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ILUSTRÍSSIMO SENHOR GERENTE DAS CENTRAIS ELÉTRICAS DE SANTA

CATARINA - CELESC DISTRIBUIÇÃO S/A.

CHEFF MANU ALIMENTOS LTDA., pessoa jurídica de direito

privado, inscrita no CNPJ sob nº 10.547.025/0001-63, anteriormente estabelecida na Rua

7 de setembro, nº 432, Bairro Centro, na cidade de Blumenau, Santa Catarina, CEP 89.010-

200, vem respeitosamente à presença de Vossa Senhoria interpor o presente:

RECURSO ADMINISTRATIVO

Em face da Notificação de Irregularidade na Medição da UC

168645, pelas razões de fato e de direito que passa a expor e, ao final, requerer.

I - DOS FATOS

No dia 11/09/2023, a Recorrente foi informada através de

Notificação emitida pela Recorrida, que por meio da avaliação técnica nº

01.202310299062848, realizada em 14/07/2023, foram constatados supostos elementos

que prejudicaram a medição correta do consumo de energia elétrica na Unidade

Consumidora nº 168645, no imóvel anteriormente alugado pela ora Recorrente.

Na mesma comunicação, foi-lhe apresentado um débito no valor

de R$ 70.484,36 (setenta mil, quatrocentos e oitenta e quatro reais e trinta e seis centavos),

referente ao período de 10/10/2018 à 20/09/2021.


Inicialmente, insta destacar que a empresa Cheff Manu

Alimentos estava localizada na cidade de Blumenau/SC, contudo, encerrou suas

atividades em 14/04/2020, consoante o Cartão CNPJ que segue anexo.

Com o encerramento das atividades, a empresa Recorrente

revendeu o ponto comercial para outro restaurante que firmou contrato de locação com

a proprietária do imóvel e passou a exercer sua atividade no local.

No mais, vale esclarecer, que os técnicos da empresa Recorrida

foram quem sempre realizaram as aferições no relógio da empresa, e que, somente agora,

depois de quase 2 (dois) anos, constatou-se a suposta irregularidade.

A concessionária informou que existem irregularidades desde

outubro de 2018, sendo que a Recorrente nunca foi comunicada de qualquer variação,

até porque se soubesse teria tomado as providências cabíveis, sendo assim, nega

veemente qualquer alteração no medidor da unidade consumidora.

E mais, a Recorrente sempre cumpriu regularmente suas

obrigações, respeitando a lei, e adimpliu com os pagamentos das tarifas cobradas pela

concessionária Recorrida, além de que já está com suas atividades encerradas desde

2020.

Diante disso, somente os agentes da concessionária tinham

contato com o medidor, logo, todo e qualquer defeito existente na unidade consumidora

é de sua única e exclusiva responsabilidade.

Logo, superado a breve descrição dos fatos, passa-se a análise da

fundamentação jurídica.

II - DA TEMPESTIVIDADE
A Recorrente recebeu a Notificação em 11/09/2023, o qual

dispunha sobre o prazo de 30 (trinta) dias do seu recebimento para apresentar recurso

por escrito. Portanto, no caso em testilha, tempestivo é o presente recurso.

III – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A) DA IRREGULARIDADE DA EMISSÃO DO TOI

As concessionárias estão obrigadas a seguir o procedimento

correto de apuração previsto na Resolução nº 1000/2021 da ANEEL, guardando o

contraditório e a ampla defesa administrativamente, possibilitando ao consumidor a

defesa e a contestação daquilo que considera não ser defeito ou que seja desgaste no

decurso do tempo, bem como a base de cálculo utilizado.

Assim, as concessionárias devem ser cautelosas para não

constranger o consumidor indevidamente, seja por meio de procedimentos abusivos ou

ilegais. Devendo guardar legalidade, proporcionalidade e razoabilidade nos seus

cálculos de reparação da diferença deixada de medir pela fraude ou irregularidade

constatada.

