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Autor:
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor
De Luca
Aula 01
10 de Julho de 2020
Aula Demonstrativa
Ivan Luís Marques da Silva, Vitor De Luca
Aula 01
Sumário
3 - Critérios para a fixação do Juizado Especial Criminal e conceito de infração penal de menor potencial ofensivo.......................08
4 - Conexão e continência entre crime comum e infração penal de menor potencial ofensivo........................................................21
6 - Fase preliminar..............................................................................................................................................................................31
14 - Disposições Finais........................................................................................................................................................................81
17 - Resumo.................................................................................................................................................................................... 120
18 - Gabarito.....................................................................................................................................................................................123
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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Com o objetivo de conferir maior celeridade e informalidade à prestação jurisdicional aos delitos de
menor potencial ofensivo, revigorar a figura da vítima no processo penal (inúmeras vezes deixadas em
segundo plano na esfera criminal), a Constituição Federal de 1988 determinou em seu art. 98, inciso I:
I - Juizados especiais, providos por juízes togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento
e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação
e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.
De plano, podemos destacar que o legislador constituinte traçou algumas diretrizes acerca dos
Juizados Especiais Criminais:
•à Osà Juizadosà Espe iais,à p ovidosà po à juízesà togadosà eà leigos,à se ãoà o pete tesà pa aà aà conciliação, o
julgamento e a execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, ficará a cargo desses
Juizados crimes catalogados como de menor gravidade conceituado no art. 61 da Lei 9099/95;
•àOàp o edi e toà osàJuizadosàEspe iaisà àoral e sumaríssimo. Com isso, a Constituição Federal aponta que
os primados da celeridade, informalidade, oralidade, economia processual ganham extrema relevância nesse
rito;
•àáuto izouà osà asosàp evistosàe àleiàaà ealizaçãoàdaà transação penal, isto é, acordo entabulado entre o
titular da ação penal e o autor do crime de menor potencial ofensivo, com o escopo de evitar a deflagração
de um processo criminal, tendo como contrapartida a aplicação imediata de uma pena restritiva de direitos
ou multa (penas não privativas de liberdade), sendo todo esse negócio jurídico acompanhado por um
advogado ou um defensor público;
Para dar concretude às linhas gerais traçadas na Constituição Federal, em 26 de novembro de 1995,
a Lei 9.099 entra em vigor para inaugurar a denominada jurisdição consensual no âmbito criminal. Reparem
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que antes do advento dessa Lei existia no Brasil tão somente a jurisdição contenciosa no aspecto penal, ou
seja, o litígio criminal era solucionado necessariamente por meio de uma sentença após o devido processo
legal e o contraditório entre as partes em regular processo-crime.
A lei 9.099/95 então muda esse paradigma da necessidade de uma jurisdição de conflito para dar luz
à uma jurisdição baseada no consenso, visando evitar a deflagração de um processo criminal, prestigiando a
solução amigável entre os litigantes e a reparação amigável do dano por seu causador.
Essa jurisdição consensual traz consigo também a alteração de algumas premissas tradicionais da
jurisdição conflitiva. O grande exemplo pode ser observado em relação ao princípio da obrigatoriedade da
ação penal (O Ministério Público devia sempre ajuizar ação penal pública diante de indícios suficientes de
autoria e prova da materialidade delitiva) que cede lugar para o princípio da discricionariedade regrada, ou
seja, presentes os requisitos da transação penal delineados no art. 76 da Lei 9099/95, o Ministério Público
pode ofertar uma proposta de transação penal ao invés de oferecer uma denúncia.
1) Composição civil dos danos – gera a renúncia ao direito de queixa na ação penal privada ou a renúncia
à representação na ação penal pública condicionada, com a consequente extinção da punibilidade (art.
74, parágrafo único, da Lei 9099/952). Essa medida inibe a instauração do processo criminal.
2) Transação penal – autoriza o cumprimento imediato de uma pena restritiva de direitos ou multa, em
contrapartida evita a instauração do processo criminal (art. 76 da Lei nº 9099/953).
3) Representação nos delitos de lesões corporais leves e lesões culposas - A lei nº 9099/95 cria essa
condicionante para esses crimes de forma que a não apresentação da representação no prazo de 6 (seis)
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Não confunda despenalização com descriminalização. Na despenalização o Estado visa evitar a imposição e a execução
de uma pena de prisão (pena privativa de liberdade), permanecendo intacta a figura criminosa. Já na descriminalização o
Estado deixa de estabelecer como crime determinado comportamento. A descriminalização pode se dar por via legislativa
(abolitio criminis. Exemplo de descriminalização: O antigo delito de adultério, que deixou de ser crime com o advento da Lei
11106/2005.) ou por via judicial ou interpretativa (quando se restringe o âmbito do proibido com fundamento nos princípios
limitadores do jus puniendi. Exemplo: adoção do princípio da insignificância) .
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Art. 74, parágrafo único, da Lei 9099/95: Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal de iniciativa
privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa
ou representação.
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Art. 76, caput, da Lei 9099/95: Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública de incondicionada,
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.
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meses a contar da ciência do autor dos fatos gera a decadência, que é uma causa extintiva da
punibilidade (art. 88 da Lei nº 9099/95). Antes da Lei 9099/95, os crimes de lesão corporal leve e lesão
culposa eram de ação penal pública incondicionada.
4) Suspensão condicional do processo – Se houver acordo com o acusado, depois de recebida a denúncia,
o magistrado suspende o andamento da ação penal e da prescrição. Em contrapartida, durante
determinado lapso temporal (período de prova), o acusado é submetido a certas condições. Encerrado
o período de prova sem a ocorrência de qualquer alteração, o magistrado declara extinta a punibilidade
(art. 89 da Lei 9099/95). Vale ainda destacar que o instituto da suspensão condicional do processo não
se limita aos delitos de menor potencial ofensivo da Lei 9099/95, ou melhor, vale para todo e qualquer
delito que preencha os requisitos do art. 89 da Lei 9099/95.
Além das medidas despenalizadoras, a Lei nº 9099/95 também cria uma medida descarcerizadora,
ou seja, medida que evita o encarceramento, que é justamente o termo circunstanciado de ocorrência
(TCO), instrumento investigatório mais simplificado quando comparado com o Inquérito Policial e que versa
sobre delitos de menor potencial ofensivo. Esse termo circunstanciado de ocorrência está previsto no art.
69, parágrafo único do citado diploma legal 4,à osàsegui tesàte os:à Oàauto àdoàfatoà ue,àapósàaàlav atu aà
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não
se i po àp isãoàe àflag a te,à e àseàexigi àfia ça.
Com o advento da Lei dos Juizados Especiais Criminais (JECRIM) alguns doutrinadores defendiam a
sua inconstitucionalidade por não concordar com a possibilidade de existir acordos no processo penal. Esses
juristas sustentavam ser totalmente incompatível a aplicação de pena sem a existência de um processo e
sem prévio reconhecimento de culpabilidade, com flagrante violação ao princípio constitucional do devido
processo legal (art. 5º, LIV, da CF5). Todavia, a posição prevalente na doutrina e na jurisprudência 6 foi no
sentido de reconhecer a constitucionalidade da Lei 9099/95. Afinal de contas, a criação de um Juizado
Especial Criminal para processar e julgar os delitos de menor potencial ofensivo, com a possibilidade de
realizar transação penal, foi autorizada pela própria Constituição Federal (art. 98, I).
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Art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95: Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso
de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima.
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Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
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Em Questão de Ordem enfrentada no Inquérito 1055/AM, o STF declarou a constitucionalidade da Lei nº 9099/95.
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Não. A própria Constituição Federal em seu art. 98, §1º7 ressaltou a criação do juizado especial no
âmbito da Justiça Federal, tema tratado pela lei 10259/2001. No âmbito criminal, a Lei 10259/01 faz expressa
remissão a todos os institutos da Lei 9099/95.
Por fim, é interessante ainda falar sobre a composição dos Juizados Especiais. De acordo com o art.
60, caput, da Lei 9099/95, o Juizado Especial é provido por juízes togados ou togado e leigos. Cabe ainda
destacar que os juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados dentre advogados com mais de 5 anos de
experiência. Esses juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais,
enquanto no desempenho de suas funções8.
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Art. 98, §1º, da CF: Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
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Art. 7º da Lei 9099/95: Os conciliadores e juízes leigos são auxiliares da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente,
entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados com mais de 5 (cinco) anos de experiência.
Parágrafo único. Os juízes leigos ficarão impedidos de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no
desempenho de suas funções.
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Art. 62 da Lei 9099/95. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
simpliciadade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade (redação
dada pela Lei 13603/18).
Como se vê do art. 62 da Lei 9099/95, os Juizados Especiais Criminais têm o condão de atingir a
reparação dos danos causados à vítima, a conciliação (penal e civil) dos conflitos e a não aplicação da pena
de prisão (pena privativa de liberdade). Além disso, o referido dispositivo legal trouxe os princípios
(critérios) norteadores dos Juizados Especiais Criminais, a saber:
•à Oralidade: os atos processuais serão, de preferência, orais, sendo os essenciais reduzidos a termo ou
transcritos por quaisquer meios. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser
gravados em fita magnética ou equivalente. Exemplos de atos processuais que podem ser praticados
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oralmente: Peça Acusatória (art. 77, caput, e §3, da Lei 9099/959), Defesa Preliminar (art. 81, caput, da Lei
9099/9510), etc.
•àSimplicidade: em virtude desse princípio, o legislador teve como grande finalidade simplificar ao máximo
os atos processuais. Exemplos: O termo circunstanciado substitui o demorado inquérito policial (art. 69,
caput, da Lei 9099/9511); para o oferecimento da denúncia não se exige exame de corpo de delito, podendo
a prova da materialidade delitiva ser substituída por boletim médico ou prova equivalente (art. 77, §1º, da
Lei 9099/9512); se o acusado não for encontrado para ser citado pessoalmente, os autos serão endereçados
ao Juízo Comum (art. 66, parágrafo único13). Esse critério norteador foi incluído pela Lei 13603/18.
•àInformalidade: não se exigirá dos atos processuais a observância do rigor formal do processo, sob pena de
nulidade, se a sua finalidade tiver sido alcançada. Exemplos: As sentenças em sede de Juizado Especial
dispensam o relatório (art. 81, §3º, da Lei 9099/95 14); se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula de julgamento servirá de acórdão (art. 82, §5º, da Lei 9099/95 15).
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Art. 77, caput, da Lei 9099/95: Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do
autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao juiz, de
imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
§3º. Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz verificar se a complexidade e
as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 66 desta Lei.
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Art. 81, caput, da Lei 9099/95: Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que
o juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e
defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à produção da sentença.
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Art. 69, caput, da Lei 9099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado
e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames
periciais necessários.
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Art. 77, §1º, da Lei 9099/95: Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido
no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame de corpo de delito quando a materialidade
do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
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Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
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Art. 81, §3º, da Lei 9099/95: A sentença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de convicção do juiz.
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Art. 82, §5º, da Lei 9099/95: Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de
acórdão.
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•à Economia processual: Decorrência do princípio da informalidade, de acordo com esse primado os atos
processuais devem ser praticados no maior número possível, no menor espaço de tempo e do modo menos
oneroso possível. Exemplo desse princípio: Em audiência de instrução e julgamento, o juiz pode limitar ou
excluir as provas que consideram excessivas, protelatórias ou impertinentes (art. 81, §1º, da Lei 9099/95 16).
•à Celeridade: esse primado visa uma prestação jurisdicional no menor prazo possível, sem, por óbvio,
atropelar os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.
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Art. 81, §1º, da Lei 9099/95: Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o juiz
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
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Lembre-se que a competência do Juizado Especial se dá com a observância desses dois critérios
concomitantes. Vamos exemplificar para uma melhor compreensão: O delito de desacato (art. 331 do CP) é
um crime de menor potencial ofensivo (pena máxima não é superior a dois anos). Esse delito será processado
no âmbito do Juizado Especial Criminal? Sim, salvo se existir uma causa que desloque a competência para o
juízo comum. Exemplos: 1) Conexão e continência (art. 60, parágrafo único, da Lei 9099/95 17); 2)
Complexidade da causa (art.77, §2º, da Lei 9099/9518); 3) Se o autor estiver em lugar incerto e não sabido,
sendo impossível a sua citação pessoal. Lembre-se que não há citação por edital no JECRIM (art.66, parágrafo
único, da Lei 9099/9519). Nesses três casos, mesmo o delito sendo de menor potencial ofensivo, os autos
serão endereçados ao Juízo Comum.
Para responder essa pergunta é necessário fazer uma evolução histórica do conceito de menor
potencial ofensivo.
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Art. 60, parágrafo único: Na reunião de processos, perante o Juízo comum ou tribunal do Júri, decorrentes da aplicação das
regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.
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Art. 77, §2º, da Lei 9099/95: Se a complexidade ou circunstância do caso não permitirem a formulação da denúncia, o
Ministério Público poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66
desta Lei.
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Art. 66, parágrafo único, da Lei 9099/95: Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes
ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
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Em 1995, em sua redação original, o artigo 61 da Lei 9099/95 determinava que as infrações de menor
potencial ofensivo eram as contravenções penais e os crimes em que a lei cominava pena máxima não
superior a 1 ano, excetuados os casos em que a lei previa procedimento especial.
Ocorre que em 2001, com a edição da lei 10259/01 20 (lei federal que cria os Juizados Especiais
Criminais Federais), o conceito de infração penal de menor potencial ofensivo sofreu substancial alteração.
De acordo com essa lei, crime de menor potencial ofensivo é aquele em que a lei comine pena máxima não
superior a dois anos, ou multa (art. 2º, parágrafo único, da Lei 10259/01 21).
Notem que, ao contrário da Lei 9099/95, a Lei 10259/01 passou a considerar como infração de menor
potencial ofensivo crime cuja pena máxima não fosse superior a 2 anos, ou seja, a lei dos juizados especiais
criminais federais elevou esse patamar para 2 anos. Daí surgiu a seguinte questão na doutrina e
jurisprudência: Há quantas definições para a infração de menor potencial ofensivo? Um conceito para o
Juizado Especial Criminal no âmbito estadual e outro na esfera estadual? Ou a lei 10259/01 alterou as
diretrizes traçadas pela lei 9099/95, revogando-a quanto ao conceito de infração de menor potencial
ofensivo?
•àSistema Bipartido – O conceito de infração penal de menor potencial ofensivo da Lei 10259/01 vale apenas
para o Juizado Especial Criminal Federal, em virtude desse diploma legal ter feito essa ressalva no art. 2º,
pa g afoàú i o,àdaàLeià / à pa aàosàefeitosàdestaàlei .àássi àexisti ia dois conceitos de infração de
menor potencial ofensivo, um para os Juizados Especiais Criminais na esfera estadual e outro no âmbito
federal. Essa corrente não foi acolhida pela jurisprudência.
•àSistema Unitário – Em prol do princípio da isonomia, o conceito de infração penal de menor potencial deve
ser igual tanto para o Juizado Especial Federal como o Estadual. O delito de desacato (com pena máxima de
2 anos) ilustra bem a importância de ter um conceito único para a infração de menor potencial ofensivo.
Basta ver o quão desproporcional seria considerar infração penal de menor potencial ofensivo se o agente
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Art. 2º da Lei 10259/01: Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da
Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo.
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a dois anos, ou multa.
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Repare que o artigo 2º, parágrafo único, da Lei 10259/01 não menciona as contravenções penais. A razão para tanto é
simples. Juizado Especial Federal não julga contravenção penal. Em outras palavras, em primeiro grau de jurisdição, a Justiça
Federal não tem competência para julgar contravenções penais (art. 109, IV, da CF).
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cometesse desacato em face de um funcionário federal e não submeter ao Juizado Especial Criminal Estadual
um desacato praticado em face de um funcionário estadual. Essa foi a posição que prevaleceu na doutrina e
na jurisprudência como muito bem explicou o professor Luiz Flávio Gomes: Como decorrência do princípio
constitucional da igualdade (ou do tratamento isonômico), do princípio da proporcionalidade ou
razoabilidade, e também porque se tratava de lei nova com conteúdo penal favorável (CP, art. 2º, parágrafo
único), acabou prevalecendo a primeira corrente, no sentido que o conceito de infração de menor potencial
ofensivo trazido pela Lei nº 10259/01 seria extensivo aos Juizados Estaduais, com a consequente derrogação
do art. 61 da Lei nº 9099/9522.
A questão restou resolvida de uma vez por todas com a nova redação do art. 61 da Lei nº 9099/95
dada pela Lei 11313/06. Eis o teor do art. 61 da Lei nº 9099/95:
Art. 61 da Lei nº 9099/95: Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa.
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GOMES, Luiz Flávio. Juizados Criminais Federais, seus reflexos nos Juizados Estaduais e outros estudos. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2002, p.21.
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contravenções penais
Infração de menor
potencial ofensivo
crimes que a lei comine
pena máxima não
superior a 2 anos,
cumulada ou não com
multa
OBS: Essa definição unifica o conceito de infração de menor potencial ofensivo. Repare ainda que a
ressalva contida quanto aos crimes sujeitos à procedimento especial delineada na redação original do art.
61 da Lei nº 9099/95 deixa de existir, ou seja, são infrações de menor potencial ofensivo todas as
contravenções penais e os crimes a que lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não
com multa, submetidos, ou não, os delitos, a procedimento especial.
OBS 2: Lembre-se também que aos crimes cometidos com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9099/95 (art. 41 da Lei 11340/06).
Não confunda crime de menor potencial ofensivo com o delito de ofensividade insignificante.
Crime de ofensividade insignificante corresponde ao crime de bagatela, ou seja, são infrações penais que
autorizam a aplicação do princípio da bagatela, gerando a atipicidade material da conduta, tornando-a
atípica. O Supremo Tribunal Federal traçou os 4 vetores para a aplicação do primado da insignificância:
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Também não confunda crime de menor potencial ofensivo com delito de médio potencial ofensivo.
Delito de médio potencial ofensivo é aquele que autoriza a aplicação da suspensão condicional do processo
(art. 89 da Lei 9099/95). Dessa forma, podem ser catalogados como delitos de médio potencial ofensivo os
crimes com pena mínima igual ou inferior a 1 ano, abrangidos ou não pela Lei dos Juizados Especiais. Exemplo
de delito de médio potencial ofensivo: Apropriação indébita simples (art. 168, caput, do CP), em que a pena
mínima é de 1 ano de reclusão.
É importante ainda distinguir crime de menor potencial ofensivo com o delito de ínfimo potencial
ofensivo. Delito de ínfimo potencial ofensivo são crimes as quais não são cominadas penas privativas de
liberdade. Exemplo: Art. 28 da Lei 11343/06 – porte de entorpecente, cujas penas são: advertência sobre os
efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa
ou curso educativo. Em caso de não cumprimento, o juiz poderá submeter o agente a uma admoestação
verbal e multa.
Questão: O art. 94 do Estatuto do Idoso (Lei 10741/03) alterou o conceito de crime de menor
potencial ofensivo?
àAos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)
anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei 9099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que
couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. à
Reparem que o Estatuto do Idoso entrou em vigor no ano de 2003. Pois bem. Do mesmo modo que
ocorreu com a entrada em vigor da Lei 10259/01, alguns doutrinadores passaram a defender que houve
elevação do patamar para 4 anos aos crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, essa corrente defendia
que crime de menor potencial ofensivo era todo aquele em que a pena máxima não era superior a 4 anos.
Todavia, não foi essa tese que prevaleceu na doutrina e na jurisprudência. Afinal de contas, o Estatuto do
Idoso foi uma criação legal para proteger o idoso. Assim, seria um contrassenso autorizar a interpretação
acima dada ao conceito de infração penal de menor potencial ofensivo, porquanto, a rigor, o verdadeiro
beneficiário da norma seria o autor de crime em face de idosos. Essa questão controvertida foi enfrentada
pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 3096, ocasião em que o Pretório Excelso entendeu que o artigo 94
do Estatuto do Idoso não alterou o conceito de infração de menor potencial ofensivo, mas sim fixou o
procedimento da Lei 9099 (mais célere) aos crimes com pena máxima de 4 anos. Vejamos o julgado do STF:
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1) Se o crime tiver pena máxima não superior a 2 anos – A competência será do Juizado Especial Criminal,
com a possibilidade de serem adotados os institutos despenalizadores da Lei 9099/95 (art. 61 da Lei
9099/95).
2) Se o crime tiver pena máxima não superior a 4 anos – Nesse caso aplica-se o previsto no art. 94 do
Estatuto do Idoso, ou seja, a competência para processar esse crime será do Juízo Comum, porém com
o rito sumaríssimo. Com isso, a resposta estatal a esse crime será dada de forma mais célere.
3) Se o crime tiver pena superior a 4 anos – A competência será do Juízo Comum, com adoção do rito
ordinário.
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para processar infração de menor potencial
ofensivo cometido por acusado com prerrogativa de função?
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Questão: A lei 9099/95 pode ser aplicada na Justiça Eleitoral para os crimes eleitorais?
É possível a aplicação da lei 9099/95 para os crimes eleitorais, salvo para os crimes que contam
com um sistema punitivo especial. Exemplo: O art. 334 do Código Eleitoral não admite transação penal, pois
nesse delito há a previsão de um sistema punitivo especial. Vejamos o art. 334 do Código Eleitoral:
Art. 334 do Código Eleitoral: Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias,
prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores.
