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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000484-34.2022.5.02.0264

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DE3745FDC58.
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMDMA/MV/

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA
RECLAMADA NA VIGÊNCIA DA LEI
13.467/2017. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. AGENTE
SOCIOEDUCATIVO. TESE FIXADA EM
INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO PELA
SDI-1 PLENA DO TST NO
IRR-1001796-60.2014.5.02.0382. Esta Corte
Superior, no julgamento do
IRR-1001796-60.2014.5.02.0382 pela SDI-1
Plena, firmou tese de que o Agente de Apoio
Socioeducativo "faz jus à percepção de adicional
de periculosidade, considerado o exercício de
atividades e operações perigosas, que implicam
risco acentuado em virtude de exposição
permanente a violência física no desempenho das
atribuições profissionais de segurança pessoal e
patrimonial em fundação pública estadual".
Assim, sendo incontroverso o exercício das
funções de agente de apoio socioeducativo, o
reclamante tem direito ao adicional de
periculosidade. Precedentes. 2. Decisão do TRT
em sintonia com a atual e notória
jurisprudência desta Corte. 3. Inexistentes os
indicadores previstos no art. 896-A, § 1.º, da
CLT, com relação aos reflexos gerais de
natureza econômica, política, social ou jurídica,
por ausência de transcendência. Agravo
conhecido e não provido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo


de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000484-34.2022.5.02.0264, em
que é Agravante FUNDAÇÃO CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO AO
ADOLESCENTE - FUNDAÇÃO CASA - SP e é Agravado ED CARLOS FREITAS ALVES.

Trata-se de agravo interposto à decisão que denegou


seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, na forma dos arts. 932, III
e IV, “a”, do CPC; 896, § 14, da CLT e 118, X, RITST.
Inconformada, a agravante alega que seu recurso reunia
condições de admissibilidade. Pugna pela reconsideração da decisão agravada.
Não foram apresentadas contrarrazões.
É o relatório.

VOTO

1 – CONHECIMENTO

Preenchidos os requisitos de admissibilidade recursal,


CONHEÇO do agravo.

2 – MÉRITO

Esta Relatora negou seguimento ao agravo de instrumento


interposto pela Reclamada, adotando os fundamentos da decisão denegatória do
recurso de revista, do seguinte teor:

“PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
Tramitação na forma da Lei n.º 13.467/2017.
Tempestivo o recurso (decisão publicada no DEJT em 15/02/2023 - Aba
de Movimentações; recurso apresentado em 02/03/2023 - id. e345411).
Regular a representação processual (Súmula 436/TST).
Isento de preparo (CLT, art. 790-A e DL 779/69, art. 1º, IV).

PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Adicional / Adicional
de Periculosidade.
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No julgamento do IRR-1001796-60.2014.5.02.0382, a Subseção I


Especializada em Dissídios Individuais - SBDI-1, do Tribunal Superior do
Trabalho, fixou a seguinte tese jurídica:
"O Agente de Apoio Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto
nº 54.873 do Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos
cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à percepção
de adicional de periculosidade, considerado o exercício de atividades e operações
perigosas, que implicam risco acentuado em virtude de exposição permanente a
violência física no desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal
e patrimonial em fundação pública estadual" (DEJT 12/11/2021)
Assim, estando a decisão regional em consonância com a diretriz
firmada no mencionado incidente de recursos repetitivos, com caráter
vinculante, nos termos delineados pelos arts. 896-C da CLT, e 927, III, do CPC
(art. 3°, XXIII, da Instrução Normativa n° 39/2015, do TST), descabe cogitar de
violação aos dispositivos legais e constitucionais invocados, bem como de
divergência jurisprudencial.
DENEGO seguimento.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista”

2.1 – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. AGENTE


SOCIOEDUCATIVO. TESE FIXADA EM INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO PELA SDI-1
PLENA DO TST NO IRR-1001796-60.2014.5.02.0382.

