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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE

CALDAS NOVAS – GOIÁS.

Número do processo: XXXX-XX.XXXX.X.XX


(Preliminar e Pedido de Justiça Gratuita)

NOME COMPLETO DA REQUERIDA, nacionalidade, estado civil, profissão, filha de Nome do


pai e da mãe), portadora do documento de identidade de registro geral sob o nº
XXXXXXXXXX DGPC/GO e titular do CPF de nº 934.754.971-15, residente e domiciliada na
(endereço completo), vem com o devido respeito e acatamento à presença de Vossa
Excelência, por meio de sua procuradora e advogada SANMATTA RARYNE SOUZA, inscrita
nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Goiás, sob o nº 42.261,
instrumento de representação inclusa (acostado), estabelecida profissionalmente no
endereço constante no rodapé, na Ação de Partilha de Bem Imóvel c/c Cobrança de
Aluguel, que move em seu desfavor NOME COMPLETO DO REQUERENTE, já qualificado
nos autos em epígrafe, vem, perante Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar

CONTESTAÇÃO com Preliminar, nos termos dos artigos 335 a 342 do Código de Processo
Civil, pelos fatos e fundamentos de direito a seguir expostos.
- PRELIMINAR – IMPUGNAÇAO AO VALOR DA CAUSA
Na petição inicial foi atribuído o valor da causa de R$ 72.400,00 (Setenta e dois mil e
quatrocentos reais), o que está equivocado, e por hora vem impugnar desde já. O valor
indicado pelo Autor é resultante da somatória de R$ 60.000,00 (Sessenta mil reais)
informado na petição inicial, porém sem juntada de qualquer avaliação confirmatória, e R$
12.400,00 (Doze mil e quatrocentos reais) imputado a título de pagamento de alugueis do
período do ano de 2013 a dezembro de 2018 que afirma o ex-conjuge que deve pagar a
Demandada, não sendo possível cobrar qualquer valor visto que o não houve partilha
formal do bem, que será fundamentado mais à frente. É o que instrui p artigo 293 do CPC:

O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor


atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz
decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das
custas.

Ainda, informa que o valor indicado pelo Autor, poderá somente ser utilizado como
2
parâmetro, devendo ser realizada perícia in loco no imóvel para avaliação oficial do real
valor do bem, e quanto aos alugueis pedidos não cabem, motivo pelo qual vem impugnar o
valor da causa, nos termos do artigo 293 do CPC, em sede de preliminar para que seja
corrigido para o valor resultante da avaliação a se realizar.

- DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

- DA TEMPESTIVIDADE
O prazo para apresentar contestação é de 15 (quinze) dias corridos, conforme o artigo 335
do CPC. Nesse caso, contados da audiência de conciliação que se realizou em 30/01/2020,
sendo assim, o prazo final é em 20/02/2019, o que como se pode ver foi prontamente
cumprido.

- DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA


A Demandada é pobre na acepção jurídica do termo, e bem por isto não possui condição
de arcar com os encargos decorrentes do processo sem prejuízo de seu sustento e de sua
família, conforme declaração de hipossuficiência e espelho da CTPS, ambos acostados,
fazendo prova de sua condição, e, portanto, espera usufruir dos benefícios da justiça
gratuita, diante dos termos estabelecidos pelo artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal, do
artigo 4º da Lei 1.060/1950 e principalmente pelos parágrafos 2º e 3º do artigo 1º da Lei
5.478/1968:
Parágrafo 2º - A parte que não estiver em condições de pagar as
custas do processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua
família, gozará do benefício da gratuidade, por simples afirmativa
dessas condições perante o juiz, sob pena de pagamento até o
décuplo das custas judiciais.

Parágrafo 3º - Presume-se pobre, até prova em contrário, quem


afirmar essa condição, nos termos desta lei.

Desta forma, requer desde já sejam deferidos os benefícios da justiça gratuita em favor da
Demandada, diante das provas demonstradas. 3
- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Em síntese, o Autor já narrou os fatos no item 1 da exordial, desnecessário se faz repetir
aqui, uma vez que a Demandada manifestou interesse na autocomposição conforme
incluso na ata de audiência, o que restou inexitosa. Sendo assim, passemos aos
fundamentos contestatórios.

