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MARIETA BISPO DE ASSIS SILVA, já qualificada nos autos, vem, mui respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado regularmente constituído,
apresentar RÉPLICA À CONTESTAÇÃO ofertada pela requerida, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas.
De todo modo, a Empresa aplicou multa de mil reais, dividida em dez parcelas, que
vêm sendo regularmente pagas pela Autora.
Em que pese o esforço empreendido pela defesa da Ré, as suas pretensões devem
ser julgadas totalmente improcedentes, conforme restará comprovado a seguir.
2. DAS PRELIMINARES
Ademais, deveria ela, a Ré, no dia em que constatou a irregularidade, ter retirado o
medidor para perícia e ter realizado um robusto estudo técnico, com o intuito de garantir a
ampla defesa e o contraditório à consumidora, autora, entretanto, assim não o fez. Portanto,
tal pleito da Requerida perdeu seu objeto e não merece acolhimento.
Excelência, razão deve assistir à parte autora, isto porque a parte Ré não se
desincumbiu do ônus probatório que lhe incumbia, deixando, assim, de comprovar nos
autos a ausência da falha na prestação dos serviços e o cumprimento à Res. 414 da Aneel.
Diga-se isto, pois a Requerida, mesmo com todas as provas carreadas aos autos,
não adotou providências necessárias para fiel caracterização e apuração do consumo não
faturado, nem realizou robusto relatório de avaliação técnica descrevendo de forma
pormenorizada, a qual tinha obrigação de fazer, pois como aduzido em sua contestação:
Dessa forma, este Douto Juízo pode verificar que a obrigação de fazer da
concessionária de energia elétrica, com relação ao fornecimento de energia elétrica
adequada e regular ao consumidor, não foi cumprida.
3. DO MÉRITO
Ocorre que não consta assinatura da Autora no termo e a mesma, na petição inicial,
informou que descobriu acerca da interrupção do fornecimento quando voltou para casa,
após residir durante alguns meses na casa da sua filha, e não havia energia elétrica no
imóvel. Assim, descobriu as supostas razões da interrupção quando entrou em contato com
a Empresa por telefone e a sua justificativa foi ignorada quando compareceu à sede da
Empresa para tentar solucionar o desentendimento.
Sendo assim, a mera juntada de via do TOI que não contém assinatura da Autora
não é prova suficiente de que ela acompanhou a inspeção. Por isso, a inspeção foi
realizada de modo irregular pela Empresa, descumprindo o quanto exigido pela RN 414 da
ANEEL, uma vez que, ao analisar o processo administrativo que gerou o TOI, verificou-se
que foi originado de processo administrativo que correu sem o contraditório e a ampla
defesa, devendo ser declarado nulo.
O que podemos constatar, excelência, foi que a autora foi pega de surpresa pela
suspensão do fornecimento de energia elétrica de sua residência. De forma inegociável, a
parte Ré, condicionou o restabelecimento do fornecimento ao pagamento de uma multa de
R$ 1.000,00 (hum mil reais) parcelada em dez vezes, a ser inserta na conta mensal a partir
daquela data, após o pagamento da primeira parcela (o que foi feito), não apresentando
qualquer mecanismo para apresentação de justificação.
A Distribuidora de energia elétrica não agiu com boa-fé, conforme o artigo 4, inciso
III do CDC. Pois, ao comprovar uma irregularidade na medição do consumo de energia
elétrica, deverá informar ao consumidor sobre a ocorrência desse fato e sobre os critérios
da cobrança do consumo devido.
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo
a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art.
170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e
equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores
Com relação a suspensão da energia elétrica, existem dois motivos que podem levar
a tal prática pela empresa Ré. Suspensão do fornecimento no caso de inadimplência e
suspensão do fornecimento no caso de se verificar deficiências técnicas ou de segurança
na unidade consumidora, casos em que a notificação deve ser feita com três dias de
antecedência. No caso em concreto, a Autora em momento algum ficou inadimplente, pois
todas as contas de energia foram pagas, conforme comprovantes de pagamento em anexo
e com relação a deficiência técnica ou de segurança, a mesma não recebeu notificação.
A Ré utiliza o frágil argumento de que não houve dano para se eximir da sua
responsabilidade de reparação. No entanto, sabe-se que a garantia da reparabilidade
do dano moral é absolutamente pacífica, tanto na doutrina quanto na jurisprudência,
tamanha é sua importância, que ganhou texto na Carta Magna, no rol do artigo 5º,
incisos V e X, dos direitos e garantias fundamentais.
Conforme o caso descrito nos autos, é forçoso concluir que a suspensão do fornecimento
de energia elétrica provocou danos morais à autora. Isso porque com a suspensão repentina da
energia, sem que Ihe fosse informado, a demandante foi pega de surpresa e não pôde se
preparar para essa situação, muito menos se defender.
Assim, resta a evidente a falha na prestação de serviço pela Ré, impondo a autora uma
situação extremamente difícil, já que só soube da situação quando ligou para a empresa Ré
tentando resolver o problema que até então ela acreditava ser técnico e teve que aceitar a
ausência de energia em sua casa, diminuindo sua capacidade de viver dignamente.
EMENTA
4. CONCLUSÃO
Por todo o exposto requer se digne Vossa Excelência em receber a presente impugnação, a
fim de dar pela procedência da ação, com a condenação da Ré, em todos os pedidos
contidos na exordial.
Nesses Termos, Pede Deferimento.