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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE

DIREITO DA 3a VARA CÍVEL E DE ACIDENTES DE


TRABALHO DA COMARCA DE MANAUS/AM.

Número do processo principal

XXXXX-00.0000.0.00.0000
Apelante: Amazonas Distribuidora de Energia S/A

Apelada: Nome
Nome, já qualificada nos autos do processo vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência vem
respeitosamente a presença de vossa Excelência requerer e
apresentar com base no artigo 1.010 e seguintes do Código de
Processo Civil, a presente CONTRARRAZÕES AO RECURSO
DE APELAÇÃO decorrente do recurso apelatório,
interposto por AMAZONAS DISTRIBUIDORA
DE ENERGIA S/A ("Apelante"), em face da sentença meritória
às fls. 205/210, o que faz pelas razões a seguir dispostas.

Termos em que;

Pede deferimento.

Manaus/AM, 26 de setembro de 2022.

Nome
00.000 OAB/UF
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO
AMAZONAS

Autos n. XXXXX-00.0000.0.00.0000
Apelante: Amazonas energia S.A.

Apelado: Nome
Origem 3a vara cível e de acidente de trabalho

CONTRARRAZÕES DA APELAÇÃO

Egrégia Câmara Cível

Eméritos Julgadores

Preliminarmente, a recorrente é beneficiária da


Gratuidade de Justiça, uma vez que carece de recursos
indispensáveis ao recolhimento das custas processuais e
eventuais taxas para a propositura do presente recurso, sem
prejuízo de seu sustento, razão pela qual manifesta pela
manutenção dos benefícios da Justiça Gratuita, assegurados
pela CF, artigo 5°, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo
98 e seguintes.

DA TEMPESTIVIDADE

A intimação para a apelada


apresentar Contrarrazões ao Recurso de Apelação foi
disponibilizada no DJE no dia 30/08/2022, deste modo, o
prazo iniciou em 01/09/2022, sendo assim, o encerramento do
prazo ocorre no dia 26/09/2022, devido a tabela de feriados do
TJAM.

O mesmo diploma legal, concede o prazo para


apresentação de Contrarrazões ao Recurso de Apelação como
sendo 15 (quinze) dias úteis conforme Código de Processo Civil.
Tendo sido ainda interposto pelo Apelante na presente data,
claramente aduzindo a tempetividade do presente recurso,
requer seja recebido em seu juízo de admissibilidade e
concessão do efeito suspensivo para manutencao
da energia elétrica no local até trânsito em julgado do mérito.

DA SÍNTESE PROCESSUAL E DA DECISÃO APELADA


A Apelada é Autora na Ação Declaratória e
Inexigibilidade de Débito c/c Dano Moral, cujo objeto é o
reconhecimento da ilegalidade na cobrança de multa /
recuperação de consumo imposto pela Concessionária
de Energia requerida, bem como, reparação pelo abalo moral
em razão da abusiva e imperiosa imposição.

Em contestação, a Requerida (Apelante) aduziu que a


fatura lançada em desfavor da no valor de R$
00.000,00 refere-se a RECUPERAÇÃO DE CONSUMO, por
irregularidade constatada no Termo de Ocorrência e Inspeção.
Sendo assim, pugnou pela improcedência dos pedidos autorais.
O Douto Juízo a quo concedeu PARCIAL PROVIMENTO
À AÇÃO, para declarar inexigível a cobrança pela recuperação
de consumo, contudo, em relação ao pedido de indenização por
danos morais, aduziu que não foi constatada ofensa aos
direitos de personalidade do autor, passível de reparação
indenizável.

Nessa senda, constatada a desproporção nos valores


cobrados, reconheço a inexigibilidade do débito de R$
39.956,90 (trinta e nove mil novecentos e cinquenta e seis
reais e noventa centavos), referente à recuperação de
consumo realizada unilateralmente pela requerida.

Por fim, quanto ao pedido de indenização por danos morais,


concluo que não foi constatada ofensa aos direitos de
personalidade do autor. Embora narre a falha na prestação
do serviço, o requerente deixou de colacionar elementos que
permitissem concluir pela ocorrência de danos de ordem
moral. Isso porque transtornos ou meros dissabores, ainda
que nas relações de consumo, não têm relevância suficiente
para caracterizar, por si só, dano moral indenizável.

III-DISPOSITIVO

A teor do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE os


pedidos deduzidos na inicial, com fulcro no art. 487, I, do
CPC, para declarar a inexigibilidade do débito de R$
39.956,90 (trinta e nove mil novecentos e cinquenta e seis
reais e noventa centavos), referente à recuperação de
consumo realizada unilateralmente pela concessionária.

