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Ney Messias e o ensino do

processo penal*

Plinio de Oliveira Corrêa**

Em 1932, o professor Ney Messias Os bacharéis de 1969 imprimiram


escreveu um poema, donde se destaca para sempre no bronze de uma placa
esta passagem: fixada no saguão desta Casa, esta
homenagem ao seu paraninfo:
Quando a cadência de meu passo
incerto E quando ele se calou, nosso coração
Passar no último pouso da existência; continuou a ouvir [ ..]
Quando eu sentir morrer minha
consciência
Como um grito perdido no deserto; Daí em diante seguiram-se
incontáveis louvores, seja do Poder
Quando eu for qual átomo esquecido Público, designando o seu nome para
Na profundeza caótica do nada, uma rua desta Capital; sejam as
Não haverá sinal de mim na estrada
publicações jurídicas que lhe foram
Porque eu passei sem ser apercebido.
dedicadas, como A Provocação
Felizmente, enganou-se o ilustre Jurisdicionçtl e a Legitimidade da
professor ao fazer essa previsão, quando Prisão no Direito Brasileiro; seja a
tinha apenas 19 anos de idade. Senão edição póstuma de sua obra literária
vejamos: O Construtor de Mistérios; seja a

* Ney Messias e o Ensino do Processo Penal foi o tema abordado pelo prof. Plínio de
Oliveira Corrêa, em 21.06.99, no Ciclo de Conferências sobre a "Influência da Faculdade de
Direito da UFRGS na Política e nas Letras Jurídicas", que a Gestão do Centenário da "Casa
de Thompson Flores e André da Rocha" promoveu no período de 05.04.99 a 19.07.99,
tendo por local o Salão Nobre da Faculdade de Direito.
**Professor adjunto e diretor da Faculdade de Direito da UFRGS, gestão 2000/04.
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transferência das distinções de me das cintilações da sua inteligência.


paraninfo à sua memória (803 Turma de Todos os dias, à hora certa, estávamos
;untos e fruíamos o Ney- o Ney das
Bacharéis em Direito da UFRGS);
crónicas, o Ney poeta, o Ney professor,
sejam os inúmeros artigos e reportagens o Ney galhofeiro, o Ney humorista, o
de juristas, de políticos, de jornalistas e Ney cavalheiro. Certo dia, depois de
de literatos, todos enaltecendo suas anos de convívio diário ele se foi.
virtudes e suas qualidades, como nestes Ficamos todos engasgados. Mas
continuamos a falar nele, porque ele
depoimentos:
continuava conosco.

- Do poeta Mário Quintana:


