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Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
ACÓRDÃO
1ª Turma
GMARPJ/esc
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AGRAVO DE INSTRUMENTO. VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/17.
NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
INOCORRÊNCIA. INDEFERIMENTO DE EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS E
DE PERGUNTAS À PARTE AUTORA. PROVAS CONSIDERADAS
IRRELEVANTES PARA O DESLINDE DA CAUSA.
TRANSCENDÊNCIA NÃO DEMONSTRADA.
1. Ao Magistrado é autorizado indeferir, em decisão
fundamentada as diligências inúteis ou meramente
protelatórias. A isso, some-se que o Juiz apreciará a prova
constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento.
2. No caso dos autos, constata-se que a matéria foi
suficientemente esclarecida, tendo o Tribunal Regional,
destinatário final da prova, firmado sua convicção com base nos
elementos fático-probatórios constantes dos autos.
3. Desse modo, em razão da teoria da persuasão racional e da
ampla liberdade do Magistrado trabalhista na direção do
processo (arts. 371 do CPC e 765 da CLT), o indeferimento do
requerimento de expedição de ofícios e de perguntas ao autor
não caracteriza cerceamento do direito de defesa, salvo se
demonstrada a imprescindibilidade ou mesmo relevância
jurídica das provas indeferidas.
Agravo de instrumento a que se nega provimento.
RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467/17.
AJUIZAMENTO DE INQUÉRITO PARA APURAÇÃO DE FALTA
GRAVE. MEMBRO DA CIPA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO. PAGAMENTO DOS SALÁRIOS
REFERENTES AO PERÍODO DE SUSPENSÃO. NÃO
DEMONSTRAÇÃO DE AFRONTA LITERAL ÀS NORMAS LEGAIS
INDICADAS. ARESTOS INESPECÍFICOS. SÚMULA N.º 296, I, DO
TST. ART. 896, “a” E “c” DA CLT. EXAME DA TRANSCENDÊNCIA
PREJUDICADO.
1. A recorrente trouxe como fundamento jurídico, para o
reexame da tese adotada pela Corte Regional, afronta aos arts.
494 e 495 da CLT, porém, referidos dispositivos não tratam da
questão nuclear da presente demanda, qual seja, os efeitos da
extinção, sem resolução do mérito, do inquérito para apuração
de falta grave, razão pela qual não há como reputá-los
diretamente violados.
2. Do mesmo modo, a revista não pode ser admitida pela senda
da divergência jurisprudencial, nos termos do art. 896, a, da CLT
e da Súmula n.º 296, I, desta Corte Superior, uma vez que os
arestos colacionados são inservíveis ao fim colimado, pois não
abordam as particularidades do caso em discussão, partindo de
premissas fáticas distintas, uma vez que, na hipótese, o autor
pleiteou expressamente o pagamento dos salários na presente
ação.
3. Logo, uma vez não demonstrada afronta literal à norma legal
ou dissenso de teses, nos termos em que preceitua o art. 896,
“a” e “c”, da CLT, o recurso de revista não se viabiliza.
DANOS EXTRAPATRIMONIAIS. OMISSÃO NA ADMISSIBILIDADE
PELO TRIBUNAL REGIONAL. NÃO OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. PRECLUSÃO DA MATÉRIA. INSTRUÇÃO
NORMATIVA N.º 40 DO TST. TRANSCENDÊNCIA NÃO
EXAMINADA.
1. O art. 1º, § 1º, da IN n.º 40/2016 do TST, determina que, se
houver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de
revista quanto a um ou mais temas, é ônus da parte interpor
embargos de declaração para o órgão prolator da decisão
embargada supri-la, sob pena de preclusão.
2. Na hipótese, o Presidente do Tribunal Regional não analisou o
tema “danos morais” constante do recurso de revista da parte
ré, limitando-se a submeter o apelo à apreciação desta Corte
Superior, em razão do recebimento do recurso de revista quanto
ao tema “salários vencidos”.
3. Cabia à recorrente impugnar, mediante embargos de
declaração, a omissão constante no juízo de admissibilidade do
seu apelo, sob pena de preclusão, ônus do qual não se
desincumbiu.
Recurso de revista não conhecido.