Pena – detenção de seis meses a um ano e cassação de registro se o responsável for candidato.
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Art. 102 da CF: Compete ao Supremo Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus
próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;
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STF, Pleno, Inq. 1055 QO/AM, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 24/05/1996.
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Não confunda também infração de menor potencial ofensivo com instrumentos de menor
potencial ofensivo. O conceito de instrumento de menor potencial ofensivo foi previsto pelo art. 4º da Lei
nº 13060/14:
à Pa aà osà efeitosà destaà Lei,à o side a -se instrumentos de menor potencial ofensivo aqueles
projetados especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter,
debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas. àà
Em resumo, instrumentos de menor potencial ofensivo não tem qualquer relação com o Juizado
Especial Criminal. Instrumento de menor potencial ofensivo são armas não letais. Exemplo: arma taser, gás
lacrimogêneo, etc. A Lei 13060/14 foi editada justamente no contexto em que o Brasil vivia inúmeros
protestos nas ruas. Para evitar o emprego de arma letal pelas forças policiais em face dessas manifestações
entra em vigor a Lei 13060/14. Vejamos o previsto no art. 2º da Lei 13060/14:
Art. 2º da Lei 13.060/14: Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos
instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o uso não coloque em risco a integridade física ou
psíquica dos policiais, e deverão obedecer os seguintes princípios:
I – legalidade;
II – necessidade;
I – contra a pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco imediato de morte ou
de lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros; e
II – contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto quando o ato represente
risco de morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a terceiros.
Como já mencionamos, a Lei 11340/16 prevê a não aplicação da Lei 9099/95 aos crimes praticados
no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher. Essa é a redação do art. 41 da Lei 11340/06:
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.
OBS:àMuitoàe o aàoàa tigoà àdaàLeiàdeàViol iaàDo sti aàeàFa ilia à e io eàape asà i es ,à à
consenso na doutrina e na jurisprudência que as contravenções penais também não se sujeitam a Lei
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9099/95. Assim, por exemplo, não será cabível uma transação penal diante de uma contravenção penal de
vias de fato25 praticado no âmbito doméstico e familiar. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
OBS 2: Lembre-se ainda que para saber o real conceito de violência doméstica é necessário conjugar
os artigos 5º e 7º da Lei 11343/06. O art. 5º da Lei 11343/06 cuida do contexto em que é possível visualizar
uma violência doméstica: I – âmbito familiar; II – âmbito doméstico; III – em qualquer relação íntima de afeto.
Pois bem. Se em alguma dessa situação fática ocorrer o emprego de violência (física, patrimonial, psicológica,
moral e sexual) estaremos diante de uma violência doméstica e familiar contra a mulher.
Questão: Pode o legislador vedar a aplicação da lei dos Juizados Especiais Criminais tal como o
previsto no art. 41 da Lei nº 11340/06?
Esses julgados citados acima também foram importantes para o Supremo Tribunal Federal para
reforçar 2 pontos:
25
Art. 21 do Decreto-Lei 3688/41: Praticar vias de fato contra alguém:
Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não constitui crime.
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1) O delito de lesão corporal leve praticado no âmbito de violência familiar e doméstica contra a
mulher é de ação penal pública incondicionada. Motivo: Se é vedado a aplicação da Lei dos
Juizados Especiais Criminais em sede de violência doméstica, conclui-se ser proibido a aplicação
do art. 88 da Lei 9099/95 (artigo que prevê a necessidade de representação para os crimes de
lesão corporal leve) aos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher. OBS: O delito
de lesão corporal culposa ainda necessita de representação ainda que praticada no âmbito
familiar ou doméstico, vez que nesse caso o agente não almeja praticar uma violência em face de
uma mulher, ou seja, o resultado advém a título de culpa. Destaca-se os julgados do STF nos autos
da ADI4424 e a ADC 19:
Súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na
hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
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É importante ainda abordar outras situações trazidas pela Lei 11340/06 envolvendo os Juizados.
Dispõe o art. 14, caput, da Lei 11340/06: Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
Distrito Federal e nos Territórios, pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem
as normas de organização judiciária.
Observem que o art. 14, caput, da Lei 11340/06 emprega a expressão Juizados. Diante disso, indaga-
se: A Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher criou Juizados?
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A resposta é negativa. A mens legis foi justamente criar Varas Especializadas para cuidar da Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, e não criar Juizados. Onde se lê: Juizados. Entenda-se: Varas
Especializadas.
Ainda sobre esse artigo 14 da Lei 11340/06, é crucial ainda destacar que esse dispositivo legal não
cria por lei federal Varas Especializadas no âmbito da organização da Justiça dos Estados, mas tão somente
sugere a implantação dessas Varas Especializadas no âmbito do Poder Judiciário dos Estados, conforme se
i fe eà dosà te osà e p egadosà pode ãoà se à iados à oà a t. ,à caput, da Lei 11340/06. Essa foi a
interpretação conforme dada pelo STF quando do julgamento da ADI 4424 e ADC 19. De tal arte, não há que
se falar em inconstitucionalidade do art. 14 da Lei 11340 por suposta violação à organização judiciária
estadual, matéria de iniciativa do Tribunal de Justiça Local (art. 125, §1º, da CF26), pois a Lei de Violência
Doméstica apenas recomendou a criação de Varas Especializadas.
Pessoal, esse é um tema que ainda desperta acalorados debates na doutrina e na jurisprudência.
Com o advento da Lei nº 9.099/95, vários advogados passaram a solicitar aos Juízos Militares a
aplicação dos institutos despenalizadores (transação penal e suspensão condicional do processo) aos
processos militares.
26
Art. 125, §1º, da CF: A competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
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Na data de 24/12/96, o Superior Tribunal Militar reagiu a essa nova tese defensiva com a edição do
verbete sumular de nº 9, com os seguintes termos:
Súmula 9 do STM:A Lei nº 9.099/95, que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras
providências, não se aplica à Justiça Militar da União
Art. 90-A da Lei 9099/95: As disposições dessa lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar
Todavia, no julgado citado acima realizado no ano de 2011, o STF declarou, em obter dictum
(fundamentos acessórios que não são determinantes para o julgamento), que autorizaria a aplicação da Lei
nº 9.099/95 se o autor da conduta fosse civil. Vale dizer, o STF deixou aberto a possibilidade de aplicar a
transação penal/suspensão condicional do processo em crimes militares quando envolver civil como o autor
da prática delitiva. Esse foi o julgado:
Ementa: Penal Militar. Habeas corpus. Deserção – CPM, art. 187. Crime
militar próprio. Suspensão condicional do processo - art. 90-A, da Lei n.
9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Inaplicabilidade,
no âmbito da Justiça Militar. Constitucionalidade, face ao art. 98, inciso
I, § 1º, da Carta da República. Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma em relação a civil processado
por crime militar. O art. 90-A, da n. 9.099/95 - Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais -, com a redação
dada pela Lei n. 9.839/99, não afronta o art. 98, inciso I, § 1º, da Carta da República no que veda a suspensão
condicional do processo ao militar processado por crime militar. In casu, o pedido e a causa de pedir referem-
se apenas a militar responsabilizado por crime de deserção, definido como delito militar próprio, não
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alcançando civil processado por crime militar. Obiter dictum: inconstitucionalidade da norma que veda a
aplicação da Lei n. 9.099 ao civil processado por crime militar. Ordem denegada.(HC 99743, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2011) (destaquei)
Logo no início desse tópico foi mencionado a existência de 3 hipóteses de alteração da competência
do Juizado Especial Criminal mesmo diante de um delito de menor potencial ofensivo. Vejamos essas
hipóteses:
1ª Hipótese: Quando houver conexão e continência entre um delito de menor potencial ofensivo e outro
delito mais grave. Na espécie, haverá a reunião de processos perante o Juízo com força atrativa (Juízo
comum ou do Tribunal do Júri), decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, podendo
ser propostos os institutos despenalizadores da transação penal e da composição dos danos civis (art.
60, parágrafo único, da Lei nº 9099/95). OBS: Esse assunto será aprofundado no tópico seguinte.
2ª Hipótese: Em caso de o acusado não puder ser citado pessoalmente. É o que estabelece o art. 66 da
Lei nº 9099/95: A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por
mandado. Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças
existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. Por ser totalmente
incompatível com o procedimento célere do Juizado Especial Criminal, não se admite a citação por edital.
Assim, não sendo encontrado o acusado para ser citado pessoalmente, encaminha-se os autos ao Juízo
comum para adoção do rito sumário, segundo determina o art. 538 do Código de Processo Penal 27.
ª Hipótese: Co plexidade da causa. É o ue dete i a o a t. , § º, da Lei 9099/9 : “e a
complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público
poderá requerer ao juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art.
desta lei. E eg a, a complexidade da causa estará presente em 2 causas: a) Pluralidade de
acusados. Exemplo: Crime de lesão corporal leve praticado por 15 acusados; b) Necessidade de perícias
de maior complexidade. Nessas circunstâncias o ideal é o encaminhamento dos autos ao Juízo comum
para a adoção do rito sumário.
27
Art. 538 do CPP: Nas infrações de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo
comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste
Capítulo.
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Conexão é o instituto processual que liga duas ou mais crimes infrações penais. O principal efeito da
conexão é a reunião de processos para um julgamento simultâneo (simultaneus processus).
Espécies de conexão:
Continência é o instituto processual marcado pela relação existente entre o continente (aquilo que
contém outra coisa) e o conteúdo (aquilo que é contido). O principal efeito da continência, assim como o da
conexão, é a reunião de processos para um julgamento simultâneo (simultaneus processus).
Espécies de continência:
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Vamos imaginar a seguinte situação: João da Silva é preso por praticar homicídio doloso e desacato.
Poisà e .àOàJuízoàNatu alàpa aàjulga àoàdelitoàdeàho i ídioà àoàT i u alàPopula àdoàJú ià a t.à º,àXXXVIII,à d ,à
da CF), enquanto o delito de desacato é classificado como delito de menor potencial ofensivo. Indaga-se:
Haverá separação de processos ou existirá reunião de processos?
Fe a doàCapezàdefe diaà ueào igato ia e teàdeve iaào o e àaà isãoàdosàp o essos,à uma vez que
a regra da conexão e da continência é de ordem legal, e a sujeição da infração de menor potencial ofensivo
ao procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais é norma de índole constitucional (CF, art. 98, I). Assim,
cada infração deveria seguir um curso diferente, operando -se a cisão entre os processos28.
Todavia, a Lei 11.313/06, que entrou em vigor 28 de junho de 2006, alterou a redação do art. 60 da
Lei 9099/95 para resolveu esse problema, determinando a reunião de processos. Vejamos a redação do art.
60 da Lei 9099/95:
Art. 60 da Lei 9099/95: O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento, a execução das infrações penais de menor potencial
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do Júri, decorrentes da
aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da
composição dos danos civis.
Então, se existir conexão ou continência entre infração penal de menor potencial ofensivo e outro
crime mais grave, a competência da Justiça Comum prevalecerá, inclusive em relação ao rito processual.
Contudo, isso não afastará a possibilidade de, diante do juízo comum, serem propostos os institutos
despenalizadores (transação penal e composição civil dos danos), devendo a infração de menor potencial
ofensivo ser analisada isoladamente. No exemplo da pergunta, o processo tramitará perante a Vara do Júri,
porém em relação ao delito de desacato será proposta a transação penal, se preenchidos os requisitos legais.
Em resumo, praticada uma infração penal de menor potencial ofensivo, a competência será do
Juizado Especial Criminal. Se, além do crime de menor potencial ofensivo, também for praticado outra
infração penal, aplicar-se-á as regras de conexão ou continência estabelecida no art. 78 do CPP para
determinação do juízo prevalente (juízo com força atrativa). Nesse último caso, embora ocorra o
afastamento do procedimento sumaríssimo da Lei 9.099/95, não haverá óbice algum na aplicação dos
institutos despenalizadores da transação penal e da composição civil dos danos no tocante à infração de
menor potencial ofensivo.
28
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p.
501
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OàP ofesso àRe atoàB asilei oàdeàLi aàes la e eà uitoà e àessaà uestão:à O Juízo com força atrativa
– juízo comum ou Tribunal do Júri – deve, pelo menos em regra, designar uma audiência preliminar para fins
de composição dos danos civis ou transação penal quanto à infração de menor potencial ofensivo. Efetivada
a composição civil ou a transação penal, o Ministério Público oferecerá denúncia apenas em relação ao crime
que exerceu a vis atractiva. Frustrada a composição civil ou a transação penal, a denúncia também irá
abranger a infração de menor potencial ofensivo. Se, no entanto, mesmo antes da realização da audiência
preliminar, o Ministério Público oferecer denúncia em face do acusado pela prática de ambos os delitos,
manifestando-se contrariamente à concessão da proposta de transação penal, estará prejudicada a
realização da audiência preliminar, devendo o juiz determinar o prosseguimento do feito de acordo com o
procedimento de maior amplitude.29
29
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada . Salvador: Editora Juspdvm, 2018, p.390.
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Acerca da competência do Juizado Especial Criminal, merece ser destacado que alguns doutrinadores
sustentam ser absoluta a competência do JECRIM, porquanto deflui da própria Constituição Federal (art. 98,
I, da CF), ou seja, a Carta Magna estabelece ser de competência do JECRIM o processamento e julgamento
das infrações penais de menor potencial ofensivo. Para os adeptos dessa corrente minoritária, eventual
violação à competência do JECRIM será causa de nulidade absoluta, pois guiada por interesse público,
podendo ser suscitada em qualquer tempo e cujo prejuízo é presumido. Por oportuno, lembre-se também
que as hipóteses de competência absoluta não admitem qualquer modificação.
Todavia, prevalece na doutrina e na jurisprudência dos Tribunais de que a competência dos Juizados
Especiais Criminais apresenta natureza relativa. Muito embora a competência do JECRIM decorra da
Constituição Federal (art. 98, I, da CF), nota-se que a própria lei nº 9099/95 admite em 3 hipóteses a alteração
de sua competência: a) conexão e continência; b) complexidade da causa; c) impossibilidade de citação
pessoal. Indaga-se: Se a competência do JECRIM é absoluta, como é possível admitir a alteração de
competência pela própria Lei dos Juizados Especiais Criminais?
A resposta foi dadaà o à aest iaàpeloà P ofesso à Re atoà B asilei oà deà Li a:à Ora, por mais que a
competência dos Juizados para o processo e julgamento de infrações de menor potencial ofensivo derive do
art. 98, inciso I, da Constituição Federal, é certo que competência dos Juizados admite modificações. Como
será visto nos comentários à Lei nº 9099/95, a própria Lei dos Juizados prevê 3 (três) hipóteses de modificação
de competência – impossibilidade de citação pessoal do acusado, complexidade da causa e conexão e/ou
continência com crime comum-, do que se infere que a competência dos Juizados tem natureza relativa, e
não absoluta.
De fato, fosse ela de natureza absoluta, não poderia ser modificada pela lei, nem tampouco pela
vontade das partes. Mas não é isso o que ocorre. Imaginando-se a primeira hipótese de modificação de
competência dos Juizados – impossibilidade de citação pessoal – basta que o acusado não seja encontrado,
que, por consequência, os autos serão remetidos ao juízo comum. Ora, se a competência dos Juizados possui
natureza absoluta, como então se admitir que a não localização do acusado possa provocar a modificação
de competência para o Juízo Comum? Se assim o é, temos que se trata de uma competência relativa.
Na verdade, não se trata de discutir se a competência dos Juizados é absoluta ou relativa. O que
realmente interessa diz respeito à aplicação (ou não) dos institutos despenalizadores trazidos pela Lei
9099/95.
Sem dúvida alguma, cuidando-se de infração de menor potencial ofensivo, e desde que preenchidos
os requisitos legais, eventual sujeição do agente a processo e julgamento perante o juízo comum, sendo-lhe
negadas a transação penal, a composição dos danos civis e a suspensão condicional do processo, daria ensejo
a evidente nulidade absoluta por violação ao devido processo legal, com a consequente anulação do processo
ab initio. No entanto, se o agente fosse beneficiado por um desses institutos despenalizadores, ainda que
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fosse formalizado o consenso perante o juízo comum, não haveria qualquer mácula no processo.30
(destaquei)
Art. 63 da Lei nº 9099/95: A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada
a infração penal.
Sabemos que o Código de Processo Penal, em seu artigo 7031, determina que a competência, em
regra, é fixada pelo local da consumação do delito.
De forma distinta do CPP, o artigo 63 da Lei dos Juizados Especiais acolheu a teoria da atividade, ou
seja, a competência é fixada pelo lugar em que se deu a ação ou omissão, sendo irrelevante o local da
produção do resultado.
A Lei 12726/12 acrescentou um parágrafo único no art. 95 da Lei 9099/95 para deixar bem claro a
possibilidade de um Juizado Especial Itinerante no âmbito criminal. Vejamos.
Art.95, parágrafo único, da Lei nº 9099/95: No prazo de 6 (seis) meses, contado da publicação desta Lei,
serão criados e instalados os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os
conflitos existentes as áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional.
30
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada . Salvador: Editora Juspdvm, 2018, p.388.
31
Art. 70 do CPP: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
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Exemplo da aplicação desse dispositivo legal: Em partidas de futebol é muito comum a existência de
Juizado Itinerante para aplicar institutos despenalizadores aos torcedores que cometem infrações de menor
potencial ofensivo.
Art.64 da Lei nº 9099/95: Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno
e em qualquer dia da semana, conforme dispuser as normas de organização judiciária.
Como se vê, o artigo 64 da Lei 9099 apenas reforça o princípio da publicidade consagrado no artigo
93, IX, da Constituição Federal, devendo todos os julgamentos do Poder Judiciário serem públicos, e
fundamentadas todas decisões, sob pena de nulidade, podendo, em hipóteses excepcionais, a lei limitar a
presença às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em situações nas quais a preservação
do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
Os atos processuais também podem ser praticados em horário noturno e em qualquer dia da semana.
Essa situação também pode ser facilmente em Juizados instalados em estádios de futebol.
Art.65 da Lei nº 9099/95: Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para
as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
§1º. Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
Para que os atos processuais sejam invalidados, necessária se faz a prova do prejuízo. Isso significa
dizer que não vigora no âmbito dos Juizados Criminais o sistema de nulidades absolutas do Código de
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Processo Penal, segundo o qual nessas circunstâncias o prejuízo é presumido. Atingida a finalidade a que se
destinava o ato, bem como não demonstrada qualquer espécie de prejuízo, não há falar em nulidade 32.
Art.65, §2º, da Lei nº 9099/95: A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada
por qualquer meio hábil de comunicação.
O dispositivo legal reafirma que não é necessária a expedição de carta precatória para que os atos
processuais dos Juizados Especiais Criminais sejam praticados em outra comarca. O uso de meio eletrônico
para o trâmite de processos judiciais, comunicação de atos, transmissão de peças processuais, inclusive na
esfera dos juizados especiais, são sempre recomendáveis, sobretudo por ser mais célere e econômico, tudo
em consonância com os princípios norteadores dos Juizados Especiais Criminais. É importante ainda alertar
que não é possível a citação pelo meio eletrônico em processos criminais, segundo preconiza o art. 6º da Lei
nº 11419/0633.
REGISTRO DE AUDIÊNCIA
Art. 65, §3º, da Lei 9099/95: Serão objeto de registro exclusivamente os atos havidos por essenciais. Os
atos realizados em audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados em fita magnética ou
equivalente.
32
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p.
506.
33
Art. 6º da Lei 11419/06: Observadas as formas e as cautelas do art. 5 o desta Lei, as citações, inclusive da Fazenda Pública,
excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e Infracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos
autos seja acessível ao citando.
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CITAÇÃO
Art. 66 da Lei 9099/95: A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por
mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao
Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Citação é o ato processual que tem a missão de chamar o réu em juízo, dando-lhe ciência da ação
penal e oportunidade para se defender dessa acusação.
Realizada a citação, a relação processual está integrada, com a presença dos sujeitos principais para
o desenvolvimento do feito, ou seja, com o autor que promove a ação penal, com o réu que se defende e
com o juiz que julga o litígio penal.
Como já falamos, no Juizado Especial Criminal a citação sempre será pessoal. Não é possível
a citação por edital no âmbito do Juizado Especial Criminal.
Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com
ela ficará citado e imediatamente cientificado da designação de dia e hora para a audiência de instrução e
julgamento, da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o responsável civil e seus
advogados (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).
E se o acusado não estiver na sede do Juizado no momento em que é oferecida a peça acusatória?
Se o acusado não estiver presente, será citado na forma dos arts. 66 e 68 da Lei 9099/95 e cientificado
da data de audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer suas testemunhas ou apresentar
requerimento para intimação, no mínimo 5 (cinco) dias antes de sua realização (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).
Estamos diante da citação por mandado.
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Nessa situação, ante a impossibilidade de citação por edital no Juizado, os autos serão encaminhados
ao juízo comum para adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).
INTIMAÇÃO
Art. 67 da Lei 9099/95: a intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou,
tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que
será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de
mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Deflui do art. 67 da Lei nº 9099/95 de que no Juizado Especial Criminal, em regra, a intimação e
notificação será feita por carta, com aviso de recebimento (AR). No caso de pessoa jurídica, a
intimação/notificação também é feita por carta, com aviso de recebimento. Entretanto, nesse caso, a carta
pode ser entregue ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado e assinará o AR.