- E, Mário de Almeida Lima, o
Ney Messias foi um homem de luta e de
sintetizou nesta parábola:
sonhos na tentativa de salvar o
mundo. Ele rejuvenescia a gente.
O Ney era tão genial que seria capaz
de abraçar a Torre Eiffel e trazê-la
-Do jornalista Janer Cristaldo:
para o Brasil, dando em troca apenas
De certa forma, agradeço não ter tido a
uma estatueta de canela de burro, por
oportunidade de conhecê-lo pessoal-
ele esculpida, acomodando a ira do
mente. De longe, vislumbro melhor sua
general De Gaulle.
grandeza. Estamos diante de um homem
da estirpe de Nietzsche e de Pessoa. E estes
seres, por discretos que pretendam ser, não E neste momento solene anun-
conseguem passar desapercebidos. ciamos, para breve, mais uma
publicação em sua homenagem, que vai
-Do jurista Paulo Brossard: conservar viva sua lembrança para o
O Ney não tinha talento, tinha talentos, próximo milênio: Ação Penal Origi-
e em tudo era exímio e original, ainda nária - Procedimentos, que já circula
que nenhuma preocupação tivesse em de forma incipiente junto à Pós-
sê-lo; havia coisas que só ele era capaz
Graduação em Ciências Penais.
de dizer ou de fazer, coisas que a
ninguém poderiam ocorrer, nele
Esse curso, a propósito, houve por
brotavam com a espontaneidade do dia bem instituir no seu Regimento o que
que nasce. Não havia outro Ney. Ney segue (artigo 79):
era um só.
Por isto mesmo aqueles que não o [ ... ] será conferida a Medalha
conheceram não podem ter idéia do Professor Ney Messias ao docente que
homem que deixaram de conhecer. Por tiver destacada atuação no Curso de
muitos que fossem os seus talentos, o Especialização em Ciências Penais e
homem ainda era melhor. Terno como demonstrar excepcional dedicação ao
uma criança, bravo até a temeridade, estudo e à pesquisa no campo das
generoso, compreensivo, era a correção ciências criminais.
em pessoa. Leal, franco, bom. As suas
qualidades de coração e de caráter E, em 1995, o docente que
eram tão vivas, que eu chego a esquecer- primeiro recebeu este título, por decisão
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unânime dos especializandos, registrou tão humana e tão cativante, tão rica e
esta dedicatória em edição especial de tão múltipla em profundidade e extensão
obra que publicara: cultural que, se de um lado facilita, de
outro dificulta ao expositor.
Dedicamos este livro à 1 a turma do Essa foi a explicação dada por
Curso de Especialização em Ciências diversos convidados, que agradecendo
Penais da Faculdade de Direito da
ao honroso convite, alegaram a
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, agradecendo a homenagem contida impossibilidade de tratar dos inúmeros
na outorga da Medalha Professor Ney "Neys" em tão curto espaço de tempo.
Messias, cuja honra estamos repartindo Então -e por exclusão -é que esta
com os demais professores do curso. "missão impossível" coube a quem
E a parte que nos toca nesta divisão, apenas teye o privilégio de ter sido seu
desejamos transferir à memória do
discípulo, seu paraninfado, seu amigo
imortal Jurista que dignificou a Cultura,
o Magistério e as Letras Jurídicas - o
pessoal, seu colega de escritório, seu
próprio professor Ney Messias. assistente na cátedra e modesto
continuador de suas brilhantes aulas de
Anteriormente, a turma de 1965 já processo penal.
o escolhera como paraninfo, cuja sole- E mesmo diante das dificuldades
nidade de formatura marcou época pelos apontadas, vamos iniciar dizendo que o
corajosos pronunciamentos em favor do nosso homenageado nasceu a 24 de
Estado de Direito e da Ordem Demo- setembro de 1913, em São João Baptista
crática, incluindo o significado político do Quarahy, neste Estado; viveu em
do lema: Cedam as Armas à Toga. U ruguaiana, Santa Maria e Porto
Agora, passados quase trinta anos Alegre, onde faleceu em 23 de janeiro
do seu falecimento, os nossos de 1970. Foi casado com Dona Ondina
corações continuam a ouvi-lo [. ..], Dornelles Messias, de cuja união
pois espíritos especiais e privilegiados resultou o nascimento de dois filhos:
não passam desapercebidos pela Sérgio Domelles Messias, conceituado
estrada da vida, e seu exemplo e seus médico psicanalista, e Gladys Messias
ensinamentos costumam se perpetuar, de Figueiredo, dedicada professora de
estendendo-se para muito além do Letras; Bacharelou-se em Direito e
horizonte do tempo ... Filosofia por esta Universidade; cursou
E dentre os nomes ilustres que a Escola Superior de Guerra no Rio de
fizeram a história deste templo, onde se Janeiro; foi advogado militante; escritor
ministra o Evangelho do Direito, o de exímio; jornalista atuante e diretor de
Ney Messias é, certamente, o mais fácil jornal; chefe do departamento jurídico
e o mais difícil de se discorrer. Sua do Clube, que mais venceu gre-nais e
personalidade foi tão marcante e tão que mais conquistou campeonatos
retilínea, tão límpida e tão transparente, gaúchos de futebol; membro do
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Conselho Penitenciário do Estado; Comum, assim concebido por João


procurador do Estado do Rio Grande XXIII e pelo nosso professor Câmara:
do Sul; primeiro diretor da Caixa de - o primeiro, o definia como o conjunto
Assistência da Ordem dos Advogados de condições sociais que possibilitam e
do Brasil, neste Estado; professor favorecem o desenvolvimento integral
catedrático de Direito Processual Penal da personalidade; e o segundo, o
nesta Faculdade, onde exerceu o conceituava como o conjunto de
magistério jurídico no período de 31 de situações ou condições de vida,
março de 1951 a 23 de janeiro de 1970. individual e social, que assegura a
Além de penetrar pelos largos realização dos fins humanos.
horizontes do Direito e da Filosofia, fez Mas, retomando o tema pontual
estudos de Sociologia e de Política, de deste ~vento, cabe acentuar que desde
Psicologia e de Psicanálise, de Astro- a sua criação até 1963, o curso de
nomia, de Astrologia e das Ciências bacharelado desta Faculdade teve
Holísticas, atualmente tão difundidas apenas uma única cadeira de Processo
pela globalização e no âmbito da para- Penal, a qual, na época, estivera sob a
normalidade. Também não ficou indife- responsabilidade docente do professor
rente à pintura, à composição, à arte e Francisco José Simch Júnior. A partir
à escultura, tendo deixado trabalhos daí foi instituída a segunda Cadeira desta
memoráveis. Enfim, brilhou em tudo e disciplina, que ficou sob a regência e
encantou a todos, esbanjando talentos, titularidade do nosso homenageado, que
humanismo e lições de ética em cada até então era assistente do prof. Simch.
uma dessas áreas do conhecimento. Qual foi, então, o perfil dado pelo
Mas foi, sobretudo, um político de professor Messias ao ensino do
escol, que criticava construtivamente os Processo Penal, aqui ministrado?
políticos, especialmente aqueles, cujos A par das Lições de Processo
partidos, vencendo ou perdendo as Penal, condensadas neste volume único
eleições, estavam sempre no poder; foi que estamos destinando à nossa
um cidadão ativo e atuante, que exerceu Biblioteca, e que representam o resgate
a cidadania em sua plenitude, não de uma parte de suas aulas,- desejamos
hesitando jamais em se opor à destacar, neste momento, outras notas
prepotência dos poderosos, resistindo ao doutrinárias e complementares, assim
império das leis injustas, dos seus resumidas:
intérpretes e aplicadores; enfim, foi um
advogado modelar e um professor sábio 1. O ensino analítico, sistema-
e independente, que assumia posições tizado e comparativo
corajosas, visando o aperfeiçoamento
da Ordem Jurídica, como instrumento Cabe referir, desde logo, a projeção
para atingir o Bem Comum, esse Bem metodológica encetada pelo mestre,
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que, inovando os métodos tradicionais, É assim, no processo de desiden-