A Agravante, em síntese, sustenta que o fato de o trabalhador


laborar em exposição permanente ao risco acentuado de roubos ou outras espécies de
violência física não é motivo suficiente a ensejar o pagamento do adicional de
periculosidade, sendo necessário que, simultaneamente, ele desenvolva atividades
profissionais de segurança patrimonial ou pessoal.
Indica violação dos arts. 193, II, da CLT e 35 da Lei 12.594/2012 e
do Anexo 3 da NR 16.
Eis o teor do acórdão regional:

“Adicional de periculosidade
Insurge-se o autor contra a improcedência do seu pleito. Insiste fazer
jus ao recebimento de adicional de periculosidade por exercer as funções de
agente de apoio socioeducativo e de coordenador de equipe.
Analiso.
De acordo com o artigo 193 da CLT, as atividades ou operações
perigosas são, dentre outras, as que apresentam risco acentuado em virtude
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de exposição permanente do trabalhador a roubos ou outras espécies de


violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial.
Por sua vez, o item 2, do Anexo 3, da NR-16, estabelece que "são
considerados profissionais de segurança pessoal ou patrimonial os trabalhadores
que atendam a uma das seguintes condições: a) empregados das empresas
prestadoras de serviço nas atividades de segurança privada ou que integrem
serviço orgânico de segurança privada, devidamente registradas e autorizadas
pelo Ministério da Justiça, conforme Lei 7102/1983 e suas alterações posteriores.
b) empregados que exercem a atividade de segurança patrimonial ou pessoal em
instalações metroviárias, ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de
bens públicos, contratados diretamente pela administração pública direta ou
indireta".
Segundo o descritivo juntado com a contestação, o autor tem como
funções inerentes ao cargo que exerce na recorrente, em síntese: "Reportar-se
ao Coordenador de equipe. Desenvolver atividades internas e externas junto aos
Centros de Atendimento da Fundação CASA-SP, acompanhando a rotina dos
adolescentes tais como: o despertar, as refeições, higienização corporal e
verificação de ambientes, transferências entre Centros de Atendimento da capital e
outras comarcas, pronto-socorros, hospitais, fóruns da capital e do interior e
outras atividades de saídas autorizadas.
Realizar revistas periódicas nos Centros de Atendimento e nos adolescentes
quantas vezes forem necessárias, atuando na prevenção e na contenção,
procurando minimizar as ocorrências de faltas disciplinares de natureza leve e
média ou a grave como, tentativas de fuga e evasão individuais e ou coletivos e
nos movimentos iniciais de rebelião, de modo a garantir a segurança e disciplina,
zelando pela integridade física e mental dos adolescentes. Participar do processo
sócio-educativo, contribuindo para seu desenvolvimento, educando o adolescente
para a prática da cidadania conforme preconizado pelo ECA" (ID. 6323d18 - Pág.
1).
Do descritivo das funções do autor emerge que exercer a atividade de
agente de apoio socioeducativo o expõe a riscos em relação à sua integridade
física, hipótese contida na CLT e no anexo da NR-16, pois na execução de suas
funções diárias o autor está sujeito à violência física ao tentar conter desde
tumultos a rebeliões, por exemplo.
Assim, considerando que o autor é exposto à violência física no
desempenho de suas atividades, lhe devido é o adicional de periculosidade,
independentemente do trânsito em julgado do incidente de recurso repetitivo
IRR 1001796-60.2014.5.02.0382.
Neste sentido é a jurisprudência do TST:
"RECURSO DE REVISTA REGIDO PELA LEI 13.015/2014.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. ART. 193, II, DA CLT. FUNDAÇÃO
CASA. AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. O art. 93, II, da CLT,
considera como atividade perigosa as atividades que exponham o

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trabalhador a risco de "roubo ou outras espécies de violência física


nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial". O
Tribunal Regional, em que pese ter registrado que o Reclamante, no
exercício da função de agente de apoio socioeducativo, estava sujeito
a condições arriscadas de trabalho, exonerou a Reclamada do
pagamento do referido adicional. Nesse contexto, uma vez registrado
que o Reclamante exercia suas funções exposto a violência física em
atividades de segurança patrimonial ou pessoal, devido é o adicional
em exame. Julgados do TST. Recurso de revista conhecido e provido.
(TST - 7ª T. - RR 11704-84.2014.5.15.0031 - Rel. Min. Douglas Alencar
Rodrigues - DEJT2/12/2016).