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista com Agravo nº
TST-RRAg - 67-31.2019.5.11.0013, em que é Agravante(s) e Recorrente(s) MANAUS AMBIENTAL S.A. e é
Agravado(s) e Recorrido(s) JOCINEI SOUZA DO NASCIMENTO.
VOTO
I – AGRAVO DE INSTRUMENTO
1. CONHECIMENTO
2. MÉRITO
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recorre deve "expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos jurídicos da
decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte" .
Na hipótese, a parte recorrente não observou o referido inciso, uma vez que, ao expor as
razões do pedido de reforma, não impugnou os fundamentos jurídicos da decisão recorrida. Destaco
que a exigência do dispositivo supra não se cumpre com a mera alegação genérica de que a
recorrente "impugna os fundamentos da decisão recorrida", devendo as razões recursais estarem
vinculadas aos fundamentos jurídicos expendidos no acórdão regional, no sentido de demonstrar
por que devem ser afastados, o que não restou observado no apelo quanto aos artigos 765 da CLT e
370 do CPC, sendo inviável, portanto, o processamento do recurso de revista no presente tópico.'
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de prova legalmente produzido, desde que fundamente sua decisão. Assim, em relação à arguição de
nulidade por cerceamento do direito de defesa, somente será possível o reconhecimento da
transcendência da causa, nos aspectos político e jurídico, quando o indeferimento de diligências
consideradas inúteis ou meramente protelatórias, nos termos do artigo 370, parágrafo único, do
Código de Processo Civil, encontrar-se carente de fundamentação, de maneira a obstar o exercício
do amplo direito de defesa assegurado no artigo 5º, LV, da Constituição da República. 2. No caso dos
autos não se vislumbra cerceamento do direito de defesa, uma vez que, conforme registrado pela
Corte regional, o indeferimento das perguntas formuladas pela reclamada às testemunhas do
obreiro, com o objetivo de demonstrar o gozo do intervalo intrajornada, se deu em razão do juízo de
primeiro grau já ter formado o seu convencimento com base nas provas até então produzidas. 3.
Dessa forma, não verificada a nulidade arguida, não há cogitar no reconhecimento de
transcendência da causa. 4. Agravo de Instrumento não provido. [...] (AIRR-12212-28.2016.5.15.0009,
6ª Turma, Relator Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 21/05/2021).
II – RECURSO DE REVISTA
CONHECIMENTO
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Atendidos referidos pressupostos de admissibilidade, prossegue-se ao exame do apelo.
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Nº 136 de 02.08.2010, pág.8.)
Ocorre que, ao contrário do precedente em tela, no presente caso o obreiro pleiteou
expressamente o pagamento das verbas, não por meio de reconvenção ou pedido contraposto no
inquérito judicial, mas mediante o ajuizamento da presente ação autônoma. Trata-se de hipótese
considerada no inteiro teor do julgado em questão, nos seguintes termos:
"Segundo narra a inicial, o requerente, fazendo uso da faculdade presente no artigo 494 da
CLT, suspendeu o requerido em 16/10/2009 e, ato contínuo, propôs o inquérito judicial para
apuração de falta grave.
O inquérito proposto, contudo, pelos motivos explicitados em linhas volvidas, acabou extinto,
sem resolução de mérito.
Assim, se o requerido deixou de trabalhar por iniciativa da empresa, procedimento mais
tarde tido por inadequado, competia àquele buscar seus direitos por meio próprio,
inclusive poderia tê-lo feito nesta mesma ação, seja por pedido contraposto, seja por meio de
reconvenção, mas não o fez." (n.n)
(TRT-18 2132200900118000 GO 02132-2009-001-18-00-0, Relator: PLATON TEIXEIRA DE
AZEVEDO FILHO, Data de Publicação: DJ Eletrônico Ano IV, Nº 136 de 02.08.2010, pág.8.)
No presente caso, considerando que o autor buscou seus direitos por meio próprio, e
constatada a inadequação do procedimento adotado pela reclamada, que erroneamente propôs
inquérito judicial para apuração de falta grave em hipótese na qual não se fazia cabível - conforme
decisão transitada em julgado nos autos de nº 0000714-81.2014.5.11.0019 - afigura-se adequada a
pretensão de recebimento dos salários vencidos, mesmo sem a prestação do labor no período.