não se fixava apenas neste ou naquele tificação social, que o estudante se
tema, isoladamente, mas sim de forma transforma em operário, que o
sacerdote vira guerrilheiro, que o
dinâmica, comparativa e globalizante.
filósofo vem a ser pregador de
Assim, como que adotando a comícios, que o militar invade a área
filosofia orteguiana, partia do essencial civil, que o artista, à força de buscar
e magistralmente enveredava por todas em si o outro, transfigura-se no agente
as circunstâncias pontuais, relacio- publicitário da indústria com a sua
nando a matéria, comparativamente, incrível pop-arte. Daí para as
com as demais províncias do deformações da cultura, da pintura, da
ordenamento jurídico. poesia, do direito, do magistério, da
magistratura, dafilosofia e do bom senso,
Em outras palavras, partia dos
o passo é curto, dolorosamente curto.
institutos consagrados pelo Direito Confusão total, guerra total,
Positivo e ia sistematizando o estudo do desajustamento total.
Processo Penal com os demais ramos
não só da Teoria Geral do Processo, Com esta metodologia, procurava
mas também da Teoria Geral do Direito buscar não só a ontologia da norma, mas
e, ainda, correlacionando com as a sua deontologia jurídica para que o
conquistas inseridas nas declarações de intérprete pudesse apreender o seu
direitos das diferentes épocas, bem
espírito e projetar a sua correta
como conjugando as últimas conclusões
interpretação no tempo e no espaço.
dos conclaves jurídicos nacionais e
Este estilo inovador de ensinar e de
as recomendações doutrinárias dos
se fazer entender, que só ele conseguiu
congressos internacionais da ciência
imprimir nesta Casa, era fruto de sua
do Direito.
privilegiada inteligência e de seu sólido
E não parava aí, prosseguia na
e profundo preparo cultural, dominando
análise interligando a abordagem
didática da matéria com as outras vários ramos das Ciências Humanas e
ciências afins, circunscritas ao seu fazendo com que todos ficassem como
objeto finalístico: o ser humano, situado que hipnotizados com o legado de suas
não num mundo imaginário e ilusório, exposições, que, ao final, culminavam,
mas plantado na concretude das muitas vezes, em aplausos prolongados
relações interpessoais e devidamente para um novo e sempre esperado
sintonizado com a realidade e com o recomeçar...
convívio no meio ambiente.
Examinava a crise do Judiciário e, 2. A provocação jurisdicional
particularmente, do processo penal,
como resultante do processo social em Quando, em suas aulas, tratava dos
crise, sendo oportuno recordar esta Sistemas Processuais - que são as
passagem: grandes avenidas pelas quais passa e
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se define a filosofia do processo - o a iniciativa acusatória, como se constata