O Termo de Ocorrência de Irregularidade – TOI é um

instrumento legal, previsto no artigo 591 da Resolução nº 1.000/2021 da ANEEL, que tem

por finalidade formalizar a constatação de qualquer irregularidade encontrada nas

unidades de consumo dos usuários de energia elétrica, que proporcione faturamento

inferior ao real. Para tanto, este ato administrativo deve seguir procedimentos.

Vejamos o que prevê o artigo 591 da Resolução supracitada:

Art. 591. Ao emitir o TOI, a distribuidora deve:

I - entregar cópia legível ao consumidor ou àquele que


acompanhar a inspeção, mediante recibo com assinatura do
consumidor ou do acompanhante; e
II - informar:

a) a possibilidade de solicitação de verificação ou de perícia


metrológica junto ao INMETRO ou ao órgão metrológico
delegado; e

b) os prazos, os custos de frete e de verificação ou da perícia


metrológica, e que o consumidor será responsabilizado pelos
custos se comprovada a irregularidade, vedada a cobrança de
outros custos.

§ 1º É permitida a emissão eletrônica do TOI e a coleta eletrônica


da assinatura do consumidor ou daquele que acompanhar a
inspeção, devendo a distribuidora garantir a impressão no local
ou o envio ao consumidor com comprovação do recebimento.

§ 2o Se o consumidor se recusar a receber a cópia do TOI, a


distribuidora deve armazenar evidências que comprovem a
recusa, inclusive, se for o caso, com prova testemunhal.

§ 3º Em caso de recusa do recebimento do TOI ou se não for o


consumidor que acompanhar a inspeção, a distribuidora deve
enviar ao consumidor em até 15 dias da emissão, por qualquer
modalidade que permita a comprovação do recebimento, a cópia
do TOI e demais informações dos incisos do caput.

§ 4º O consumidor tem 15 dias, contados a partir do recebimento


do TOI, para solicitar à distribuidora a verificação ou a perícia
metrológica no medidor e demais equipamentos junto ao
INMETRO ou órgão metrológico delegado.

§ 5º As marcas de selagem que são controladas pelo INMETRO


ou pelo órgão metrológico delegado não podem ser rompidas
pela distribuidora enquanto dentro do prazo do § 4º ou antes da
realização da verificação ou da perícia metrológica.

§ 6º A cópia do TOI e do conjunto de evidências utilizados para


caracterização da irregularidade devem ser disponibilizadas
adicionalmente no espaço reservado de atendimento pela
internet.

Como se lê acima, a concessionária deve emitir o TOI na

presença do consumidor, que deve acompanhar todas as etapas de inspeção, do

contrário o ato é ilegal e nulo de pleno direito.

Inclusive, caso fosse necessário retirar o medidor, a

concessionária deveria realizar tal ato também na presença do consumidor e lhe entregar
um comprovante de procedimento, além de enviar o local e a data em que seria realizado

a perícia. Tal procedimento é previsto no artigo 592 da mesma Resolução da ANEEL.

Logo, não pode a concessionária realizar a inspeção do medidor

sem a presença do usuário titular da conta de energia, conforme ordena o próprio

regramento utilizado por ela na comunicação expedida. Todavia, eis que o ato praticado

na presente situação não cumpriu tal ordenamento.

Tal prática é abuso de direito, conforme prescreve o artigo 187

do Código Civil:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Em outras palavras, é direito e dever da concessionária de

energia realizar a inspeção, contudo, deve seguir às regras das Resoluções da ANEEL.

Nesse norte, eis o entendimento do Tribunal Catarinense:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE

INEXISTÊNCIA DE DÉBITO. PROCEDÊNCIA NA ORIGEM.

RECURSOS DA CELESC. ALEGADA REGULARIDADE NA

COBRANÇA EM RAZÃO DE CONSTATAÇÃO DE

IRREGULARIDADE NO MEDIDOR. INSUBSISTÊNCIA.

CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA QUE NÃO

OBSERVOU O PROCEDIMENTO PREVISTO NO ART. 129 DA

RESOLUÇÃO 414/2010 DA ANEEL. VISTORIA, SUBTRAÇÃO

DO MEDIDOR E LAVRATURA DO TERMO DE

OCORRÊNCIA E INSPEÇÃO - TOI - REALIZADOS SEM A

PRESENÇA DO CONSUMIDOR OU DE QUALQUER

REPRESENTANTE DA UNIDADE CONSUMIDORA.