Ressalte-se, nesse aspecto, que coube à reclamada a escolha por reiterar a tese de cabimento
do inquérito judicial, pelas sucessivas instâncias judiciais, no processo nº 0000714-81.2014.5.11.0019,
enquanto poderia, desde o início, ter aplicado a demissão por justa causa diretamente ao obreiro,
independentemente da formalidade do procedimento judicial.
Ademais, não merece prosperar o pedido subsidiário de limitação da condenação ao período
de estabilidade do reclamante, isto é, até o fim de seu mandato como membro da CIPA, uma vez que,
para tanto, bastaria que a reclamada tivesse tomado a iniciativa de rescindir o contrato de trabalho
assim que cessada a causa de estabilidade, porém não o fez, permanecendo igualmente inerte
quando transitada em julgado a extinção do inquérito judicial, ocasião na qual, mais uma vez, deixou
de promover a pretendida dispensa do autor, vindo a se manifestar apenas após o ajuizamento da
presente ação pelo obreiro, momento no qual a empresa decidiu rescindir o contrato de trabalho do
autor sem justa causa, conforme TRCT de Id e69863c.
Nesse aspecto, não há como se acolher, igualmente, o pedido de exclusão do pagamento dos
salários no período entre o trânsito em julgado do inquérito judicial e a demissão do empregado,
tendo em vista que eventual alegação de abandono de emprego, pela ausência de retorno do
trabalhador após o término da suspensão contratual, resta afastada pela realização da dispensa sem
justa causa, atitude que contraria a alegação do cometimento de infração pelo trabalhador.
Assim, uma vez que a empresa, voluntariamente, decidiu encerrar o vínculo contratual com o
reclamante de forma imotivada, não há mais que se invocar a existência de falta grave cometida pelo
obreiro, logo, por motivo de congruência, o período de vigência do contrato sem prestação do labor
deve receber o tratamento jurídico do art. 495 da CLT, isto é, o reconhecimento da inocorrência da
falta grave, tendo como consequência o pagamento de todos os salários a que o obreiro teria direito
ao longo do período.
Quanto ao pedido de compensação e dedução, conforme afirmou a reclamada em seu próprio
recurso, a sentença de embargos de declaração (Id ffd9068 - pág. 2) já delimitou a condenação
corretamente, ao determinar "o pagamento de todos os salários não pagos no período até a
dispensa do autor, bem como pagamento das demais parcelas trabalhistas do período em que ficou
afastado: férias, 13º salário, FGTS (8%) - o qual deverá ser depositado na conta vinculada do autor,
PLR, auxílio alimentação e transporte e anuênio."
Logo, as verbas da condenação não se confundem com as do TRCT, que correspondem ao
aviso prévio indenizado, com seus reflexos de 13º salário e férias, além de férias proporcionais,
considerando o período aquisitivo anterior à suspensão contratual (Id e69863c). Assim as verbas
contidas no TCRT e as abrangidas pela condenação são distintas, pelo que não há que se falar com
compensação.
Nada a reformar.
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Logo, uma vez não demonstrada afronta literal à norma legal ou dissenso de
teses, nos termos em que preceitua o art. 896, “a” e “c”, da CLT, o recurso de revista não se viabiliza.
Ante os óbices apresentados, inviável a análise quanto à transcendência da matéria.
NÃO CONHEÇO.
O reclamante postula a reforma da sentença, para que seja majorada a indenização por danos
morais fixada pelo juízo de primeiro grau. A reclamada, por sua vez, pleiteia a improcedência do
pedido de indenização por danos morais, aduzindo que não agiu de forma ilícita ao proceder à
suspensão do contrato de trabalho do obreiro, tampouco ao não lograr êxito no inquérito de
apuração de falta grave.
Analiso.
Como se sabe, o dano moral consiste na lesão provocada aos interesses ou bens imateriais do
indivíduo, tais como a honra, a privacidade, a intimidade, a saúde, a integridade física dentre outros,
que, consequentemente, traz dor, angústia, aflição, humilhação, enfim uma série de perturbações
emocionais que diminuem a autoestima da pessoa. O dano moral atinge a esfera íntima da vítima,
causando lesões subjetivas que nem sempre são possíveis de identificar. Essas lesões podem ocorrer
através da prática ou omissão de algum ato.