professor se posicionava pelo Sistema pelos preceitos dos artigos 28,383,384
Acusatório, em franca oposição ao e § único, e 408 §§ 4° e 5°, do aludido
Sistema Inquisitório. diploma.
Com efeito, dentro dessa orientação Todos estes dispositivos legais, que
doutrinária, ao elencar os postulados ainda hoje integram o nosso código,
informadores do processo penal, representam um retrocesso ao odioso
destacava o princípio da provocação inquisitorialismo, onde o acusado só tem
jurisdicional, pelo qual o juiz somente o direito de não ter direito algum.
pode agir se for provocado e, ainda, nos E suavizava a crítica, com estas
limites da imputação e do pedido, palavras:
evitando, desta forma, decisão ultra,
citra e extra petita. Com isto preser- No processo jurisdicional é indis-
pensável a divisão de tarefas. Um é o
vava a imparcialidade do magistrado,
que acusa, outro é o que defende, e um
assim concebida por Bettiol:
terceiro é o que julga, isso para não
aludir às tarefas complementares como
A história do processo penal é a história a do perito. Não pode ojuiz acusar, nem
de uma luta orientadapara a conquista é licito ao acusador defender, enquanto
de um juiz imparcial, que atua a nível o patrocínio da defesa impede,
distinto e superior ao das partes. obviamente, que o defensor acuse.
Técnica, ética e logicamente, o
E, quando analisava, por exemplo, processo se desenvolve através da
o conteúdo dos artigos 26 e 531 do especialização de funções, ou mediante
Código de Processo Penal, bem como a fidelidade dos agentes à tarefa que se
da Lei N. 0 4.611/65, que, nos casos de propõem exercer. Em suma, no processo
contravenção penal, lesão corporal cada um é o que é: principio de iden-
tidade que não pode ser desatendido
culposa e homicídio culposo, permitiam
sem que se torne perigosa e instável a
ao juiz instaurar o processo- acusando ordem processual.
e julgando ao mesmo tempo - o nosso
Ney foi, certamente, a voz que primeiro E, ao ,finalizar, invocava este
levantou apontando a incongruência histórico preceito do artigo 11 O do
desta posição, diante dos ensinamentos Código de Processo Penal do Rio
doutrinários, especialmente, de Búlgaro Grande do Sul:
e de Büllow, que consideravam o
processo como actus trium perso- Os Ouizes e os) tribunais não podem
narum: o autor que acusa, o réu que se ex-officio promover a ação penal.
defende e o juiz que julga.
Além desta direta permissibilidade No âmbito do Direito
legal ex-officio, o nosso Código ainda Comparado, tanto interno quanto
permite que, indiretamente, o juiz tome externo, este diploma rio-grandense é
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o único que consagra claramente o prin- Processo Penal. Três anos antes, em 1938,
cípio da provocação jurisdicional e que, foi editado o Código de Justiça Militar,
somente agora, a Constituinte de 1988 revogado, em 1969, pelo vigente Código
instituiu o preceito do artigo 129, inciso I, da de Processo Penal Militar, instituído
nossa lei maior, que sepultou, definiti- pelos três ministros militares, da época,
vamente~, o inquisitorialismo judiciário no que assumiram o poder central face a
sistema processual penal brasileiro. enfermidade do presidente Costa e
Silva, e o fizeram, ainda, com base nos
3. Postulação por um código atos institucionais n. 0 5 e n° 16.
votado pelo poder legislativo Tal situação sempre mereceu as mais
e a crítica ao anteprojeto acirradas críticas do professor Messias,
Tornaghi que defendia uma reforma sistemati-
zada do -nosso atual diploma, mas
Dentre muitas preocupações do através do Poder Legislativo e mediante
mestre com o ensino do Processo o encaminhamento ao Congresso Na-
Penal, cabe destacar o fato de que até cional de um projeto de lei que
então (e continua) não possuíamos um consultasse as aspirações do mundo
Código de Processo Penal que tivesse jurídico e atendesse à evolução
passado pelo Poder Legislativo. científica do Direito Processual.
Todos os diplomas resultaram de ato Por solicitação do sr. João
exclusivo do Poder Executivo. Foi assim Mangabeira, ministro da Justiça, veio,
com o Código de Processo Criminal de então, em 1963, o anteprojeto de código