RECURSO DE REVISTA. APELO INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI


N.º 13.015/2014. AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. ENQUADRAMENTO NO ART. 193, II, DA CLT E NO
ANEXO "3" DA NR-16 DO MTE. Verificado que o labor do Reclamante
era despendido em favor da Fundação Casa (instituída pela Lei
Estadual n.º 185/73, alterada pela Lei Estadual n.º 15.050/2013) e
que, dentre as atribuições está a de 'segurança externa das Unidades,
zelando pelo patrimônio público e evitando entrada de objetos que
possam comprometer a segurança', não há como se afastar o direito
ao adicional de periculosidade, nos termos do art. 193, II, da CLT e do
Anexo 03 da NR 16 do MTE. Precedentes. Recurso de Revista
conhecido e provido. (TST - 4ª T. - RR 909-31.2013.5.15.0006 - Relª
Minª Maria de Assis Calsing - DEJT19/8/2016).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO


SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 13.015/2014 - DESCABIMENTO. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. TRABALHO EM CENTRO DE ATENDIMENTO
SÓCIO-EDUCATIVO DESTINADO A ADOLESCENTES INFRATORES. 1. O
adicional de periculosidade previsto no art. 193, inciso II, da CLT,
incluído pela Lei n.º 12.740/2012, deve ser pago ao trabalhador que
se exponha permanentemente a "roubos ou outras espécies de
violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
patrimonial." 2. Nesse contexto, em 2.12.2013, foi aprovada a
Portaria n.º 1.885 do MTE, que acrescentou o Anexo 3 à NR-16 e
definiu as atividades e operações que se enquadram na situação de
periculosidade descrita na CLT. 3. O reclamante, na função de agente
de apoio sócio-educativo, ajusta-se à situação prevista no item 2, "b",
do mencionado anexo: "empregados que exercem a atividade de
segurança patrimonial ou pessoal em instalações metroviárias,
ferroviárias, portuárias, rodoviárias, aeroportuárias e de bens
públicos, contratados diretamente pela administração pública direta
ou indireta." 4. Portanto, o adicional de periculosidade é devido aos

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empregados que exercem atividades profissionais em centro de


atendimento sócio-educativo destinado a adolescentes infratores,
como no caso em apreço. Agravo de instrumento conhecido e
desprovido. (TST - 3ª T. - AIRR 11059-95.2014.5.15.0019 - Rel. Min.
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira - DEJT1/4/2016)".

Frise-se, por oportuno, que por meio da Resolução TP n. 1 de 15 de


março de 2022, que foi cancelada a Súmula n. 43 deste E. TRT, que estabelecia
que o agente de apoio socioeducativo da Fundação Casa de São Paulo não
tinha direito ao adicional de periculosidade.
Quanto ao pagamento da gratificação por regime especial de trabalho,
verifica-se que a ré paga a gratificação a todos os seus empregados,
independente da função desenvolvida, o que revela a ausência de identidade
da natureza com o adicional de periculosidade.
Ante todo o exposto, provejo o apelo do autor para condenar a ré no
pagamento do adicional de periculosidade, à razão de 30% (trinta por cento)
sobre o salário base (artigo 193, § 1º, da CLT), parcelas vencidas desde
26.05.2017 e vincendas até a inclusão de referida verba na folha de
pagamento, bem como reflexos em: décimos terceiros salários, férias
acrescidas de um terço e FGTS.
Cabe ressaltar que não são devidos os reflexos do adicional de
periculosidade sobre a Gratificação de Regime Especial de Trabalho - GRET,
pois a redação do §1º do art. 193 da CLT é clara no sentido de que o adicional
não incide sobre os acréscimos salariais resultantes de gratificações e prêmios
percebidos pelo trabalhador.
Deverá a reclamada incluir referida verba na folha de pagamento do
reclamante, com a devida comprovação nos autos, no prazo de 30 dias após
ser intimada para tanto, sob pena de multa diária de R$ 200,00, até o limite de
R$10.000,00, a ser revertida em favor do obreiro.
Deverá também a ré retificar a CTPS do autor no prazo de 30 dias após
ser intimada para tanto, sob pena de multa diária de R$ 200,00, até o limite de
R$10.000,00, a ser revertida em favor do obreiro”.

