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APOSTILA PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS – 7º SEMESTRE

A criação dos Juizados Especiais visam vencer as barreiras da morosidade da justiça,


permitindo o acesso à justiça com celeridade, tem origem na Constituição Federal de 1988, pois
com um procedimento mais simples, garantem ao cidadão a inserção ao Judiciários.

 Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos,
nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
primeiro grau;

Para tanto temos nos Juizados Especiais um procedimento mais simples e bem mais célere,
com quase total isenção de custas processuais, ou seja, o procedimento sumaríssimo.
LEI 9.099/95 – Cria os Juizados Especiais Cíveis e Criminais para as causas de menor
complexidade, até 40 salários mínimos e para crimes de menor potencial ofensivo, no âmbito da
Justiça Comum Estadual.
LEI 10.259/2001 - Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no
âmbito da Justiça Comum Federal, para as causas cíveis que não ultrapassem 60 salários
mínimos e para os crimes de menor potencial ofensivo que não ultrapasse a pena máxima de 02
(dois) anos.
Lei 12.153/2009 – Cria os Juizados Especiais da Fazenda Pública, com o objetivo de conciliar e
julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.

 Lei nº 11.340/2006 - Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra Mulher

Artigo 14 : “os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal
e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.”

Antes da Lei Maria da Penha a mulher em situação de risco tinha que buscar diferente órgãos
o que corroborava às vezes pelo atendimento demorado e que não lhe proporcionava uma
imediata proteção, com os Juizados de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, o que
permitiu centralizar, num único procedimento judicial, todos os meios de garantia dos
direitos da mulher em situação de violência doméstica e familiar, antes relegado a
diversos e diferentes órgãos jurisdicionais (vara criminal, cível, de família, da infância e
da juventude etc.).

Lei 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor, permite a criação dos Juizados de Defesa
do Consumidor.

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  Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder
público com os seguintes instrumentos, entre outros:

(...)

  IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a


solução de litígios de consumo;

Assim, embora os Juizados Especiais visem a celeridade processual, esta não deve, contudo,
afrontar princípios constitucionais tais como da ampla defesa e do contraditório, nem tampouco
tirar a eficácia e justiça das decisões.

A criação dos Juizados Especiais busca a facilitação do acesso à Justiça, porque


desburocratizaram os procedimentos e reduziram os custos da ação judicial. O legislador com
a criação dos Juizados Especiais se preocupou em recuperar a credibilidade da população
na Justiça, sobretudo das camadas mais carentes da sociedade, afastando o custo do
processo, a morosidade e o formalismo do processo civil .

JUIZADO ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS PREVISTO NA JUSTIÇA ORDINÁRIA


ESTADUAL – Lei 9.099/95

Esse procedimento processual está regularizado pela Lei 9.099/95, que prevê em seu
Artigo 2º, os princípios que iluminam os Juizados Especiais Cíveis, responsáveis por nortear
seus procedimentos, estando assim disposto:

Art. 2º. O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,


economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a
transação.

Assim sendo, verifica-se que o objetivo da Lei, foi dar mais celeridade e econômica
processual, procurando sempre a conciliação ou a transação, visando dar mais
efetividade ao acesso à justiça.

PRINCÍPIOS DOS JUIZADOS ESPECIAIS INSTITUÍDOS PELA LEI 9.99/95

1) PRINCÍPIO DA ORALIDADE: Tem previsão constitucional no artigo 98, inciso I:

  Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações
penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo ,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas
de juízes de primeiro grau;

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O procedimento do Juizado Especial constitui a verdadeira essência do processo oral
sustentado por Chiovenda, assinalado naquelas outras facetas que lhe completam realmente a
nota de utilidade: a concentração dos atos processuais, a imediatidade do julgador no contato
com os fatos e as provas e a irrecorribilidade das decisões interlocutórias. A oralidade do
procedimento, no seu aspecto da concentração dos atos processuais, traduz-se numa
dinâmica em que todos os atos de instrução praticam-se de uma só vez, ou em lapso de
tempo o mais breve possível. (REINALDO FILHO, Demócrito Ramos. Lei n. 9.099/1995 –
Juizados especiais. Recife: Bagaço, 1996).

O Princípio da oralidade compreende mais dois princípios:

1) Concentração: pressupõe que os atos processuais nas audiências sejam os mais


concentrados possíveis.
2) Imediatidade: preconiza que o juiz deve proceder diretamente a colheita das provas,
visando assegurar a solução das demandas de uma forma mais ágil e mais equitativa,
sendo autorizado, inclusive, que a postulação das partes se dê de modo direito e oral,
reduzindo a termo, de modo sucinto, porém, pelo serventuário da justiça Artigo 14.

Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à


Secretaria do Juizado.

Em razão do princípio da oralidade existe a previsão de interposição Embargos de Declaração


pela via oral:

Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de
cinco dias, contados da ciência da decisão.

Em razão da oralidade também decorre a irrecorribilidade das decisões interlocutória, porém não
são atingidas pela preclusão, porque poderão ser discutidas em sede de Recurso Inominado
contra Sentença.