Por derradeiro, a lei admite, ainda, a intimação/notificação por qualquer outro meio idôneo de
comunicação, tais como e-mail, telefone, fax, etc.
As partes, os interessados e os defensores considerar-se-ão desde logo intimados dos atos praticados
nas audiências das quais participarem.
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Cabe ainda apontar que do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado,
constará a necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na
sua falta, ser-lhe-á designado defensor público (art. 68 da Lei nº 9099/95)
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6 – FASE PRELIMINAR
A fase preliminar policial é desenvolvida na esfera da polícia judiciária, ou seja, nas delegacias de
polícia. Praticado um delito de menor potencial ofensivo, a autoridade policial determina a lavratura do
termo circunstanciado de ocorrência (TCO), ou seja, um procedimento muito mais célere e simplificado
quando cotejado com o inquérito policial. Em outras palavras, não há que se falar em instauração de
inquérito policial para apuração de delito de menor potencial ofensivo. Todavia, nada obsta que após a
lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência seja determinada a instauração de um inquérito policial
para a análise da mesma conduta criminosa diante da complexidade da causa (pluralidade de acusados ou
perícia complexa) ou em caso de conexão ou continência de infração penal de menor potencial ofensivo com
infração penal comum.
Merece destaque a definição dada pelos professores Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar.
Termo circunstanciado de ocorrência consiste em uma investigação simplificada, com o resumo das
declarações das pessoas envolvidas e das testemunhas e, eventualmente com a juntada de exame de
corpo de delito para os crimes que deixam vestígios. Objetiva-se como se infere, coligir elementos que
atestem autoria e materialidade delitiva, ainda que de forma sintetizada. Nos autos do termo
circunstanciado de ocorrência, o delegado tomará o compromisso do autuado de comparecer ao juizado
especial em dia e horário designados previamente.34
34
TÁVORA, Nestor; RODRIGUES ALENCAR, Rosmar. Curso de Direito Processual Penal. 11ª edição. Salvador: Editora
JusPodvm: 2016, p. 1186
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Art. 69 da Lei 9099/95: A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se
exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu
Dispõe o artigo 69 da Lei nº 9099/95:
afastamento do lar, domicílio ou do local de convivência com a vítima.
OBS: A parte final do parágrafo único do art. 69 da Lei 9099 foi revogada pelo art. 41 da Lei
11340/0635, já que a lei de violência doméstica não admite a aplicação do procedimento da Lei 9099/95 aos
crimes cometido na esfera doméstica e familiar contra a mulher. A Lei 11340/06, por sua vez, trouxe
inúmeras medidas protetivas de urgência que poderão ser aplicadas ao agressor. Assim, mesmo havendo
crime, em tese, de menor potencial ofensivo no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher,
não será aplicado o rito do Juizado Especial Criminal. Deve a autoridade policial instaurar inquérito,
admitindo-se, inclusive, a prisão em flagrante do agressor. Em juízo, não haverá a aplicação dos institutos
despenalizadores da transação penal ou da suspensão condicional do processo, cabendo ao Ministério
Público, se for o caso, oferecer a peça acusatória (denúncia), com adoção do rito sumário.
Questão: Qual é o alcance da expressão autoridade policial descrito no art. 69 da Lei nº 9099/95?
35
Art. 41 da Lei 11340/06: Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da
pena prevista, não se aplica a Lei 9099, de 26 de setembro de 1995.
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informalidade, pois não teria sentido o policial militar ser obrigado a se deslocar até o distrito policial
apenas para que o delegado de polícia subscrevesse o termo ou lavrasse outro idêntico, até porque se
trata de peça mera mente informativa, cujos eventuais vícios em nada anulam o procedimento judicial 36.
Essa é a posição dos professores Fernando Capez e Renato Brasileiro de Lima. Essa posição foi acolhida
pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADI 3807, em julgamento virtual encerrado pelo Pleno do
STF na data de 27 de junho de 2020.
A resposta está contida no art. 69, parágrafo único, primeira parte, da Lei 9099/95: Ao autor do fato
que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de
a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em outras palavras, esse
agente será capturado e conduzido coercitivamente, porém não será lavrado o auto de prisão em flagrante
e nem será exigível fiança se esse autor do fato comparecer imediatamente ao Juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer. O auto de prisão em flagrante delito será substituído pelo termo
circunstanciado de ocorrência.
Nessa situação será lavrado o auto de prisão em flagrante delito. Todavia, isso
não significa necessariamente que esse agente permanecerá preso, porquanto por
estarmos diante de um delito de menor potencial ofensivo provavelmente será cabível
a concessão de fiança pelo delegado de polícia, se a infração for apenada com pena máxima não superior a
4 anos (art. 322 do CPP37).
36
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial. Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p.
506.
37
Art. 322 do CPP: A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
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Com o encaminhamento dos autos ao JECREM inaugura-se a fase preliminar judicial, com a
designação de audiência preliminar.
Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo possível a realização imediata da audiência
preliminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão cientes. Na falta do comparecimento de
qualquer dos envolvidos, a Secretaria providenciaria sua intimação e, se for o caso, a do responsável civil, na
forma dos arts. 67 e 68 da Lei nº 9099/95.
A primeira fase da audiência preliminar destina-se à conciliação cível, ou seja, composição civil
dos danos. Já a conciliação penal se dá na segunda fase da audiência preliminar e diz respeito à
transação penal, isto é, um acordo penal formulado entre o titular da ação penal e o autor dos
fatos que aceita cumprir imediatamente uma pena não privativa de liberdade (pena restritiva de
direitos e multa), em contrapartida não é deflagrada a ação penal.
Na composição civil dos danos (primeira fase da audiência preliminar), o Ministério Público não
participa, salvo se a vítima for incapaz. Essa composição civil pode abranger danos materiais, morais e
estéticos. A conciliação nessa etapa será realizada pelo juiz ou por colaborador sob sua orientação 38. A
composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irrecorrível,
terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95). Se o valor
for de até 40 salários mínimos executa-se no próprio Juizado Especial Cível.
38
Art. 73 da Lei nº 9099/95: A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação. Parágrafo único.
Os conciliadores são auxiliares da Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis em Direito,
excluídos os que exerçam funções na administração da Justiça Criminal.
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Reparem que a regra estampada no art. 74, § único, da Lei 9099/95 difere da norma
descrita no art. 104, § único do Código Penal39. Enquanto o mero acordo homologado gera a
renúncia ao direito de queixa no âmbito do Juizado Especial Criminal, no Código Penal há menção expressa
que a indenização do dano causado pelo crime não implica em renúncia tácita ao direito de queixa.
O não pagamento do acordo não autoriza o restabelecimento do direito de queixa. Lembre-se que a
mera homologação do acordo já acarreta na renúncia do direito de queixa. A única saída para a vítima será
a execução desse título judicial no juízo competente (art. 74, caput, da Lei 9099/95).
Questão: É cabível a composição civil dos danos em crimes de menor potencial ofensivo de ação
penal pública incondicionada?
A resposta é positiva. Em nenhum momento o art. 74, caput, da Lei 9099/95 restringiu a possibilidade
de composição civil dos danos às ações penais de iniciativa privada e pública condicionada, abrangendo
também as ações penais públicas incondicionadas. Indaga-se: Qual será a consequência na esfera penal de
quem realizar a composição civil do dano em ação penal pública incondicionada? Será possível aplicar o
instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP40), que é uma causa de diminuição de pena, se estiver
diante de um delito cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa.
Em resumo:
39
Art. 104, parágrafo único, do Código Penal: Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com
a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
40
Art. 16 do Código Penal: Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
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Vamos imaginar agora a seguinte situação: Um delito de lesão corporal leve praticado fora do
contexto da violência doméstica e familiar contra a mulher. Como sabemos, cuida-se de um crime de ação
penal pública condicionada à representação do ofendido (art. 88 da Lei 9099/95 41). Pois bem. Não obtida a
composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de
representação verbal,à ueà se à eduzidaà aà te o à a t.à ,à caput, da Lei 9099/95). Não o fazendo em
audiência preliminar ou em momento anterior (exemplo: quando da lavratura do termo circunstanciado de
ocorrência), não há falar em decadência, devendo-se aguardar o decurso do prazo decadencial de que trata
o art. 38 do CPP42, ou seja, 6 meses a contar do conhecimento da autoria. Com isso, ainda que não oferecida
na audiência preliminar ou em momento antecedente, a vítima terá ainda o prazo legal de 6 meses a contar
do conhecimento da autoria para fazer, sob pena de decadência (causa extintiva de punibilidade) 43.
A segunda fase da audiência preliminar refere-se à transação penal, que tem fundamento no art.
98, I, da Constituição Federal. Dispõe o artigo 76 da Lei nº 9099/95:
41
Art. 88 da Lei 9099/95: Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
42
Art. 38, caput, do CPP: Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa
ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
43
Art. 75 da Lei 9099/95: “Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de
exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. Parágrafo único. O não oferecimento da representação
na audiência preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
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Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade.
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos
deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser
necessária e suficiente a adoção da medida.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou
multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco
anos.
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os
fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Conceito de Transação Penal. É um acordo penal estabelecido entre o titular da ação penal e o autor
do fato, que concorda em cumprir imediatamente uma pena não privativa de liberdade (multa ou pena
restritiva de direitos), tendo como contrapartida a não deflagração da ação penal. O autor do fato deve estar
acompanhado de um advogado ou defensor público para realizar a transação penal.
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discricionariedade, contudo, não é plena, ilimitada, absoluta, pois depende de estarem preenchidos os
e uisitos legais, daí se ha ada pela dout i a dis i io a iedade eg ada 44 .
A) Infração penal de menor potencial ofensivo: contravenções e crime em que a pena máxima não
seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa, sujeita ou não a procedimento especial, ressalvada a
hipótese de violência doméstica e familiar contra a mulher (súmula 536 do STJ: A suspensão condicional do
processo e a transação penal não se aplica na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei da Maria da Penha).
B) Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado: A proposta de transação penal somente
deve ser ofertada se for caso de oferecimento de denúncia. Seria um contrassenso ser oferecida a transação
penal pelo titular da ação penal que implica no cumprimento de pena restritiva de direito ou multa se ele
não vislumbrar a prática de um crime de menor potencial ofensivo. OBS: O Juiz não participa da negociação
da transação penal. A atuação do Juiz na transação se limitará a homologação do acordo. Na negociação da
transação penal a lei permite apenas uma única atuação do juiz, qual seja, na hipótese de ser a pena de multa
a única aplicável, o magistrado poderá reduzi-la até a metade (art. 76, §1º, da Lei 9099/95).
C) Não ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva (art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95). Onde se lê: sentença definitiva. Leia-se: sentença
irrecorrível.
Questão: Se o autor do fato tiver sido condenado à pena de prisão simples pela prática de
contravenção penal?
Pode ser concedida a transação penal, porquanto o autor da infração não pode ter sido condenado
pela prática de crime por sentença irrecorrível.
Outra questão: Pode fazer jus à transação penal alguém condenado à pena de multa/restritiva de
direitos por sentença irrecorrível?
A resposta é positiva. Afinal de contas o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95 coloca como obstáculo aqueles
condenados à pena privativa de liberdade.
D) Não ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos, pela transação penal (art.
76, §2º, II, da Lei 9099/95): O agente não poderá fazer jus a transação penal se ele, no prazo de 5 anos, já
celebrou outra transação penal. Vale ainda destacar que o acordo de transação penal não implica no
reconhecimento de culpabilidade, haja vista que nessa situação sequer há o enfrentamento do mérito do
44
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Legislação Penal Especial . Volume 4. São Paulo: Editora Saraiva, 2017, p.
511/512.
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fato, além de não existir processo criminal. Pensamento diverso malferiria o princípio do devido processo
legal (art. 5º, LIV, da CF45) e da presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF46). Nesse sentido, o acordo de
transação penal não constará da certidão de antecedentes criminais e não terá efeitos civis, cabendo aos
interessados propor ação cabível no juízo cível (art. 76, §6º, da Lei 9099/95 47).
Assim, o único efeito concreto da transação penal é o impedimento de celebração de novo acordo de
transação penal nos próximos 5 (cinco) anos.
A resposta é negativa. O confisco é efeito secundário de uma sentença penal condenatória (art. 91,
II, do Código Penal). Logo, a transação penal não pode cuidar de confisco de bem, notadamente em razão da
dita medida despenalizadora não gerar reconhecimento de culpabilidade, não servir como maus
antecedentes e tampouco ser motivo para reincidência. Sobre o assunto, insta ressaltar a posição do
Supremo Tribunal Federal:
1. Tese: os efeitos jurídicos previstos no art. 91 do Código Penal são decorrentes de sentença penal
condenatória. Tal não se verifica, portanto, quando há transação penal (art. 76 da Lei 9.099/95), cuja
sentença tem natureza homologatória, sem qualquer juízo sobre a responsabilidade criminal do aceitante.
As consequências da homologação da transação são aquelas estipuladas de modo consensual no termo de
acordo.
2. Solução do caso: tendo havido transação penal e sendo extinta a punibilidade, ante o cumprimento das
cláusulas nela estabelecidas, é ilegítimo o ato judicial que decreta o confisco do bem (motocicleta) que teria
sido utilizado na prática delituosa. O confisco constituiria efeito penal muito mais gravoso ao aceitante do
que os encargos que assumiu na transação penal celebrada (fornecimento de cinco cestas de alimentos).
45
Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
46
Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
47
Art. 76, §6º, da Lei 9099/95: A imposição da sanção de que trata o §4º deste artigo não constará de certidão de antecedentes
criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação
cabível no juízo cível.
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3. Recurso extraordinário a que se dá provimento. (RE 795567, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal
Pleno, julgado em 28/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-177 DIVULG 08-
09-2015 PUBLIC 09-09-2015)
F) Aceitação da proposta por parte do autor da infração de menor potencial ofensivo e de seu
advogado (constituído ou dativo) ou defensor público: O autor da infração penal de menor potencial
ofensivo pode recusar a transação penal e ter como objetivo a obtenção de uma sentença absolutória.
E se houver divergência entre autor do fato e advogado? Havendo divergência entre o autor do fato e seu
defensor, deve prevalecer a vontade daquele, aplicando-se subsidiariamente o quanto disposto na Lei dos
Juizados em relação à suspensão condicional do processo, que prevê expressamente que se o acusado não
aceitar a proposta, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. Afinal, o único destinatário da
transação é o autor do fato, que, aliás, deverá cumprir de imediato pena não privativa de liberdade. Tanto é
verdade que o próprio art. 76, §4º, da Lei 9099/95, faz menção apenas à aceitação do autor da infração, sem
ressalvar a manifestação do defensor.48
Para os crimes ambientais de menor potencial ofensivo, além dos requisitos acima, o art. 27
da Lei 9605/9849 exige mais um pressuposto para a transação penal, qual seja, a prévia
composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Legitimidade para propor a transação penal: Primeiramente, devemos pontuar que atualmente é
pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento da transação penal tanto para as ações penais públicas
(incondicionadas e condicionadas) como para as ações penais de iniciativa privada.
48
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada . Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora
JusPodvm, 2018, p.421.
49
Art. 27 da Lei 9605/98: Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
restritivas de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei 9099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada
desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de
comprovada impossibilidade.
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Assim, nas ações penais públicas a legitimidade de oferecer a transação penal recai sobre o
Ministério Público, titular da ação penal pública, consoante preconiza o art. 129, I, da Constituição Federal50.
1ª Corrente: Mesmo em caso de ação penal privada, a legitimidade seria do Ministério Público. Nesse
sentido há inclusive o enunciado 112 do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais): Na ação penal
de iniciativa privada, cabem transação penal e suspensão condicional do processo, mediante proposta
do Ministério (XXVII Encontro de Juízes realizado na cidade de Palmas/TO).
2ª Corrente: A legitimidade para oferecer a transação penal é do querelante, ou seja, é do titular da ação
penal de iniciativa privada. Essa é a posição do Superior Tribunal de Justiça (Ação Penal de nº634):
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA. TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO
PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA.
RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA.
I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata de direito público
subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes desta e. Corte e do c.
Supremo Tribunal Federal).
II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às ações penais
privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do ofendido, e o silêncio do querelante
não constitui óbice ao prosseguimento da ação penal.
III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas, assenta-se nos princípios
da disponibilidade e da oportunidade, o que significa que o seu implemento requer o mútuo
consentimento das partes.
IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de valor, exteriorizando-se
qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje ou vilipêndio de alguém.
V - O exame das declarações proferidas pelo querelado na reunião do Conselho Deliberativo evidenciam,
em juízo de prelibação, que houve, para além do mero animus criticandi, conduta que, aparentemente,
se amolda ao tipo inserto no art. 140 do Código Penal, o que, por conseguinte, justifica o prosseguimento
da ação penal.
50
Art. 129 da CF: São funções institucionais do Ministério Público:
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Queixa recebida.
(APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/03/2012, DJe 03/04/2012)
Questão: Qual é o procedimento a ser adotado se, embora preenchidos os requisitos legais, o titular
da ação penal se recusar a apresentar proposta de transação penal ao autor da infração de menor potencial
ofensivo?
Se o crime de menor potencial ofensivo for de ação penal de iniciativa privada, nada poderá ser feito,
ou seja, o Ministério Público não pode oferecer a transação penal e tampouco o magistrado pode assim
proceder, porquanto a ação penal privada é regida pelos princípios da oportunidade e da conveniência. Em
outras palavras, deve-se aguardar então o oferecimento de uma queixa-crime.
De outro lado, se o crime de menor potencial ofensivo for de ação penal pública, aplica-se o raciocínio
da súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-
Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. OBS: Embora a súmula mencione
suspensão condicional do processo, a doutrina e a jurisprudência entendem também pela sua aplicabilidade
ao instituto da transação penal.
Vale dizer, se a recusa for nos crimes de ação penal pública, o juiz não poderá de oficio apresentar a
proposta de transação penal, mas sim, por analogia, deve invocar o princípio da devolução consagrado no
art. 28 do CPP51, remetendo os autos ao Procurador-Geral (chefe do MP) para dirimir essa controvérsia
jurídica. OBS: Lembre-se que no âmbito da justiça federal, o magistrado, ao invés de encaminhar os autos
diretamente ao Procurador-Geral, enviará à Câmara de Coordenação e Revisão (art. 62, IV, da Lei
complementar nº 75/93)
51
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o
órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Se a vítima, ou
seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento
da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a
sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) OBS: Na ADIs 6299, 6298, 6300 e 6305 o Min. Fux deferiu
medida cautelar para suspender a eficácia do art. 28, caput, do CPP, por entender que viola a autonomia do MP (art. 127 da CF) e a
prévia dotação orçamentária para a realização de despesas (art. 169 da CF).
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A proposta de transação penal não pode ser oferecida de ofício pelo Juiz. Afinal de contas, o juiz não
é parte na relação jurídica processual e tampouco titular da ação penal. Na transação penal ao magistrado
cabe a sua homologação se preenchidos os requisitos legais (art.76, §3º, da Lei nº 9099/95). Acolhendo a
proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o juiz aplicará a pena restritivas de direitos ou
multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo
benefício no prazo de 5 (cinco) anos (art. 76, §4º, da Lei 9099/95).
Momento para propor a transação penal: Em regra, a transação penal é oferecida antes do início do
processo. Todavia, nada impede a concessão da transação ao longo do processo criminal nas duas hipóteses
abaixo:
A) Desclassificação para um crime de menor potencial ofensivo. Exemplo: O Ministério Público oferece
denúncia em face de alguém pela prática delitiva de lesão corporal grave (art. 129, I, do Código Penal).
No momento de sentenciar, o magistrado entende ser caso de desclassificar para delito de lesão corporal
leve, que é um crime de menor potencial ofensivo. Nesse caso, preenchidos os requisitos legais da
transação penal, em virtude da emendatio libelli, por estar diante de um delito de menor potencial
ofensivo, o magistrado não deve sentenciar, mas sim proferir decisão interlocutória para determinar o
encaminhamento do feito ao Juizado Especial Criminal para aplicação do instituto despenalizador
transação penal, ou seja, na esfera do JECRIM será designada audiência preliminar para que o titular da
ação penal (MP ou querelante) ofereça à transação penal. Há inclusive doutrinadores que entendem
desnecessária essa remessa dos autos ao JECRIM, porquanto é perfeitamente possível a aplicação dos
institutos despenalizadores mesmo em sede do juízo comum, vez que o que realmente importa é a
possibilidade de serem aplicados os institutos despenalizadores trazidos pela Lei nº 9099/95 e não o
local em que são ofertados tais medidas, sobretudo pela competência do JECRIM ser de natureza relativa
e não absoluta (Posição do Professor Renato Brasileiro de Lima). Cabe ainda apontar que na espécie
aplica-se o mesmo raciocínio estampado na súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do
processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
B) Procedência Parcial da Pretensão punitiva.
A resposta está contida no artigo 76, §5°, da Lei 9099/95, ou seja, da sentença homologatória da
transação penal será cabível o recurso de apelação no prazo de 10 dias (art. 82 da Lei 9099/95).
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Concurso de crimes e transação penal. Se existir concurso de infrações penais de menor potencial
ofensivo, o resultado desse concurso deve obedecer ao limite de dois anos para ser concedida a transação
penal. Dessa forma, não será cabível transação penal, bem como não será da competência do Juizado
Especial Criminal se, no concurso material, a soma das penas máximas cominadas for superior a 2 anos.