Na hipótese, a Corte Regional concluiu que o reclamante, ao


exercer a atividade de agente de apoio socioeducativo, está exposto a riscos em relação
à sua integridade física, hipótese contida na CLT e no anexo da NR-16, pois na execução
de suas funções diárias ele está sujeito à violência física, faz jus ao pagamento do
adicional de periculosidade, independentemente do trânsito em julgado do incidente de
recurso repetitivo IRR 1001796-60.2014.5.02.0382.
No caso, é incontroverso que o reclamante exerce a função de
agente de apoio socioeducativo em instituição de menores infratores.

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Esta Corte Superior, no julgamento do


IRR-1001796-60.2014.5.02.0382, pela SDI-1 Plena, firmou o entendimento de que é
devido o adicional de periculosidade ao empregado que exerce atividades profissionais
de "segurança pessoal" e "patrimonial" com exposição a condições de risco acentuado
de sofrer violência física, como ameaças e brigas entre os adolescentes internos e
rebeliões, caso dos autos.
Eis a tese firmada no referido julgamento:

I. O Agente de Apoio Socioeducativo (nomenclatura que, a partir


do Decreto nº 54.873 do Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009,
abarca os antigos cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de
Segurança) faz jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado
o exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco
acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e
patrimonial em fundação pública estadual.
II. Os efeitos pecuniários decorrentes do reconhecimento do
direito do Agente de Apoio Socioeducativo ao adicional de periculosidade
operam-se a partir da regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013
– data da entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do
Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16.

Consta da ementa do referido julgado:

"INCIDENTE DE RECURSO REPETITIVO. AGENTE DE APOIO


SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.
1. Com o Decreto nº 54.873 do Governo de São Paulo, de 06.10.2009, os
antigos cargos de agente de segurança e agente de apoio técnico foram
unificados em nova nomenclatura: Agente de Apoio Socioeducativo. 2. "Os
ocupantes do cargo de Agente de Apoio Socioeducativo (AAS) são
socioeducadores responsáveis pelo trabalho preventivo de segurança ,
objetivando preservar a integridade física e mental dos adolescentes e
demais profissionais , contribuindo efetivamente na tranquilidade
necessária para a execução da medida socioeducativa". "São profissionais
responsáveis também pelo trabalho de contenção e ações preventivas
para evitar situações limites, além de acompanhar e auxiliar no
desenvolvimento das atividades educativas, observando e intervindo,
quando necessário, a fim de que a integridade física e mental dos
adolescentes e dos demais servidores sejam mantidas" (Caderno de
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Procedimentos de Segurança - Descrição das funções e atribuições dos