1832, bem como com as reformas de elaborado pelo professor Hélio Bastos
1841 e de 1871. Com o advento da Tomaghi que, inobstante a autoridade e
Constituição de 1891, se implantou no o renome do seu autor, pecava por
país o princípio da descentralização excesso de conceitos e definições dos
processual, permitindo que os Estados institutos, esquecendo que tal mister
legislassem sobre Direito Processual. deveria ser obra da doutrina e não de
um código, destinado a regular
E o Rio Grande do Sul foi o Estado que
objetivamente as inúmeras e complexas
promulgou o 1o Código Estadual de
situações jurídicas dentro do processo.
Processo Penal, em 1898, seguindo-se, em
Este pecado original - conceitua-
regra, os demais Estados da Federação.
lismo e excesso de definições - logo
Com a Revolução de 1930 adveio a
foi percebido e apontado pela crítica
Constituição de 1934, que restabeleceu o
aguda do nosso professor, cabendo
princípio da unidade processual, concen-
ressaltar, entre tantos outros, os
trando na União, como ocorre até hoje, o
seguintes dispositivos do anteprojeto:
poder de legislar sobre Direito Processual.
Assim, em 1941, foi promulgado -O artigo 43, dava a definição oficial de
pelo Poder Executivo o atual Código de relação processual;
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- O artigo 82, definia o que se deveria projetas originais, que tomou o N. 0 1.655,
entender por pressupostos processuais; sendo abandonado mais uma vez.
- Os artigos 177 a 183 e 196, Em 1994 o Poder Executivo ensaiou
conceituavam fato, ato e negócio outra tentativa, remetendo ao Con-
processual, bem como ato discricionário gresso Nacional um pacote de 17 pro-
e ilegalidade;
jetas, visando a reformas parciais do
-Os artigos 300 e 308, apresentavam atual código que, transcorrido algum
uma noção do que se deveria entender
tempo e com exceção de um deles,
por documento e indícios. E assim por
diante.
também foram relegados por inconsti-
tucionais, naquilo que o próprio Governo
Esta crítica procedente ao alterou da proposta elaborada por uma
anteprojeto Tornaghi generalizou-se, e comissão de juristas.
após 1964 foi definitivamente afastado E assim é que continuamos com o
pelo regime autoritário, sendo substi- vetusto e cada vez mais assistemático
tuído pelo anteprojeto do professor José Código, editado pelo Poder Executivo
Frederico Marques, que, depois de há mais de meio século, sem que fosse
revisado, foi encaminhado primeira- ouvida a postulação do professor Messias,
mente à Câmara dos Deputados e trans- bradando por uma lei processual penal
formado no Projeto de Lei N. 0 633/75. que resultasse do óbvio, isto é, uma
Este projeto, após receber emendas lei votada pelo Poder Legislativo.
e sugestões do mundo jurídico brasileiro, Neste particular, a indevida
foi aprovado por unanimidade na intromissão do Executivo e a inex-
Câmara dos Deputados e, quando já plicável omissão do Legislativo, têm sido
tramitava no Senado Federal sob o n. 0 agravadas pela indiferença da doutrina,
05/78, foi retirado, inexplicavelmente, retratada nesta constatação de
pelo Poder Executivo para estudo, e Camelutti, lembrada, aliás, nas lições do
continua até hoje sendo estudado pelo nosso homenageado:
esquecimento oficial.
Era uma vez três irmãs que tinham
Seguindo a mesma orientação do
em comum, pelo menos, um de seus
Projeto N. 0 633, em 1979 o deputado progenitores: chamavam-se ciência do
Sérgio Murilo, que havia presidido a direito penal, ciência do processo
Comissão Especial que estudou o penal e ciência do processo civil.
preterido projeto, o reapresentou sob N. 0 Ocorreu que a segunda, em
1.268, mas o mesmo foi arquivado na comparação com as outras duas, que
eram mais belas e prósperas, teve uma
legislatura seguinte.
infância e uma adolescência infelizes.
Em 1983, através da Mensagem Com a ciência do direito penal coube-
Presidencial N. o 241, o Governo lhe dividir durante muito tempo a
encaminhou outro projeto de código, mesma habitação; e aquela reteve
conservando as linhas mestras dos dois para si o bom e o melhor. ..
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Com a ciência do processo civil tem penal, publicando, em 1951, estudo