O dano moral tem sua origem na responsabilidade subjetiva, consagrada no artigo 186, do
CCB. Nos termos do referido dispositivo legal, a culpa é o principal elemento da responsabilidade
subjetiva. Considera-se, aí, a ideia do dever violado, sendo a negligência e a imprudência condutas
culposas voluntárias que trazem um resultado involuntário, caracterizado pela previsibilidade e pela
falta de cuidado.
Nesse diapasão, para a caracterização do dano moral é imprescindível configurarem-se os
seguintes requisitos: dano resultante à vítima; ato ou omissão violadora de direito de outrem; nexo
causal entre o ato ou omissão e o dano; culpa; comprovação real e concreta da lesão.
Primeiramente, não há como se negar que o descumprimento das obrigações trabalhistas, por
parte do empregador, gera transtorno ao trabalhador, em razão da impossibilidade de honrar seus
compromissos financeiros. Tampouco se poderia negar o sofrimento daquele que, mesmo depois de
ter alienado a sua força de trabalho, não pôde dispor, voluntariamente, da quantia que lhe é devida
como contraprestação.
Assim, tendo em vista que a reclamada não efetuou tempestivamente o pagamento das verbas
salariais devidas ao autor, caracterizado está o dano moral, em face do sofrimento, angústia e
incerteza de não poder contar com sua fonte de subsistência para prover suas necessidades básicas
e de seus familiares.
Ainda que não haja prova contundente de prejuízos adversos decorrentes da mora, tal como a
inscrição em cadastro de inadimplentes ou o pagamento de juros por dívidas vencidas, nesta
hipótese presume-se o dano, que decorre do ato ilícito cometido pelo empregador (mora no
pagamento de verbas salariais).
No presente caso, entendo que os requisitos para a configuração do dano moral restaram
devidamente demonstrados, uma vez que foi necessário o obreiro acionar a Justiça do Trabalho para
ter seus salários quitados.
Por conseguinte, entendo, da mesma forma que o juízo de primeiro grau, que é cabível o
pagamento de indenização por danos morais de modo a compensar o sofrimento da vítima e evitar a
repetição desta prática, atendendo-se, assim, aos fins punitivo, terapêutico e reparatório do
instituto.
No tocante ao valor da indenização, o art. 944 do CC prevê que a indenização do dano mede-se
pela sua extensão, o que, evidentemente, não afasta o justo e equilibrado arbitramento judicial, pois,
embora de caráter discricionário, não prescinde da análise subjetiva do julgador, atendendo às
circunstâncias de cada caso, à posse do ofensor e à situação pessoal do ofendido. A primeira medida
é amenizar a dor moral para, em seguida, reparar suas perdas.
Quanto ao ofensor, impõe-se, por meio do "quantum", desestimular a prática de atos
moralmente danosos, aí consistindo seu caráter exemplar.
O juiz tem liberdade para fixar o valor, pautando-se no bom senso e na lógica do razoável, a
fim de se evitar extremos (ínfimos ou vultosos).
No presente caso, mostra-se adequada a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), fixada pelo
juízo de primeiro grau, dentro do limite de três vezes o último salário contratual do ofendido, nos
termos do art. 223-G, §1º, I, da CLT, uma vez que a indenização não tem por finalidade o
enriquecimento do empregado, mas sim caráter eminentemente pedagógico, figurando-se razoável
como forma de reparar e amenizar todo sofrimento causado pela reclamada ao empregado.
Pelo exposto, nada a reformar.
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A597F28DE09C66.
recurso de revista da parte ré, limitando-se apenas a submeter o apelo à apreciação desta Corte
Superior, em razão do recebimento do recurso de revista quanto ao tema “salários vencidos”.
Desse modo, cabia à recorrente impugnar, mediante embargos de declaração, a
omissão constante no juízo de admissibilidade do seu apelo, sob pena de preclusão, ônus do qual não
se desincumbiu.
Logo, inviável a análise da matéria, ante a ocorrência da preclusão.
Diante do óbice apresentado, resta prejudicada a análise quanto à
transcendência do tema.
NÃO CONHEÇO.
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