- DO BEM IMÓVEL AINDA NÃO PARTILHADO E DA IMPOSSIBILIDADE DE IMPUTAÇÃO


DE ALUGUEIS
Na exordial, disse bem quando intitulado o item II – DO BEM IMÓVEL A SER PARTILHADO,
porque realmente esse bem ainda não foi partilhado formalmente, sendo esse fato
impedimento para que a Demandada pague qualquer quantia a título de alugueis. O
contrato de Compra e Venda foi devidamente apresentado, provando que o Autor é o
titular do bem, ocorre que no termo de audiência que se realizou em 04/08/2015, consta
pendencia homologatória acerca da partilha diante da pendencia documental por parte da
secretaria de habitação, que levou a suspensão do feito:

Declaro a quem possa interessar, que o imóvel situado na Rua


Joaquim Firmino dos Reis, quadra 28, lote 21, Setor Parque
Residencial Holliday, CEP: 75690-000, Caldas Novas – Goiás, está
em processo de Regularização Fundiária na Secretaria de
Habitação, conforme solicitado pelos Senhores: (...). 1

8) quanto à partilha, requerem a suspensão do feito pelo prazo de


seis meses, para regularização dos bens. 2

Passado o prazo de suspensão de seis meses, ocorrendo outra audiência, em 04/02/2016, a


Magistrada proferiu despacho que confirma a falta de documentação, o que levou as
partes a optarem pela desistência em realizar a partilha do bem, in verbis:

Aberta a audiência, as partes informaram que em razão da falta de


documentação, não terem interesse na partilha do bem, razão pela
qual pedem a extinção do feito. Ato contínuo, a MMª. Juíza proferiu
4
DESPACHO: “Tendo em vista que já houve prolação de sentença no
presente feito e que as partes informaram não terem mais
interesse na partilha do bem, arquivem-se os autos, observadas as
cautelas de praxe. ” 3

A jurisprudência já decidiu a respeito da impossibilidade de condenar a Demandada ao


pagamento de alugueres sem que a partilha tenha sido feita:

DIREITO CIVIL - APELAÇÃO CÍVEL - PARTILHA DE BENS REALIZADA


EM SENTENÇA DE SEPARAÇÃO JUDICIAL - DIREITO À MEAÇÃO -
NÃO RECONHECIMENTO - PRETENSÃO DE RECEBIMENTO DE
ALUGUEIS - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO NÃO PROVIDO. - Descabe
a pretensão de recebimento de alugueis quando não reconhecido,
na partilha de bens realizada em sentença de separação judicial, o
direito à meação do imóvel, mas, tão somente, aos valores
despendidos para aquisição do bem adquirido mediante
financiamento na constância do casamento. 4

1
Declaração emitida pela Secretaria de Habitação acostada.
2
Termo de audiência 01 com força de sentença acostada.
3
Termo de audiência 02.
4
TJMG - Acórdão Apelação Cível 1.0702.10.062443-7/001, Relator (a): Des. Luiz Artur Hilário, data de julgamento: 17/12/2018, data de
publicação: 23/01/2019, 9ª Câmara Cível.
CONDOMÍNIO - ARBITRAMENTO DE ALUGUEL – Ex-cônjuges -
Improcedência - Pendência, ainda, da ação de reconhecimento e
dissolução de união estável – Imóvel que ainda não foi partilhado
– Partes que possuem outros bens em comum – Impossibilidade
de, enquanto não ultimada a partilha, condenar a ré ao
pagamento de alugueres pela ocupação exclusiva de um bem
imóvel (até mesmo porque não foi estabelecido o percentual dos
bens comuns que caberá a cada cônjuge) – Hipótese de
mancomunhão que difere do condomínio – Temerária, assim, a
fixação de aluguéis, por ora - Precedentes - Sentença mantida –
Recurso desprovido. 5

Ainda, existe a obrigação de pagar alimentos em favor dos filhos do Autor, que residem no
imóvel, conforme decisão acostada, sendo esse mais um motivo para a impossibilidade de
cobrança de alugueis, é o que instrui Maria Berenice Dias:

Permanecendo no imóvel quem faz jus a alimentos – seja o ex-


conjuge, sejam os filhos -, não cabe a imposição do pagamento,
pois o uso configura alimentos in natura. 6

E no mais, o pedido de partilha foi interposto nessa ação e não anteriormente, conforme 5
alínea ‘c’, não tendo que se falar em cobrança de alugueis. Por fim, requer seja afastada
qualquer condenação em desfavor da Demandada para pagamento de quantia proveniente
de alugueis em favor do Autor, diante de todos os fundamentos expostos.

