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Biografias Tobienses

É um DVD de uma série que retrata em áudio e vídeo a vida


daqueles que, não só nasceram, mas se tornaram, de alguma forma,
tobiense.

Aqueles que tiveram seu papel desenhado na história desta


cidade, que se diferencia das demais, através de seu povo e do estilo de
vida que levaram. Tobias tem suas peculiaridades: a política, a
religião, a imortalidade de algumas pessoas que escreveram na história
suas passagens tão marcantes, alguns "causos" curiosos, outros
hilários; as personalidades, aqueles que, aparentemente limitados
por alguma deficiência em suas compreensões viraram mito,

feito Elias (o baixinho), "Arimar", "Zabé", "Zefinha", “Seu Loiço”,


“O Peru”, "Pau Ruliço", "seu Tino", "Dr. Me Leve", "Olimpo
Doido", "Zefa Gaiola", "Joaninha Doida", "Bolacha Seca", Biritinga,
entre outros, cuja memória não me veio em socorro (aos quais rendo
de logo minhas homenagens) mas que foram tão importantes, não só
para os seus quantos para aqueles que conservam ainda suas
lembranças na memória de Tobias, indissociado da passagem de cada
um; os registros fotográficos que muitas vezes falam mais que mil
palavras, outros apenas literários, mas um manancial histórico, que
não deve, jamais, ser desprezado.
Ladislau Neto

Ladislau Neto

* 03/05/ 1913
+ 14/04/1993

Autor dos livros  Memórias de Um Sergipano e Pelos Caminhos da


Europa. Também publicou muitas Homilias.
Jazinho, como era chamado pela família, ou melhor, Ladislau
Febrônio de Andrade Netto.
Veio ao mundo aos 3 de maio de 1913, na tradicional cidade de
Tobias Barreto. Era filho do honrado casal Ladislau Febrônio de Andrade
Filho e dona Maria de Souza Andrade, sendo neto paterno de Ladislau
Febrônio de Andrade e de dona Arsênia de Andrade; e neto materno de
Antônio Correa dos Santos e de dona Joviniana de Souza Santos.

Filho de fazendeiro e neto da índia Joviniana, viveu a sua infância


nas terras dos Campos. Estudou as primeiras letras com o professor Josué
do Rosário Montalvão, passando a frequentar as aulas do mestre Manuel
José Leal, no antigo centro rural do povoado Paiáiá, distrito do município
de Olindina. Ali, desenvolveu a sua leitura, capacitando-se a frequentar,
com determinação, o curso da escola particular da educadora Antonieta
Amado Dantas, onde se preparou para ingressar no Instituto Bahiano de
Ensino, na cidade do Salvador.
Antes, porém, exerceu atividade escolar com o jovem João Francisco
de Melo que, deixando o seminário, instalou um colégio convocando os
elementos mais capacitados da terra, para ministrar as diversas matérias,
inclusive noções de Francês e Latim.
Ladislau Netto concluiu o curso secundário no ginásio São Salvador.
Ingressou na Escola Politécnica da Bahia, ali estudando até a conclusão do
segundo ano, quando resolveu ingressar na faculdade de direito. Diplomou-
se no festivo dia 8 de dezembro de 1940.
Em artigo publicado em matutino de Salvador, na sempre encantadora
Bahia, nos deparamos com esta nota firmada (XP), por um seu colega e
amigo Odilon dos Santos Filho, que acentua, em lapidar perfil, o seguinte:

"Bacharéis em direito de 1940.

Eis uma figura nobre. Não lhe engrinaldam a fronte heráldicas


florescência. Seus brasões são mais opulentos, mais valiosos, de mais
subido quilate: estão-lhe no mérito. 
São as preciosas qualidades morais e intelectuais do jovem e
distinto colega-joia-rara, desde cedo devotado ao trabalho e ao
estudo. Coração, caráter e inteligência. Bondoso, magnânimo. Eis os
traços fortes da personalidade do nosso perfilado. Essa a sua nobreza...
Estatura mediana, testa ampla, moreno, cabelos lisos, negros como
seus olhos que espiam penetrantes através dos óculos escuros; quase
sempre apressado e atarefado, LADISLAU nunca olhou a vida pelo prisma
do comodismo fácil. 
Menino ainda, tinha forte convicção do sentido da vida- "Viver é lutar"
pensava como o poeta Tobias Barreto de Menezes...
 
