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DECISÃO
Edição nº 0 - Brasília,
Documento eletrônico VDA30579859 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA Assinado em: 30/10/2021 19:35:37
Publicação no DJe/STJ nº 3263 de 04/11/2021. Código de Controle do Documento: 3f0b8918-069f-40b7-86d2-be41ef3cdb0f
(ABRANGÊNCIA) – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (FUNRURAL)
– SINDICATO DEPESSOA JURÍDICA ADQUIRENTE DA
PRODUÇÃO RURAL (CARVÃO VEGETAL) –
LEGITIMIDADEATIVA – ART. 1° DA LEI N. 8.540/92:
INCONSTITUCIONAL (STF) – LEI N. 10.256/2001 (C/C EC
N.20/1998): NÃO "CONSTITUCIONALIZAÇÃO":
EXIGIBILDADE SUSPENSA – REMESSA OFICIAL: TIDAPOR
INTERPOSTA.
1. Remessa oficial tida por interposta (art. 475, I, do CPC), porquanto há
outras questões circundantes, não relacionadas com a matéria principal, que
necessitam de análise.
2. Os efeitos da sentença no mandado de segurança coletivo restringem-se aos
substituídos que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no âmbito
da competência territorial da autoridade impetrada, porquanto a competência
absoluta para processar e julgar o mandado de segurança, que é de natureza
funcional, firma-se de acordo com o local da sede funcional da autoridade
impetrada, cujos os efeitos da sentença deveram ficar sujeitos à competência
territorial desta autoridade (Neste sentido: AMS n.2009.34.00.035157-3/DF,
Rel. Des. Federal Souza Prudente, 8' Turma do TRF da 1' Região, e-DJF1
de26/08/2011, pág. 475).
3. O sindicato regularmente constituído e autorizado pelo seu estatuto detém
legitimidade para postular em juízo em nome de seus filiados/associados, na
qualidade de substituto processual independentemente de autorização expressa
ou relação nominal dos substituídos. (Neste sentido: AC n.
2010.36.00.004645-5/MT, Rel. Juiz Federal Alexandre Buck Medrado
Sampaio (Conv.), 8ª Turma do TRF da 1ª Região, e-DJF1 de 20/06/2014, pág.
256).
4. O importante é que haja comprovação de estar o contribuinte na situação
jurídica que lhe garanta o direito (AC n. 0036191-35.2012.4.01.3500/GO, ReI.
Juiz Federal Alexandre Buck Medrado Sampaio (Conv.), 8ª Turma do TRF da
1' Região, e-DJF1 de 23/05/2014, pág 836).
5. Não havendo comprovação de que o filiado ao sindicato assumiu o encargo
financeiro do tributo ou que, transferindo-o a terceiro, possua autorização
expressa para tanto, este detém legitimidade apenas para discutir a legalidade
ou constitucionalidade da, exigência da contribuição, porquanto não foram
atendidos os ditames do art. 166 do CTN
6. A inexigibilidade da contribuição para o FUNRURAL, incidente sobre a
aquisição dos produtos (carvão vegetal) dos fornecedores pessoas físicas, fica
condicionada àqueles que efetivamente comprovarem a condição de
empregador rural pessoa física.
7. O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional, sem modulação
temporal dos efeitos, o art. 1° da Lei n. 8.540/92, em sede de recurso
repetitivo, nos moldes do art. 543-B do CPC (RE n.596.177, ReI. Min.
Ricardo Lewandowski, Pleno do STF, DJe de 29/08/2011).
8. A autorização para instituição, por lei ordinária, da contribuição social sobre
a comercialização da produção rural do produtor rural pessoa física somente
surgiu com a Emenda Constitucional n. 20/98, que ampliou as fontes de
financiamento da seguridade social, prevendo, como tal, a receita ou o
faturamento (art. 195, I, b, CF/88).
9. A Sétima Turma do TRF1 entende que a Lei n. 10.256/2001 (c/c EC n.
20/98) não "constitucionalizou" a contribuição anteriormente prevista em lei.
10. Tendo sido reconhecida a inconstitucionalidade da contribuição prevista
nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n.
8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n. 8.540/92 e 9.528/97, não há
que se falar em inaplicabilidade da decisão proferida RE n. 363.852,
porquanto, ainda que em controle difuso, é legítima a suspensão da sua
exigência (AGAn.0002044-41.2011.4.01.0000 -MA, Rel. Des. Federal Souza
Prudente, 8ª Turma do TRF da 1ª Região, e-DJF1 de 15/07/2011, pág. 354).
11. A inconstitucionalidade da contribuição social ao FUNRURAL, prevista
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nos artigos 12,incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n.
8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n. 8.540/92 e 9.528/97,
declarada pelo Supremo Tribunal Federal (RE n. 363.852) não está
fundamentada somente na necessidade de lei complementar para a criação de
nova exação, o que seria um vício formal, mas também na ofensa aos
princípios da isonomia e da vedação à bitributação, o que demonstra a
ocorrência, além disso, de vício material na Lei n. 10.256/2001.