Agentes de Apoio Socioeducativo da Superintendência de Segurança da
Fundação Casa). 3. Os Agentes de Apoio Socioeducativo exercem
atividades e operações perigosas, que, por sua natureza e métodos de
trabalho, implicam risco acentuado em virtude de exposição permanente
do trabalhador a violência física nas atribuições profissionais de segurança
pessoal e patrimonial (art. 193, caput e inciso II, da CLT e item 1 do Anexo 3
da NR 16). 4. Os Agentes de Apoio Socioeducativo exercem a atividade de
segurança pessoal e patrimonial em instalações de fundação pública
estadual, contratados diretamente pela administração pública indireta -
hipótese prevista no item 2, letra ' b' , do Anexo 3 da NR 16. 5. Os Agentes
de Apoio Socioeducativo desempenham segurança patrimonial e/ou
pessoal na preservação do patrimônio (...) e da incolumidade física de
pessoas , além do acompanhamento e proteção da integridade física de
pessoa ou de grupos (internos, empregados, visitantes) - atividades e
operações constantes no quadro no item 3 do Anexo 3 da NR 16 do
Ministério do Trabalho, que os expõem a várias espécies de violência física.
6. Emerge do presente IRR a fixação da tese jurídica: " I. O Agente de Apoio
Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do
Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos
de Agente de Apoio Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à percepção
de adicional de periculosidade, considerado o exercício de atividades e
operações perigosas, que implicam risco acentuado em virtude de
exposição permanente a violência física no desempenho das atribuições
profissionais de segurança pessoal e patrimonial em fundação pública
estadual. II. Os efeitos pecuniários decorrentes do reconhecimento do
direito do Agente de Apoio Socioeducativo ao adicional de periculosidade
operam-se a partir da regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013
- data da entrada em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do
Trabalho, que aprovou o Anexo 3 da NR-16". RECURSO DE EMBARGOS
AFETADO E-RR-1001796-60.2014.5.02.0382. Demonstrada divergência
jurisprudencial, impõe-se o conhecimento o recurso de embargos e, no
mérito, aplicada a tese jurídica fixada no IRR, em que reconhecido o direito
do Agente de Apoio Socioeducativo ao adicional de periculosidade,
condenar a Fundação Casa ao pagamento do adicional de periculosidade, a
partir de 03.12.2013 (regulamentação da Lei n.º 12.740/2012), no
percentual de 30% (trinta por cento) sobre o salário básico (Súmula nº 191,
I, do TST), e reflexos postulados na petição inicial. Recurso de embargos do
reclamante conhecido e provido" (IRR-1001796-60.2014.5.02.0382,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Hugo
Carlos Scheuermann, DEJT 12/11/2021).

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Nesse contexto, devido é o adicional de periculosidade ao


empregado que exerce atividades profissionais de "segurança pessoal" e "patrimonial"
com exposição a condições de risco acentuado de sofrer violência física, como ameaças
e brigas entre os adolescentes internos e rebeliões, caso dos autos.
Neste sentido tem sido firmada a jurisprudência desta Corte
Superior:

"ACÓRDÃO DE RECURSO ORDINÁRIO PUBLICADO APÓS A


VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE.
AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO DA FUNDAÇÃO CASA - ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE. O Tribunal Regional afastou o direito da Agente de
Apoio Socioeducativo da Fundação Casa ao adicional de periculosidade. A
SBDI-1, ao julgar o IRR-1001796-60.2014.5.02.0382, representativo do tema
nº 16 da Tabela de Recursos de Revista Repetitivos, firmou as seguintes
teses jurídicas: "I. O Agente de Apoio Socioeducativo (nomenclatura que, a
partir do Decreto nº 54.873 do Governo do Estado de São Paulo, de
06.10.2009, abarca os antigos cargos de Agente de Apoio Técnico e de
Agente de Segurança) faz jus à percepção de adicional de periculosidade,
considerado o exercício de atividades e operações perigosas, que implicam
risco acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e
patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários
decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio
Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da
regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da entrada em
vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do Trabalho, que aprovou o
Anexo 3 da NR-16" . Assim, a autora faz jus ao adicional de periculosidade,
nos termos fixados pela Subseção. Recurso de revista conhecido por
violação do artigo 193, II, da CLT e provido"
(RR-1000831-56.2017.5.02.0292, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de
Souza Agra Belmonte, DEJT 25/03/2022).
"RECURSO DE REVISTA SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. FUNDAÇÃO CASA. AGENTE DE APOIO
SOCIOEDUCATIVO. TEMA 16 DA TABELA DE INCIDENTES DE RECURSOS
REPETITIVOS DO TST. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA. O debate sobre o
direito do agente de apoio socioeducativo da Fundação Casa ao adicional
de periculosidade foi objeto de incidente de recurso repetitivo, havendo
possível contrariedade à tese fixada pela SBDI-1 do TST no

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IRR-1001796-60.2014.5.02.0382 (Tema 16 da Tabela de Recursos