ocorrido situação semelhante, uma vez coincidente com as conclusões aceitas
que noventa por cento do progresso
pela doutrina contemporânea.
do processo penal é mera adaptação
do processo civil, (devido ao Com efeito, ao que se sabe foi o
comodismo dos processualistas jurisconsulto Celso, no Digesto (D.
penais) ... 44,7,51) e nas Institutas (I. 14,6, 2a
Enfim (é doloroso reconhecer que) a parte), quem primeiro definiu a ação
ciência do processo penal, isto é, a como o direito de exigir em juízo aquilo
nossa Cinderela, tem se contentado que lhe é devido (actio nihil aliud est
com os vestidos jogados fora por suas
quam jus persequendi in judicio quod
irmãs mais afortunadas ...
sibi debetur).
Por mais de quatorze séculos o tema
Por isso, a geração que hoje é
ficou infocável, como um dogma
responsável pelos destinos desta Facul-
indiscutível e indiscutido.
dade centenária, vai implementar as
No fim da Idade Média, porém, o
idéias do professor Ney Messias- con-
jurista Hottomamus pretendeu acres-
centrando-as num novo anteprojeto a
centar ao texto uma pequena glosa; o
ser elaborado juntamente com os órgãos
mesmo aconteceu com Savigny, no
representativos da Sociedade Jurídica
século passado. Embora estas tentativas
Rio-grandense- Ordem dos Advogados,
Instituto dos Advogados, Associações não tivessem logrado êxito, a preocu-
dos Juízes, do Ministério Público, dos pação destes autores serviu para
Defensores Públicos e dos Delegados despertar a discussão dos estudiosos da
de Polícia- e, depois, encaminhá-lo ao Ciência do Direito, cabendo referir a
Poder Legislativo Federal através do célebre polêmica entre Windscheid e
concurso de todos os componentes da Muther a respeito da actio romana, em
bancada gaúcha no Congresso Nacional. meados do século passado, que trouxe
Oxalá possamos contar, breve- importante contribuição para a inde-
mente, com um Código de Processo pendência do Direito Processual. Na
Penal que não só seja votado pelo Poder mesma époc~ e nesta direção, merece
Legislativo, mas também satisfaça às registro a contribuição do professor
aspirações e aos anseios da comuni- recifense Francisco de Paula Batista.
dade jurídica brasileira, como desejava A partir daí foram surgindo novas
o nosso ilustre homenageado. teorias à margem da milenar concepção
civilista, como: a do direito concreto de
4. Teoria da ação penal agir, de Wach; a do direito potestativo,
de Chiovenda; a do direito abstrato, de
Outra significativa contribuição do Degenkolb e Plósz; a eclética, do nosso
professor Messias diz respeito à teoria professor Galeno; a do direito cívico
da ação e, particularmente, à ação constitucional, de Couture; e a das
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condições da ação civil, referidas por necessário para que, das parcialidades
Chiovenda, mas adaptadas magistral- da acusação e da defesa, vença aquela
mente por Liebman. que está marcada por um interesse
legítimo. Isto é fazer justiça segundo
Pois bem, neste conflito doutrinário
uma programação oficial, segundo um
sobre a natureza jurídica da ação, o
desejo, uma opção especialissima do
professor Messias, simplificando toda grupo social, revelada na legislação.
essa infindável discussão, publicou, há Um juiz pode ser sábio, mas se ele,
meio século, um estudo intitulado Direito ainda que remotamente, tiver
subjetivo e conceito da ação penal, determinados interesses coincidentes
concluindo que a ação nada mais era com os interesses que estão discutindo,
do que o direito à provocação juris- ele corre o risco da parcialidade.
dicional, isto é, o direito subjetivo à
prestação judicial pela sentença, que, só No gue diz respeito à constituição
recentemente, a evolução científica do dos membros integrantes dos nossos
Direito Processual chegou ao mesmo tribunais, o professor defendia a tese que
entendimento. deveria obedecer à seguinte composição:
Graças à orientação do mestre,
- 1/3 dos juízes, advindo da magistratura,
desenvolvemos estudo complementar
- 1/3, provindo do Ministério Público,
sobre a teoria da ação penal, mais pro-
priamente a respeito de sua qualificação - 1/3, indicado pela Ordem dos Advogados.
distintiva, isto é, as condições para o seu
exercício, divididas, sistematicamente, Tal constituição deveria resultar da
em condições gerais, especiais e formais. escolha exclusiva dos três órgãos
representativos, sem qualquer inter-
5. Constituição dos tribunais ferência política, que lhe retira a
independência e restringe a confiança
A mesma isenção que deve infor- dos jurisdicionados.
mar o objeto interno do processo, na Com esta composição de pesos e
investigação do tema penal, deve orientar contrapesos, certamente, acabaria não
externa e institucionalmente a constitui- só com o polêmico controle da Magis-
ção dos órgãos jurisdicionais, na distri- tratura, mas com os apadrinhamentos
buição da Justiça, sejam eles juízos político-partidários, numa escandalosa
monocráticos, sejam eles juízos colegia- deturpação da filosofia franciscana do
dos, pois, como ensinava o prof. Messias: é dando que se recebe.