Igualmente, não será possível a concessão de transação penal, assim como deixará de ser competência do
Juizado Especial Criminal se, no concurso formal, a exasperação da pena ultrapassar dois anos. OBS: No
momento da exasperação para o concurso formal e para o crime continuado será levado em conta a fração
máxima. Assim, na análise do cabimento da transação penal para o concurso formal emprega-se a ½ -
metade - (fração máxima) e 2/3 – dois terços – para o crime continuado. Vejamos a posição do Superior
Tribunal de Justiça sobre o tema:
1. As instâncias ordinárias reconheceram que por diversas vezes foi tentado efetivar a intimação do
recorrente sobre a designação da audiência de conciliação, restando todos aqueles atos judiciais frustrados.
Ademais, o querelante, em duas oportunidades, manifestou perante o Togado que não tinha interesse em
conciliar-se com o ofensor. Tais fatos, demonstram a prescindibilidade da realização da audiência prévia de
conciliação, inexistindo ofensa ao art. 520 do CPP.
2. A despeito dos delitos em apuração serem de menor potencial ofensivo, deve-se considerar a soma das
penas máximas em abstrato em concurso material, ou, ainda, a devida exasperação, na hipótese de crime
continuado ou concurso formal, e ao se verificar que o resultado da adição é superior a dois anos, afasta-se
a competência do Juizado Especial Criminal.
3. Há na inicial razoável descrição dos fatos imputados ao recorrente, tendo sido devidamente discriminadas
as condutas relativas a cada crime e apontadas as respectivas normas penais infringidas, com, inclusive, o
detalhamento das circunstâncias de modo, tempo e local concernentes a cada delito, como se denota das fls.
4/6 do apenso.
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6. Recurso em Habeas Corpus improvido.(RHC 60.883/SC, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 09/08/2016, DJe 19/08/2016)
A alternativa está correta. Como vimos, para analisar a competência do JECRIM e a análise da
transação penal leva-se em consideração o resultado do concurso de crimes.
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Art. 77, caput, da Lei 9099/95: Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o
Ministério Público oferecerá ao juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de
diligências imprescindíveis.
A primeira observação a ser feita no rito sumaríssimo diz respeito à possibilidade de a peça acusatória
(denúncia e queixa-crime) ser ofertada de maneira verbal, podendo ser arrolada até 5 testemunhas (em
analogia ao procedimento comum sumário). É claro que nessa situação deverá o ato processual ser reduzido
a termo de forma a garantir ao acusado a observância dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
Não comparecendo o autor do fato à audiência preliminar, ou, tendo comparecido, não aceitando a
proposta de transação, oferecerá o Ministério Público denúncia oral. Se o acusado estiver presente, será
citado no próprio ato. Se estiver ausente, a citação será feita por mandado.
Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo circunstanciado de
ocorrência, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame de corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente (art. 77, §1º, da Lei
9099/95).
Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, cabendo ao juiz verificar se
a complexidade e as circunstâncias do caso determinam a adoção das providências previstas no parágrafo
acima, ou seja, encaminhamento das peças ao Juízo comum, que seguirá o rito sumário.
B) Citação
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Na secretaria
do Juizado
Citação pessoal
no Juizado Mandado
(oficial de
Justiça)
A citação pessoal por mandado somente ocorrerá se o autor dos fatos não comparecer na sede do
Juizado Especial Criminal. É o que determina o art. 66, caput, da Lei nº 9099/95: A citação será pessoal e far-
se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
No Juizado Especial não há que se falar em citação por edital. Assim, não encontrado o
acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção
do procedimento sumário (art. 66, parágrafo único, da Lei nº 9099/95). Em outras palavras, a
impossibilidade de citação pessoal do acusado é causa de modificação da competência do
JECRIM, com encaminhamento dos autos ao Juízo comum. Registre-se, por oportuno, que no rito sumário
do Juízo Comum será possível a realização citação por edital.
É certo que são consideradas citações fictas a citação por edital e a citação por hora certa. Apesar de
não admitir a citação por edital, a doutrina e a jurisprudência têm admitido a citação por hora certa nos
Juizados Especiais Criminais, pois, apesar de presumida, a citação por hora certa é célere, o que não contraria
os princípios norteadores dos Juizados Especiais Criminais.
a) O autor do fato tem que procurado em 2 oportunidades e não tiver sido localizado;
b) Existência de suspeita de ocultação;
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Nesse sentido vale a pena destacar o Enunciado 110 do FONAJE: No Juizado Especial Criminal é
cabível a citação por hora certa (XXV Encontro de Juízes realizado na cidade de São Luís/MA).
1. Nos crimes contra a honra, incumbe ao acusador, na denúncia ou queixa, narrar o fato com as todas as
suas circunstâncias, de tal modo que se possa, a partir dessa narrativa, depreender o elemento subjetivo da
conduta do acusado, o que ocorreu na espécie.
2. Inviável afastar o dolo da conduta difamatória imputada ao advogado, sem um exame aprofundado da
causa, dada a limitação cognitiva do habeas corpus.
3. Iniciado o processo perante o Juizado Especial Criminal, com a denúncia oferecida pelo Ministério Público,
e justificada a ausência de proposta porque o réu estava foragido, não se apresenta adequado o uso da
citação por hora certa, como meio idôneo para chamar o acusado para a audiência de instrução e
julgamento.
4. Recurso Ordinário de Habeas Corpus parcialmente provido, com o fim de apenas anular a citação realizada
no juízo de origem, para que, mantido o status de foragido, seja o paciente citado pelo meio próprio, ou seja,
por edital, com o encaminhamento dos autos ao juízo criminal comum, se for o caso.
(RHC 39.059/RJ, Rel. Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), Rel. p/
Acórdão Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe 01/07/2014)
C) Defesa Preliminar
A defesa preliminar é uma peça apresentada pela defesa técnica do acusado entre o oferecimento
da denúncia e o recebimento da peça exordial, com o escopo de reagir à acusação.
Não confunda essa defesa preliminar com a resposta à acusação. A defesa preliminar, na verdade,
instaura um contraditório prévio ao juízo de admissibilidade da peça acusatória. Em outros termos, é uma
oportunidade conferida à defesa de influenciar ao Estado-Juiz no sentido de rejeitar à peça acusatória.
Reparem que essa defesa preliminar não tem previsão nos ritos ordinário e sumário, mas sim apenas
em alguns procedimentos especiais (Lei de Drogas, Procedimento originário dos Tribunais, Crimes funcionais
afiançáveis e Juizados Especiais).
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Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que
o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as
testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se
imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.
§1º Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar
ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
§2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo
breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença.
Questão: Apresentada a defesa preliminar, ainda assim será necessária a apresentação de resposta
à acusação?
A resposta à acusação está descrita no art. 396-A do Código de Processo Penal52 e é apresentada
depois do recebimento da peça acusatória, ou seja, a resposta à acusação é efetuada após a citação. Pois
bem. Não é caso de se admitir resposta à acusação depois de a defesa técnica apresentar defesa preliminar,
devendo a defesa concentrar todas as teses defensiva já na defesa preliminar. Admitir tanto a defesa
preliminar e resposta à acusação é caminhar em sentido oposto ao primado da celeridade que dirige a Lei
dos Juizados Especiais Criminais.
A absolvição sumária foi introduzida pela Lei 13719/08, que alterou o art. 397 do CPP, para
reconhecê-la no procedimento comum. Antes do advento dessa lei, a absolvição sumária somente era
possível na primeira fase do rito do Júri. Atualmente é cabível a absolvição sumária em 4 oportunidades:
I – a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II – a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III – que o fato narrado evidentemente
não constitui crime; IV – extinta a punibilidade do agente. Pois bem. É cabível também a absolvição
sumária no Juizado Especial Criminal, com fundamento no art. 394, §4º, do CPP: As disposições
52
Art. 396-A do CPP: Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua
intimação, quando necessário.
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código.
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para
oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
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dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda
que não regulados pelo Código.
D) Testemunha:
O rol de testemunha deve ser apresentado pela defesa dentro do prazo de 5 dias antes da realização
da audiência de instrução, sob pena de o Juizado ficar dispensado de intimá-las (art. 78, §1º, da Lei 9099/95).
E) Audiência
Não existindo absolvição sumária, será ouvida em 1º lugar a vítima. Em seguida, serão ouvidas as
testemunhas, a começar pelas indicadas pela acusação, podendo os depoimentos serem gravados por meios
eletrônicos. Encerradas as oitivas das testemunhas, o acusado será interrogado. Ato contínuo, os debates
orais terão início com a acusação (MP ou querelante) e depois a defesa, pelo prazo que o magistrado fixar.
A sentença, que está dispensada do relatório, será publicada na própria audiência. Excepcionalmente, por
razão justificada, o magistrado pode determinar a conclusão dos autos para proferir posteriormente a
sentença.
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TURMA RECURSAL
Inicialmente, cumpre destacar que a Constituição Federal em seu art. 98, I53, autoriza que os meios
recursais em sede dos Juizados Especiais Criminais sejam apreciados por Turmas Recursais, que é composta
por juízes de primeiro grau de jurisdição. Em síntese, a Turma Recursal é um órgão colegiado formado por
juízes de primeiro grau que tem competência para julgar os recursos na esfera dos Juizados Especiais
Criminais. Turma Recursal não é Tribunal! O Órgão do Ministério Público que atua como custos legis (fiscal
da lei) nos Juizados Especiais não é um Procurador de Justiça (ou Procurador Regional da República), mas
sim um Promotor de Justiça (Procurador da República), enfim, órgãos ministeriais que atuam em 1º grau de
jurisdição.
É importante mencionar que a Turma Recursal apenas julgará os recursos em face de decisões
proferidas em sede dos Juizados Especiais Criminais. Vale dizer, em situações em que ocorre o
deslocamento para o Juízo Comum (exemplos: complexidade da causa, impossibilidade de citação pessoal,
conexão e continência), os recursos dessas decisões serão apreciados pelo Tribunal de Justiça/Tribunal
Regional Federal, ainda que o tema verse sobre infração penal de menor potencial ofensivo.
Turma Recursal também não analisa recursos advindos dos Juizados (Varas) da Violência Doméstica
e Familiar contra a mulher. Assim, os recursos interpostos de decisões proferidas nas Varas de Violência
Doméstica e Familiar contra a mulher serão analisados pelo Tribunal de Justiça.
De acordo com o art. 82, §4º, da Lei 9099/9554, as partes serão intimadas das sessões de julgamento
das Turmas Recursais pela imprensa. Com isso, resta dizer não há necessidade de notificação pessoal de
membro do Ministério Público, da Defensoria Pública e de advogado, porquanto a lei do JECRIM funciona
como norma especial quando em conflito com as regras gerais do art. 370 do CPP 55 e do art. 5º, §5º, da Lei
53
Art. 98 da CF: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I – juizados especiais, providos por juízes togados, ou togado e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral
e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos, por turmas de juízes de
primeiro grau;
54
Art. 82, §4º, da Lei 9099/95: As partes serão intimadas da data da sessão de julgamento pela imprensa.
55
Art. 370, §4º, do CPP: A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal.
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1060/5056 (Lei da Assistência Judiciária Gratuita). Outro não é o entendimento do Superior Tribunal de
Justiça:
I - A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça consolidou-se no sentido de que "a ausência de
intimação pessoal da Defensoria Pública ou do defensor dativo sobre os atos do processo, a teor do disposto
no artigo 370 do Código de Processo Penal e do artigo 5º, § 5º, da Lei 1.060/1950, gera, via de regra, a sua
nulidade", uma vez que cerceado o direito de defesa da parte (HC n.
II - Por outro lado, no âmbito dos Juizados Especiais criminais, não se exige a intimação pessoal do defensor
público, admitindo-se a intimação na sessão de julgamento ou pela imprensa oficial (precedentes do STF e
do STJ).
Recurso ordinário em habeas corpus desprovido. (RHC 79.148/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 03/05/2017)
Em perfeita sintonia com o princípio da informalidade, se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 82, §5º, da Lei 9099/95). Em outras palavras,
a Turma Recursal não é obrigada confeccionar acórdão formal proferido nos moldes do Tribunal de Justiça,
podendo se valer da remissão aos motivos lançados na sentença quando confirmar o decisum, sem que isso
caracterize qualquer ofensa ao princípio constitucional do dever de fundamentar as decisões judiciais (art.
93, IX, da CF). Essa é a posição do Supremo Tribunal Federal.
56
Art. 5º, §5º, da Lei 1060/50: Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor
Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as instâncias,
contando-se-lhes em dobro todos os prazos.
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Reparem ainda que a Lei nº 9099/95 menciona apenas 2 recursos: apelação (art. 82 da Lei 9099/95)
e embargos de declaração (art. 83.
É evidente que sim. Não existindo incompatibilidade, tanto as normas do Código Penal
como as do Código de Processo Penal são aplicadas de maneira subsidiária aos processos em
trâmite nos Juizados Especiais, conforme determina o art. 92 da Lei nº 9099/95 57. Vamos imaginar a seguinte
situação: Durante o processo criminal, o magistrado declara extinta a punibilidade. Qual será o recurso
cabível dessa decisão? O Recurso em sentido estrito, com aplicação subsidiária do previsto no art. 581, VIII,
do CPP58.
Outra questão: Sabemos que o art. 82, § 3º, da Lei nº 9099/95 59 autoriza as partes solicitarem a
transcrição da fita magnética na qual foram gravados os atos processuais produzidos na audiência de
instrução e julgamento. Indaga-se: Essa regra é constitucional?
É, sem dúvida, uma regra que contraria em cheio o propósito dos Juizados Especiais Criminais,
notadamente os princípios da informalidade e da oralidade consagrado no art. 98, I, da CF, bem como da
razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF). No mesmo sentido destaco a lição do professor Renato
B asilei o:à Pensamos que o art. 82, §3º, da Lei 9099/95, para além de inconstitucional à luz do princípio da
oralidade (CF, art. 98, inciso I), e da garantia razoável duração do processo (CF, art. 5º, LXXVIII), também foi
revogado tacitamente pelo disposto no art. 405, §2º, que prevê que, no caso de registro por meio audiovisual,
basta que seja encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição (CPP, art.
art. 405, §2). Apesar de se referir ao procedimento comum, pensamos que a decisão a seguir transcrita tem
i tei a apli aç o o ito dos Juizados: ... A o ve s o do julga e to de apelaç o e diligê ia pa a
que a primeira instância providencie a degravação de conteúdo registrado em meio audiovisual contraria
57
Art. 92 da Lei nº 9099/95: Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de Processo
58
Art. 581 do CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
VIII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade.
59
Art. 82, §3º, da Lei nº 9099/95: As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética a que alude o §3º
do art. 65 desta Lei.
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frontalmente o art. 405, §2, do CPP, assim como o princípio da razoável duração do processo (STJ, 5º Turma,
HC 172840, rel. Min. Gilson Dipp, DJe 03/11/2010) 60.
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá
ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na
sede do Juizado.
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério
Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente.
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
60
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada . Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora
JusPodvm, 2018, p.440.
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3) Da decisão homologatória da transação penal: É o que estabelece o art. 76, §5º, da Lei 9099/95: Da
sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
O prazo é de 10 dias (art.82, §1º, da Lei nº 9099/95). Enquanto no CPP o prazo é de 5 dias (art. 593,
caput, do CPP), no JECRIM o prazo será de 10 dias. Outra diferença entre CPP e Lei nº 9099/95: No JECRIM
a petição de interposição do recurso de apelação já deve estar acompanhada das razões recursais, ao passo
que no CPP haverá, em primeiro lugar, a interposição do recurso no prazo de 5 dias e, em seguida, a parte
terá até 8 dias para apresentar as razões recursais (art. 600 do CPP). Em resumo:
Apelação Apelação
no JECRIM no CPP
Prazo: Prazo: 5
10 dias dias
Após a interposição da petição do
recurso de apelação, a parte terá o
A petição de interposição já prazo de 8 dias para apresentar as
deve estar acompanhadas das razões recursais. Não há obrigação
razões recursais. de apresentação simultânea de
petição de interposição e razões
recusais.
Questão: A apelação deve ser conhecida se a parte interpõe o recurso de apelação desacompanhado
das razões recursais?
A não apresentação das razões recursais não impede o conhecimento do recurso de apelação
interposto de modo tempestivo. Esse é o posicionamento do STJ:
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1. Sendo a apelação, também no rito da Lei nº 9.099/95, uma espécie de recurso, a ausência ou
intempestividade das razões, não induzem ao não-conhecimento da apelação interposta.
2. Esta Corte Superior tem se posicionado no sentido de que, diante da inércia da defesa na apresentação
das devidas razões recursais, em homenagem ao princípio da ampla defesa e contraditório, é imprescindível
a intimação do réu, oportunizando a constituição de novo defensor.
3. Recurso em habeas corpus provido para reconhecer a nulidade da decisão de inadmissão do recurso de
apelação pela ausência das razões, para a intimação do recorrente a fim de que constitua novo defensor
para tal fim e, de ofício, declarar extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal.
(RHC 25.736/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 03/08/2015)
àÉ cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de
alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Não é cabível a interposição de recurso especial das decisões oriundas da Turma Recursal. A razão
para tanto está na redação do art. 105, III, da Constituição Federal, já que o Superior Tribunal de Justiça tem
competência para julgar, em sede de recurso especial, apenas as causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios.
Notem que a redação do citado dispositivo constitucional não abrange as decisões advindas da Turma
Recursal, mas apenas de Tribunais. Turma Recursal não é Tribunal. Nesse sentido destaca-se a súmula 203
do Superior Tribunal de Justiça:
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Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo dos Juizados Especiais.
Art. 83 da Lei 9099/95: Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão.
§1º Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados
da ciência da decisão.
Os embargos de declaração é o meio recursal destinado a dirimir eventual dúvida no julgado, ou seja,
é um recurso cabível quando a decisão (sentença ou acórdão) for obscura, omissa ou contraditória. Dessa
forma, ausente os vícios da obscuridade, da omissão e contradição, a decisão não deve ser impugnada por
esse meio recursal.
Notem que os embargos de declaração no âmbito do Juizados Especiais Criminais podem ser
opostos por escrito ou oralmente, no prazo de 5 dias a contar da ciência da decisão.
Forma – Os embargos de declaração no JECRIM podem ser opostos tanto por escrito como por modo
oral, ao passo que no CPP tal recurso é possível apenas por escrito.
Prazo – Os embargos de declaração no JECRIM podem ser opostos no prazo de 5 dias, ao passo que no
CPP tal recurso deve ser interposto no prazo de 2 dias (art. 382 do CPP 61)
61
Art. 382 do CPP. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre
que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão.
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Chamo ainda a atenção de vocês para lembrar que os erros materiais não necessitam da oposição de
embargos de declaração para serem corrigidos, ou seja, podem ser retificados de ofício, conforme
autorização prevista no art. 83, §3º, da Lei nº 9099/95. O que são erros materiais?
Erros materiais são aqueles que não comprometem o processo, vez que não geram nenhum prejuízo
a qualquer das partes, notadamente por tal retificação não ser dotada de caráter decisório. Exemplos de erro
material: a correção do número do processo ou do nome da vítima.
É cabível habeas corpus nos Juizados Especiais Criminais, desde que ocorra risco à liberdade de
locomoção, consoante determina o art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal 62.
Questão: É cabível a impetração de habeas corpus em face da contravenção penal que prevê apenas
a pena de multa em seu preceito secundário?
Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em
u soàpo ài f açãoàpe alàaà ueàaàpe aàpe u i iaàsejaàaàú i aà o i ada.
Pois bem. Se a autoridade coatora for o Juiz do Juizado Especial Criminal o habeas corpus será julgado
pela Turma Recursal.
Questão: Qual é o órgão jurisdicional competente para julgar o habeas corpus quando a autoridade
coatora for a Turma Recursal?
62
Art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal: conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
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É certo que a súmula 690 do STF determina que compete originariamente ao Supremo Tribunal
Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.
Ocorre que essa súmula, embora não tenha sido cancelada pelo STF, encontra-se totalmente ultrapassada
em razão de mudança da orientação jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal nos autos do HC
de nº 86834, ou seja, a competência para julgar habeas corpus de ato praticado pela Turma Recursal é do
próprio Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, pois os integrantes das Turmas Recursais
submetem-se à jurisdição desses Tribunais. Vejamos esse importante julgado do Supremo Tribunal
Federal:
É certo que a Lei nº 9099/95 não tratou expressamente da possibilidade de revisão criminal no
JECRIM. Todavia, é cabível a revisão criminal contra decisão definitiva dos Juizados Especiais Criminais (juiz
ou turma recursal), cuja competência será da própria Turma Recursal e não do Tribunal de Justiça. Esse é o
posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (CC 47718/RS, Relatora Ministra Jane Silva, Dje 26/08/2008).
à Co peteà à tu aà e u salà p o essa à eà julga à oà a dadoà deà segu a çaà o t aà atoà deà juizadoà
espe ial.
