1000222-04.2016.5.02.0003, 5ª Turma, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 22/05/2020 – grifou-se).

"I - AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. RECURSO DE REVISTA


APRESENTADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14. NULIDADE. CERCEAMENTO
DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA. PROTESTO EM
AUDIÊNCIA. DESNECESSIDADE DE RENOVAÇÃO EM RAZÕES FINAIS. Mostra-se
prudente o provimento do agravo de instrumento para determinar o
processamento do recurso de revista, ante a provável violação do art. 5º, LV,
da CF. Agravo de instrumento provido. II - RECURSO DE REVISTA
APRESENTADO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/14. NULIDADE. CERCEAMENTO
DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHA. PROTESTO EM
AUDIÊNCIA. DESNECESSIDADE DE RENOVAÇÃO EM RAZÕES FINAIS. O
Tribunal Regional entendeu preclusa a oportunidade de arguição da
nulidade do julgamento por cerceio do direito de defesa, uma vez que a
reclamada não a renovou em razões finais, apesar de ter consignado
protestos em audiência quanto ao indeferimento da oitiva de
testemunha. Consoante o disposto no art. 795 da CLT, as nulidades
devem ser arguidas na primeira oportunidade que as partes tiverem de
falar em audiência ou nos autos. Assim, ao contrário do entendimento
firmado pelo Tribunal Regional, consignado o protesto em audiência, não
há se falar em preclusão quanto à nulidade por cerceamento do direito
de defesa diante da não renovação da alegação em razões finais. A
decisão regional encontra-se em dissonância com o entendimento
consolidado no âmbito desta Corte Superior. Recurso de revista conhecido
e provido" (RR-447-09.2015.5.02.0025, 5ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT 30/04/2021 - grifou-se).

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PROCESSO Nº TST-RR-958-49.2019.5.09.0129

O recurso de revista merece ser processado para exame da


violação ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal.
Dou, pois, provimento ao agravo de instrumento, para melhor
exame do recurso de revista.

RECURSO DE REVISTA
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. MOTORISTA QUE REALIZA
ABASTECIMENTO DE VEÍCULO.

CONHECIMENTO
Pelas razões consignadas no julgamento do agravo de
instrumento, reconheço a transcendência política da causa e conheço do Recurso de
Revista para exame da violação ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal e à
jurisprudência reiterada deste Tribunal Superior acerca da validade do protesto
antipreclusivo feito exclusivamente em audiência.

MÉRITO
Discute-se nos presentes autos a validade do protesto
antipreclusivo feito exclusivamente em audiência.
Em suas razões recursais, a parte alega que houve cerceamento
de defesa pelo Tribunal Regional ao reconhecer preclusa sua oportunidade de
impugnação da decisão que indeferiu a realização de prova pericial tão somente porque
o protesto consignado em audiência não foi renovado em sede de razões finais.
Com efeito, dispõe o art. 795 da CLT, verbis:

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das
partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em
audiência ou nos autos.

Infere-se do citado dispositivo legal que a parte deve arguir a


nulidade na primeira vez em que tiver de falar, em audiência ou nos autos.

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PROCESSO Nº TST-RR-958-49.2019.5.09.0129

In casu, a primeira oportunidade de o reclamante falar nos autos


foi na audiência em que foi indeferida a realização da prova pericial, oportunidade em
que registrou os respectivos protestos.
Assim, não há que se falar em preclusão, ante a insurgência da
parte em momento oportuno, conforme se extrai do art. 795 da CLT. Destaque-se que
não há exigência legal acerca da sua renovação em razões finais.
Exatamente nesse sentido está consolidada a jurisprudência
desta Corte Superior, como se extrai dos diversos julgados supracitados,
Diante do exposto, dou provimento ao recurso de revista para,
afastando a preclusão da impugnação ao indeferimento da prova pericial, determinar o
retorno dos autos ao eg. Tribunal de origem, a fim de que prossiga no exame da
preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa, como entender de direito.
ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, I - reconhecer a transcendência política da causa e dar
provimento ao agravo de instrumento para processar o recurso de revista; II - conhecer
do recurso de revista por violação ao artigo 5º, LV, da Constituição Federal e, no mérito,
dar-lhe provimento para, afastando a preclusão da impugnação ao indeferimento da
prova pericial, determinar o retorno dos autos ao eg. Tribunal de origem, a fim de que
prossiga no exame da preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa,
como entender de direito.
Brasília, 24 de agosto de 2022.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALOYSIO CORRÊA DA VEIGA
Ministro Relator

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