O interesse interno ao objeto principal 6. Teleologia do processo


do processo é tipicamente parcial. É
calorosamente parcial. Parcial é a
acusação; parcial é a defesa. E a
Outra questão doutrinária interes-
imparcialidade do juiz, esta postura sante, levantada pelo mestre, consiste
de eqüidistância, é algo absolutamente na indagação teleológica do processo.
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É evidente- ensinava- que encon-tramos A diferença, pois, entre fim e resultado


no processo fins múltiplos e, está na distância que existe entre o ideal
conseqüentemente, resultados múltiplos, e a possibilidade de atingi-lo.
desde que plural é o seu objeto: a cada
objeto corresponde um fim especifico; Com efeito, quando todos pareciam
cada objeto, de sua vez, chegará ao
satisfeitos com a resposta de que o fim
resultado correspondente.
Cabe observar - continuava - que a do processo é a sentença justa, o nosso
atividade processual, como obra hu- professor aprofundou a análise, desta-
mana, corre o risco de não atingir a sua cando que, no caso, havia necessidade
finalidade substancial. Tal risco é con- de se distinguir, de um lado, a teleologia
seqüente, primeiro, da própria im- do processo e, de outro, a axiologia da
perfeição do trabalho humano. Convém jurisdição. E dizia- a jurisdição tem por
atentar para o fato de que o processo é
finalidade a sentença justa, ou seja, a
uma técnica de investigação usada por
sentença justa é o fim do Poder
sujeitos que, embora todos os graus de
especialização de que são por-tadores, Jurisdicional.
não podem atingir o ideal de perfeição. Agora, se a jurisdição é exercida
Assim, a imperfeição do sujeito se através do processo, isto não quer dizer
manifesta na imperfeição da técnica, que que processo e jurisdição sejam a
é inseparável do su;eito. mesma coisa, nem significa que tenham
Além disso, a técnica do processo está a mesma meta finalística, especial-
;uridicamente limitada por princípios de
mente porque são institutos distintos,
respeito à dignidade humana. A coação
flsica pela dor, a coação moral pelas
embora o processo absorva a jurisdição.
ameaças e pelo medo, os métodos Assim, o objetivo do processo não
cient~ficos de inspeção psicológica ou pode ser o mesmo do Poder Juris-
psico-biológica (tais os aventados pela dicional. E arrematava- é indiscutível
aplicação do detector de mentiras, a que o fim idealístico e axiológico da
ministração de drogas como a jurisdição é a sentença justa. Mas o fim
escopolamina, o emprego de artificias
do processo é anterior a essa, ou seja,
na devassa do foro íntimo como a
consiste em ressuscitar a hipótese
hipnose e outras formas de catarsis
psicológica) são meios de investigação delitiva (através de depoimentos,
e de apuração da verdade processual acareações, perícias, etc.), fornecendo
como técnicas inaceitáveis e imorais. ao juiz os meios e os elementos neces-
Com todas essas limitações, a técnica sários para que a jurisdição possa atingir
de investigação processual corre o risco o seu fim último, isto é, a sentença justa.
do erro, que a lei procura conjurar Se o juiz, que é o titular do Poder
mediante a possibilidade de reexame da
Jurisdicional, fosse Deus (que a tudo vê
decisão pelo recurso a um juízo de
segundo grau e, até mesmo, pela revisão e a tudo ouve), não haveria neces-
criminal. sidade de processo, pois aplicaria
Resta claro, agora, o motivo pelo qual a sanção justa, tão logo ocorresse o
sefala em fim e em resultado do processo. fato delituoso.
316 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS - no 24, 2004

Mas, como o juiz não é Deus nem Francisco Brochado da Rocha, que
testemunha (e se o fosse seria ouvido iniciou a revolta vitoriosa de 1930, tendo
como tal) necessita, primeiro e através sido ferido gravemente.
do processo, ouvir testemunhas, ordenar Nem vamos rememorar, em nível
perícias e demais diligências, para estadual, a bravura dos revolucionários
depois, então, decidir com justiça. de 1893 e de 1923, na busca de ideais
Desta forma, o processo atinge o que, a final, foram alcançados,
seu fim, quando o juiz dá início à respectivamente, com os Pactos de
atividade jurisdicional, elaborando a Pelotas e de Pedras Altas.
sentença. É por isso, que somente Mas vamos sublinhar, isto sim,
depois de encerrada a instrução apenas três fatos nacionais e históricos,
processual e feitas as alegações finais que definem a índole libertária desta
pelas partes, que os autos são conclusos brava gente que, quando unida em torno
ao juiz para a sentença, isto é, para que das mesmas idéias, sempre venceu a
a jurisdição atinja o seu ideal com a todos os obstáculos:
sentença justa.
-a Revolução Farroupilha de 1835, que
levou esta Província às últimas
7. Direito de resistência e de
conseqüências, chegando até a
rebeldia proclamação da República do Piratini,
cuja pacificação só ocorreu depois de
Inobstante esta Casa tenha nascido dez anos de luta, com o Tratado do
sob o manto político da filosofia Ponche Verde.
positivista, que pregava submissão à -a Revolução de 1930, que remodelou
ordem legal, os continuadores e os costumes e a fisionomia política
desta Nação;
depositários desta tradição cultural
-o Movimento da Legalidade de 1961,
souberam consolidar a sua indepen-
em respeito à Constituição e à vontade
dência de qualquer outra influência que livre e democrática do eleitorado
não fosse o livre compromisso com a brasileiro.
Ciência do Direito, fazendo jus ao nome
com o qual batizaram esta Instituição Pois bem, esse direito de resistência
de "Faculdade Livre de Direito". e de rebeldia - pregado por Santo
E não poderia ser de outra forma, Tomás na Summa Teológica, no século
pois o povo gaúcho é o mais politizado XIII; difundido por John Locke, no
deste país, e por isso mesmo não século XVII; proclamado pela
suporta conviver com leis iníquas e Declaração dos Direitos do Homem e
muito menos com governos despóticos. do Cidadão em 1789 (art. II); valorizado
Para tanto, não vamos recordar pela melhor doutrina contemporânea;
atitudes pessoais, embora heróicas, aceito pelas constituições modernas,
como a do consagrado professor como a alemã (art.20) e a portuguesa
Revista da Faculdade de Direito da UFRGS- no 24, 2004 317