Se a autoridade coatora for o juiz do JECRIM a competência para julgar o mandado de segurança
será a Turma Recursal. Se a autoridade coatora for a Turma Recursal prevalece o entendimento de que a
competência igualmente é da Turma Recursal, aplicando-se, por analogia, o art. 21, VI, da Lei Complementar
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nº 35/7963 que estatui ser dos Tribunais a competência originária para apreciar os mandados de segurança
contra seus atos, os dos respectivos Presidentes e os de suas Câmaras, Turmas ou Seções. Esse é o
posicionamento do Supremo Tribunal Federal:
1. À luz do art. 102, I, d, da Constituição da República, compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento
de mandados de segurança contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal.
2. O agravante se insurge contra decisão proferida pelo Colégio Recursal da 52ª Circunscrição Judiciária de
Itapecerica da Serra/SP. Evidente, assim, a incompetência desta Corte para a apreciação do mandamus.
3. Agravo regimental DESPROVIDO. (MS 33994 AgR, Relator: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em
31/05/2016)
Qual é o órgão jurisdicional competente para decidir um conflito de competência entre o Juizado
especial federal e o Juízo de primeiro grau da Justiça Federal, ambos vinculados ao mesmo Tribunal Regional
Federal?
63
Art. 21, VI, da Lei Complementar nº 35/79: Compete aos Tribunais, privativamente:
VI – julgar, originariamente, os mandados de segurança contra seus atos, os dos respectivos Presidentes ou de suas Câmaras,
Turmas ou Seções.
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Por estamos diante de órgãos de primeiro grau de jurisdição atrelados ao mesmo Tribunal, exsurge
como competente o Tribunal Regional Federal para dirimir esse conflito de competência. É o que determina
a súmula 428 do STJ:
à Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial
federal e juízo federal da mesma seção judiciária. à
O mesmo raciocínio acima aplica-se aos órgãos de primeiro grau de jurisdição pertencentes ao
mesmo Tribunal de Justiça. Todavia, se os juízos forem de Estados diversos, competirá ao Superior Tribunal
deàJustiçaàde idi àoà o flitoàdeà o pet iaà a t.à ,àI,à d ,àdaàCF 64).
64
Art. 105 da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e
juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
65
Art. 798 do CPP: Todos os prazos ocorrerão em Cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias,
domingo ou dia de feriado.
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Art. 84 da Lei nº 9099/95: Aplicada exclusivamente a pena de multa, seu cumprimento far-se-á mediante
pagamento na Secretaria do Juizado.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade, determinando que a
condenação não fique constando dos registros criminais, exceto para a fins de requisição judicial.
Art. 85 da Lei nº 9099/95: Não efetuado o pagamento de multa, será feita a conversão em pena privativa
de liberdade, ou restritivas de direitos, nos termos previstos em lei.
Se a pena de multa for a única aplicada, o seu cumprimento, que se dá mediante pagamento, será
feito na própria Secretaria do Juizado. O adimplemento da multa gera a extinção da punibilidade, nos exatos
termos do parágrafo único do art. 84 da Lei nº 9099/95, sem o registro criminal, salvo para fins de requisição
judicial.
Em que pese a redação do art. 85 da Lei nº 9099/95, é importante anotar que não se permite mais a
conversão da pena de multa em privativa de liberdade em razão do teor do art. 51 do Código Penal, com
redação dada pela Lei 9269 de 1º abril de 1996, que estabelece que a pena de multa não paga deve ser
convertida em dívida de valor. Houve no ponto a denominada revogação tácita.
Também não se vislumbra possibilidade da pena de multa não paga ser convertida em pena
restritivas de direitos ante a ausência de um critério legal disciplinando essa conversão. Essa é a posição
doà“TF:à “eàoàpa ie teàfoià o de adoàaàpe aàdeà ulta,à ãoàseàafigu aàpossível,àpo àaus iaàdeà it ioàlegalà
aplicável, a conversão da pena pecuniária na de restrição de direito. Portanto, deve o juiz se limitar a
promover a inserção da dívida para cobrança judicial (HC 78200/SP, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ
27/08/1999).
Art. 86 da Lei nº 9099/95: A execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, ou de
multa cumulada com estas, será processada perante o órgão competente, nos termos da lei.
Muito embora o art. 60 da Lei nº 9099/95 ressalte a competência do Juizados Especial Criminal para
a conciliação, o julgamento e a execução das infrações de menor potencial ofensivo, o art. 86 do referido
diploma legal, que é uma regra especial em relação ao art. 60 da Lei 9099/95, preconiza ser da Vara de
Execuções Penais a competência para execução das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos
e as de multa quando cumuladas com aquelas penas. Em resumo,
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A execução
Se a pena de multa for ocorrerá perante o
aplicada isoladamente Juizado Especial
Criminal
Pena privativa de
A execução
liberdade, pena
ocorrerá diante do
restritiva de direitos ou
Juízo Comum (Vara
pena de multa
de Execuções
cumulada com essas
Penais)
penas
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Art. 87 da Lei nº 9099/95: Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação de pena restritivas de
direitos ou multa (arts. 74 e 76, §4º), as despesas processuais serão reduzidas, conforme dispuser lei
estadual.
É certo que o assunto de valores de custas e despesas processuais pertence à organização judiciária
e, portanto, de competência legislativa do Estado. O art. 87 da Lei nº 9099/95, na verdade, é sugestão ao
legislador estadual de forma a incentivar a composição (civil e penal) no JECRIM com a redução das
despesas processuais.
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Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não
por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por
dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do
Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,
poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
§ 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas
ao fato e à situação pessoal do acusado.
§ 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime
ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
termos.
Embora prevista na lei 9099/95, é importante ressaltar que a sua aplicabilidade não se restringe aos
crimes de menor potencial ofensivo e nem aos Juizados Especiais Criminais, porquanto o legislador fez
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questão de explicitar que a sua aplicação se dará aos delitos abrangidos ou não por essa lei (art. 89, caput,
da Lei 9099/95). Significa dizer que é perfeitamente possível ser concedida a suspensão condicional do
processo diante do Juízo comum. Exemplo: O delito de furto simples, que é um delito de médio potencial
ofensivo, tramita no Juízo Comum, porquanto a sua pena varia de 1 a 4 anos de reclusão. Pois bem. Em razão
da pena mínima ser de 1 ano de reclusão, é possível a sua concessão no Juízo comum.
A) Pena mínima igual ou inferior a 1 ano. De acordo com o art. 89, caput, da Lei nº 9099/95, para
fazer jus ao sursis processual a pena privativa de liberdade cominada ao delito deve ser de até 1 ano, pouco
importando se é de reclusão ou detenção, ressalvada as hipóteses de violência doméstica e familiar contra
a mulher.
Questão: Qual o critério a ser adotado para a aferição da suspensão condicional do processo se existir
concurso de crimes?
Se existir concurso de crimes, o resultado desse concurso deve obedecer ao limite de um ano para
a pena mínima de forma a possibilitar o benefício da suspensão condicional do processo. Dessa forma, não
será cabível sursis processual se, no concurso material, a soma das penas mínimas cominadas for superior a
1 ano. Igualmente, não será possível a concessão da suspensão condicional do processo se, no concurso
formal, a exasperação da pena mínima ultrapassar a 1 ano. OBS: No momento da exasperação para o
concurso formal e para o crime continuado será levado em conta a fração mínima. Assim, na análise do
cabimento da suspensão condicional do processo para o concurso formal e para o crime continuado
emprega-se o patamar de 1/6 da pena. Sobre o tema vale destacar a existência de 2 súmulas.
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma
da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto for superior a um ano.
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima
cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
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Embora o art. 89, caput, da Lei 9099/95 limite a concessão do sursis processual à pena mínima
até 1 ano, vale destacar a existência de precedente do Supremo Tribunal Federal concedendo
tal benefício quando para o delito for previsto, alternativamente, pena de multa e pena
privativa de liberdade, ainda que essa última pena seja superior a 1 (um) ano. Exemplo: Art.
7º da Lei 8137/90 prevê pena de detenção, de 2 a 5 anos, ou multa. Para essa situação, segundo o Supremo
Tribunal Federal, é cabível a suspensão condicional do processo, porquanto a pena de multa é menos gravosa
do que a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Vejamos esse precedente do Supremo Tribunal
Federal.
B) Não estar sendo processado ou não ter sido condenado por outro crime. Vale destacar que não
é impeditivo se o agente estiver sendo processado ou tiver sido condenado por contravenção penal, pois o
artigo 89, caput, da Lei nº 9099/95 menciona a expressamente a prática de crime.
OBS: O legislador não estabeleceu qualquer requisito temporal para a proposta de nova suspensão
condicional do processo. Vale dizer, enquanto na transação penal deve o agente não ter sido beneficiado por
outra transação penal no prazo de 5 anos, na suspensão condicional do processo não há qualquer
pressuposto legal nesse sentido. Pensamento distinto premiaria a analogia in malam partem em sede de
direito penal. Esse é o posicionamento do professor Renato Brasileiro de Lima: Ao contrário da transação
penal, que apresenta impedimento ao oferecimento da nova proposta caso o agente tenha sido beneficiado
anteriormente por outra transação penal no prazo de 5 (cinco) anos (Lei nº 9099/95, art. 76, §2º, inciso II, o
legislador não estabeleceu qualquer requisito temporal para a formulação de nova proposta de suspensão
condicional do processo. Diante desse silêncio eloquente, não se pode estender à suspensão a limitação
temporal imposta para a transação penal, sob pena de verdadeira analogia in malam partem, em clara e
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evidente afronta ao princípio da legalidade (CF, art. 5º, XXXIX)66. Todavia, o Superior Tribunal de Justiça
firmou jurisprudência em sentido contrário, ou seja, no sentido de impossibilidade de aceitação de outra
suspensão condicional do processo no período de cinco anos, aplicando-se, por analogia, a regra proibitiva
do art. 76, §2º, II, da Lei 9099/95 prevista para a transação penal. Eis julgados das 2 Turmas Criminais
(Quinta e Sexta Turma) do STJ:
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma do col. Pretório
Excelso, firmou orientação no sentido de não admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao
recurso adequado, situação que implica o não-conhecimento da impetração, ressalvados casos excepcionais
em que, configurada flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja recomendável a
concessão da ordem de ofício.
II - O paciente foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 69-A, da Lei n. 9.605/98. No curso da
instrução, verificando a ocorrência de outro delito, o d. magistrado processante abriu vista para o
aditamento da denúncia, o que prontamente se fez, adequando o tipo penal da exordial para o art. 299,
caput, c.c art 71, ambos do Código Penal, sem, no entanto, o oferecimento da suspensão condicional do
processo, em razão da continuidade delitiva a qual, ao final, não foi reconhecida pela sentença condenatória.
III - Em casos que tais, nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte Superior de Justiça, é possível
a proposição da suspensão condicional do processo, como se evidencia do Enunciado n.
337, da Súmula do STJ, verbis: "É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e
na procedência parcial da pretensão punitiva".
IV - Entretanto, esta mesma Corte Superior de Justiça já decidiu que o prazo de 5 (cinco) anos para a
concessão de nova transação penal, previsto no art. 76, § 2º, inciso II, da Lei n. 9.099/95, aplica-se aos demais
institutos despenalizadores por analogia, estendendo-se, pois, à suspensão condicional do processo, o que
ocorreu no caso concreto. (Precedentes). Habeas corpus não conhecido. (HC 370.047/PR, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 17/11/2016, DJe 01/12/2016)
66
BRASILEIRO DE LIMA, Renato. Legislação Criminal Especial Comentada . Volume único. 6ª edição. Salvador: Editora
JusPodvm, 2018, p.455.
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2. O art. 76, § 2.°, II, da Lei 9.099/95 esclarece sobre a impossibilidade de nova transação penal, quando
houver ocorrido a concessão do benefício em momento anterior, sem que tenha transcorrido o período de
5 (cinco) anos. Em analogia à referida disposição, entende-se que o mesmo prazo deverá ser utilizado para
nova concessão de sursis processual. Cuida-se de extensão da disciplina afeta ao tratamento de medida mais
branda, transação, a medida destinada a fatos mais graves, suspensão condicional do processo.
3. Habeas corpus não conhecido. (HC 209.541/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe 30/04/2013)
A resposta é afirmativa. Em que pese a interpretação gramatical do art. 89, caput, da Lei, apontar
para outro sentido, é pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento do sursis processual nas ações
penais de iniciativa privada, devendo a proposta do benefício ser formulada pelo querelante. Essa é a posição
do STJ:
1. É de entendimento uníssono dos Tribunais Superiores que o Ministério Público pode impetrar o remédio
heroico (art. 654, caput, CPP), desde que seja para atender ao interesse do paciente.
2. Cabe a propositura da queixa-crime ao ofendido que optou em promover a ação penal privada, não se
podendo aceitar que o Ministério Público ingresse no pólo ativo da demanda, exceto no caso de
representação ou flagrante negligência do titular no seu curso. A referida orientação está cristalizada na
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edição da Súmula n.º 714/STF: "É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério
Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções."
3. O Superior Tribunal de Justiça, em remansosos julgados considera crível o sursis processual (art. 89 da Lei
nº 9.099/95) nas ações penais privadas, cabendo sua propositura ao titular da queixa-crime.
4. A legitimidade para eventual proposta de sursis processual é faculdade do querelante. Ele decidirá acerca
da aplicação do benefício da suspensão condicional do processo nas ações penais de iniciativa,
exclusivamente, privada.
5. Ordem denegada.
(HC 187.090/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ),
QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 21/03/2011)
A suspensão condicional do processo deve ser oferecida quando do ajuizamento da ação penal
(denúncia/queixa-crime), porquanto cuida-se de uma medida despenalizadora que visa justamente o
processo criminal.
A suspensão condicional do processo é um poder-dever conferido ao titular da ação penal, não sendo
uma obrigação legal imposta ao MP ou ao querelante. Em razão dessa característica, os Tribunais Superiores
entendem que não se cuida de um direito subjetivo do autor do fato, podendo o titular da ação penal deixar
de propor esse benefício se ausentes os requisitos legais para tanto. É o que diz a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça:
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Questão: Qual é o procedimento a ser adotado pelo magistrado se o Ministério Público se omite ou
se recusa a propor a suspensão condicional do processo?
Se o Juiz entender que é caso de ser oferecido o benefício da suspensão condicional do processo
deve, por analogia, invocar o art. 28 do Código de Processo Penal 67, com a consequente remessa dos autos
ao Procurador-Geral para resolver essa vexata quaestio. A propósito, vale destacar a súmula 696 do STF:
Reu idosà osà p essupostosà legaisà pe issivosà da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral,
aplicando-seàpo àa alogiaàoàa t.à àdoàCódigoàdeàP o essoàPe al. àà
OBS: Lembre-se que no âmbito da justiça federal, o magistrado, ao invés de encaminhar os autos
diretamente ao Procurador-Geral, enviará à Câmara de Coordenação e Revisão (art. 62, IV, da Lei
complementar nº 75/93).
De acordo com a súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça,à é cabível a suspensão condicional do
processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva. à
Inaplicabilidade em caso de violência doméstica e familiar contra a mulher. De acordo com o art.
41 da Lei 11340/06, aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher,
67
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do
Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Se a vítima, ou seu
representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a
sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) OBS: Na ADIs 6299, 6298, 6300 e 6305 o Min. Fux deferiu
medida cautelar para suspender a eficácia do art. 28, caput, do CPP, por entender que viola a autonomia do MP (art. 127 da CF) e a
prévia dotação orçamentária para a realização de despesas (art. 169 da CF).
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independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9099, de 26 de setembro de 1995. De tal sorte, é
forçoso concluir que não se admite suspensão condicional do processo na esfera da violência doméstica e
familiar contra a mulher. Aliás, há uma súmula do STJ sobre o tema:
Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: A suspensão condicional do processo e a transação penal
não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Primeiramente, é interessante destacar que a lei exigiu que a aceitação do sursis processual deve ser
feita tanto pelo autor do fato, bem como pelo seu defensor (público ou privado) – dupla aceitação. E se
existir divergência entre o autor do fato e o advogado? Nessa hipótese a doutrina aponta para a prevalência
da vontade do autor do fato, pois é a pessoa que sofrerá as consequências da aceitação, ou não, da
suspensão condicional do processo. OBS: O autor do fato pode recusar o sursis processual, porém em caso
de aceitação não há que se falar em reconhecimento de culpa.
Além das condições legais ou obrigatórias previstas no art. 89, §1º, da Lei nº 9099/95, o magistrado
pode fixar outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado (art. 89, §2º,
da Lei 9099/95.
São condições legais (ou obrigatórias) impostas durante o período de prova do sursis processual:
A) Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. É importante salientar, desde já, que a omissão
injustificada em reparar o dano é causa de revogação obrigatória da suspensão condicional do processo.
Tal reparação deve ocorrer imediatamente depois da homologação da proposta do sursis processual ou
em prazo previamente fixado pelo magistrado
B) Proibição de frequentar determinados lugares. O objetivo dessa condição é evitar locais que possam
favorecer a prática de infrações penais. O Juiz deve especificar os lugares que não deverão ser
frequentados pelo acusado, sendo vedado a menção de locais em termos genéricos, sem a sua devida
especificação.
C) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz. O acusado não está
proibido de ausentar-se da comarca ou de mudar de endereço. A condição apenas estabelece o dever
de o acusado comunicar previamente o juiz acerca de seu paradeiro.
D) Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades. A doutrina indica que a periodicidade mínima a ser exigida é a mensal, podendo tal lapso
temporal ser dilatado (bimestral, etc.), porém não reduzido (semanal, etc.)
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Apesar de não constar expressamente do rol do art. 89, §1º, da Lei 9099/95, é considerada como
condição legal implícita do sursis processual o fato de o acusado não ser processado por outra infração penal
(crime ou contravenção penal), porquanto tal situação autoriza a revogação da suspensão condicional do
processo por superveniência de referida circunstância (art. 89, §§ 3º e 4º, da Lei 9099/95).
Como já mencionado, além das circunstâncias obrigatórias do art. 89, §1º, da Lei 9099/95, o
magistrado pode impor condições facultativas, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do
acusado. Essas condições judiciais (impostas pelo magistrado) podem ser impostas de modo simultâneo às
condições legais (obrigatórias).
Questão: Podem ser impostas penas restritivas de direitos (prestação de serviços à comunidade ou
prestação pecuniária) como condições judiciais para a suspensão condicional do processo?
1. Nos termos do que dispõe o art. 89 da Lei n. 9.099/1995, é facultado ao magistrado estabelecer outras
condições para a suspensão condicional do processo, além das previstas nos incisos I a IV do § 1º do art. 89
da legislação de regência, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
2. Não há óbice legal, segundo o art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, a que o réu assuma obrigações
equivalentes, do ponto de vista prático, a penas restritivas de direitos (tais como a prestação de serviços
comunitários ou a prestação pecuniária), visto que tais condições são apenas alternativa colocada à sua
disposição para evitar sua sujeição a um processo penal e cuja aceitação depende de sua livre vontade.
3. Agravo regimental não provido.(AgRg no RHC 83.810/PR, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 17/08/2017, DJe 29/08/2017)
Causas de revogação obrigatória do sursis processual (art. 89, § 3º, da Lei 9099/95), ou seja, a
suspensão condicional do processo será revogada:
A) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado vier a ser processado por outro crime;
B) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado não efetuar, sem motivo justificado, a
reparação do dano;
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Causas de revogação facultativa do sursis processual (art. 89, § 3º, da Lei 9099/95), ou seja, a
suspensão condicional do processo poderá ser revogada:
A) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado vier a ser processado por contravenção penal;
B) Se, no curso do prazo do sursis processual, o acusado descumprir qualquer outra condição imposta.
Vale dizer, se o acusado não obedecer às condições judiciais (art. 89, §2º, da Lei 9099/95), ou seja,
aquelas impostas pelo magistrado, que deverão ser adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado.
A resposta é afirmativa, desde que o fato ensejador da revogação tiver ocorrido durante o período
de prova e ainda não tiver sido produzida a decisão de extinção da punibilidade (art. 89, §5º, da Lei
9099/9568), eis que, nessa última hipótese, existiria a formação da coisa julgada material, o que impede o
restabelecimento do processo, sob pena de malferir o art. 5, XXXVI, da Constituição Federal69. Exemplo:
Encerrado o período de prova, porém antes de o magistrado declarar extinta a punibilidade chega ao seu
conhecimento a existência de um processo criminal em desfavor do acusado instaurado durante o período
da suspensão. Essa posição também é a do Superior Tribunal de Justiça:
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus
substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da
impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
68
Art. 89, §5º, da Lei 9099/95: Expirando o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.
69
Art. 5º, XXXVI, da CF: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
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2. A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça está consolidada no sentido de que o benefício da
suspensão condicional do processo pode ser revogado após o período de prova, desde que o fato que a
ensejou tenha ocorrido antes do término de tal lapso temporal.
3. No caso, o paciente foi intimado a comprovar o cumprimento da condição imposta para a suspensão
condicional do processo, qual seja, a reparação do dano ambiental por ele causado, tendo permanecido
silente, o que justificou a revogação do benefício do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 e o prosseguimento da
persecução penal.
4. Writ não conhecido.(HC 350.480/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
27/02/2018, DJe 05/03/2018)
É crucial destacar ainda que o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no sentido
de que o beneficiário deve ser intimado previamente para justificar o motivo do descumprimento das
condições, antes da revogação do sursis processual. Vejamos.