12. Apelações e remessa oficial, tida por interposta, não providas.
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O Ministério Público Federal opinou pelo parcial provimento do
recurso, em manifestação que possui a seguinte ementa (e-STJ fl. 803/804):
AGRAVO EM RECURSOESPECIAL. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE
SEGURANÇA COLETIVO. FUNRURAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL.
SINDICATO DE PESSOA JURÍDICA ADQUIRENTE DA PRODUÇÃO
RURAL. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. SÚMULA 284 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
CONCLUSÕES DO TRIBUNAL "A QUO" NO SENTIDO DA NÃO
COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ART. 166 DO CTN
PARA A LEGITIMIDADE ATIVA DO PLEITO DE REPETIÇÃO DOS
VALORES RECOLHIDOS INDEVIDAMENTE. PRETENSÃO DE
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. PARECER NO SENTIDO DO DESPROVIMENTO DO
AGRAVO.
Passo a decidir.
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inicial [Contrato Social].
No caso dos autos, o sindicato de pessoa jurídica adquirente detém
legitimidade apenas para discutir a legalidade ou constitucionalidade da
exigência da contribuição, porquanto não foram atendidos os ditames do art.
166 do CTN, tendo em vista que não há comprovação deque seus filiados
(pessoa jurídica adquirente) assumiram o encargo financeiro do tributo ou que,
transferindo-o a terceiro, possua autorização expressa para tanto.
Dessa forma, a inexigibilidade da contribuição para o FUNRURAL, incidente
sobrea aquisição dos produtos (carvão vegetal) dos fornecedores pessoas
físicas, fica condicionada àqueles que efetivamente comprovarem a condição
de empregador rural pessoa física.
No mérito, o Supremo Tribunal Federal já decidiu sobre a
inconstitucionalidade da contribuição prevista nos artigos 12, incisos V e VII,
25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n.8.212/91, com as redações
decorrentes das Leis n. 8.540/92 e 9.528/97, entendendo que não havia
autorização constitucional antes da Emenda n. 20/98. Vejamos: [...]
[...]
No entanto, a Lei n. 10.256/2001 alterou apenas o "caput" do art. 25 da Lei
n.8.212/91, mantendo o texto anterior dos incisos, os quais previam a
contribuição com base em percentual da comercialização da produção. Por tal
motivo, esta 7a Turma firmou o entendimento de que o vício se manteve, não
havendo "constitucionalização" da contribuição anteriormente prevista,
declarando que o empregador rural e, por consequência, o adquirente, o
consignatário ou a cooperativa estão desobrigados da retenção e do
recolhimento da contribuição social incidente sobre a receita bruta da
comercialização da sua produção rural (FUNRURAL), até que lei
complementar superveniente a substitua. Permanecendo obrigados, todavia, os
produtores rurais pessoas físicas que exercem suas atividades em regime
familiar, sem empregados permanentes (Neste sentido: AG n. 0006162-
60.2011.4.01.0000/MG, Rel. Des. Federal Luciano Tolentino Amaral, 76
Turma do TRF da 16 Região, e-DJF1 de 10/06/2011, pág. 376).
Não há que se falar em inaplicabilidade da decisão proferida RE n.
363.852,porquanto tendo sido reconhecida a inconstitucionalidade da
contribuição prevista nos artigos 12,incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30,
inciso IV, da Lei n. 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n.
8.540/92 e 9.528/97, ainda que em controle difuso, é legítima a suspensão da
sua exigência (AGA n. 0002044 -41.2011.4.01.0000 -MA, Rel. Des. Federal
Souza Prudente, 86 Turma do TRF da 16 Região, e-DJF1 de 15/07/2011, pág.
354).
Cumpre observar que, segundo o Supremo Tribunal Federal, no RE n.
363.852, a inconstitucionalidade dos dispositivos em exame não está
fundamentada somente na necessidade de lei complementar para a criação de
nova exação, o que seria um vício formal, mas também na ofensa aos
princípios da isonomia e da vedação à bitributação, o que demonstra a
ocorrência, além disso, de vício material na Lei n. 10.256/2001.
Pois bem.
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REsp 1.318.004/AM, rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJe
02/04/2013). A esse respeito, confira-se ainda: EDcl no AREsp 310.038/PE, rel. Ministra
REGINA HELENA COSTA, Primeira Turma, julgado em 12/04/2016, DJe 20/04/2016;
REsp 1.408.195/CE, rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma,
julgado em 26/05/2015, DJe 1º/06/2015, e AgRg nos EDcl no REsp 1.345.760/SP, rel.
Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Terceira Turma, julgado em
14/04/2015, DJe 16/04/2015.
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do CTN para fins de comprovação da legitimidade ativa do pleito de repetição dos
valores recolhidos indevidamente demanda reexame fático-probatório, obstado pela
Súmula 7/STJ.
Ante o exposto, com base no art. 253, parágrafo único, II, “a”, do
RISTJ, CONHEÇO do agravo para NÃO CONHECER do recurso especial.
Publique-se. Intimem-se.
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