De Sergipe, seu Estado natal, encetou para, na Bahia, concluir seus
estudos basilares feito com carinho e proficiência. Inscreve-se num
concurso para os correios e classificado, sem contar com nenhuma
recomendação, com surpresa e alegria, lê a notícia de sua nomeação para
o cargo a que, através de merecidas promoções, tem emprestado toda a
sua incansável e dedicada colaboração.
Assim, pois, rapazola ainda, voluntária e prematuramente,
desobriga a família, distante, dos encargos pecuniários para com a sua
pessoa.
  Inscreve-se no vestibular da Faculdade de Direito. Conhecemo-nos
primeiranistas.
Modesto, cortês, de uma lealdade incorretível. Dele podemos dizer o
que, de outrem, afirmou clássico pregador: Vê-lo é estimá-lo, conversar
com ele é querer-lhe bem”. Alma generosa e franca, transbordante de
bondade para quem quer que lhe acerque, como colega e como amigo;
LADISLAU é um paradigma.
Assíduo, metódico, pontual, sempre à disposição dos colegas que
lh’o solicitassem, tinha seus valiosos apontamentos sempre disputados.
Benquisto dos mestres e colegas, LADISLAU fez um curso brilhante,
fértil de notas distintas em que deixou patente o vigor de sua inteligência e
talento.  Em conclusão, meu caro amigo e colega, para o novo mundo que
se descortina auspicioso e para o qual você caminha sereno e confiante,
leve meus votos de felicidade com a certeza de que desfraldará o pavilhão
da vitória.” Odilon. 
Até aqui o linguajar fiel e castiço de um colega e amigo na data
festiva e gloriosa da sua formatura. Há precisamente quarenta e seis anos e
meses, cercado de colegas, amigos e familiares.

Permita o meu fraternal confidente que possamos enumerar,


palidamente, os caminhos percorridos do seu honrado e admirável
itinerário, exemplo para as novas gerações.
Ei-lo auxiliar de terceira classe do D.C.T. na Diretoria Regional da
Bahia, desde 08 de novembro de 1935, até a data em que foi nomeado, por
concurso, Promotor Público da Comarca de Paratinga Antigo Santo
Antônio do Urubu de Cima, tomando posse aos 31 de Julho de 1941. Foi
nomeado Pretor do antigo termo de Bom Jesus da Lapa, tendo assumido
cargo, naquela jurisdição, aos 31 e setembro de 1941.
Não pôde permanecer ali devido ao clima que lhe era prejudicial à
saúde. Foi nomeado promotor efetivo da comarca de Morro do Chapéu,
assumindo as funções do citado cargo aos 5 de maio de 1942.  

Em 13 de junho do mesmo ano, casou com Anna de Araújo Teixeira,


a sua esposa passou a se chamar Anna Teixeira Netto; era ela,
respectivamente, filha e neta dos desembargadores Manuel de Andrade
Teixeira e Paulo Teixeira. Com Anna Netto teve os seus cinco filhos e
adotou mais um:  Antônio Sérgio Teixeira Netto (Tonho); Maria de
Lourdes Netto Simões (Tica); Ladislau Netto Junior (Lau); Manuel
Augusto Teixeira Netto (Mano); Marco Aurélio Teixeira Netto (Reco);
Isaias Silva (Filho adotivo).

Foi promotor também em Jacobina, Belmonte, Itabuna e Esplanada.


Voltou a residir, definitivamente, em Salvador, onde exerceu cargos: de
Delegado da primeira Delegacia de Salvador; de Diretor da Escola de
Menores da Bahia; e de Assessor do Presidente do Tribunal de Justiça da
Bahia. Nas lides profissionais, muito investigou, sendo de destacar o
Crime da Chácara Costa, sobre o qual escreveu.