I - A Terceira Seção desta Corte Superior, ao julgar o REsp 1498034/RS, sob a égide dos recursos repetitivos,
fixou a tese de que "Da exegese do § 4º do art. 89 da Lei n. 9.099/1995 ("a suspensão poderá ser revogada
se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra
condição imposta), constata-se ser viável a revogação da suspensão condicional do processo ante o
descumprimento, durante o período de prova, de condição imposta, mesmo após o fim do prazo legal." (REsp
1498034/RS, Terceira Seção, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 02/12/2015, grifei).
II - Em outra vertente, muito embora seja possível a revogação da suspensão condicional do processo após
o fim do período de prova, é necessário oportunizar à Defesa a manifestação acerca do pedido formulado
pelo Ministério Público. Precedentes.
III - In casu, não houve intimação prévia do recorrente a fim de justificar o descumprimento das condições,
antes da revogação do sursis processual, configurando o constrangimento ilegal apontado pela Defesa.
Recurso ordinário parcialmente provido para anular a decisão do Juízo de 1º grau que revogou a suspensão
condicional do processo, determinando-se a prévia intimação do recorrente e de sua Defesa para que
possam se manifestar acerca dos motivos que ensejaram o descumprimento das condições impostas.
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(RHC 84.930/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 03/04/2018, DJe 06/04/2018)
Com o objetivo de assegurar a reparação do dano ambiental, o art. 28 da Lei 9605/95 (Lei dos Crimes
Ambientais) preconiza que o sursis processual também tem aplicação aos crimes de médio potencial ofensivo
previsto na supracitada Lei, todavia com as seguintes modificações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o art. 89, § 5°, da Lei 9099/95, dependerá
de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada os casos de comprovada
impossibilidade;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo de 4 (quatro) anos, acrescido de mais um
ano, com suspensão do prazo da prescrição;
1) Comprovada a integral reparação do dano ambiental: o juiz declara extinta a punibilidade (art. 89,
§5º, da Lei 9099/95)
2) Restar incompleta a reparação do dano ambiental: a) Se o juiz entender que o beneficiário tomou
todas as providências ao seu alcance para a integral reparação do dano, o juiz declarará extinta a
punibilidade, ainda que não tenha ocorrido a restauração completa do dano ambiental; b) Se o juiz
entender que o beneficiário não envidou os esforços necessários para reparar integralmente o dano
ambiental, deve o magistrado revogar o sursis processual e seguir o curso normal do processo.
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punibilidade, nos exatos termos do art. 89, § 5º, da Lei 9099/95 70. Lembre-se que o sursis processual não
gera reconhecimento de culpa, tampouco configura maus antecedentes, enfim, não produz efeito na esfera
criminal.
Suspensão do prazo prescricional. Dispõe o art. 89, 6º, da Lei 9099/95 que não correrá a prescrição
durante o prazo de suspensão do processo. A suspensão do prazo prescricional tem início no dia da decisão
que suspende o processo e volta a correr da data da decisão que revoga o sursis processual. Estamos diante
de uma causa suspensiva do prazo prescricional não contemplada no art. 116 do Código Penal. OBS:
Suspender o prazo prescricional significa computar no prazo prescricional todo o tempo decorrido antes da
causa ensejadora da suspensão da prescrição.
Não aceitação do sursis processual. Se o acusado não aceitar a proposta da suspensão condicional do
processo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos (art. 89, §6º, da Lei 9099/95).
70
Art. 89, §5º, da Lei 9099/95: Expirando o prazo sem revogação, o juiz declarará extinta a punibilidade.
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Art. 90 da Lei 9099/95: As disposições desta Lei não se aplicam aos processos penais cuja instrução já
estiver iniciada.
Conforme estabelece o art. 2º do Código de Processo Penal, as normas processuais têm aplicação
imediata, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
O art. 90 da Lei 9099/95, por sua vez, determinou que a Lei do JECRIM não teria incidência nos
processos penais cuja instrução já havia sido iniciada.
Ocorre que a Lei 9099/95 é considerada uma norma processual mista ou híbrida, isto é, além de
conter regras de natureza genuinamente processual, também reúne dispositivos de cunho material
(exemplo: art. 88 da Lei nº 9099/95 que exige representação, condição específica da ação penal, para os
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas71. Nos casos em que a Lei 9099/95 exigiu representação
para a propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal seria intimado para oferecê-
la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência – art. 91 da Lei 9099/9572). Assim, por exemplo, as normas
que regulam o procedimento sumaríssimo do JECRIM têm incidência do comando do art. 2º do CPP, pois seu
conteúdo é essencialmente processual.
71
Art. 88 da Lei 9099/95: Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
OBS: Contravenção penal de vias de fato (art. 21 do Decreto-Lei 3688/41) não sofreu qualquer alteração com o advento da
Lei 9099/95. Vale dizer, tal contravenção penal permanece sendo pública incondicionada, por força do art. 17 da Decreto-lei
3688/41. Esse também é o entendimento do STJ (RHC 47253/MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
04/12/2014).
72
Na hipótese do art. 91 da Lei 9099/95 a representação funciona como condição de prosseguibilidade da ação penal, ou seja,
como requisito para o prosseguimento da ação penal. Não confunda com condição de procedibilidade da ação penal, isto é,
condição para deflagrar a ação penal.
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O Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que as normas de conteúdo material inseridas
na Lei 9099/95 têm efeito retroativo, por serem mais benéficas ao acusado, aplicando-se, no ponto, o
previsto no art. 5º, XL, da Constituição Federal73 (ADI 1719-9, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado
18/06/2007).
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
A alternativa correta é a letra B. Lembre-se que norma processual híbrida, por apresentar também
natureza de direito material, retroage para alcançar fatos praticados antes de sua vigência se for
para beneficiar o acusado, como ocorre no caso concreto. Cuida-se da adoção do princípio da
retroatividade da lei penal mais benéfica (art. 5º, XL, da CF).
73
Art. 5º, XL, da CF: a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
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Art. 92 da Lei 9099/95: Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de Processo
Penal, no que não forem compatíveis com essa Lei.
No silêncio da Lei especial (Lei 9099/95) sobre determinado assunto, aplica-se, de modo subsidiário,
o previsto no Código Penal e no Código de Processo Penal (regras gerais). É a adoção do princípio da
especialidade consagrado no art. 12 do Código Penal (As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso).
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14 – DISPOSIÇÕES FINAIS
Vamos comentar os principais dispositivos legais desse capítulo (Disposições Finais da Lei 9099/95),
a saber:
Art. 93 da Lei nº 9099/95: Lei estadual disporá sobre o sistema de Juizados Especiais Cíveis e Criminais,
sua organização, composição e competência.
Compete aos Estados-Membros editarem leis para cuidar da organização, composição e competência
do Juizado Especial Criminal, não podendo, em hipótese alguma, tais leis estaduais entrarem conflito com o
previsto na Lei 9099/95.
Art. 94 da Lei nº 9099/95: Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as audiências realizadas fora
da sede da Comarca, em bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando instalações de prédios públicos,
de acordo com audiências previamente anunciadas. Lei estadual disporá sobre o sistema de Juizados
Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composição e competência.
Art. 95 da Lei nº 9099/95: Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e instalarão os Juizados
Especiais no prazo de seis meses, a contar da vigência desta Lei.
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da publicação desta Lei, serão criados e instalados
os Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas
rurais ou nos locais de menor concentração populacional. (Acréscimo feito lei 12.726/12)
A lei prevê a criação de Juizados Especiais Criminais Itinerantes, com o escopo de levar o sistema de
justiça a todos os locais do território nacional. Nota-se ainda que o JECRIM itinerante não se limita às áreas
rurais ou locais de menor concentração populacional, devendo alcançar também lugares em que há carência
de distribuição de justiça.
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a) têm competência para crimes e contravenções penais cuja pena máxima não seja superior a um ano.
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pessoal, os autos serão redistribuídos para o juízo
comum.
c) têm competência para processar e julgar crime e contravenções penais que se iniciam por ação penal
pública, com exclusão das ações penais privadas.
e) não têm competência para processar e julgar delitos praticados com violência ou ameaça à pessoa.
A prática de conduta delituosa, com causa de aumento de pena, deve ser considerado o acréscimo, em
adição a pena em abstrato, para efeito da concessão da suspensão condicional do processo.
3. (CESPE/ Defensor Público do Acre/ 2017) De acordo com a Lei 9099/95 e com o entendimento
doutrinário e jurisprudencial dominantes, a proposta de transação penal:
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Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, ao autor do fato que, após a lavratura do termo,
for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
d) é cabível no crime continuado, ainda que a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto seja superior a um ano, conforme súmula do Supremo Tribunal Federal.
_______________________________________________________________________________________
7. (FGV -OAB 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95), assinale
a alternativa correta.
a) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a Infração penal
b) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou por edital.
c) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do Ministério Público.
d) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
proposta.
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8. (MPE/RS/ Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Petrônio, réu em processo por furto simples,
reúne todos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo. Ainda assim,
fundamentadamente, o Promotor de Justiça deixa de oferecer-lhe o benefício. Nesse caso, dissentindo do
membro do Ministério Público, deve o Juiz:
a) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo
Penal.
d) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça que designe outro membro do Ministério Público para reexaminar
os autos.
_______________________________________________________________________________________
A) A citação do acusado pode se dar por edital, não havendo deslocamento da competência para o juízo
criminal comum.
B) No caso de causa complexa, haverá o deslocamento da competência para o juízo criminal comum,
mantendo-se o procedimento sumaríssimo.
C) A medida processual cabível contra a decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa-crime será o recurso em
sentido estrito, que deverá ser interposto no prazo de dez dias.
D) De acordo com o STJ, no caso de ação penal privada, são aplicáveis os benefícios da transação penal e da
suspensão condicional do processo.
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A) O juiz fixará a suspensão condicional do processo pelo prazo de um a três anos, podendo revogá-la a
qualquer tempo, se o beneficiário do sursis vier a ser processado por outro crime.
B) O juiz não poderá revogar a suspensão condicional do processo se o beneficiário do sursis vier a ser
processado por contravenção penal.
C) Tratando-se de crimes de ação penal pública, somente o Ministério Público é legitimado a ofertar a
suspensão condicional do processo.
D) Como o sursis processual é ato discricionário, caso o promotor de justiça não proponha a suspensão
condicional do processo, restará ao juiz dar-lhe continuidade.
_______________________________________________________________________________________
No que concerne aos Juizados Especiais Criminais - Lei nº. 9.099/1995, é correto afirmar que impede
a transação penal:
_______________________________________________________________________________________
12. (CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em vigor da Lei 9099/95, que
dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, foi imposta como condição de procedibilidade a
representação do ofendido nos casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas ações em andamento à época,
as vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos feitos. Nesse caso, o
critério adotado no que se refere às leis processuais no tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
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d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
__________________________________________________________________________________
A) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
B) a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada a infração penal.
C) a apelação será interposta no prazo de cinco dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público,
pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
D) o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
aplicação de pena privativa de liberdade.
E) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo apenas e tão somente os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
____________________________________________________________________________________
A) inadmissível, em qualquer caso, se a lesão corporal for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
B) admissível nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a declaração de extinção da
punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, salvo impossibilidade de
fazê-lo, permitida a prorrogação do prazo, se incompleta a reparação, com suspensão da prescrição.
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15. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo) No tocante aos juizados especiais criminais, é correto afirmar
que
a) cabe recurso especial, mas não extraordinário, contra decisão proferida por turma recursal.
b) cabe revisão criminal de decisão do juizado especial e, por expressa disposição legal, compete à turma
recursal julgá-la.
c) compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal.
d) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
______________________________________________________________________________________
16. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo/2015) A sentença de transação penal, nos termos do artigo
76, parágrafo 5º, da Lei nº 9.099/95, tem as seguintes características:
_______________________________________________________________
17. (VUNESP/ Juiz de Direito de Mato Grosso do Sul/2015) No que se refere aos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da Lei n o 9.099/95, é correto afirmar que da decisão
A) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que poderá ser julgado por turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado e da
sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do
Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
B) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta
de três Desembargadores.
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C) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
na sede do Juizado.
D) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela
Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
E) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por Turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
_______________________________________________________________________________________
Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material de crimes, a soma das
penas máximas cominadas para cada crime não pode exceder a dois anos.
_______________________________________________________________________________________
19. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) A ausência de coisa julgada de transação penal
permite retornar-se à situação anterior, possibilitando ao Ministério Público o oferecimento de denúncia
ou requisição de inquérito policial, se forem descumpridas as cláusulas de acordo.
_______________________________________________________________________________________
20. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No que concerne à legislação que dispõe sobre os Juizados
Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9099/95), pode-se afirmar que:
a) A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença
irrecorrível, não pode ser executado no juízo cível competente.
c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, podendo-se
exigir fiança a critério da autoridade policial.
d) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 1(um) ano, cumulada ou não com multa.
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e) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.
_______________________________________________________________________________________
21. (PUC-PR/Juiz de Direito Substituto de Mato Grosso do Sul/2012) Em relação ao procedimento nos
Juizados Especiais Criminais, é correto afirmar:
a) Após aberta a audiência e ofertada a palavra ao advogado defensor para responder à acusação, o juiz,
caso venha a receber a denúncia ou queixa, designará imediatamente audiência, para a próxima data
disponível na pauta, para a qual todos serão intimados - o acusado e a vítima - imediatamente.
b) Torna-se imprescindível o inquérito policial prévio para oferecimento da denúncia quando esta for
embasada em registro de ocorrência policial.
c) O exame de corpo de delito é obrigatório, para qualquer crime que deixe vestígio como forma de provar
a materialidade delitiva.
d) É necessário mandado a ser cumprido por Oficial de Justiça para intimar testemunhas.
e) Na ação penal de iniciativa pública, quando inexistir aplicação de pena, pela ausência do noticiado ou pela
inocorrência de transação penal, o representante do Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia
oral ao juiz, caso sejam desnecessárias outras diligências.
_______________________________________________________________________________________
Segundo a Lei nº 9099/95, as suas disposições não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
_______________________________________________________________________________________
23. (VUNESP/ Juiz de Direito do Pará/2014) Acerca do rito sumaríssimo, são regras procedimentais
expressamente previstas na Lei nº 9099/95:
c) intimação das testemunhas por carta com aviso de recebimento pessoal; desnecessidade de intimação
das partes para o julgamento da apelação.
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A) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o autor da infração
condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos, por sentença definitiva.
B) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados preferencialmente entre bacharéis em Direito
(art. 73, parágrafo único, da Lei n. 9099/95).
C) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95) oferecida pelo Ministério
Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de apelação.
D) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso de apelação.
E) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de revogação da suspensão condicional
do processo.
_______________________________________________________________________________________
25. (CESPE- Juiz de Direito Substituto- MA/2013) De acordo com as normas que regem os juizados
especiais, assinale a opção correta.
a) A competência do juizado especial criminal é determinada pelo lugar em que tenha sido praticada a
infração penal, ou pelo lugar em que se tenha produzido seu resultado.
b) Sempre que possível, a citação do autor do fato deverá ser feita pessoalmente no próprio juizado, ou por
mandado, e, não sendo ele encontrado para ser citado, o juiz deverá encaminhar as peças existentes ao juízo
criminal comum.
c) Os atos processuais praticados nos juizados especiais criminais devem ser públicos, podendo realizar-se
em horário noturno, em qualquer dia da semana, ressalvados domingos e feriados.
d) O instituto da transação penal não se aplica no âmbito da justiça militar, salvo nos crimes militares
próprios.
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26. (MPF/Procurador da República/2013) Em relação aos juizados especiais criminais assinale a alternativa
correta:
a) infrações penais de menor potencial ofensivo admitem suspensão condicional do processo, mas não
transação penal;
c) Compete ao Tribunal Regional Federal julgamento de habeas corpus impetrado contra decisão singular do
juiz do juizado especial criminal;
_______________________________________________________________________________________
27. (FCC - Promotor de Justiça - PE/2014) No que toca à composição dos danos civis nos juizados especiais
criminais, possível assegurar que
a) não implica decadência o não oferecimento da representação na audiência preliminar, se não obtido o
acordo.
d) é cabível apenas na ação penal pública condicionada e, se operada, conduz à extinção da punibilidade pela
renúncia ao direito de representação.
e) conduz à extinção da punibilidade pelo perdão aceito nos crimes de ação privada.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
29. (FCC - Defensor Público do Paraná/2012) Marcelino, primário e de bons antecedentes, é denunciado
pelo crime de furto simples, oportunidade em que é citado para responder aos termos da acusação. Neste
caso, de acordo com o entendimento jurisprudencial dominante no Supremo Tribunal Federal e com base
na Lei nº 9.099/95,
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a) na ausência de proposta de suspensão condicional do processo, deve o juiz aplicar analogicamente o art.
28 do CPP.
b) a proposta de suspensão condicional do processo é ato privativo do Ministério Público e o crime de furto,
por não ser da competência do Juizado Especial Criminal, não comporta o oferecimento do sursis processual.
c) caso seja oferecida a proposta de sursis processual, o processo ficará suspenso pelo período de 1 (um)
ano, devendo o acusado, durante o período de prova, observar as condições estabelecidas na proposta.
d) a suspensão será revogada se, no curso do processo, o beneficiário vier a ser processado por contravenção.
_______________________________________________________________________________________
30. (FCC/Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul/ 2016) À luz da Lei n°
9.099/95, presentes os demais requisitos legais necessários, poderá ser beneficiado com a transação
penal
A) Ricardo, que cometeu crime de sequestro e cárcere privado, com pena prevista de 1 a 3 anos de reclusão.
B) Moisés, que cometeu crime de contrabando, com pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão.
C) Talita, que cometeu crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão.
D) Manoel, que cometeu crime de resistência, com pena prevista de 6 meses a 2 anos de detenção.
E) Paulo, que cometeu crime de ordenação de despesa não autorizada, com pena prevista de 1 a 4 anos de
reclusão.
_______________________________________________________________________________________
a) a competência será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal ou pelo domicílio da vítima,
a critério desta.
b) cabível a interposição de recurso em sentido estrito, no prazo de 05 (cinco) dias, contra a decisão de rejeição
da denúncia ou queixa, com abertura de vista para apresentação das razões em 08 (oito) dias.
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c) não cabe recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém, processar
e julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial.
d) cabem embargos de declaração, no prazo de 05 (cinco) dias, quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão, sem interrupção, contudo, do prazo para a interposição de recurso.
e) os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana,
incabível, porém, a prática em outras comarcas.
_______________________________________________________________________________________
a) não é cabível, assim como a transação penal, porque tanto esse pedido quanto a transação penal são
exclusivos de ações penais públicas.
b) é cabível, desde que oferecido pelo Ministério Público, por ser um direito público subjetivo do acusado.
c) não é cabível, diferentemente da transação penal, haja vista expressa disposição legal.
e) é cabível somente em favor do réu, haja vista a possibilidade de ofensa ao princípio da indivisibilidade da
ação penal privada.
_______________________________________________________________________________________
A aplicação imediata da pena restritiva de direitos ou multa, conhecida como “transação penal”, tal qual
prevista no art. 76, parágrafo 2° da Lei n° 9.099/95, não será admitida se ficar comprovado
b) ter sido o agente beneficiado anteriormente pela aplicação de pena restritiva ou multa na mesma modalidade
de “transação penal”.
c) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, à pena privativa de liberdade
transitada em julgado.
d) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, a pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva.
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e) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
_______________________________________________________________________________________
a) Não cumprido o acordo homologado, que faz coisa julgada material, deverá o Ministério Público executá-
lo no juízo de execução.
b) Na ausência de proposta do Ministério Público, poderá o juiz criminal fazê-lo, pois se trata de direito público
subjetivo do autor do fato.
c) No crime de porte de entorpecente para consumo pessoal, é vedado ao Ministério Público propor a aplicação
imediata de sanção prevista no art. 28 da Lei n° 11.343/06.
d) No crime de lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP), a homologação do acordo de transação civil não
impede a posterior proposta de transação penal.
e) No crime de lesão corporal leve decorrente de violência doméstica contra a mulher, não poderá o Ministério
Público oferecer a proposta.
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a) têm competência para crimes e contravenções penais cuja pena máxima não seja superior a um ano.
b) se o autor do fato não for localizado para sua citação pessoal, os autos serão redistribuídos para o juízo
comum.
c) têm competência para processar e julgar crime e contravenções penais que se iniciam por ação penal
pública, com exclusão das ações penais privadas.
e) não têm competência para processar e julgar delitos praticados com violência ou ameaça à pessoa.
Alternativa A está errada: De acordo com o art. 61 da Lei 9099/95, é de competência do JECRIM as infrações
penais de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima não seja superior a 2 anos.
Alternativa C está errada: Os crimes de ação penal de iniciativa privada não estão excluídos da competência
do JECRIM. A competência do Juizado não é determinada pela competência pela natureza da ação penal,
mas sim pelo máximo da pena cominada ao delito (2 anos).
Alternativa D está errada: Não há qualquer relação entre reincidentes e a competência do JECRIM.
Alternativa E está errada: Salvo os crimes cometidos no âmbito da violência doméstica e familiar contra a
mulher (art. 41 da Lei 9099/95), não há qualquer óbice para o JECRIM julgar delito cometido com violência
ou grave ameaça, cuja pena máxima não seja superior a 2 anos. Exemplo: Delito de ameaça (art. 147 do CP).
A prática de conduta delituosa, com causa de aumento de pena, deve ser considerado o acréscimo, em
adição a pena em abstrato, para efeito da concessão da suspensão condicional do processo.
