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A Lei 9.

099/95 é orientada principalmente pelos princípios da simplicidade e celeridade


processual, dentre outros elencados no artigo 2º, in verbis:

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia


processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.

A Lei dos Juizados faz parte de um microssistema, e por isso, tem sua especialidade, e já
vigora há 20 anos. Após dois anos de sua entrada em vigor, mais precisamente no ano de
1997, foi criado um Fórum Nacional de Juizados Especiais, denominado de FONAJE, cujo
objetivo é reunir os coordenadores estaduais dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais
para o aprimoramento dos serviços judiciais a partir da troca de informações e da
padronização de procedimentos em todo o território nacional.

Esses Enunciados têm aplicação complementar, tanto que se você observar as sentenças
dos juizados, essas por sua vez, sempre constam algum enunciado como complemento de
fundamentação. Então, é necessário lê-los para se atualizar.

Enunciados Cíveis
Enunciados Criminais

Por isso, compartilho com vocês algumas especificidades que precisamos saber para a
atuação neste Tribunal. Sabê-los encurtará o caminho do profissional, vamos lá:

1 - Sentença simples, diretas e sem tópicos

É isso mesmo. As sentenças dos juizados não seguem as regras do artigo 489 do Código
de Processo Civil, qual seja:

São elementos essenciais da sentença: I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a
identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais
ocorrências havidas no andamento do processo; II - os fundamentos, em que o juiz
analisará as questões de fato e de direito; III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as
questões principais que as partes lhe submeterem.

Isto porque, o Enunciado 162 do FONAJE ratificou isso.

Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a regra do art. 489 do CPC/2015 diante
da expressa previsão contida no artigo 38, caput, da Lei 9.099/95, aprovada no XXXVIII
Encontro, realizado em Belo Horizonte/MG.

As sentenças são mais simples, diretas, e não possuem tópicos de subdivisões como nas
sentenças proferidas na justiças comuns. Ela mencionará os elementos de convicção do
Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o
relatório.
2 - Juízes Leigos são admitidos fazendo às vezes do Juiz Titular

O juiz leigo (mero auxiliar da justiça cf. art. 7º da Lei 9.099/95) elabora o projeto de
sentença sob orientação prévia e posterior do juiz togado supervisor deste Juizado
Especial, na forma do art. 40 da Lei 9.099/95, porém não é ele quem profere a decisão e
sim o juiz titular.

Isto porque, não existe sentença proferida por juiz leigo, uma vez que todo e qualquer ato
decisório é exarado pelo ilustre magistrado lotado no Juizado Especial Cível do Foro da
Comarca do Município, integrante de alguma unidade da federação.

3 - Fazem-se julgamento antecipado do mérito

Se o juiz, compulsando os autos, depreende-se a desnecessidade de dilação probatória,


pois o feito encontra-se devidamente instruído com provas documentais suficientes para a
formação do convencimento do julgador.

Assim, incide na espécie o permissivo contido no artigo 355, inciso I, do Código de


Processo Civil, cuja aplicação, não acarreta cerceamento do direito das partes de produzir
provas, mas, antes, impõe a observância do princípio da eficiência no Poder Judiciário,
assegurando a celeridade processual que concretiza a garantia constitucional da razoável
duração do processo (art. 5º, LXXVIII da CRFB).

4 - A gratuidade da justiça é generalizada

O que isto quer dizer?

Significa que a princípio, a todas as partes é aplicada uma concessão provisória da


gratuidade, ou seja, mesmo que haja o requerimento da justiça gratuita, esse pedido não
será apreciado, uma vez que o momento oportuno para o requerimento de gratuidade
ocorre quando da interposição de recurso inominado.

Somente com a prática deste ato supracitado ter-se-á, se for o caso, o requerimento e
deliberação acerca do pedido, pois é a partir dessa fase que a gratuidade deixa de ser
generalizada e abre-se, então, a possibilidade de incidência da Lei 1.060/50.

Interessante não é?

Em breve compartilharei mais conteúdos.

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