AUSÊNCIA DE PERÍCIA TÉCNICA. ILEGALIDADES

VERIFICADAS. DÉBITO INEXÍGIVEL. HONORÁRIOS


RECURSAIS ARBITRADOS. RECURSO DESPROVIDO. 1 (Grifo

do Peticionante).

No mesmo norte:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C

INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. DÉBITO DE

ENERGIA ELÉTRICA. SUPOSTA ADULTERAÇÃO DE

MEDIDOR. REVISÃO DE VALORES. IMPROCEDÊNCIA, NA

ORIGEM. RECURSO DA AUTORA. PRELIMINAR

DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR CERCEAMENTO DE

DEFESA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DO JULGAMENTO DE

MÉRITO. DISPENSABILIDADE DA ANÁLISE. DECISÃO DE

MÉRITO FAVORÁVEL À RECORRENTE. EXEGESE DOS

ARTS. 282, §2º, E 488 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. "Em

observância aos princípios da primazia da decisão de mérito, da

instrumentalidade das formas e da eficiência, e pela dicção dos

artigos 4º, 282, §2º e 488, todos do CPC/2015, é dispensável o

exame de questões preliminares (em sentido amplo), quando o

julgamento de mérito for favorável à parte a quem aproveitaria

o acolhimento daquelas arguições. A expressão 'questões

preliminares em sentido amplo' representa tanto as nulidades

processuais como as hipóteses do art. 485, e bem assim a

decadência e prescrição (art. 487, II). [...]" (Apelação n. 0003987-

23.2011.8.24.0064, de São José, rel. Des. Paulo Henrique Moritz

Martins da Silva, j. em 12/07/2016). MÉRITO.

AVENTADA INEXIGIBILIDADE DA COBRANÇA ANTE O

DESRESPEITO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA

NO PROCESSO ADMINISTRATIVO QUE CULMINOU NO

DÉBITO APURADO. SUBSISTÊNCIA. 1. A concessionária tem

o direito de cobrar, fiscalizar e averiguar eventuais

irregularidades no consumo de energia elétrica, devendo, no

entanto, fazê-lo pela via ordinária, respeitando o contraditório

1 TJSC, Apelação n. 5090465-57.2020.8.24.0023, rel. Des. Vilson Fontana, Quinta Câmara de Direito Público, j. 7/2/2023.
e a ampla defesa. 2. O procedimento de averiguação de

irregularidades nas unidades consumidoras de energia elétrica

é regulado pelo art. 129 da Resolução 414/2010 da ANEEL, que

prevê que a distribuidora deve comunicar ao consumidor, por

escrito, com pelo menos 10 (dez) dias de antecedência, o local,

data e hora da realização da avaliação técnica a ser realizada no

medidor, para que ele possa, caso deseje, acompanhá-la

pessoalmente ou por meio de representante nomeado. 3. No

caso, não restou demonstrada a correta efetivação da prévia

comunicação à consumidora acerca do local e data em que seria

realizada a avaliação técnica no medidor apreendido em sua

residência, nos moldes do art. 129, §§6º e 7º da

Resolução 414/2010 da ANEEL. 4. O procedimento seguido

pela concessionária de energia não observou as formalidades

dispostas no regramento da ANEEL, inviabilizando, assim, que

o usuário seja responsabilizado por eventual adulteração no

instrumento de medição de consumo e pelo suposto débito.

5. Sentença reformada, no ponto, para declarar a inexigibilidade

do débito perseguido pela concessionária. 6. Pretendida fixação

de indenização por danos morais. Insubsistência. Inexistência da

comprovação de abalo anímico a ensejar condenação por danos

morais. Cobrança indevida incapaz de macular, por si só, a

honra, a imagem, o conceito e a reputação da autora no meio

social. Dever de indenizar inexistente. Sentença mantida, no

tópico. 7. Parcial provimento do apelo. Sucumbência recíproca

reconhecida. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE

PROVIDO.2 (Grifo do Peticionante).