Comentário: O item está correto. Motivo: O acréscimo advindo da causa de aumento deve ser levado
em conta para a análise da suspensão condicional do processo. Essa conclusão deriva de 2 súmulas.
Súmula 243 do STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais
cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima
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cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da
pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.
3. (CESPE/ Defensor Público do Acre/2017) De acordo com a Lei 9099/95 e com o entendimento doutrinário
e jurisprudencial dominantes, a proposta de transação penal:
b) é cabível nos crimes de ação penal privada, caso não haja prévia composição dos danos cíveis.
c) deve ser ofertada, de ofício, pelo juiz ao autor do crime quando não tiver sido apresentada pelo MP.
Comentário: A alternativa correra é a letra B. Motivo: É perfeitamente possível a transação penal nos
crimes de ação penal de iniciativa privada, sendo incumbência do querelante apresentar a proposta.
Para que exista a transação é necessário não ter ocorrido a prévia composição dos danos civis, situação
essa que se presente acarretaria à renúncia ao direito de queixa-crime.
Alternativa A está errada: A transação, que é um acordo firmado entre o titular da ação penal e o autor dos
fatos com o escopo de evitar a instauração do processo criminal, não é hipótese de retratação de ação penal
já oferecida.
Alternativa C está errada: O magistrado não pode de ofício apresentar proposta de transação penal. Caso
haja recusa do MP em apresentá-la deve o magistrado encaminhar os autos ao Procurador-Geral, com
invocação do artigo 28 do CPP por analogia.
Alternativa D está errada: O ofendido não tem qualquer ingerência para a efetivação da proposta de
transação penal em crime de ação penal pública.
Alternativa E está errada: O art. 76, §3º, da Lei 9099/95 exige a presença de defensor (público ou privado).
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, ao autor do fato que, após a lavratura do termo,
for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se
imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
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Comentário: O item está correto, porquanto em perfeita sintonia com o previsto no art. 69, parágrafo
único, da Lei 9099/95.
d) é cabível no crime continuado, ainda que a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto seja superior a um ano, conforme súmula do Supremo Tribunal Federal.
Comentários: A alternativa correta é a letra B. Aliás, é a redação da Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão
condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.
Alternativa A está errada: O instituto despenalizador aplica-se não só aos crimes de menor potencial
ofensivo, mas também aos delitos de médio potencial ofensivo, conforme conclusão decorrente do art. 89,
caput, da Lei 9099 (nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas
ou não por esta Lei)
Alternativa C está errada: É condição obrigatória (legal) para a concessão do sursis processual a reparação
do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo (art. 89, §1º, I, da Lei 9099/95)
Alternativa D está errada: A súmula 723 do STF preconiza que não se admite a suspensão condicional do
processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de 1/6 (um sexto) for superior a 1 (um) ano.
Alternativa E está errada: Expirando o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade e não
confeccionará uma sentença absolutória (art. 89, § 5º, da Lei 9099/95).
Comentário: O item está errado. Se o somatório das penas máximas em abstrato dos crimes em
concurso ultrapassarem o limite legal de 2 anos, exsurgirá a competência do Juízo comum para o
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processamento e julgamento da ação penal. Em outras palavras, o JECRIM não terá competência para
tanto.
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7. (FGV -OAB 2011.1) À luz da lei que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais (Lei 9.099/95), assinale
a alternativa correta.
a) A competência do juizado será determinada pelo lugar em que se consumar a Infração penal
b) A citação será pessoal e se fará no próprio juizado, sempre que possível, ou por edital.
c) O instituto da transação penal pode ser concedido pelo juiz sem a anuência do Ministério Público.
d) Tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na
proposta.
Comentário: A alternativa correta é a letra D, segundo determina o art. 76, caput, da Lei 9099/95:
Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de
direitos, a ser especificada na proposta.
A alternativa A está errada. O art. 63 da Lei 9099/95 determina que a competência do juizado será
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. Repare que a Lei do JECRIM não adotou
o mesmo critério previsto no art. 70, caput, do CPP (local onde o delito se consumou).
A alternativa B está errada. Não há que se falar em citação por edital no JECRIM. Em caso de
impossibilidade de citação pessoal, os autos serão encaminhados ao Juízo comum, que adotará o rito
sumário (art. 538 do CPP)
A alternativa C está errada. Segundo determina o art. 76 da Lei 9099/95, a proposta de transação penal
é formulada pelo Ministério Público nos casos de crimes de ação penal pública. O juiz não pode
conceder de ofício a proposta de transação penal. Assim, em caso de recusa do membro do MP, o
magistrado deve, por analogia, aplicar o princípio da devolução consagrado no art. 28 do CPP.
_______________________________________________________________________________________
8. (MPE/RS/ Promotor de Justiça do Rio Grande do Sul/2017) Petrônio, réu em processo por furto simples,
reúne todos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo. Ainda assim,
fundamentadamente, o Promotor de Justiça deixa de oferecer-lhe o benefício. Nesse caso, dissentindo do
membro do Ministério Público, deve o Juiz:
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a) remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo
Penal.
d) solicitar ao Procurador-Geral de Justiça que designe outro membro do Ministério Público para reexaminar
os autos.
A alternativa B está errada. Motivo: O magistrado não pode conceder de ofício o sursis processual.
A alternativa C está errada. Motivo: Os autos não devem ser encaminhados à Corregedoria-Geral do MP,
pois não houve falta funcional do integrante do Parquet.
A alternativa D está errada. Motivo: A deliberação acerca da formulação, ou não, da suspensão condicional
do processo é do chefe da Instituição (Procurador-Geral), segundo aplicação analógica do art. 28 do CPP.
A alternativa E está errada. Motivo: Os autos não devem ser encaminhados pelo magistrado às Turmas
Recursais, mas sim ao Procurador-Geral.
_______________________________________________________________________________________
A) A citação do acusado pode se dar por edital, não havendo deslocamento da competência para o juízo
criminal comum.
B) No caso de causa complexa, haverá o deslocamento da competência para o juízo criminal comum,
mantendo-se o procedimento sumaríssimo.
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C) A medida processual cabível contra a decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa-crime será o recurso em
sentido estrito, que deverá ser interposto no prazo de dez dias.
D) De acordo com o STJ, no caso de ação penal privada, são aplicáveis os benefícios da transação penal e da
suspensão condicional do processo.
A alternativa A está errada. Não existe citação por edital no JECRIM. Em caso de impossibilidade de citação
pessoal, os autos são encaminhados ao Juízo comum, com adoção do rito sumário (art. 538 do CPP).
A alternativa B está errada. Em razão da complexidade da causa, os autos serão encaminhados ao Juízo
comum (art. 77, §2º, da Lei 9099/95), que adotará o rito sumário (art. 538 do CPP).
A alternativa C está errada. No JECRIM é cabível o recurso de apelação da decisão que rejeita a denúncia ou
a queixa-crime (art. 82 da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________________________________
A) O juiz fixará a suspensão condicional do processo pelo prazo de um a três anos, podendo revogá-la a
qualquer tempo, se o beneficiário do sursis vier a ser processado por outro crime.
B) O juiz não poderá revogar a suspensão condicional do processo se o beneficiário do sursis vier a ser
processado por contravenção penal.
C)Tratando-se de crimes de ação penal pública, somente o Ministério Público é legitimado a ofertar a
suspensão condicional do processo.
D) Como o sursis processual é ato discricionário, caso o promotor de justiça não proponha a suspensão
condicional do processo, restará ao juiz dar-lhe continuidade.
Comentário: A alternativa correta é a letra C. Nos crimes de ação penal pública é o Ministério Público o
órgão legitimado para propor o sursis processual (art. 89, caput, da Lei 9099/95).
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A alternativa A está errada, pois o período de prova no sursis processual varia de 2 a 4 anos. Além do mais,
é causa de revogação obrigatória do referido instituto despenalizador se o acusado vier a ser processado por
outro delito (art. 89, §3º, da Lei 9099/95).
A alternativa B está errada, é motivo de revogação facultativa o fato de o acusado vier a ser processado por
contravenção penal (art. 89, §4º, da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada, pois o magistrado não pode conceder o sursis processual de ofício. Assim, em
caso de recusa do membro do MP, o juiz deve encaminhar os autos ao Procurador-Geral, com adoção
analógica do art. 28 do CP.
A alternativa E está errada, haja vista que o sursis processual não se restringe aos crimes de menor potencial
ofensivo, mais sim aos delitos com pena mínima igual ou inferior a 1 ano, abrangidas ou não pela Lei 9099/95.
_______________________________________________________________________________________
No que concerne aos Juizados Especiais Criminais - Lei nº. 9.099/1995, é correto afirmar que impede
a transação penal:
Comentário: A alternativa correta é a letra D. De acordo com o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95, não se admitirá
a proposta de transação penal se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela prática de
crime, à pena privativa de liberdade (reclusão/detenção), por sentença definitiva.
A alternativa A está errada, pois a apenas a pena privativa de liberdade impede a transação penal. Vale dizer,
se o agente tiver sido condenado anteriormente à pena de multa, tal situação não será óbice para a transação
penal.
A alternativa B está errada. Se o agente tiver sido condenado anteriormente à pena de multa, tal situação
não será óbice para a transação penal.
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A alternativa C está errada, pois o art. 76, §2º, I, da Lei 9099/95 estabelece como obstáculo apenas a
condenação definitiva à pena de reclusão para não ser oferecida a transação penal.
_______________________________________________________________________________________
12. (CESPE/Delegado de Polícia de Mato Grosso/2017) Quando da entrada em vigor da Lei 9099/95, que
dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, foi imposta como condição de procedibilidade a
representação do ofendido nos casos de lesão corporal leve ou culposa. Nas ações em andamento à época,
as vítimas foram notificadas a se manifestar quanto ao prosseguimento ou não dos feitos. Nesse caso, o
critério adotado no que se refere às leis processuais no tempo foi o da:
a) interpretação extensiva;
b) retroatividade;
c) territorialidade;
d) extraterritorialidade;
e) irretroatividade.
Comentários: A alternativa correta é a letra B. Lembre-se que norma processual híbrida, por apresentar
também natureza de direito material, retroage para alcançar fatos praticados antes de sua vigência se for
para beneficiar o acusado, como ocorre no caso concreto. Cuida-se da adoção do princípio da retroatividade
da lei penal mais benéfica (art. 5º, XL, da CF).
As alternativas A, C, D e E estão erradas, eis que destoam do princípio da retroatividade da lei penal
mais benéfica (art. 5º, XL, da Constituição Federal), aplicável às normas processuais híbridas.
__________________________________________________________________________________
A) da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
B) a competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi consumada a infração penal.
C) a apelação será interposta no prazo de cinco dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público,
pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
D) o processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a
aplicação de pena privativa de liberdade.
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E) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo apenas e tão somente os crimes a que a lei
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Comentário: A alternativa correta é a letra A. De modo diverso do CPP, a Lei 9099/95 estabelece o recurso
de apelação da decisão que rejeita a peça acusatória no JECRIM, sendo a Turma Recursal o órgão jurisdicional
competente para apreciar esse inconformismo. De acordo com o art. 98, I, da CF, a Turma Recursal é
constituída por juízes de primeiro grau de jurisdição.
A alternativa B está errada, a competência no JECRIM será determinada pelo lugar em que for praticada a
infração penal (art. 63 da Lei 9099/95).
A alternativa C está errada, porquanto a apelação será interposta no prazo de 10 dias, contados da ciência
da sentença pelo MP, réu e seu defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente (art. 82, §1º, da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada, porquanto o JECRIM visa a aplicação de pena não privativa de liberdade (art. 62
da Lei 9099/95)
A alternativa E está errada. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos,
cumulada ou não com multa (art. 61 da Lei 9099/95).
____________________________________________________________________________________
A) inadmissível, em qualquer caso, se a lesão corporal for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
B) admissível nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, mas a declaração de extinção da
punibilidade dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, salvo impossibilidade de
fazê-lo, permitida a prorrogação do prazo, se incompleta a reparação, com suspensão da prescrição.
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Comentários: A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia com o estipulado pelo art. 28 da
Lei 9605/98, ou seja, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade de fazê-lo. Além do mais, é permitida
prorrogação pelo prazo máximo de 10 anos, não correndo a prescrição durante o período de prova.
A alternativa A está errada, a suspensão condicional do processo somente não é cabível quando estivermos
diante de uma hipótese de lesão corporal, ainda que leve, praticada no âmbito da violência doméstica e
familiar contra a mulher (art. 41 da Lei 11340/06).
A alternativa C está errada, pois a suspensão condicional do processo pode ser aplicada aos casos de
concurso material de infrações penais quando as penas mínimas somada não ultrapassar a 1 ano.
A alternativa D está errada, pois o magistrado somente encaminhará os autos ao Procurador-Geral, com
==0==
_______________________________________________________________________________________
15. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo) No tocante aos juizados especiais criminais, é correto afirmar
que
a) cabe recurso especial, mas não extraordinário, contra decisão proferida por turma recursal.
b)cabe revisão criminal de decisão do juizado especial e, por expressa disposição legal, compete à turma
recursal julgá-la.
c) compete ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal.
d) compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.
Comentários: A alternativa correta é a letra D. Compete à Turma Recursal julgar mandado de segurança
contra ato praticado por magistrado do JECRIM. Aliás, se o ato impugnado for da Turma Recursal, a
competência para julgar o mandado de segurança também recai sobre a Turma Recursal, aplicando-se, por
analogia, o previsto no art. 21, VI, da Lei Complementar nº 35/79.
A alternativa A está errada, pois não é cabível recurso especial de decisões proferidas em sede de JECRIM,
pois o art. 105, III, da CF estabelece como pressuposto recursal de que a decisão seja proferida por TRFs ou
por Tribunal de Justiça. De outro giro, é cabível recurso extraordinário de decisões advindas da Turma
Recursal (súmula 640 do STF).
A alternativa B está errada, pois não há expressa previsão legal acerca do cabimento da revisão criminal.
Todavia, a doutrina e jurisprudência têm aceitado tal ação impugnativa contra atos praticados por juiz ou
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pela Turma Recursal, em homenagem ao princípio do favor rei. A competência será da própria Turma
Recursal.
A alternativa C está errada, pois as ordens de habeas corpus impetrados contra ato do juiz do JECRIM deve
ser julgado pela Turma Recursal. Já o ato da Turma Recursal pode ser impugnado por habeas corpus que será
apreciado pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal, em que os integrantes das Turmas Recursais
estiverem subordinados.
_______________________________________________________________________________________
16. (VUNESP/ Juiz de Direito de São Paulo/2015) A sentença de transação penal, nos termos do artigo
76, parágrafo 5º , da Lei nº 9.099/95, tem as seguintes características:
_______________________________________________________________________________________
17. (VUNESP/ Juiz de Direito de Mato Grosso do Sul/2015) No que se refere aos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da Lei n o 9.099/95, é correto afirmar que da decisão
A) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito, que poderá ser julgado por turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado e da
sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do
Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
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B) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
será julgada necessariamente pela Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta
de três Desembargadores.
C) de rejeição da denúncia ou queixa caberá recurso em sentido estrito e da sentença caberá apelação, que
poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos
na sede do Juizado.
D) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que será julgada necessariamente pela
Câmara Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul, composta de três Desembargadores.
E) de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por Turma
composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
Comentários: A alternativa correta é a letra E. De acordo com o art. 82, caput, da Lei 9099/95, de rejeição
da denúncia ou queixa-crime é cabível o recurso de apelação, que será julgada pela Turma Recursal, que é
um colegiado composto de magistrados de primeiro grau de jurisdição (art. 98, I, da CF).
As alternativas A e B estão erradas, pois destoam do previsto no art. 82, caput, da Lei 9099/95 e art. 98, I, da
CF.
A alternativa C está errada, porquanto contraria o disposto no art. 82, caput, da Lei 9099/95.
A alternativa D está errada, haja vista ser contrária ao previsto no art. 98, I, da CF.
_______________________________________________________________________________________
Para a definição da competência do juizado especial criminal no concurso material de crimes, a soma das
penas máximas cominadas para cada crime não pode exceder a dois anos.
Comentário: O item está correto. Como vimos, para analisar a competência do JECRIM e a análise da
transação penal leva-se em consideração o resultado do concurso de crimes.
_______________________________________________________________________________________
19. (FUNDEP/Promotor de Justiça de Minas Gerais/2017) A ausência de coisa julgada de transação penal
permite retornar-se à situação anterior, possibilitando ao Ministério Público o oferecimento de denúncia
ou requisição de inquérito policial, se forem descumpridas as cláusulas de acordo.
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Comentário: O item está correto, eis que a assertiva está em sintonia com a súmula vinculante 35: A
homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
_______________________________________________________________________________________
20. (IBADE/Delegado de Polícia do Acre/2017) No que concerne à legislação que dispõe sobre os Juizados
Especiais Cíveis e Criminais (Lei 9099/95), pode-se afirmar que:
a) A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante sentença
irrecorrível, não pode ser executado no juízo cível competente.
c) ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao
juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, podendo-se
exigir fiança a critério da autoridade policial.
d) consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 1(um) ano, cumulada ou não com multa.
e) havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou
multas, a ser especificada na proposta.
Comentários: A alternativa correta é a letra E, sendo mera reprodução do art. 76, caput, da Lei 9099/95.
A alternativa A está errada, a composição civil dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo
Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo cível competente (art. 74,
caput, da Lei 9099/95).
A alternativa B está errada, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-
se as requisições dos exames periciais necessários (art. 69, caput, da Lei 9099/95).
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A alternativa C está errada, pois ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança (art. 69, parágrafo único, da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada, vez que consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comina pena máxima não superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa (art. 61 da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________________________________
21. (PUC-PR/Juiz de Direito Substituto de Mato Grosso do Sul/2012) Em relação ao procedimento nos
Juizados Especiais Criminais, é correto afirmar:
a) Após aberta a audiência e ofertada a palavra ao advogado defensor para responder à acusação, o juiz,
caso venha a receber a denúncia ou queixa, designará imediatamente audiência, para a próxima data
disponível na pauta, para a qual todos serão intimados - o acusado e a vítima - imediatamente.
b) Torna-se imprescindível o inquérito policial prévio para oferecimento da denúncia quando esta for
embasada em registro de ocorrência policial.
c) O exame de corpo de delito é obrigatório, para qualquer crime que deixe vestígio como forma de provar
a materialidade delitiva.
d) É necessário mandado a ser cumprido por Oficial de Justiça para intimar testemunhas.
e) Na ação penal de iniciativa pública, quando inexistir aplicação de pena, pela ausência do noticiado ou pela
inocorrência de transação penal, o representante do Ministério Público oferecerá, de imediato, denúncia
oral ao juiz, caso sejam desnecessárias outras diligências.
Comentários: A alternativa correta é a letra E, sendo mera reprodução do art. 77, caput, da Lei 9099/95.
A alternativa A está errada, pois aberta a audiência, será dada palavra ao defensor para responder à
acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a
vítima e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-
se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença (art. 81, caput, da Lei 9099/95).
A alternativa C está errada, pois, de acordo com o art. 77, §1º, da Lei 9099/95, o oferecimento da denúncia,
que será elaborada com base no termo circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito policial,
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prescindirá do exame de corpo de delito quando a prova da materialidade delitiva estiver demonstrada por
boletim médico ou prova equivalente.
A alternativa D está errada, vez que o art. 67 da Lei 9099/95 permite várias formas informais de intimação
da testemunha. Além do mais, quando a intimação é realizada por oficial de justiça não é necessária a
intimação por mandado.
_______________________________________________________________________________________
Segundo a Lei nº 9099/95, as suas disposições não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.
Comentário: O item está correto, eis que o art. 90-A da Lei 9099/95 deixou expresso a inaplicabilidade da
Lei 9099/95 aos delitos militares. Tal dispositivo legal foi acrescentado na Lei do JECRIM pela lei 9839/99.
_______________________________________________________________
23. (VUNESP/ Juiz de Direito do Pará/2014) Acerca do rito sumaríssimo, são regras procedimentais
expressamente previstas na Lei nº 9099/95:
c) intimação das testemunhas por carta com aviso de recebimento pessoal; desnecessidade de intimação
das partes para o julgamento da apelação.
A alternativa A está errada. De fato, o relatório é dispensável no JECRIM (art. 81, §3º, da Lei 9099/95).
Todavia, não há qualquer óbice legal para a expedição de precatória e de rogatória no JECRIM.
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A alternativa C está errada. De fato, é possível a intimação de testemunha por carta com aviso de
recebimento (art. 67, caput, da Lei 9099/95). Já as partes deverão ser intimadas da sessão de julgamento
pela imprensa (art. 82, §4º, da Lei 9099/95).
A alternativa D está errada. É possível o oferecimento oral da denúncia e da queixa-crime de modo oral (art.
77 da Lei 9099/95). A lei 9099/95 não proíbe a nomeação de assistente técnico.
A alternativa E está errada. De fato, o art. 80 da Lei 9099/95 preconiza que nenhum ato será adiado,
determinando o juiz, quando imprescindível, a conduta coercitiva de quem deva comparecer. Todavia, é
possível a oposição de embargos de declaração no JECRIM (art. 83 da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________________________________
A) Não se admite oferta de proposta de transação se ficar comprovado ter sido o autor da infração
condenado, pela prática de crime, à pena restritiva de direitos, por sentença definitiva.