ORALIDADE: Concentração

Imediatidade

Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias

2)Princípio da Simplicidade

 O procedimento do Juizado Especial deve ser simples, sem aparato, natural, espontâneo, a
fim de deixarem os interessados à vontade para exporem as suas pretensões e a resistência
equivalente. Utilizando o significado real da palavra simplicidade, o dicionário Aurélio, assim, a
define: é a “qualidade do que é simples, do que não apresenta dificuldade ou obstáculo”

A simplicidade nos Juizados Especiais significa que não deve haver incidentes processuais,
por exemplo; devendo toda a matéria de defesa estar na contestação, com exceção apenas
das arguições de suspeição e impedimento.

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Na verdade nos Juizados Especiais o procedimento deve facilitar e estar liberto do formalismo,
porque acima da simples forma deve prevalecer um processo justo.

Tanto que o artigo 4º do atual processo civil preconiza o princípio da primazia do julgamento
de mérito, só admitindo a extinção sem resolução de mérito após intimação da parte para
corrigir vícios processuais e não sendo tomada as providências.

 Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída
a atividade satisfativa.

Do mesmo modo permitindo o fuga do excesso de formalismo e primando pela simplicidade,


vamos encontrar no Código de Processo Civil, § 3º, do artigo 1.029:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição
Federal , serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:

(...)

§ 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício


formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.

3) Princípio da Informalidade

A informalidade consiste na qualidade daquilo que não tem forma, padrão ou estrutura. No
âmbito do Direito, não se pode conceber um fenômeno jurídico despido integralmente de
forma, pois é ela que delimita seu conteúdo e a diferencia dos demais fenômenos. A forma
representa, em última instância, a própria materialização de um fenômeno jurídico.

A informalidade nos Juizados Especiais busca tornar o procedimento especial menos


complexo, mais simples visando a celeridade das decisões:

Nesse sentido temos:

1)A simplificação do pedido inicial: Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação
do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.

2)A prática de atos processuais em outras comarcas :

Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as
quais forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.

(...)

§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio
idôneo de comunicação.

3)A facilitação dos modos de comunicação processual:

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Art. 18. A citação far-se-á:

I - por correspondência, com aviso de recebimento em mão própria;

II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da


recepção, que será obrigatoriamente identificado;

III - sendo necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta precatória.

§ 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para comparecimento do citando e
advertência de que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações iniciais,
e será proferido julgamento, de plano.

§ 2º Não se fará citação por edital.

§ 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nulidade da citação.

Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista para citação, ou por qualquer outro meio
idôneo de comunicação.

§ 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes.

§ 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de endereço ocorridas no curso do processo,


reputando-se eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente indicado, na ausência da
comunicação.

ENUNCIADO 77 – O advogado cujo nome constar do termo de audiência estará


habilitado para todos os atos do processo, inclusive para o recurso (XI Encontro –
Brasília-DF)

A procuração, portanto, é um instrumento que atesta a capacidade postulatória do advogado


(art. 103, CPC/15), e, além disso, traz elementos essenciais, tais como: endereço profissional
do causídico, número de inscrição na OAB, poderes especiais e a existência de outros
advogados habilitado, porém nos juizados especiais que participar da audiência está habilitado
para odos os atos do processo.

Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente,
podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.

(...)

§ 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.

4) Princípio da Economia Processual


O princípio da economia processual, na lição clássica de Chiovenda (1985) orienta para a
obtenção do resultado máximo da Lei, com o mínimo emprego possível de atividade
jurisdicional; devendo o operador do sistema evitar a prática de atos desnecessários e
onerosos a fim de se alcançar a rápida solução do litígio.

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De acordo com a melhor doutrina, economia processual significa obter o maior resultado
com o mínimo de emprego da atividade jurisdicional. Tirar o máximo de proveito de um
processo é torná-lo efetivo, transformando-o num processo de resultados.

Por este princípio busca-se a obtenção, em juízo, do máximo de resultado com o mínimo
esforço:

Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria
do Juizado.

§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:

I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;

II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta;

III - o objeto e seu valor.

Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto arguição
de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.

Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu
favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem
objeto da controvérsia.

Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a
designação da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os presentes.

5) Princípio da Celeridade

De acordo com tal princípio, o processo deve ter uma solução rápida, de forma que possa
atender à sua finalidade; devendo poder satisfazer o interesse do cidadão que submeteu seu
litígio à tutela jurisdicional, quando necessitava de uma solução eficaz em relação ao tempo
em que ela seja útil.

Visa proporcionar, em especial aos hipossuficientes, a pronta tutela jurisdicional, este princípio
tem previsão também no artigo 5º, inciso LXXVIII.

Tem como finalidade proporcionar ao jurisdicionado a obtenção da tutela jurisdicional da forma


mais rápida possível, mas com respeito aos demais consectários do devido processo legal, por
isso não se admite as intervenções de terceiros, a citação por edital.

ENUNCIADO 35 – Finda a instrução, não são obrigatórios os debates orais.

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