Em suma, não respeitadas as determinações contidas na

resolução da Aneel, impõe-se declarar a inexistência do débito relativo aos valores

possivelmente consumidos e não faturados descritos na “Planilha de Cálculo de Revisão

de Faturamento”.

2TJSC, Apelação n. 5003166-39.2021.8.24.0045, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Vera Lúcia Ferreira Copetti,
Quarta Câmara de Direito Público, j. 02-02-2023.
B) DA NULIDADE DO PERÍODO DE COBRANÇA

Além da evidente irregularidade da emissão do TOI, insta

asseverar que o período de aferição para constatação das supostas irregularidades na

medição de energia elétrica é equivocado.

Conforme já aduzido na sinopse fática, a empresa ora Recorrente

era apenas locatária no imóvel da UC 168645 no município de Blumenau/SC, entretanto,

o período de locação finalizou em 14/04/2020, consoante o Contrato de Locação que

segue anexo.

Desse modo, é IMPOSSÍVEL que se impute a ora Recorrente a

responsabilidade pelas supostas irregularidades observadas do período de 15/04/2020 à

20/09/2021, pois não estava mais localizada naquele endereço, ou utilizava-se daquela

Unidade Consumidora.

Logo, sucessivamente, caso não se entenda pela nulidade do TOI

pela sua emissão irregular, que seja desconsiderado o débito constato no período supra

mencionado.

C) DA AUSÊNCIA DE PROVAS

Verifica-se que a Recorrente é consumidora conforme define o

artigo 2º do Código de Defesa do Consumidor, vejamos:

Art. 2º - Consumidor é toda a pessoa física e jurídica que adquire

ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Ademais, o Código de Defesa do Consumidor veda, em seu

artigo 39, que o fornecedor prevaleça da fraqueza do consumidor para exigir vantagem

manifestamente excessiva.
E ainda, para imputar ao consumidor ato manifestamente

ilegal, deve o fornecedor provar suas alegações, demonstrando, que foi efetivamente o

consumidor o responsável pelo ato, em conformidade com a Constituição Federal, que

dispõe:

ART. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos

termos seguintes:

[...]

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela

autoridade competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem

o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e

aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla

defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por

meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em

julgado de sentença penal condenatória;

[...]

Dessa forma, ninguém pode ser considerado culpado por

irregularidades na medição da unidade consumidora, sem o devido processo legal, e o

direito à ampla defesa. Logo, é descabida a presente cobrança, diante da alegação de que

a concessionária é a única responsável pelas irregularidades do medidor.

Além do mais, não pode a concessionária unilateralmente

arbitrar os valores sem comprovar a culpa da Recorrente pelo suposto ato ilícito.

Vejamos algumas jurisprudências em situações semelhantes,

onde restou demonstrado a ilegalidade das cobranças:


APELAÇÃO? CANCELAMENTO DE DÉBITO, RESTITUIÇÃO

E DANOS MORAIS? FORNECIMENTO DE ENERGIA

ELÉTRICA? RELAÇÃO DE CONSUMO? IRREGULARIDADE

DE MEDIÇÃO? AUSÊNCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL?

ILEGALIDADE DA COBRANÇA? CANCELAMENTO DO

DÉBITO RESULTANTE DO CONSUMO PRESUMIDO?

SENTENÇA MANTIDA? PRIMEIRO RECURSO CONHECIDO

E IMPROVIDO? SEGUNDO RECURSO NÃO CONHECIDO?

PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE.3

E:

APELACAO CIVEL. AÇÃO DECLARATORIA DE

INEXISTENCIA DE DEBITO. SUPOSTA FRAUDE NO

MEDIDOR DE ENERGIA ELETRICA. AUSENCIA DE PROVA.