Grande evangelista, católico praticante, foi cursilhista e ministro da


Eucaristía.  Na sua simplicidade, fez inúmeros amigos, que até hoje,
afirmam: homem do bem, digno, inteligente, honesto.
Passou aos filhos o gosto pela viagem que, inclusive, foi o tema do
seu livro póstumo: Pelos Caminhos da Europa, viagem feita, visitando os
santuários europeus. Dele, os seus filhos, netos e bisnetos muito se
orgulham.  
Sobre Ladislau, diz o seu filho mais novo Marco Aurélio: “os valores
morais transmitidos sempre foram norteados na intransigente retidão de
caráter que guiavam a sua vida. Essa, sem dúvida, foi sua grande
contribuição para mim, legado que me preocupo, todos os dias, em
transmitir aos meus 3 queridos filhos”.
O seu lazer mais especial era o jogo de Gamão, gosto trazido de
Campos e que passou aos filhos e netos, ensinando com alegria e ética.  Em
sua homenagem e confraternização, a família realiza torneio de gamão,
todos os anos, no dia dos pais.
Sobre ele, pensa o neto mais velho, Maurício: “Ver o exemplo de que
a honestidade e o caráter devem prevalecer sobre o fácil e o corrupto;
acreditar que podemos ser fortes e duros e ao mesmo tempo sensíveis e
companheiros é herança maior que qualquer outra material. São coisas que
aprendi com o meu avô.”
Completou 50 anos de casado, que festejou junto com a sua
esposa, filhos, netos e uma bisneta.
No dia 14 de Abril do ano de 1993, em Tel Aviv, Israel, sofreu um
infarto de miocárdio fulminante, às vésperas de completar 80 anos. Em
Salvador, Bahia, foi sepultado; o cortejo fúnebre acompanhou o seu corpo
até o campo santo do Jardim da Saudade, onde lhe foi dado o último
adeus...
No sepultamento, o padre fez uma missa longa, enfatizando que ele
‘ressuscitou’ no sepulcro vazio de Cristo. Seus filhos lhe fizeram uma linda
homenagem, dizendo sobre a sua vida exemplar...
Em 2013, quando completaria 100 anos, a família comemorou a sua
memória imorredoura.  O seu filho mais velho Antônio Sérgio diz da sua
imortalidade
E sua filha Tica relembra:
Entre aqueles que o conheceram, é unânime o pensamento expresso
por Renée Nogueira, amiga e ex-reitora da Universidade Estadual de Santa
Cruz, Ilhéus, Bahia: “Ladislau Netto era um sergipano ilustre. Não só pela
carreira jurídica brilhante, como por seus livros. Com ele aprendi o valor da
solidariedade, a luta incessante pelos ideais e a busca permanente pelos
sonhos”.

Depoimentos dos seus filhos:


Tonho-Filho mais velho
A imortalidade de meu pai, é lembrada pela bisneta dele, que nasceu
depois que ele foi enterrado... E ela agora... recentemente, falou pra avó
dela, irmã Tica... Vocês falam tanto em meu bisavô que eu gostaria de tê-lo
conhecido.
Depoimento do filho Ladislau Netto Junior-Lau
Ladislau Febrônio de Andrade Netto: meu pai
Que reduziu o nome para Ladislau Netto, com dois “tês” E assim
criou a família Netto... Eu sou Ladislau Netto Junior!
Com relação a meu pai, poderia dizer muitas coisas, mas posso
resumir da seguinte forma: Era um homem austero, honesto, fiel, amigo,
bom marido, bom pai, sempre disposto a ajudar a todos... Que sempre
trabalhou para transmitir para seus filhos toda sua formação básica, sua
estrutura de homem, e graças a isso hoje nós somos uma família séria,
amiga e que temos a maior honra de termos sido descendentes de Ladislau
Netto
Tica:
Ladislau Netto, meu pai;
Meu farol, meu exemplo;
Falar de meu pai... Eu escrevi um poema pra ele, há um tempo atrás
que acho que sintetiza o que eu penso...
Eu vou retomá-lo...
Diz assim: Velho Pai: A proporção que os anos vão passando e as
experiências vão se acumulando, tenho descoberto mais e mais, e admirado
mais e mais e amado mais e mais...
O seu destemor e luta velho pai, a sua pertinácia e busca velho pai...
A sua retidão e crença, o seu otimismo, a sua amizade incondicional e
companheira... O seu grande amor, o seu saber se dar-se sem cobrança, o
seu saber dizer sendo calado, o seu saber amar profundo e calmo, a sua
alegria viajeira, a sua juventude companheira, o seu gosto menino no
gamão... Tudo isso somado: sabedoria; tudo isso junto: travessia; tudo isso
você, velho pai... Quanta saudade, sempre!!!
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