Repetitivos). Portanto, detém transcendência política, nos termos do art.
896-A, § 1º, II, da CLT. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. FUNDAÇÃO CASA.
AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO. TEMA 16 DA TABELA DE INCIDENTES
DE RECURSOS REPETITIVOS DO TST. REQUISITOS DO ART. 896, § 1º-A, DA
CLT ATENDIDOS. A SBDI-1 do TST, em sua composição plena, ao julgar o
Incidente de Recurso Repetitivo IRR-1001796-60.2014.5.02.0382 (Tema 16
da Tabela de Recursos Repetitivos), com efeito vinculante, fixou as
seguintes teses jurídicas: "I. O Agente de Apoio Socioeducativo
(nomenclatura que, a partir do Decreto nº 54.873 do Governo do Estado de
São Paulo, de 06.10.2009, abarca os antigos cargos de Agente de Apoio
Técnico e de Agente de Segurança) faz jus à percepção de adicional de
periculosidade, considerado o exercício de atividades e operações
perigosas, que implicam risco acentuado em virtude de exposição
permanente a violência física no desempenho das atribuições profissionais
de segurança pessoal e patrimonial em fundação pública estadual. II. Os
efeitos pecuniários decorrentes do reconhecimento do direito do Agente
de Apoio Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir
da regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da entrada
em vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do Trabalho, que aprovou
o Anexo 3 da NR-16". No caso dos autos, não se verifica elemento de
distinção, pois ausente afirmação no âmbito do Regional de que o
reclamante, agente de apoio socioeducativo, estava desviado de função,
exercendo funções administrativas, por exemplo. Assim, o autor tem
direito ao adicional de periculosidade. Recurso de revista conhecido e
provido" (RR-1000905-11.2020.5.02.0291, 6ª Turma, Relator Ministro
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 01/04/2022).
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1.
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. AGENTES DE APOIO SOCIOEDUCATIVO
DA FUNDAÇÃO CASA. 1.1. A SDI-1, órgão uniformizador de jurisprudência
interna corporis desta Corte Superior, no julgamento do Incidente de
Recursos Repetitivos - Tema n° 16, nos autos do processo TST - IRR -
1001796-60.2014.5.02.0382, da Relatoria do Exmo. Ministro Hugo Carlos
Scheuermann, decisão publicada no DEJT de 12/11/2021, fixou as seguintes
teses: " I. O Agente de Apoio Socioeducativo (nomenclatura que, a partir do
Decreto nº 54.873 do Governo do Estado de São Paulo, de 06.10.2009,
abarca os antigos cargos de Agente de Apoio Técnico e de Agente de
Segurança) faz jus à percepção de adicional de periculosidade, considerado
o exercício de atividades e operações perigosas, que implicam risco
acentuado em virtude de exposição permanente a violência física no
desempenho das atribuições profissionais de segurança pessoal e

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instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho fls.11

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1005A64DE3745FDC58.
PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000484-34.2022.5.02.0264

patrimonial em fundação pública estadual. II. Os efeitos pecuniários


decorrentes do reconhecimento do direito do Agente de Apoio
Socioeducativo ao adicional de periculosidade operam-se a partir da
regulamentação do art. 193, II, da CLT em 03.12.2013 - data da entrada em
vigor da Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do Trabalho, que aprovou o
Anexo 3 da NR-16 ". 1.2. In casu, o Regional concluiu que o reclamante,
agente de apoio socioeducativo da Fundação Casa, fazia jus ao adicional
em liça, decisão contra a qual a reclamada se insurge por meio do presente
recurso. 1.3. Dentro desse contexto, considerando que a decisão regional
foi proferida em harmonia com a tese jurídica fixada no Incidente de
Recursos Repetitivos - Tema n° 16, de natureza vinculante e observância
obrigatória, à luz dos arts. 927, III, e 985, I, do CPC, descabe cogitar de
violação de dispositivos legais e constitucionais. (...). Agravo de instrumento
conhecido e não provido" (AIRR-1000857-52.2020.5.02.0291, 8ª Turma,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 18/02/2022).

Esbarra o apelo, portanto, no óbice da Súmula 333 do TST e do


art. 896, § 7.º, da CLT.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo e, no mérito, negar-lhe provimento.
Brasília, 3 de abril de 2024.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DELAÍDE MIRANDA ARANTES
Ministra Relatora

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