1 - não havendo nos autos prova inequívoca de que a fraude no

medidor foi ocasionada pela proprietária do imóvel, ou por

qualquer pessoa que nele tenha morado durante o período da

aludida irregularidade, não e possível responsabilizá-la por tal

ocorrência. 2 - não merece prosperar o argumento de

observância da resolução n.456/00 da aneel - agencia nacional

de energia elétrica, haja vista que não existe nos autos

elementos irrefutáveis indicadores de que tenha sido a apelada

quem realizou a evocada alteração do medidor de energia

elétrica em teste-la. 3 - a ameaça de suspensão do fornecimento

de energia elétrica, a fim de coagir o consumidor ao pagamento

do debito originário de suposta fraude no medidor, e ato ilegal

e abusivo. 4

E ainda:

3 TJ-AM - APL: 06141457020138040001 AM 0614145-70.2013.8.04.0001, Relator: Lafayette


Carneiro Vieira Júnior, Data de Julgamento: 14/03/2016, Primeira Câmara Cível, Data de
Publicação: 15/03/2016.
4
TJGO, Número do processo: 141602-7/188, Relator: DR. DES. JOAO UBALDO FERREIRA.
FRAUDE. MEDIDOR DE ENERGIA ELÉTRICA.

IMPUGNAÇÃO AO DÉBITO LANÇADO A TÍTULO DE

RECUPERAÇÃO DE CONSUMO. Não havendo provas de

fraude no medidor atribuídas ao consumidor, impõe-se a

desconstituição do débito e recálculo. Redução da penalidade

administrativa de 30%, constante da resolução 456 da ANNEL,

para 2%, aplicando-se o CDC, por se tratar de relação de

consumo.5

Nessa toada, apesar de efetuar a cobrança do débito, a

concessionária não comprovou ter adotado as providencias necessárias para apurar a

ocorrência da irregularidade na unidade consumidora de titularidade da Recorrente. Em

vista disso, a concessionária não se desincumbiu de seu ônus em demonstrar a existência

de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Recorrente, na forma do

artigo 373 do CPC.

Inclusive, apesar de na Notificação constar que o Termo de

Ocorrência e Inspeção (TOI) já fora apresentado, a ora Recorrente nada recebeu, tendo

em mãos somente o Relatório de Avaliação Técnica de Medidor de Energia Elétrica e a

Planilha de Cálculo de Revisão e Faturamento.

Ou seja, além da inspeção ter ocorrido fora dos moldes

estipulados na Resolução que estabelece as regras de prestação do serviço público de

distribuição de energia elétrica, a Recorrente ainda teve seu direito de defesa cerceado

ao não receber documento imprescindível da constatação da suposta irregularidade

imputada.

Diante disso, não há prova inequívoca da irregularidade no

medidor da unidade consumidor 168645, o que descaracteriza a cobrança do valor de R$

70.484,36 (setenta mil, quatrocentos e oitenta e quatro reais e trinta e seis centavos).

5
TJ/RS, Número do processo: 71000514596, Relatora: DR (A). Maria José Schmitt Sant Anna.
IV – DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, vem a presença de Vossa Senhoria, encaminhar

o presente Recurso Administrativo para que seja julgado TOTALMENTE

PROCEDENTE, em virtude das evidentes nulidades do procedimento e da ausência de

provas quanto a suposta irregularidade cometida, determinando-se o cancelamento

imediato da cobrança do débito imputado.

Sucessivamente, caso não se considere inteiramente nula o

presente procedimento, que seja determinado indevida a cobrança de 15/04/2020 à

20/09/2021.

Ademais, enquanto o presente Recurso não seja devidamente

apreciado, pugna-se pela suspensão da cobrança dos valores aqui discutidos.

Por fim, requer que a decisão proferida seja devidamente

fundamentada e que a Recorrente seja notificada da resposta.

Protesta provar o alegado por todas as formas em direito

admitidos, seja documental, testemunhal, ou todas as outras que se façam necessárias

para esclarecer e garantir a adequada prática jurisdicional.

Nestes termos, aguarda deferimento.

Rio do Sul (SC), 11 de outubro de 2023.

__________________________________________

CHEFF MANU ALIMENTOS LTDA


CNPJ nº 10.547.025/0001-63
Por seu representante legal

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