A r. Sentença proferida pelo Juízo "a quo" deve ser


mantida, pois a matéria foi examinada em sintonia com as
provas constantes dos autos e fundamentada com as normas
legais aplicáveis.
Deve-se ressaltar a inteligência e o brilhantismo da r.
Sentença, onde com o espírito julgador o douto Juiz se
convenceu da lesão do direito sofrido pela autora, ora apelada,
razão pela qual a decisão meritória ora guerreada deve ser
mantida em seus próprios termos.

DO DIREITO

Como se vê do relato inicial e dos documentos acostados,


restou comprovado que não houve fraude e furto, no máximo,
houve defeito no medidor, que não pode ser imputado à
autora, portanto, a acusação de furto e fraude foi leviana.

Ao contrário do que afirma da Apelada, o Termo de


Ocorrência e Inspeção está eivado de vícios, não podendo
servir como base para cobrança de recuperação de consumo,
uma vez que não seguiu as regras aplicáveis à espécie.

Não há dúvidas quanto ao ônus da concessionária em


provar alegada fraude no aparelho medidor de energia elétrica,
conforme art. 129 da Resolução 414/10, da ANEEL, esta
inclusive mais rigorosa quanto ao procedimento
administrativo.

Apesar de afirmar que o TOI foi lavrado dentro das


especificidades da Lei, podemos facilmente verificar que tal
afirmação não condiz com a realidade e com os documentos
acostados aos autos. Verifica-se que INEXISTE NO TOI uma
das informações mais importantes para a apuração de
consumo retroativo, qual seja, o levantamento de carga e a
soma das potências nominais dos equipamentos elétricos
instalados na unidade consumidora.

Pasme que após a "regularização" da unidade


consumidora, o consumo de energia residencial alcançou
patamares irreais para uma residência que conta com
eletroeletrônicos básicos e unitários (geladeira, televisor, ferro
de passar, ventilador).

Pelo histórico apresentado pela própria Requerida,


houveram meses com faturas de consumo superior a R$
00.000,00, as quais a Autora solicitou revisão, haja vista que
como dito alhures, possui poucos eletroeletrônicos, bem como,
são residentes na unidade consumidora, somente um casal de
idosos.
Para ilustrar o absurdo, o que está sendo cobrado de
consumo à consumidora, ora Apelada, é o equivalente a 20
meses (julho/2019 à fevereiro/2021), no valor de R$
00.000,00 que perfaz uma média mensal de R$ 00.000,00.
Isso é um absurdo!!!
Caso a concessionária Ré, Apelante, tivesse agido dentro
dos preceitos legais, os Colendos Julgadores teriam
conhecimento da carga de energia dos eletros domésticos
existentes na residência da Apelante, que gera cobrança de
valores aleatórios, os quais não conseguem sequer justificar em
Juízo, motivo pelo qual ficou reconhecida a ilegalidade na
cobrança.

Diante de tais circunstâncias, resta evidente que este


documento carece de validade, bem como demonstra a
ilegalidade da cobrança feita à Apelante onde a impõe a
cobrança de forma arbitrária.

Nesse sentido, cito a jurisprudência deste E. Tribunal de


Justiça:

Apelação Cível. Ação Declaratória. Energia Elétrica.


Procedimento. Unilateralidade. Danos Morais. Configuração.
Condenação. Valor razoável. Minoração. Impossibilidade. As
cobranças advindas de procedimento de inspeção para
apuração de fraude em medidor de energia, sem observância
do previsto em Resolução da ANEEL, são consideradas nulas.
(...) 3. Apelação conhecida e desprovida. ACÓRDÃO. (TJ-AM -
Apelação Cível n° 0643519- 92.2017.8.04.0001, Relator:
Desdor. Elci Simões de Oliveira; Órgão Julgador: Segunda
Câmara Cível; Data do julgamento: 19/12/2019; Data de
registro: 19/12/2019) (original em grifos)

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CIVIL.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. SUPOSTAS
IRREGULARIDADES QUE MOTIVARAM A REVISÃO DE
FATURAMENTO E A COBRANÇA DE DIFERENÇAS.
AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS CONSTITUTIVOS DO
DIREITO ALEGADO. NÃO ATENDIMENTO AOS PRECEITOS
INSCULPIDOS NA RESOLUÇÃO NORMATIVA N°. 414/2010
DA ANEEL. INEXISTÊNCIA DE PERÍCIA OU DE
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO TÉCNICA. PROVAS NOS
AUTOS PRODUZIDAS
UNILATERALMENTE. RECURSO CONHECIDO E NÃO
PROVIDO. - A simples confecção de Termo de Ocorrência de
Irregularidade não comprova, por si só, a existência de
fraude no sistema medidor da unidade consumidora, de modo
que a revisão de faturamento e cobrança de diferenças
mostram-se indevidos. - Competia à concessionária
de energia elétrica atender ao procedimento previsto nas
Resoluções Normativas da ANEEL, em especial pela
apresentação de laudo pericial ou relatório de avaliação
técnica. - As provas colacionadas aos autos são unilaterais e
não se prestam para convencimento judicial.
- Recurso conhecido e não provido. (TJ- AM - Apelação Cível
n° XXXXX-77.2014.8.04.0001, Relator: Desdor. Paulo César
Caminha e Lima; Órgão Julgador: Primeira Câmara Cível;
Data do julgamento: 06/05/2019; Data de registro:
06/05/2019) (original em grifos)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DESCONSTITUIÇÃO DE