- DA PARTILHA DO IMÓVEL E PEDIDO DE SUSPENSÃO DO FEITO


Quanto a venda do imóvel, a Demandada não se opõe à partilha do bem, porém se opõe a
vender o mesmo a terceiros, manifestando desde já que pretende adquirir a cota parte do
Autor, após realizado os seguintes tramites:

a) Perícia in loco para avaliar o valor de bem compatível com a cotação de mercado,
em atenção ao disposto no art. 871, IV, do CPC;

5
TJSP - Acórdão Apelação 1034495-68.2015.8.26.0506, Relator (a): Des. Salles Rossi, data de julgamento: 24/06/2018, data de
publicação: 24/06/2018, 8ª Câmara de Direito Privado.
6
Dias, Maria Berenice. Manual de direito das famílias / Maria Berenice Dias. – 8. Ed. ver. E atual. – São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2011.
b) E informa que há no processo de execução de nº 5210876.51.2017.8.09.0024,
decisão de penhora no rosto desses autos, do remanescente que o Autor deve aos
filhos a título de alimentos, que está em fase de apuração de quantia, conforme
acostada, motivo pelo qual requer a suspensão do feito pelo prazo de 60 (Sessenta
dias), a fim de que seja finalizado os cálculos.

- DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS


Diante de todo o exposto requer, que se digne Vossa Excelência a:

a) PRELIMINARMENTE, receber o pedido da preliminar de impugnação ao valor da


causa, nos termos do art. 293 do CPC, para que seja corrigido para o valor
resultante para o da avaliação a se realizar, debitado o valor indicado pelo Autor a
título de alugueis, que nesse momento não há como liquidar;

b) Seja deferido os benefícios da justiça gratuita em favor da Demandada, nos termos


6
da Lei 1.050/60;

c) Receber a presente peça contestatória, com fundamento nos artigos 335 a 342 do
Código de Processo Civil, tempestivamente, afastado, portanto, a pena da revelia e
confissão, por parte da Ré;

d) No mérito: d.1) quanto a venda do imóvel, a Demandada não se opõe à partilha do


bem, porém se opõe a vender o mesmo a terceiros, manifestando desde já que
pretende adquirir a cota parte do Autor, após realizado os seguintes tramites
indicados no item 3.2, motivo pelo qual requer a suspensão do feito pelo prazo de
60 (Sessenta dias), a fim de que seja finalizado os cálculos; d.2) caso o Autor não
concorde com os termos, requer sejam os termos requeridos ratificados em
sentença, a fim de garantir o direito de preferência da Demandada sobre a cota
parte do Autor no imóvel, por um preço justo, compatível com a cotação de
mercado, debitado no crédito do mesmo o valor proveniente da penhora no rosto
dos autos do processo de execução de alimentos, após a apuração do valor e
devidamente homologado, bem como, seja afastada qualquer condenação em
desfavor da Demandada para pagamento de quantia proveniente de alugueis em
favor do Autor, diante de todos os fundamentos expostos;

e) Requer a condenação do Autor em custas, se houver e honorários advocatícios de


sucumbência a serem arbitrados por Vossa Excelência, nos termos do artigo
81, caput e § 3º, do CPC.

- DA ESPECIFICAÇÃO DAS PROVAS


Protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, inclusive testemunhal,
que serão arroladas no momento oportuno.

Termos em que, pede deferimento. 7


Caldas Novas – Goiás, 19 de fevereiro de 2020.

(Assinado digitalmente)
Sanmatta Raryne Souza
Advogada – OAB/GO nº 42.261
- DA DESCRIÇÃO DOS DOCUMENTOS INDIVIDUALIZADOS
Em obediência a determinação do artigo 11, IV, “c”, da Resolução 59/16, da Corte Especial
do TJGO, segue a listagem dos documentos individualizados:

1 - Doc. 01 - Procuração + RG + CPF + Comp. End. + Hipossuf.;


2 - Doc. 02 - Sentença de Suspensão do Feito;
3 - Doc. 03 - Despacho de Extinção + Certidão + Declaração Pref.;
4 - Doc. 04 - Despacho Deferimento da Pensão de 40%;
5 - Doc. 05 - Decisão de Penhora no Rosto dos Autos.

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