B) Os conciliadores no Juizado Especial Criminal são recrutados preferencialmente entre bacharéis em Direito
(art. 73, parágrafo único, da Lei n. 9099/95).
C) Da decisão que homologa proposta de transação (art. 76 da Lei n. 9099/95) oferecida pelo Ministério
Público e aceita pelo autor do fato, cabe recurso de apelação.
D) Da decisão que rejeita a denúncia no Juizado Especial Criminal, cabe recurso de apelação.
E) A não reparação do dano causado pelo crime, injustificada, é causa de revogação da suspensão condicional
do processo.
Comentários: A alternativa incorreta é a letra A. O art. 76, §2, I, da Lei 9099/95 veda a transação penal se o
autor da infração for condenado pela prática de crime à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva.
As alternativa B, C, D e E estão corretas (arts. 73, § único, 76, 82 e 89, §3º, todos da Lei 9099/95).
_______________________________________________________________________________________
25. (CESPE- Juiz de Direito Substituto- MA/2013) De acordo com as normas que regem os juizados
especiais, assinale a opção correta.
a) A competência do juizado especial criminal é determinada pelo lugar em que tenha sido praticada a
infração penal, ou pelo lugar em que se tenha produzido seu resultado.
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b) Sempre que possível, a citação do autor do fato deverá ser feita pessoalmente no próprio juizado, ou por
mandado, e, não sendo ele encontrado para ser citado, o juiz deverá encaminhar as peças existentes ao juízo
criminal comum.
c) Os atos processuais praticados nos juizados especiais criminais devem ser públicos, podendo realizar-se
em horário noturno, em qualquer dia da semana, ressalvados domingos e feriados.
d) O instituto da transação penal não se aplica no âmbito da justiça militar, salvo nos crimes militares
próprios.
Comentários: A alternativa correta é a letra B, eis que em perfeita sintonia com o previsto no art. 66 da Lei
9099/95. Vale dizer, em caso de impossibilidade de citação pessoal, os autos serão encaminhados para o
Juízo comum (rito sumário – art. 538 do CPP), ante a inexistência de citação por edital no JECRIM.
A alternativa A está errada. A competência do JECRIM será determinada pelo lugar em que foi praticada a
infração penal (art. 63 da Lei 9099/95).
A alternativa C está errada. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e
em qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciárias. Vale dizer, não há
impedimento legal para tais atos não serem realizados em domingos e feriados.
A alternativa D está errada. O instituto da transação penal não é cabível nos crimes militares, quer próprios
(previstos apenas no CPM), quer impróprios (previstos no CPM e no CP comum), segundo determina o art.
90-A da Lei 9099/95.
_______________________________________________________________________________________
26. (MPF/Procurador da República/2013) Em relação aos juizados especiais criminais assinale a alternativa
correta:
a) infrações penais de menor potencial ofensivo admitem suspensão condicional do processo, mas não
transação penal;
c) Compete ao Tribunal Regional Federal julgamento de habeas corpus impetrado contra decisão singular do
juiz do juizado especial criminal;
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Comentários: A alternativa correta é a letra D. Enquanto no CPP o recurso cabível de decisão que rejeita a
peça acusatória é o recurso em sentido estrito, na Lei 9099/95 a sistemática é diversa, porquanto da referida
situação é cabível o recurso de apelação (art. 82, caput, da Lei 9099/95).
A alternativa A está errada. Infrações de menor potencial ofensivo abrange as contravenções penais e os
crimes cuja pena máxima não seja superior a 2 anos. Assim, tais infrações penais admitem tanto a transação
penal como a suspensão condicional do processo. Lembre-se ainda que haverá crimes em que não será
possível a formulação de proposta de transação penal em virtude da pena máxima extrapolar 2 anos, porém
admitirá o beneplácito do sursis processual (pena mínima de 1 ano). Exemplo: furto (art. 155 do CP). É
denominado delito de médio potencial ofensivo aqueles que podem ser agraciados com a suspensão
condicional do processo.
A alternativa B está errada. Se o MP não tiver informações necessárias para ajuizar a ação penal, a transação
penal não deve por ele proposta. Afinal de contas, após reunir tais informes, o MP pode concluir que é caso
de arquivamento. Logo, não faz sentido propor esse acordo penal se o MP tiver convencido que sequer era
caso de propor a ação penal.
A alternativa C está errada. O habeas corpus contra ato de juiz do JECRIM deve ser julgado pela Turma
Recursal e não pelo Tribunal Regional Federal.
_______________________________________________________________________________________
27. (FCC/Promotor de Justiça de Pernambuco/2014) No que toca à composição dos danos civis nos juizados
especiais criminais, possível assegurar que
a) não implica decadência o não oferecimento da representação na audiência preliminar, se não obtido o
acordo.
d) é cabível apenas na ação penal pública condicionada e, se operada, conduz à extinção da punibilidade pela
renúncia ao direito de representação.
e) conduz à extinção da punibilidade pelo perdão aceito nos crimes de ação privada.
Comentários: A alternativa correta é a letra A. Não obtida a composição dos danos civis, será dada
imediatamente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida
a termo. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito,
que poderá ser exercido no prazo previsto em lei (art. 75 da Lei 9099/95).
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A alternativa B está errada. É perfeitamente possível a composição dos danos civis nos crimes de menor
potencial ofensivo de ação penal pública incondicional, porém essa situação não obsta a transação penal. Já
nos crimes cometidos sem violência ou grave é possível a incidência da causa de diminuição referente ao
arrependimento posterior (art. 16 do CP).
A alternativa C está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada) e de ação penal de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de
ação penal de iniciativa privada acarreta a renúncia ao direito de queixa-crime (art. 74, parágrafo único, da
Lei 9099/95).
A alternativa D está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada) e de ação penal de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de
ação penal pública condicionada à representação acarreta a renúncia ao direito de representação (art. 74,
parágrafo único, da Lei 9099/95).
A alternativa E está errada. A composição civil dos danos é possível tanto nos crimes de ação penal pública
(incondicionada ou condicionada) e de ação penal de iniciativa privada. A reparação do dano nos casos de
ação penal de iniciativa privada acarreta a renúncia ao direito de queixa (art. 74, parágrafo único, da Lei
9099/95). O perdão do ofendido é possível apenas depois de instaurado o processo criminal e cabível apenas
na ação penal de iniciativa privada.
_______________________________________________________________________________________
Comentário: O item está errado. O crime de lesão corporal, ainda que leve ou culposa, praticado contra a
mulher, no âmbito das relações domésticas, deve ser processado mediante ação penal pública
incondicionada. No julgamento da ADI 4424, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do
art. 41 da Lei 11340/06, afastando a incidência das regras descritas na Lei 9099/95 aos delitos de violência
doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista. Logo, não há que se falar em
termo circunstanciado na esfera da violência doméstica e familiar contra a mulher.
_______________________________________________________________________________________
29. (FCC - Defensor Público do Paraná/2012) Marcelino, primário e de bons antecedentes, é denunciado
pelo crime de furto simples, oportunidade em que é citado para responder aos termos da acusação. Neste
caso, de acordo com o entendimento jurisprudencial dominante no Supremo Tribunal Federal e com base
na Lei nº 9.099/95,
a) na ausência de proposta de suspensão condicional do processo, deve o juiz aplicar analogicamente o art.
28 do CPP.
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b) a proposta de suspensão condicional do processo é ato privativo do Ministério Público e o crime de furto,
por não ser da competência do Juizado Especial Criminal, não comporta o oferecimento do sursis processual.
c) caso seja oferecida a proposta de sursis processual, o processo ficará suspenso pelo período de 1 (um)
ano, devendo o acusado, durante o período de prova, observar as condições estabelecidas na proposta.
d) a suspensão será revogada se, no curso do processo, o beneficiário vier a ser processado por contravenção.
A alternativa B está errada. Nos crimes de ação penal pública cabe ao Ministério Público propor o sursis
processual. Em razão de o delito de furto ter pena mínima de 1 ano é cabível a suspensão condicional do
processo.
A alternativa D está errada. O sursis processual pode ser revogado se o beneficiário vier a ser processado por
contravenção penal, ou seja, estamos diante de causa facultativa de revogação da suspensão condicional do
processo (art. 89, §4º, da Lei 9099/95).
A alternativa E está errada. Durante o sursis processual o prazo prescricional é suspenso (art. 89, §6º, da Lei
9099/95).
_______________________________________________________________________________________
30. (FCC/Consultor Legislativo da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul/ 2016) À luz da Lei n°
9.099/95, presentes os demais requisitos legais necessários, poderá ser beneficiado com a transação
penal
A) Ricardo, que cometeu crime de sequestro e cárcere privado, com pena prevista de 1 a 3 anos de reclusão.
B) Moisés, que cometeu crime de contrabando, com pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão.
C) Talita, que cometeu crime de estelionato, com pena prevista de 1 a 5 anos de reclusão.
D) Manoel, que cometeu crime de resistência, com pena prevista de 6 meses a 2 anos de detenção.
E) Paulo, que cometeu crime de ordenação de despesa não autorizada, com pena prevista de 1 a 4 anos de
reclusão.
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Comentários: A alternativa correta é a letra D. A transação penal é cabível apenas aos delitos em que a lei
comine pena máxima não superior a 2 anos, preenchidos os demais requisitos estampados no art. 76 da Lei
9099/95.
As alternativas A, B, C e E estão erradas, pois não versam sobre delitos de menor potencial ofensivo (art. 61
da Lei 9099/95), o que torne impossível a concessão da transação penal.
_______________________________________________________________________________________
a) a competência será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal ou pelo domicílio da vítima,
a critério desta.
b) cabível a interposição de recurso em sentido estrito, no prazo de 05 (cinco) dias, contra a decisão de rejeição
da denúncia ou queixa, com abertura de vista para apresentação das razões em 08 (oito) dias.
c) não cabe recurso especial contra decisão proferida por turma recursal, competindo a esta, porém, processar
e julgar mandado de segurança contra ato de juizado especial.
d) cabem embargos de declaração, no prazo de 05 (cinco) dias, quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão, sem interrupção, contudo, do prazo para a interposição de recurso.
e) os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da semana,
incabível, porém, a prática em outras comarcas.
Comentários: A alternativa correta é a letra C. Conforme estabelece a súmula 203 do Superior Tribunal de
Justiça: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados
Especiais. Lembre-se que o art. 105, III, da Constituição Federal prevê o cabimento de recurso especial apenas
de decisões advindas de Tribunais. No mais, é cabível a impetração de mandado de segurança contra ato de
Juizado Especial, que será julgado pela Turma Recursal (súmula 376 do STJ).
A alternativas A está errada, pois a competência do Juizado Especial será determinada pelo lugar em que foi
praticada a infração penal (art. 63 da Lei nº 9.099/95).
A alternativas B está errada, o recurso previsto para impugnar a decisão de rejeição da peça acusatória é a
apelação, que deve ser manejado no prazo de 10 dias (art. 82, caput, da Lei nº 9.099/95).
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A alternativa D está errada, o prazo para a oposição de embargos de declaração no Juizado Especial é de 5
dias contados da ciência da decisão (art. 83, §1º, da Lei nº 9.099/95). Os embargos de declaração
interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, conforme alteração advinda pelo artigo 1066
do Novo Código de Processo Civil (Lei 13105/16). Lembre-se que interromper o prazo significa dizer que o
lapsoàte po alàpa aàaài te posiçãoàdeàout osà e u sosà à ei i iadoà voltaà àesta aàze o .
A alternativa E está errada. De acordo com o art. 64, caput, da Lei nº 9.099/95, os atos processuais podem
ser realizados no período noturno e em qualquer dias da semana. Além do mais, a prática de atos processuais
em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação (art. 65,§2º, da Lei nº
9.099/95)
_______________________________________________________________________________________
a) não é cabível, assim como a transação penal, porque tanto esse pedido quanto a transação penal são
exclusivos de ações penais públicas.
b) é cabível, desde que oferecido pelo Ministério Público, por ser um direito público subjetivo do acusado.
c) não é cabível, diferentemente da transação penal, haja vista expressa disposição legal.
e) é cabível somente em favor do réu, haja vista a possibilidade de ofensa ao princípio da indivisibilidade da
ação penal privada.
Comentários: A alternativa correta é a letra D. Em que pese a interpretação gramatical do art. 89, caput,
da Lei, apontar para outro sentido, é pacífico na doutrina e na jurisprudência o cabimento do sursis
processual nas ações penais de iniciativa privada, devendo a proposta do benefício ser formulada pelo
querelante. Essa é a posição do STJ:
1. É de entendimento uníssono dos Tribunais Superiores que o Ministério Público pode impetrar o remédio
heroico (art. 654, caput, CPP), desde que seja para atender ao interesse do paciente.
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2. Cabe a propositura da queixa-crime ao ofendido que optou em promover a ação penal privada, não se
podendo aceitar que o Ministério Público ingresse no pólo ativo da demanda, exceto no caso de
representação ou flagrante negligência do titular no seu curso. A referida orientação está cristalizada na
edição da Súmula n.º 714/STF: "É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério
Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções."
3. O Superior Tribunal de Justiça, em remansosos julgados considera crível o sursis processual (art. 89 da Lei
nº 9.099/95) nas ações penais privadas, cabendo sua propositura ao titular da queixa-crime.
4. A legitimidade para eventual proposta de sursis processual é faculdade do querelante. Ele decidirá acerca
da aplicação do benefício da suspensão condicional do processo nas ações penais de iniciativa,
exclusivamente, privada.
5. Ordem denegada.
(HC 187.090/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ),
QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 21/03/2011)
A letra A está errada. O sursis processual e a transação penal são cabíveis tanto nas ações penais públicas
(incondicionadas ou condicionadas) como nas ações penais de iniciativa privada.
A letra B está errada. Caberá ao querelante oferecer a proposta de sursis processual e não o Ministério
Público.
A letra C está errada. Presentes os requisitos legais, o sursis processual e a transação penal são cabíveis tanto
nas ações penais públicas (incondicionadas ou condicionadas) como nas ações penais de iniciativa privada.
A letra D está errada. A proposta de sursis processual, instituto despenalizador descrito no art. 89 da Lei nº
9.099/95, não ofende o princípio da indivisibilidade da ação penal (ação penal deve abranger todos aqueles
que cometerem a infração). Logo, tal benefício deve ser concedido a todos os acusados que preencherem os
os pressupostos legais.
_______________________________________________________________________________________
A aplicação imediata da pena restritiva de direitos ou multa, conhecida como “transação penal”, tal qual
prevista no art. 76, parágrafo 2° da Lei n° 9.099/95, não será admitida se ficar comprovado
b) ter sido o agente beneficiado anteriormente pela aplicação de pena restritiva ou multa na mesma modalidade
de “transação penal”.
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c) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, à pena privativa de liberdade
transitada em julgado.
d) ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime ou contravenção, a pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva.
e) não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.
Comentários: A alternativa correta é a letra E. Nos termos do art. 76, §2º, III, da Lei nº 9.099/95, não se
admitirá a proposta de transação penal se ficar comprovado não indicarem os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção
da medida.
A alternativas A está errada. A Lei nº 9.099/95 não inibe a transação penal para os crimes cometidos com
violência ou grave ameaça. Lembre-se que não cabe os institutos despenalizadores aos crimes cometidos no
âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher.
A alternativas B está errada. De acordo com o art. 76, §2º, II, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta
de transação penal se ficar comprovado ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos,
pela aplicação de pena restritiva ou multa.
A alternativa C está errada. De acordo com o art. 76, §2º, I, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta
de transação penal se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela pratica de crime, à
pena privativa de liberdade, por sentença definitiva.
A alternativa D está errada. Segundo o art. 76, §2º, I, da Lei nº 9.099/95, não se admitirá a proposta de
transação penal se ficar comprovado ter sido o autor da infração condenado, pela pratica de crime, à pena
privativa de liberdade, por sentença definitiva.
_______________________________________________________________________________________
a) Não cumprido o acordo homologado, que faz coisa julgada material, deverá o Ministério Público executá-
lo no juízo de execução.
b) Na ausência de proposta do Ministério Público, poderá o juiz criminal fazê-lo, pois se trata de direito público
subjetivo do autor do fato.
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c) No crime de porte de entorpecente para consumo pessoal, é vedado ao Ministério Público propor a aplicação
imediata de sanção prevista no art. 28 da Lei n° 11.343/06.
d) No crime de lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP), a homologação do acordo de transação civil não
impede a posterior proposta de transação penal.
e) No crime de lesão corporal leve decorrente de violência doméstica contra a mulher, não poderá o Ministério
Público oferecer a proposta.
Comentários: A alternativa correta é a letra E. Na forma da súmula 536 do STJ, a suspensão condicional do
processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Logo, no delito de lesão corporal leve em sede de violência doméstica e familiar contra a mulher o MP não
oferecerá proposta de transação penal.
A alternativas A está errada. Súmula vinculante 35: A homologação da transação penal prevista no art. 76 da
Lei 9099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.
A alternativas B está errada. A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao
Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de
inquérito policial.
A alternativas C está errada. Súmula 696 do Supremo Tribunal Federal: Reunidos os pressupostos legais
permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz,
dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de
Processo Penal.
A alternativa D está errada. Com base no art. 74, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. O crime de lesão corporal leve é uma ação penal
condicionada à representação.
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RESUMO
Previsão constitucional : O artigo 98, I, da Constituição Federal autorizou a criação dos Juizados especiais criminais,
providos por juízes togados e leigos, que serão competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. A lei 9099/95 restou encarregada de instituir o
Juizado Especial criminal no âmbito estadual, enquanto na esfera federal essa missão coube à lei 10259/01. Os dois principais
objetivos do JECRIM, sempre que possível, são a reparação dos danos causados à vítima e a aplicação de pena não privativa
de liberdade
Crime de menor potencial ofensivo – São todas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, previsto ou não em procedimento especial. A lei 9099/95 não tem
aplicação aos processos da Justiça Militar.
Competência do JECRIM – A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS
Citação no JECRIM - A citação será pessoal e será feita no próprio Juízo, sempre que possível, ou por mandado. Não
encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do rito sumário
(art. 538 do CPP).
Fase preliminar – A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
Composição dos danos civis – A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. Tratando-se de ação penal de iniciativa
privada ou de ação penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa
ou representação.
Transação penal – Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
especificada na proposta. Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. Não se
admitirá a proposta se ficar comprovado: I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva; II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida. Aceita a proposta pelo autor
da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do Juiz. Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor
da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada apenas
para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. Da sentença que homologa a transação penal caberá a
apelação. A transação penal não constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para análise de outra transação penal, e
não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.
Rito sumaríssimo - Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato,
ou pela não ocorrência da transação penal, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver
necessidade de diligências imprescindíveis. Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo
circunstanciado de ocorrência, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a
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materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. Se a complexidade ou circunstâncias do caso
não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças
existentes ao Juízo Comum, que adotará o rito sumário (art. 538 do CPP). Já na ação penal de iniciativa do ofendido poderá
ser oferecida queixa oral.
Audiência no rito sumaríssimo - Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para responder à acusação, após o que
o Juiz receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e
defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação da sentença.
Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar
excessivas, impertinentes ou protelatórias. De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, assinado pelo Juiz e pelas
partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. A sentença, dispensado o relatório,
mencionará os elementos de convicção do Juiz.
Apelação no JECRIM - Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada
por turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. A apelação será
interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição
escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente. O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo
de dez dias. As partes poderão requerer a transcrição da gravação da fita magnética. As partes serão intimadas da data da
sessão de julgamento pela imprensa. Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá
de acórdão.
Embargos de declaração no JECRIM – Cabem embargos de declaração quando, em sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição ou omissão. Os embargos de declaração serão opostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco
dias, contados da ciência da decisão. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso. Os erros
materiais podem ser corrigidos de ofício.
Suspensão condicional do processo - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais
requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena. Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do
Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
condições: I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III -
proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o
beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano (causas de
revogação obrigatória do sursis processual). A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso
do prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta (causas de revogação facultativa do sursis
processual). Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. Não correrá a prescrição durante o prazo
de suspensão do processo. Se o acusado não aceitar a proposta do sursis processual, o processo prosseguirá em seus ulteriores
termos.
SÚMULAS:
Súmula 203 do Superior Tribunal de Justiça: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo dos
Juizados Especiais.
Súmula 243 do Superior Tribunal de Justiça: O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações
penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) ano.
Súmula 337 do Superior Tribunal de Justiça: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na
procedência parcial da pretensão punitiva.
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Súmula 376 do Superior Tribunal de Justiça: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato
de juizado especial.
Súmula 428 do Superior Tribunal de Justiça: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre
Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese
juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária.
Súmula 640 do Supremo Tribunal Federal: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau
de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
Súmula 693 do Supremo Tribunal Federal: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Súmula 696 do Supremo Tribunal Federal: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo,
mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por
Súmula 723 do Supremo Tribunal Federal: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
da pena mínima da infração mais grave com o aumento de um sexto for superior a um ano.
Súmula vinculante 35 A homologação da transação penal prevista no art. 76 da Lei 9099/95 não faz coisa julgada material e,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução
penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
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GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B Certo B Certo B Errado D A D C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
D B A B D A E Certo Certo E
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
E Certo B A B D A Errado A D
31 32 33 34
C D E E
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