DÉBITO JULGADA IMPROCEDENTE. DÉBITO RELATIVO À
RECUPERAÇÃO DE CONSUMO NÃO FATURADO.
IRREGULARIDADE NO MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA.
AUSÊNCIA DE PROVA DE AUTORIA E DO EFETIVO DESVIO
DE ENERGIA. PRODUÇÃO UNILATERAL DE PROVAS.
VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO E AMPLA
DEFESA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. É defeso
impor ao consumidor débito que não tem sua origem
comprovada, não se podendo afirmar, com base em prova
unilateral, a existência de fraude no medidor
de energia elétrica. 2. O fato de estar demonstrada a violação
do medidor de energia elétrica, por si só, não autoriza,
automaticamente, que a concessionária de energia elétrica
efetue cálculo de consumo supostamente utilizado e não
faturado. 3. Recurso conhecido e provido. (TJ-AM - Apelação
Cível n° XXXXX-46.2014.8.04.0001, Relator: Desdor. Délcio
Luís Santos; Órgão

Julgador: Segunda Câmara Cível; Data do julgamento:


04/02/2019; Data de registro:13/02/2019) (original em
grifos )

Ora Excelência, a cobrança por estimativa é um assunto


que deve ser tratado com a máxima observância das instruções
normativas aplicáveis, para que diante da vulnerabilidade do
consumidor, não lhe seja sustado o direito de defesa, mas
garantido o acesso à informação. Vejamos:

"Art. 133. REN 414/10 ANEEL. Nos casos em que houver


diferença a cobrar ou a devolver, a distribuidora deve
informar ao consumidor, por escrito, a respeito dos seguintes
elementos:

I - ocorrência constatada;

II - memória descritiva dos cálculos do valor apurado


referente às diferenças de consumos de energia elétrica e de
demandas de potências ativas e reativas excedentes,
consoante os critérios fixados nesta Resolução;
III - elementos de apuração da ocorrência, incluindo as
informações da medição fiscalizadora, quando for o caso;

IV - critérios adotados na compensação do faturamento;

V - direito de reclamação previsto nos §§ 1° e 3° deste artigo;


e

VI - tarifa(s) utilizada(s).

§ 1° Caso haja discordância em relação à cobrança ou


devolução dos respectivos valores, o consumidor pode
apresentar reclamação, por escrito, à distribuidora, a ser
realizada em até 30 (trinta) dias da notificação.

§ 2° Na hipótese do § 1°, a distribuidora deve comunicar, por


escrito, no prazo de 15 (quinze) dias, o resultado da
reclamação ao consumidor, incluindo, em caso de
indeferimento, informação sobre o direito do consumidor em
formular reclamação à ouvidoria da distribuidora com o
respectivo telefone, endereço para contato e demais canais de
atendimento disponibilizados, observado o disposto no §1° do
art. 200."

Por fim, tem-se que o referido documento não foi


remetido a autora na época da apuração, por qualquer dos
canais de comunicação da empresa/requerida, sendo que só foi
possível acessa-lo agora, nos autos da presente ação. Um
contraponto ao que determina o art. 133, II, e parágrafos da
REN 414/10, ANEEL.

Resta, portanto, comprovada inexigibilidade do título,


uma vez que gerado sem comunicação com a outra parte,
conforme previsto na resolução que rege o setor.

DOS PEDIDOS
Resta claro que a sentença ora em foco não reflete o
entendimento dominante de nossos Tribunais em relação à
matéria, ora em foco, impondo-se assim, DATÍSSIMA VÊNIA,
a manutenção da decisão apelada, para confirmação da
inexigibilidade do débito fundado em provas unilaterais e em
desacordo com os preceitos legais, que estará contribuindo
para a feitura da J U S T I Ç A

Termos em que;

Pede e espera deferimento.

Manaus/AM, 26 de setembro 2022.

[Assinado Digitalmente]

Nome
00.000 OAB/UF

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