(art.21 ); e, antes de tudo isso, E essa rebeldia, nos seus e nos


conclamado pela Magna Carta de nossos dias, deve ser traduzida não só
15.06.1215, que (revogada por pela arma poderosa do voto, mas também
Inocêncio III a 24.08.1215) foi pela constante participação em todas as
reconquistada, palmo a palmo, em lutas atividades políticas, que circundam as
que se seguiram por oito décadas- esse relações humanas na sociedade.
direito de resistência e de rebeldia era E aqui nesta Faculdade ninguém
um dos temas não só preferidos mas melhor do que Ney Messias simbolizou
apregoados pelo mestre diante da a excelência dessa altivez e indepen-
promulgação de leis injustas, da dência, ou seja, de obediência à lei,
prepotência dos poderosos e do uso enquanto ela for legítima, enquanto atender
indevido do Poder Público. ao bem comum, enquanto consultar aos
Por isso, inspirado em Voltaire e interesses maiores do povo.
prevenindo o uso do direito de E lembrando Pontes de Miranda,
resistência, sintetizava a ação do Estado sublinhava que os atentados à vida e à
de Direito nesta mensagem: propriedade eram menos perigosos e
prejudiciais ao bem geral do que a menor
É preciso que a ordem jurídica amarre violência ou coação à liberdade tisica do
as mãos dos governantes para fazer o indivíduo. Matar um cidadão, confiscar
mal e as deixe livres para realizar o bem. seus bens ou destruí-los, sem acusação
e sem processo seria ato de insigne
Como se vê, não há qualquer despotismo; mas, a notoriedade do delito
semelhança com a doutrina inconse- levaria ao seio de todo o povo o grito de
qüente do sí hay gobierno soy contra. alarma contra a tirania iminente ...
Não. Aqui há critérios definidos e moti- Ao passo que o encarceramento de
vações lícitas e racionais. uma pessoa é arma menos pública e
Com efeito, quando a lei ou seus notória, ninguém percebe, ou poucos
agentes atentarem contra as garantias poderão dela ter notícia. Oprime-se às
dos cidadãos ou contra os direitos escuras, na~ prisões, no interior dos
individuais, a resistência e a rebeldia se edifícios, nos porões e nos recantos
transformam em deveres dos mesmos secretos. É violência silenciosa, invisível,
cidadãos e indivíduos. Ou, para ser ignorada, secreta e incontrolável.
mais preciso ao que foi escrito na Portanto, mais grave e mais perigosa
Declaração de Direitos (art.II), que do que qualquer outra.
resultou da Revolução Francesa: Eis porque - acentuava - o primeiro
mandamento da cidadania consiste em se
Quando os governantes violam os direitos
do povo, a resistência é para o povo e ter consciência de que o desrespeito aos
para cada um em particular, o mais sagrado direitos de um cidadão representa o des-
e o mais indispensável dos deveres. respeito aos direitos de todos os cidadãos.
318 Revista da Faculdade de Direito da UFRGS - no 24, 2004

E as notas continuam ... desta Faculdade, uma pequena


mensagem dirigida à nossa juventude:
Mas já é hora de encerrar para dar Jovens de todas as idades!
lugar à próxima palestra. Por isso, Participem ativamente da política,
- Considerando que o Homem, como ciência e como arte do bem
segundo Aristóteles, é um ser social e comum, pois só assim se poderá garantir
político por natureza, e da o bem social e individual de cada um;
conscientização dessa vocação só assim se poderá salvar o nosso País
depende a sobrevi-vência e a evolução da grave crise em que se encontra, e
da sociedade; que é fruto da omissão de muitos, que
- Levando em consideração a permitem a poucos desgovernar esta
mesma fonte de sabedoria, que, nação, à custa do sofrimento, da
referindo respeitável corr~nte filosófica, insegurança, da miséria e do abandono
considera a vida consagrada à política do povo brasileiro.
como a única digna do homem; Esta é a velha e c.ada vez mais nova
- Considerando as lições de· vida fórmula de cidadania e de resistência,
que apreendemos do professor participando incessantemente de todas
Messias, pela sua palavra e pelo seu as atividades relacionadas com o nós,
exemplo; com o eu e com as circunstâncias de
-Considerando, ainda, o muito do cada cidadão.
pouco que dele conhecemos, e tentan- Assim -no segundo centenário desta
do interpretar e projetar o seu pensa- Casa - o Brasil será, seguramente, a
mento~, pedimos venia para registrar primeira potência mundial sob as bênçãos
nos Anais deste Evento Histórico/ do Criador e sob a égide da Democracia,
Cultural, ao ensejo do Centenário do Direito, da Justiça e da Liberdade.
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